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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Abreu e Lima?

Chávez deu as caras por aqui e me lembrei de um fato interessante.

A refinaria que a Petrobras está a construir em Pernambuco,  em sociedade (em princípio) com a estatal venezuelana do petróleo, chama-se ‘Refinaria Abreu e Lima’! Eu sempre ouvi esse nome, mas nunca me perguntara o porquê da homenagem.

No mês passado, chegou-me às mãos, por intermédio de um colega, um livro que seu pai escreveu, chamado ‘El Muy Inquieto Señor General’ – La Vida de Luís Inácio de Abreu e Lima. Deu pra perceber, a minhas mãos chegou a tradução em espanhol.

Li suas primeiras páginas, que permito-me transcrever, em parte, e para o que peço sua atenção (vale a pena!):

El general Abreu e Lima dobla cuidadosamente la almidonada túnica blanca de su traje de gala, con las … emblemáticas y llamativas condecoraciones, obtenidas por actos de heroísmo y, también, en función del  reconocido liderazgo y pericia en el comando de tropas bolivarianas, en las batallas de Boyacá, Puerto Cabello y Carabobo.

Sobre ella descansa la barretina negra de ala corta, en la cual flota, olímpicamente, el blasón de armas colombianas; su espada y espuelas de oro, recibidas de las manos del propio Libertador Simón Bolívar, ….

Melancólicamente se dirige al tímido, rústico y mal conservado puerto de Bogotá, infestado de mosquitos, a esta altura aún semidesierto y con tan solo os medianas embarcaciones atracadas – un largo y estrecho vapor, El Gallego,  …

Irónicamente se va fatigado y para siempre de la tierra de la que ha sido uno de los libertadores. En este momento, se encuentra en la irónica y molesta condición de héroe expatriado camino al exilio en su país natal, el Brasil monárquico, dejando atrás lo que ha quedado de la tan idealizada y liberta Gran Colombia.

Es la gélida y nublada alborada del 9 de agosto de 1831 en la capital de la república colombiana, y su solitaria y solidaria “guardia de honor” está integrada, nada más que por el amigo de muchos años, el cabo Gabito, muy leal ordenanza de campo. …

El cabo camina siempre un paso atrás, obsequiosamente, con su aventajada cabeza de india vieja, harta y lacia melena negra, y enverga el maltratado uniforme de campaña, de color oliva de los sorches de caballería, …

El buque silba triste y roncamente tres veces y el general se despide con un afectuoso abrazo de su confidente y subordinado de larga y épica campaña de muchos e intensos años de sudor, sangre y sueños.

-         Adiósle dice, mirándole con ojos de ausencia y semblante encrespado por la decepción que le causa la “deportación”. El cabo perfilado, en prusiana posición de firmes, saluda solemnemente y responde:

-         Adiós, mi General!


Pois é, o tal Abreu e Lima vem a ser um intelectual e militar pernambucano, que abandonou o exército brasileiro e juntou armas com o grande libertador Simón Bolívar, tão venerado em muitos países de ‘latinoamérica’, em especial pelo presidente da Venezuela, que se considera sua reencarnação. Das três batalhas citadas, Puerto Cabello e Carabobo ocorreram em território hoje venezuelano.

Portanto, nada mais justo que dar o nome de uma refinaria em Pernambuco, associação entre Brasil e Venezuela (será?),  a um pernambucano ilustre que serviu aos dois países!!!

Por alguma razão, que ainda desconheço (a leitura do resto do livro o dirá), Abreu e Lima acabou sendo deportado de volta ao Brasil, episódio descrito nas primeiras e chamativas páginas do livreto, como o autor o chama. É um livro pequeno, de pouco mais de 100 páginas, que, pelo estilo das primeiras, serão de fácil e envolvente leitura.

Talvez eu adquira a versão em português, para fazê-lo na língua original do autor, Sérgio Bruni, hoje superintendente da FGV e diretor da PUC-Rio, e que tem outros 10 livros em sua 'livrografia'.

Parece uma boa dica, não??

Ao chegar em casa, hoje, li mais um pouquinho. As primeiras páginas do segundo capítulo são dedicadas a um mapa astral feito na época de seu nascimento. Pois é, essa coisa já existia em 1795! Um longo mapa, com a descrição de todos os signos em todas as casas, que eu não entendo nada, nem acredito, mas que está uma coisa im-pres-sio-nan-te, pelo pouco que pude perceber da história do guerreiro.


Yo no creo en bruxas, pero que las hay, las hay....

5 comentários:

  1. Pois é...uma edição brasileira do Che Guevara.

    Abreu Lima para Bolivar e suas convicções e o Che para suas convições e para Fidel.
    Nessa ordem.

    Homenagem justa nessa nossa epoca de tão poucas convicções tantálicas

    Flavio Ventura

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  2. O Bolivar virou uma importante rua em Copacabana, o libertados San Martin uma importante rua no Leblon, Che está na blusa de milhares de jovens brasileiros, e o Abreu Lima está, está não, estava, até então esquecido, ou melhor, desconhecido.

    PS.: Se alguém se der ao trabalho de procurar, verá que existem ruas Rua Abreu Lima no Brasil, mas estão em locais de "menor visibilidade", assim como estava o General.

    Pedro Bruni

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  3. Chefe Homero

    Muito boa essa, pois eu pensei tratar-se de algum político de algum lugar do país.

    Cito isso pela Rodovia Governador Mario Covas.

    Nada tenho contra o ex governador paulista, mas a rodovia que tem o nome dele....................

    Gerações futuras vão pensar que ele governou dois estados brasileiros, isto é, gerações atuais já pensam isto.

    Saudações vascainas.

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  4. Viraram nome de ruas e, em conjunto, dão nome ao torneio Libertadores da América. Como não são específicos, podemos considerar que o velho Abreu está entre os homenageados."

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  5. Homerix... com este comentário, que nem comecei estou em dia com meu glogueiro favorito...
    Paulus
    Ahhhhhhhhhh esqueci de fazer o comentário!!!! fica para o próximo... tudo cabível de registros e enaltecimentos foram ditos e ressaltados pelos anteriores. Falar por último é bom pois além dos brilhantes textos de meu blogueiro predileto, no eixo, as impressões robustecem o conteúdo criativo que vem da massa encefálica.

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