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domingo, 26 de outubro de 2008

AWoL - Horário de trabalho, folgas e férias

As relações de trabalho são um capítulo à parte, primeiro porque não há contrato de trabalho, e em ambientes administrativos, não há sindicatos amparando os trabalhadores, não há a Justiça do Trabalho regulando relações entre patrões e empregados, tudo é resolvido na justiça comum. Há até uma pequena proteção pelo EEOC (Equal Employment Opportunity Committee), que pode bater à porta e fazer uma auditoria nas condições de trabalho. Por exemplo, pode exigir  um nível de diversidade étnica compatível com a do estado.
Ainda neste capítulo, vale ressaltar a diferença entre americano e o resto: o horário de trabalho! Os anglo-saxões têm a política do deu-cinco-horas-a-caneta-cai-da-mão-e-caminho-da-roça, não contem com eles fora do horário, claro que, com honrosas exceções. Além disso, na cabeça deles, o horário de chegada começa a contar do momento em que entra na garagem. Tempo para subir todas as rampas, estacionar, pegar o elevador, andar até o prédio, esperar o outro elevador, subir, andar até a sala, pegar um café, ligar o computador, aparentemente, tudo isso é tempo dedicado a empresa, ou seja, entra na conta do ‘8 to 5’! Isso sem contar a irritante fidelidade ao ‘job description’: não adianta você sugerir um pequeno desvio nas atribuições do sujeito, que ele vem, sem vergonha nenhuma, alegar que “This is not in my job description!”, e simplesmente recusar-se a colaborar, coisa que nós brasileiros não nos furtamos a fazer.

E férias são religiosamente tiradas, a viagem com a família (ou sem) é coisa sagrada e programada com antecedência indecente. E a contagem não é em dias corridos como aqui, mas em dias úteis, 20 quando o empregado já tem sete anos de empresa; depois do primeiro ano, são apenas 10 dias e depois de dois anos, 15 dias úteis. Mas sempre há brechas oficiais, como por exemplo, como ‘Sick day’ e o ‘Personal Day’, que podem somar oito, no ano, que não precisam de comprovação documental, basta avisar o chefe. Ou seja, para os mais antigos, a coisa pode chegar a 28 dias úteis, que, se somados aos oito dias de fim de semana, podem somar 36, que é mais que os nossos 30 dias corridos. Parece moleza né? Mas não é não.... Se um resfriado derruba o empregado, e deixa ele de cama por 3 dias, não há atestado médico que resolva, utilizam-se os dias de “Personal/Sick Days”. Acabaram os dias? Se precisar de mais dias do que o saldo, o sujeito tem que sair de licença, e passa a ser pago pelo seguro médico, recebendo apenas 60% do salário. Explicar para um americano que, no Brasil, um atestado médico pode dar até 15 dias de licença médica remunerada, e, se no mês que vem ficar ruim de novo, tem direito a mais 15, é uma loucura!

AWoL - Cuidados no trabalho

O puritanismo extravasa para as relações do trabalho, onde qualquer movimento fora dos padrões rígidos de conduta pode ser tachado de assédio sexual, qualquer aproximação homem-mulher abaixo das polegadas regulamentares de distância pode gerar uma reclamação por escrito. Lembro-me da reação de uma americana ao ter seu ombro tocado por um brasileiro no meio de uma conversa amigável, com o inocente “Veja bem, minha cara ...”, ao que foi retrucado com um “Did you really touch me?”, episódio logo resolvido, porém, foi marcante. Senti que a coisa foi melhorando, afinal, é impossível manter distâncias num ambiente de muitos brasileiros e, no final, em certos eventos, pintavam até os típicos dois beijinhos, até mesmo abraços fraternos.
Há também que se ter muitos cuidados, a começar pelas entrevistas de admissão de um novo empregado, onde não se pode pensar em fazer perguntas pessoais, se é casado e tem filhos, por exemplo. Orientação política, sexual ou religiosa, nem pensar. Na lista de perguntas proibidas chega a constar peso e altura, se bem que isto deve ser aplicado a cadastros, já que são coisas que, no visual, dá para avaliar. Se a empresa precisa por exemplo que o empregado se locomova entre uma locação e outra da mesma empresa, não pode perguntar se tem carro, mas apresentar a questão de forma genérica, apresentando a necessidade. A qualquer deslize, corre-se o risco de a empresa ser acusada de discriminação, no caso de a pessoa não ser aceita. Imagina exame médico de admissão, então!
O valor da privacidade é tamanho, que foi difícil implementar o programa de exames médicos periódicos patrocinado pela empresa. O que aqui é tido um benefício, lá foi inicialmente considerado uma invasão, já que a empresa não poderia ter a guarda da ficha médica do empregado. Foi necessário um trabalho de base, de esclarecimento, numa tentativa de mudar a idéia da galera, mas até hoje, a coisa é mal resolvida.
Cuidados também há que se ter na liberdade de idiomas e de religião, já percebida nas entrevistas, ainda mais num ambiente diversificado. Claro que houve um episódio envolvendo um brasileiro engraçadinho que disse, brincando, para dois chineses pararem de falar chinês, o que gerou uma reclamação por escrito, afinal brasileiros falavam português entre si, a todo momento, e acabou em advertência ao funcionário tupiniquim sem graça.
Com relação à religião, o episódio foi uma prece protestante divulgada por uma americana negra, ooops, afro-americana, pelo alto-falante central, em homenagem aos mortos de algum desastre natural, tudo bem, o motivo foi justo e legal, mas foi educadamente contestada por um budista, em nome da liberdade de religião. Em suma, todo cuidado é pouco!

sábado, 25 de outubro de 2008

AWoL - Puritanismo, Política, Religião, Solidariedade

Demais capítulos do projeto Um Pouco de AWoL em:
http://blogdohomerix.blogspot.com/2008/10/projeto-um-pouco-de-awol.html


O exemplo do abdômen, descrito no capítulo do 'Faça Você Mesmo' (link)', é uma amostra da hipocrisia do povo americano, todo falsamente puritano e reprimido. A expressão máxima da coisa eu ouvi de um colega que voltou de lá recentemente. Ele me disse que o segurança da piscina de um clube onde se divertia disse que os associados estavam reclamando, e demandando encarecidamente que ele colocasse a parte de cima do biquini de sua filha. Idade da filha: 2 anos!!! Sem palavras ... Aliás, foi como o meu amigo ficou! É por essas e outras que tantos desajustados e pedófilos são presos por aquelas bandas.
O puritanismo explícito faz com que puladas de cerca de figuras públicas sejam capazes de derrubá-los, como aconteceu já muitas vezes, com o acusado aparecendo em público, pedindo desculpas à família e ao povo americano, em seu pedido de renúncia. Ele foi quase capaz de derrubar um presidente por causa do deslize no Salão Oral, digo, Salão Oval da Casa Branca, e que, se não derrubou, certamente contribuiu para a derrota do candidato que o sorridente galinha apoiava. Alguns votos migrados para a candidatura do mal certamente contribuíram para aquela vitória apertada do lado democrata, que a Suprema Corte passou para o lado republicano, começando esse desastre mundial, que durou oito anos.  Chego a arriscar que, não fosse aquele episódio, as Torres Gêmeas do World Trade Center ainda estariam de pé: a política democrata não seria tão belicosa, e os fundamentalistas não optariam por uma opção tão radical. Faço breve pausa para registrar que eu e Renata e Felipe visitamos as Torres Gêmeas exatos 6 meses antes do terrível atentado!
 Veja bem, Clinton deixou o governo depois de 8 anos de desenvolvimento. econômico espetacular, com superávit em suas contas! Era natural que fizesse seu sucessor, na linha do It's the economy, stupid!. Mas não.... Nunca antes, um serviço de sopro (!!) foi tão desastroso. 

A resposta ao ataque gerou duas guerras, uma de retaliação, outra inventada, que ceifaram a vida de milhares de americanos e de centenas de milhares de afegãos e iraquianos. A tensão no Oriente Médio é boa parte da razão dos preços de petróleo terem passado pela estratosfera antes da crise. Tudo bem, eu posso estar sendo só um pouco exagerado, mas não há dúvida que a seqüência de eventos conforme descrita tem uma certa probabilidade de ter assim acontecido, e eu penso que ela não é desprezível. Tudo causado pelo puritanismo de um eleitorado conservador.
O assunto do momento da minha última visita era justamente a eleição democrata que poderia mudar esse quadro. A maioria dos meus contatos apostava no filho-de-negro-e-branca-com-nome-de-terrorista-muçulmano, que afinal acabou por ser escolhido candidato democrata. E depois, historicamente eleito. Os momentos finais da campanha foram uma mostra da idiossincrasia religiosa daquele povo: por pouco, a escolha não balançou para a adversária, devido a declarações absurdas do pastor da igreja que ele seguia. Por mais absurdas que elas fossem, não havia porque transferir seu poder negativo para o candidato, não significava que ele pensava da mesma forma, mas não é assim que pensa o religioso americano médio, e ele chegou a perder algumas prévias para as quais era favorito, no meio daquele furacão. Aliás, aquele foi o pior momento da campanha de Obama, já que na eleição principal, ele nadou de braçada e acabou eleito: apesar de seu inequívoco poder de oratória, acho que até uma anta democrata levava, após oito anos de infortúnio.

Bem, voltando ao assunto, a religião é levada a sério, as manhãs de domingo são dedicadas ao programa de família favorito de todos os cultos, católicos, protestantes, evangélicos, presbiterianos: todos vão à missa, os homens de terno, inclusive os meninos, as mulheres bem vestidas, é um tremendo programa social. E gera uma singela norma em supermercados de que falo logo adiante.
Agora, hipócrita ou não, verdadeira ou falsamente puritana, não se pode negar que a tal religiosidade deve contribuir para uma espetacular propensão, natural ou desenvolvida, à assistência. Serviço social e voluntariado são incentivados desde criancinha, faz parte do currículo de cada um, e conta ponto na hora de candidatar-se a uma vaga numa universidade. As tragédias, próximas ou distantes, chamam a solidariedade do povo americano: nas últimas, em campanhas de arrecadação de doações para as vítimas dos longínquos tsunamis e terremotos, nas primeiras, em atitudes explícitas, como nas passagens dos furacões de New Orleans, quando desabrigados que perderam tudo eram simplesmente acolhidos nas casas de desconhecidos, que não pensavam duas vezes antes de abrir suas portas naquele momento difícil.

Em minha viagem recente, entretanto, contaram-me que a acolhida dos desabrigados de Louisiana andou causando queda do valor imobiliário nas regiões que mais os acolheram, inclusive com rebaixamento no nível educacional. Incluindo o meu querido Spring Branch District, que era tão bom quando lá estivemos, e que tantas recordações traz aos nosso filhos...

AWoL - Faça você mesmo



Mais 23 textos sobre minha visão de American Way Of Life?


A loja da foto aí de cima é uma instituição americana: o paraíso do Do It Yourself! Ali, você encontra o que você precisa para fazer você mesmo, desde marcenaria a pintura, de elétrica a hidráulica, de colocação de persianas a tapetes, de A a Z.
Minha experiência com este quesito, enquanto morei lá, foi interessante, e gratificante. Precisei de uma porta para fechar um cômodo lá de casa que só tinha um portal, e pensei em contratar um marceneiro para construí-la e instalá-la, como fazemos por aqui. Acabei descobrindo, na prática, o nível de padronização americano. O vão do portal era de 72 polegadas, a altura de 83 polegadas, pra usar as unidades locais. Fui ao Home Depot e, surpresa absoluta, em vez de encontrar um marceneiro, encontrei uma porta, na verdade duas, para se fecharem no meio do vão, exatamente como eu queria (bi-fold, branca, vazada, para manter o padrão existente em outras portas), para atender a um vão com exatamente as dimensões que eu precisava (2x 36x 82,5 polegadas). Depois, foi só uma questão de convencimento por parte da porta. Levou uns dois meses até ela me convencer de que eu era capaz de instalá-la. Ela falava: “Vem …. me instala, seu bobo! Eu sou fácil!” e eu nada, até que num belo domingo, tomei coragem e enfrentei, com galhardia, a fera dobrável. 

Outras duas oportunidades de “faça você mesmo” foram fora de casa:   

UMA, no jardim de casa: ao invés de contratar o salvadorenho de plantão para cortar a grama, fiz umas continhas, e investi, num cortador de grama movido a gasolina, o equivalente a três meses de custo do serviço do hermano, e ganhei quatro anos de terapia quinzenal. Terapia, entretanto que me rendeu uma urticária que durou uma semana, ao enfrentar a hera venenosa que invadia a máquina do ar-condicionado que ficava na parte externa da casa, tudo bem, um pequeno percalço. Outro percalço foi a ridícula reclamação de uma vizinha de que preferia que eu cortasse a grama sem exibir os feixes de músculos de meu abdômen totalmente indefinido;
OUTRA, ao lado do jardim, o ‘driveway’ da garagem estava cada vez mais enegrecido, e em conversa com visitantes, disseram-me que uma lavagem sob pressão poderia ajudar bastante. Já vacinado com o possível custo de uma contratação de mão-de-obra, fiz uma visitinha básica ao impressionante Home Depot e, surpresa, soube que poderia alugar um pressurizador, e fazer eu mesmo. Assim o fiz, fiquei quatro horas tendo orgasmos sucessivos vendo aquele jato triangular de pressão fazer cada polegada do passeio passar do cinza escuro para o cinza clarinho dos painéis de cimento. Aproveitei o milagroso equipamento e dei uma geral nas madeiras existentes, deixando a casa com uma aparência bem melhor. O locador gostou tanto que até reembolsou os 70 dólares do aluguel do equipamento. O pagamento pela mão-de-obra, eu deixei pra lá, foi uma tremenda terapia. 

A casa do americano médio, mais precisamente, sua garagem, é uma verdadeira oficina mecânica, tamanha a quantidade de ferramentas, gerais ou específicas, que eles guardam, à espera de algo que precise ser consertado, sem a contratação da caríssima mão-de-obra. Ouvi de casos em que a quantidade e complexidade das ferramentas foi tamanha, que acabou por expulsar um carro da garagem, e algum tempo depois, o outro. Ou seja, os carros da família dormiam ao relento, em prol da oficina.


E os brasileiros que se mudaram pra lá de vez, não os expatriados como eu, vão pelo mesmo caminho. Este é um típico fenômeno de AWoL.


    AWoL - Lá tem até americano

    Os EUA são a terra da oportunidade, é o que dizem, e o resto do mundo acredita, e segue chegando aos borbotões. Principalmente os vizinhos do sul, los hermanos mexicanos. Principalmente se for Houston. Dizem que 30% da população da cidade vêm do México. Aquelas terras eram mexicanas, e foram tomadas no tapa - muitas guerras e mortos. Os mexicanos acreditam que este é um movimento de retomada, lenta, gradual, mas agressiva, arrebatadora: os mexicanos têm, em média quatro filhos por família … os americanos, dois. É só fazer as contas, é exponencial. 

    Os mexicanos, e outros hermanos de latinoamerica, principalmente salvadorenhos, são responsáveis pelos serviços mais básicos, tipo limpeza de rua e tratamento dos jardins, são também atendentes em supermercados, melhor dizendo, eles estão presentes em todos os setores. Não é muito bom, entretanto, abordar um atendente para uma pergunta, pedir a informação no seu inglês perfeito, crente que está abafando, e ouvir a pessoa vir com o irritante: 'Habla Español?'. Dá vontade de enforcar, mas são todos muito solícitos e prontos a ajudar. A invasão é tanta que existe uma famosa cadeia de restaurante TexMex (comida que se diz mexicana, mas é diferente da real comida do vizinho hermano) que, em seus cartazes externos anuncia: 'Acá Se Habla Inglés!'. Há também casos extremos de amnésia total, a galera que cruzou a fronteira às vezes se recusa a falar espanhol de novo e solta um 'no unnerstan' quando tentamos nos expressar na outrora língua latina do interlocutor.
    A cidade é muito cosmopolita, e recebe imigrantes de todos os cantos do planeta. Há bairros inteiros com orientais, de todos os países da Ásia, que vivem em ruas em que o nome aparece em inglês, e também naqueles ideogramas ininteligíveis. Ao menos, pela amostra que eu tive, os orientais se dedicam principalmente às ciências contábeis, afinal, todos os funcionários de olho puxado que trabalhavam na minha empresa trabalhavam para mim, na contabilidade, em épocas diferentes, um chinês de Hong Kong, uma chinesa continental, três vietnamitas e uma tailandesa, além de um nissei brasileiro perdido por lá. Isso acabou gerando um problema pitoresco para mim, pois 2000 era o Ano do Dragão (o próximo será em 2012) do calendário oriental, e três delas apareceram grávidas, não por coincidência, afinal, a crença é que filhos gerados sob o signo serão bem sucedidos, então fiquei com um acúmulo de licenças-maternidade, que teve que ser coberto por temporários. Outra comunidade grande é a dos coreanos, que se dedicam à informática (indianos, também), ou aos instrumentos de orquestra: é impressionante a habilidade que desenvolvem desde pequenos. Os maiores rivais de meu filho eram oriundos daquela complicada península asiática.
    Somente a descrição das nacionalidades deste episódio já denota parte da verdadeira Torre de Babel que era a nossa folha de pagamento: tinha mexicano, colombiano, chileno, peruano, venezuelano, argentino, congolês, árabe, indiano, um de Sri Lanka (não sei como fala), enfim, pode-se dizer que até tinha americano.
    Bem, correndo o risco da generalização preconceituosa, os latinos prestam os serviços braçais, os orientais prestam os serviços contábeis, e que serviços prestam os americanos? Bem, se forem negros, estarão no serviço público, graças a uma política agressiva de ‘affirmative action’, as tais cotas, então, lá estão eles, nos correios, nos bancos (aqui dividindo com hispanos e orientais) nos órgãos de governo como o Social Security que é a identidade básica do cidadão, ou o DPS, o Department of Public Safety, que fornece as carteiras de motorista, as indefectíveis 'driver’s licenses'. Cabe aqui um destaque a este que parece ser o único documento universal que identifica o americano: não sei realmente que tipo de documento é utilizado por quem não sabe dirigir, já que o Social Security não tem foto.
    Se forem brancos, cabe destacar que são profissionais liberais muito bem remunerados. mas voltando à prestação de serviços, estão nas lojas, como vendedores, perguntando “What can I do for you this afternoon?”  (lá do capítulo sobre educação) e não entendendo sua resposta. Normalmente são os gerentes das lojas McDonald, que todo mês têm que pensar qual hermano será apontado como 'empolyee of the month' que terá o dirteito a uma foto sorridente na parede e a uma vaga de estacionamento privilegiada durante 30 dias.

    Os brancos estão também nos serviços especializados das construções. Digo mais, depois de acabadas as construções, eles seguem cuidando das casas, são os eletricistas, os encanadores, técnicos de ar condicionado, de aquecimento, os pintores, e cobram caro pelo serviço prestado. O preço dos materiais e manufaturados é bem em conta, em compensação, o preço da mão-de-obra é além da conta, chega a ser proibitivo.
    E tudo isto, toda essa abertura às raças está associada a um enorme receio de entrada de estrangeiros, muito ampliado após o 11 de setembro. As  O INS - Immigration National Service - tem jogado duro... Eu mesmo fui vítima. Aliás, minha doce sogra, do alto de seus então 80 anos, com um filho doente de 50, tiveram a renovação de seus vistos negada a partir de 2002, e foram convidados a se retirar do país, mesmo depois de um exposição de motivos em que gastei todo o meu inglês.
    Ver em 
    http://blogdohomerix.blogspot.com/2010/12/up-yours-mrs-upchurch-2003.html

    A juíza da imigração certamente considerou que ambos eram um risco demasiado grande à segurança e/ou ao emprego do americano. Claro que ignorei a recomendação e fiquei mais um ano, até o fim da minha missão.

    As restrições só aumentam: primeiro era um dedo, depois dois dedos, agora os dez, e ainda vem o olho! Se não bater direitinho, esquece, e pega o avião de volta.  E não use talco Granado nos pés, ao menos em viagens internas. Um amigo foi flagrado com este perigosíssimo pó branco, e teve que ajoelhar no milho: algum químico da composição do pó atiçou os alertas. Até ele explicar, foi um custo, mas foi liberado. Ah! Se usar, mantenha o recipiente em sua bagagem de mão!!! Pó, pode!!! Líquido, não!! E coloque um sapato fácil de tirar...

    quinta-feira, 23 de outubro de 2008

    AWoL - Comendo Fora

    Passando à alimentação paga, pude perceber que continua a falta de boa vontade para entender um inglês não-cem-por-cento, ao pedir na lanchonete um simples ‘quarterpounder’ (nosso quarteirão-com-queijo), receber um 'Ahn?!' como resposta, repetir uma, duas vezes, até desistir e falar 'Number 2', e ouvir 'Ah, quarapaunda!'. 

     Depois, pude pedir um refrigerante pequeno, receber um copo e servir-me mais uma vez, depois outra, e, se quisesse, voltaria mais, graças à política dos ‘free-refills’, excelente prática. Aliás, continuo não entendendo porque americano faz questão de pedir um copo grande e pagar mais por ele, se basta ele voltar à ‘fountain’ e servir-se de novo. Um amigo chegou a perguntar a um red-neck (texano durão) o motivo, ao que ouviu como resposta: ‘Cause I’m thirsty!’, deixando-o com cara de bobo. Um outro amigo meu acho que encontrou a resposta: copo maior significa mais refrigerante para levar na última vez, para levar para o carro, daí, mais barriga!
    E num restaurante a la carte, não se pode deixar de admirar a saraivada de sugestões do dia, disparadas pelo garçom de sorriso padrão, depois não entender praticamente nenhuma palavra, e escolher ‘This one’, e, em seguida, ouvir o companheiro comensal acabar optando por aquele prato que tem em qualquer restaurante, de qualquer tipo de comida, o famoso ‘The same’ ou sua variante ‘Me Too’.

    No que tange à bebida, segue válida a incomprensão a uma resposta 'No, thanks'! à pergunta 'Would you like to order something to drink?'.... eles simplesmente acedem com a cabeça e trazem uma garrafa de 'tap water' com gelo, nada mineral, mas muito simpático. Felizmente, lá, a água de torneira é bebível... Até se faz campanha, contra a água mineral, promove-se um verdadeiro bicote às garrafinhas.

    Já aqui...

    À medida que se acostuma a comer fora, você já introjeta uma operação mental: sua conta final será o preço do prato mais 50%. Pois é, o prato, mais a bebida (se não for vinho, claro), mais a taxa estadual (que, dado o nome, é estadual, e varia de estado pra estado, mas fica entre 6 e 10%), mais a indefectível gorjeta de 15%, leva ao acréscimo citado. A gorjeta é opcional, se você está sozinho ou com mais três pessoas (party of four). Mais que isso, os 15% vem discriminados na conta.

    E a conta pode trazer surpresas, se aconteceram percalços no caminho. Como falarei em capítulo sobre o consumo e o medo, o cliente é o rei. Em minha primeira viagem aos States, claro, Miami, sentei-me com a família em um restaurante e pedi um filet mignon bem passado ('well done' ... os outros são 'medium''rare'). Quando o bife chegou, vi que estava 'more than extremely well done', chamei o garçom, e apenas mostrei a ele a carne preta que estava no pedaço que consegui cortar. Ele apenas pediu desculpas e passado um tempo, veio com um outro no certíssimo ponto que eu queria. Comemos, e ao vir a conta, a surpresa: eles simplesmente não cobraram o prato.

    Já aqui ....

    AWoL - Educação a cada momento

    Quando estive no supermercado tive a pachorra de provocar, de propósito, mostras explícitas da educação do americano, só para comprovar que continuam os mesmos. Observando um produto numa gôndola mais tempo que o usual, pude observar, como sempre, o acúmulo de americanos com seus enormes carrinhos, pacientemente esperando sua vez para olhar aquela mesma gôndola. Eles são incapazes de incomodar o outro, ou ainda de mudar-se para outro foco, fora do planejado para aquele momento; na verdade, nem tanto por educação, mas também por uma espécie de ‘defensive driving’ – jamais sairás de sua faixa - também no comando dos insanos carrinhos. 

    Já aqui...

    A boa educação estende-se a todos os momentos da vida dos americanos, até nas situações mais simples: quando abrem uma porta vai-e-vem, eles sempre verificam se vem alguém atrás, e esperam pacientemente a chegada do outro, mesmo que o outrem esteja a 100 metros de distância. Impossível, por exemplo, cruzar com um americano num corredor de escritório sem que ele lhe dirija um ‘Good morning’ ou ‘Good any period’.   
    Já aqui...
    Nas lojas, os vendedores americanos invariavelmente, perguntam algo como “What can I do for you this afternoon?”  com um sorriso pasteurizado, é verdade, antecipado ou não pelo padronizado “Hi! How are you doing?”, esperando que você responda “Fine, what about you?”.
    Já aqui...

    AWoL - A Alimentação

    Se o assunto é estômago, muito há o que admirar. Pude aproveitar um pouco do conforto dos grandes supermercados, onde vou apenas para comprar os víveres do ‘café-da-manhã’ para os dias em que lá fico, mas claro que aproveito para fazer um tour de apreciação de seus corredores, largos, refrigerados, confortáveis, iluminados e fartos, de variedade constrangedora de marcas, tipos, teores, jaezes e tamanhos:
               •          A oferta de guloseimas dos mais variados estilos e calorias, bolos, doces, ‘dough-nuts’ puros ou recheados, ‘bagels’ com ‘cream-cheese’ ou ‘peanut-butter’, esta última a ser usada também na mistura mais estranha da merenda infantil, a popularíssima pinabâtageli (manteiga de amendoim com geléia - aaargh);
    •         Bolos de desmanchar na boca, com ou sem cremes ‘very rich’, tudo muito difícil de resistir, mesmo os simples pães-de-forma com aquela maciez não encontrada por aqui, com fatias finas, médias, grossas, gigantes, e falando em pão, tem o francês , sim, mas não só o pronto fresquinho, mas o quase pronto, o nada pronto, que se prepara no forno;
    •         Leites de ‘fat-free’ a ‘super-fat’, de sem gosto aos mais variados sabores, achocolatados, amorangados, acerejados; isso sem contar os eggnogs, com uma concentração estúpida de ovos, goles de colesterol puro, denso, calórico até dizer chega, mas muito gostoso... 
    •        Refrigerantes de todos os tipos, tamanhos, latas, latinhas, garrafas, garrafinhas, garrafões, sabores e teores de açúcar e cafeína e cerejina, até mesmo aqueles que só americano suporta, como o tal do Root Beer, que tem gosto de dentista, ou o surpreendente Dr. Pepper, que todos os demais humanos da espécie homo-brasiliensis dizem ter gosto de remédio, afora este que vos escreve, que adora a iguaria. Aliás ela tem a mesma idade, ou quase, da Coca-Cola;


    •        Os sorvetes, para os quais se dedica um corredor inteiro, de ‘light’ a ‘super-heavy’, de americanos a dinamarqueses, de cremosos a frugais, com e sem gordura, trans ou não, de quadrados a redondos, com e sem palito, com e sem recheio, com e sem cobertura, ih, chega; 
    •       Ainda nas bebidas, sucos, de todas as frutas, cítricas, ácidas, básicas ou não, recipientes de todos os tamanhos, de copo a galão, prontos para beber ou concentrados de todos os níveis; e se é da família das laranjas (tangerina, lima, limão, grape-fruit), então, pode-se escolher entre variados níveis polpa (no pulp; some pulp; lots of pulp)....
    •        E os cereais? É mania nacional. Teve um amigo que recebeu a missão de trazer um sucrilhos pras crianças, logo em sua primeira compra quando chegou lá, foi ao super-mercado e voltou de mão vazias. A missão era impossível: havia um corredor inteirinho com infinitas variações e categorias...;
    •        Ou então, migrando para as gôndolas mais saudáveis, os hortifrutigranjeiros, um show de cores vivas, verduras super-verdes, maçãs super-vermelhas, limões do tamanho de maçãs, maçãs do tamanho de melões, e por aí vai ... e veja só, que maçãs, todas brilhosas, lindas, imaculadas, parecendo que foram lustradas uma a uma....



           Na mesma foto, ao fundo, outra maravilha, as saladas prontas, lavadas, saborosas, para todos os gostos e cores de folhas, de todas as qualidades, prontinhas para comer, com apenas sal e azeite ou com uma infinidade de molhos disponíveis, de todas as nacionalidades, até a romana Cæsar, para a qual se escolhe o tamanho e a qualidade do crouton, bem, deixa pra lá....

    Finalmente, desfrutei o pagamento da comprinha básica na passagem pelos balcões de pagamento automático, sem a presença humana, parando logo depois para observar os caixas normais, e admirar a presença de pessoas da terceira, quarta (!) idade, trabalhando dignamente, e a fazer a pergunta que não quer calar: “Paper or Plastic?”.

    E termino com uma historinha que ouvi recentemente, para atestar a qualidade dos produtos oferecidos. Uma amiga, que está com vida dupla, morando em Houston e no Rio (com o mesmo marido!), foi ao supermercado americano e, desafiada pelo marido, foi conduzida até a frente da bancada de tomates, de olhos fechados, e pegou 12 exemplares do vermelho fruto. Ao abrir os olhos, verificou: todos perfeitos, suculentos, sem qualquer mácula, mancha, defeito, e além disso, com uma uniformidade de tamanho invejável...

    Já aqui .....

    quarta-feira, 22 de outubro de 2008

    AWoL - Houston x NY - Mais transporte...


    Em vários temas, há que se localizar, antes de generalizar: o transporte público, por exemplo, de Houston (e outras monotonias como Dallas) é absolutamente distinto do de New York (e outras metrópoles dinâmicas como Filadélfia e Chicago).

    Enquanto em Houston, se anda, anda, anda, de carro, em New York se anda, anda, anda, sem carro. Vez por outra, na chegada ou na partida, por exemplo, um táxi pode ser a melhor solução, sempre amarelinhos, sempre com aquela divisão entre os passageiros e o motorista, normalmente um egípcio, um libanês, um indiano com ou sem turbante sikh, até mesmo um americano afro, ou não, e agora, os mais modernos com GPS instalado, para você se localizar, ou ainda ser atualizado com algumas notícias, com o tempo e o que vai pelas noites. 

    A verdade é que anda-se muito a pé, a pé, a pé, até fazer bolhas. Em Houston, é nada a pé, se você anda a pé, é visto como um ser alienígena, a polícia pára e pergunta se você está com problemas com o seu carro (já aconteceu realmente!). E no tempo do calor, a galera pega o carro mesmo se vai almoçar do outro lado da rua. Em New York, esbarra-se com pessoas pelas ruas o tempo todo.
    O sistema de transporte público do Houston é inexistente, praticamente, se comparado ao de New York, em que metrôs e ônibus levam você a qualquer ponto de Manhattan, Queens, Bronx, Brooklyn, mesmo New Jersey, mas você só precisa ficar na charmosa ilha à beira do Rio Hudson para ter tudo o que precisa, de lazer a consumo. O bilhete do metrô dá direito ao uso dos ônibus, pelo tempo em que ele for válido, seja dia, semana ou mês. Há pontos de duas em duas ruas (na direção norte-sul) ou a cada avenida (na direção leste-oeste), e são super-confortáveis, todos eles socialmente corretos, com equipamento para entrada de cadeiras de rodas, e, muito interessante, todos equipados com um dispositivo que faz o ônibus se “ajoelhar” quando chega a um ponto, facilitando a entrada dos passageiros, principalmente os idosos, e é assim mesmo que eles são qualificados: “kneeling bus”.  
    Em Houston, o sistema de ônibus é precário, apesar de altamente organizado e previsível em termos de horário, e há até um moderníssimo metrô de superfície, mas que liga nada a lugar nenhum, quer dizer, nem tanto assim, liga Downtown à região conhecida como Medical Center, onde estão concentrados os principais hospitais e prédios de consultórios médicos da cidade. Foi um pouco de sarcasmo de minha parte, mas o que eu quis dizer é que a maravilha tecnológica não provê solução de transporte para quem precisa, por exemplo, sair de sua casa e ir trabalhar em um daqueles pontos finais, foi mais um motivo para gastar-se dinheiro, coisa que sabem fazer muito bem, vide a substituição de magníficos estádios de Baseball e Basketball, totalmente funcionais, por outros super modernos, de teto retrátil e tudo o mais.

    Voltando ao transporte público da cidade do Texas, trabalhadores domésticos (os poucos que existem), braçais, empregados humildes, cada um vai ao trabalho com seu carrinho, que compram financiado a perder de vista, é até interessante observar os estacionamentos dos pátios de obras onde chegam os pedreiros, e outros operários estacionam. Já na cidade que não dorme (segundo a definição de Frank Sinatra), carro é um luxo, não há incentivo algum a andar de carro, a começar pelos estacionamentos, de custo proibitivo, enquanto que os de Houston são gratuitos, principalmente os destinados ao consumo, como em shopping centers e street malls, as vagas são enormes, dispostas em 45 graus, você acaba desaprendendo de fazer baliza, totalmente desnecessária.

    AWoL - Segurança a toda prova

    Houston é limpa e é segura! Pude aproveitar ao menos quatro anos de tranqüilidade, desligamento, caminhadas sem olhar para os lados, em qualquer ponto de meus hábitos diários. É certo que morei e trabalhei em regiões de bom nível, há certas zonas barra pesada também, mas mesmo lá não chegam nem perto das nossas ‘comunidades’. A sensação de alívio é impagável. Os condomínios de casas, os famosos ‘neighborhoods’, não têm segurança para entrar no portão, pelo simples fato de que não têm portão, são totalmente abertos, sem muros, nem por fora nem por dentro, entre as casas, no máximo, cercas de madeira nos quintais. Crianças podem brincar pelas ruas (fora do horário escolar!) sem qualquer problema. É até difícil se acostumar, por exemplo, às visitas dos provedores das ‘utilities’, água, gás, e luz, invadindo o nosso jardim, sem pedir licença, para verificar os medidores. É, no mínimo, estranho!
    A coisa fica transparente, por exemplo, num dos principais eventos festivos do ano, o tal do Halloween, no dia 28 de outubro, quando crianças passeiam pela comunidade, fantasiadas de bruxas, caveiras e vampiros, batem na porta de totalmente desconhecidos vizinhos, autorizadas pelos pais, para ganhar doces (ou praguejar, em caso negativo). E felizmente, é somente doces o que ganham, de sempre sorridentes habitantes das casas. Bem, como nem tudo é perfeito, uma ou outra ocorrência menos tranqüila aparece, como quando um conhecido, na época de Natal, recebe a inesperada visita de dois policiais em casa, atendendo a uma denúncia de vandalismo. Quando foram investigar, o Papai Noel do jardim estava semi-destruído por inúmeras facadas, totalmente murcho (era inflável). O colega somente ficou decepcionado por não ter sido desenhado o contorno do corpo estendido no chão, como fazem nas famosas crime scene invesigations.

    AWoL - Aos infratores, a lei! - Transporte 2

    Para o trânsito funcionar bem, a repressão é grande, as multas são pesadas. E olha que lá não tem esta festa de pardais, de lombadas eletrônicas que temos aqui. As multas só valem se o ‘officer’ apresentar pessoalmente o auto de infração ao infrator. Então, o patrulhamento é de suma importância. E eles são super eficientes, e aparecem atrás de você, saindo não se sabe de onde, quando você menos espera, e com todas aquelas 35 luzes que piscam nas viaturas. Os limites de velocidade nas estradas até que podem ser levemente ultrapassados, menos para aquele que foi escolhido como ‘cristo’: não adianta o ‘cristo’ pregar a velha história do "puxa-mas-eu-estava-indo-na-mesma-velocidade-dos-outros", que o policial vem com a simples resposta de que "é-mas-eu-escolhi-você-he-he-he!".
    Dentro da cidade, é bom respeitar as famosas 35 m/h (milhas por hora), às vezes 30 m/h, em ruas de pequeno porte, pois ali, sim, as possibilidades de materialização da repressão são maiores. Mais ainda se você está passando em área escolar, onde luzes indicam que o limite baixou para 20 m/h. E se der azar de se encaixar atrás daqueles indefectíveis ônibus escolares amarelinhos, o cuidado tem que ser dobrado: se estiver em uma zona escolar, não pode ultrapassar, e se ele parar, você pára, sem pestanejar. Aliás, o veículo vindo em sentido contrário também pára.
    Eu passei invicto nos meus quatro anos de piloto, não deixei um só centavo nos cofres municipais. Bem ao contrário de meu antecessor no cargo, que, quando retornou ao Brasil, provocou uma moção de protesto dos órgãos reguladores, inconformados com a interrupção da receita de suas multas (brincadeira!). E eu digo que tive sorte, pois fui parado duas vezes pelos educados guardas, mas acabei levando apenas uma ‘verbal’, um puxão de orelhas. Quer dizer, um deles não foi lá muito calminho, deu-me, na verdade à minha esposa, uma tremenda bronca, pois ela estava a 35 m/h numa rua de 30 m/h, levamos um sermão danado, fomos lembrados da possibilidade de crianças estarem atravessando a rua, e acho que não levei a multa por estar naquela hora, fora do horário escolar. Na outra, quando levei minha filha no primeiro dia de faculdade dela, fiz uma conversão proibida à esquerda, com sinal vermelho e tudo, e logo ouvi a sirenezinha educada, só um toquinho, e vi, pelo retrovisor, aquelas luzes todas: fiquei só na advertência, pois convenci o calmo (este, sim!) policial da minha história de não estar acostumado à região, eu estava de gravata, a caminho do trabalho, enfim, tudo bem!
    E não é somente nas infrações normais como velocidade, sinal vermelho e outros, que eles são firmes. Uma brasileira andava tranquilamente, passeando em seu carro, com o vidro aberto, o braço pra fora (lá, pode!), fumando seu cigarrinho, passou um tempo e ouviu aquela sirenezinha, viu aquelas luzinhas, parou o carro e, segura de si, perguntou o que estava fazendo de errado, já que dirigia muito devagar, e ele, enquanto preenchia a multa: “A senhora estava fumando até agora há pouco, e agora não está mais, não é? Pois é, eu vi a senhora jogar o cigarro no chão, ali atrás!”. A amiga, muda, sem defesa, ouviu: “Aqui está, infração grave, US$ 300,00 e nem adianta recorrer!”. Adivinha se ela até não deixou de fumar, depois daquela. É por essa e outras, que o povo é educado, na marra, e a cidade é limpa. 


    Já aqui ...

    E é patente e eficaz a repressão ao consumo de álcool, é coisa séria: dirigir bêbado dá cadeia séria, servir álcool a menores de 21 anos dá cadeia séria, e se o menor é pego dirigindo bêbado depois de sair de uma festa dá cadeia séria para o promotor da festa. Sério! E não tem carteirada que dê jeito, vários astros de Hollywood já amargaram cana por causa da caninha 'marvada', e respondem a processos, perda da inseparável ‘driver’s license’ e tudo o mais.E sobre essa idade aí de cima paira uma interessante constatação: aos 16 anos, você já pode dirigir, mas, beber, só depois de 21. Questão de valores! E votar, a partir dos 18!
    Há também as incongruências. Por exemplo, lá, não estão nem um pouco preocupados se está ou não de capacete dirigindo moto. O raciocínio é o seguinte: se você está segurado, o problema é seu, o Estado não vai gastar um centavo se você se estropiar e for parar no hospital. No Texas, não se preocupam também se você está falando ao celular ou não (acho que é proibido em 5 estados). Deve ser, penso, porque se proibirem o uso de celular, terão que proibir uma instituição americana: o café enquanto dirigem! Acho que o advento do local para colocar copos em carros foi inventado por causa disso. São raríssimos os americanos que estão sem o copo estacionado no porta-copos, e aquecidos na bateria. E, como o c(h)afé é fraco como chá, quase água, os copos são grandes. É muito comum, por causa disso, encontrarmos os americanos com seus indefectíveis copos no caminho da garagem para o escritório.

    Mais uma sobre trânsito? Clique aqui:
    http://blogdohomerix.blogspot.com.br/2008/10/awol-transporte.html

    terça-feira, 7 de outubro de 2008

    Definição da Crise Mundial





    Ouvindo notícias de hoje não resisti à gracinha abaixo:

    A crise americana começou há tempos, mas o estopim foi quando o Limão Brothers viu a coisa ficar azeda, e o Tio Sam não apareceu para fazer uma limonada!

    sábado, 4 de outubro de 2008

    Livrando-se do Mal

             As palavras abaixo refletem minha opinião. As opiniões contrárias serão respeitadas
             Repetiu-se em 2008, nestas eleições para a Prefeitura do Rio, o ocorrido em 2006 nas eleições para o Governo do estado. As forças do Bem se uniram para rechaçar um mal maior: a ameaça de Crivella no segundo turno.
             Lá, utilizamos a Paladina da Justiça, a intrépida Denise Frossard que tivera peito, além dos próprios, para botar bicheiros na cadeia alguns anos antes. Numa reta final estonteante, ela bateu o então favorito Crivella, crente (!!) que estava abafando. E fomos dormir aquele primeiro domingo de outubro tranqüilos (vou usar o trema até que me proíbam!), cientes do dever cumprido.
             Agora, nossa arma foi o também intrépido Fernando Gabeira, em quem nós, as Forças do Bem, temos conscientemente votado desde que levantou sua voz na Câmara dos  Deputados contra um Presidente daquela casa legislativa ridiculamente lá colocado (com o apoio do Presidente da casa executiva), e que estava a fazer das suas, na maior cara de pau, acabando por derrubá-lo. Depois, insurgira-se contra uma votação secreta do Senado, irrompendo as portas daquela outra casa legislativa. E o fez com um ímpeto que jamais imagináramos que aquela pessoa pudesse ostentar. Agora, chegou a campanha de 2008, e deu repeteco: o Crivella não deixou de ser crente e assim continuou até o último instante, atropelado que foi pelo novo levante do Bem, porém sendo crivado (sic) pelos votos do fenômeno Gabeiral! Que bom!
             Dormimos o sono dos justos em mais um domingo de outubro, com um sorriso nos lábios!
             Vem agora o segundo turno!
             Vamos ver se evita-se a ducha de água fria de 2006, quando nossa valorosa paladina, e sua tecla única da segurança, foram irremediavelmente batidos pelo garoto Cabral, com um discurso técnico, baseado em dados, dos mais diversos setores de atuação do governo que prometia. Chegaram a ser constrangedores os debates televisivos: o Cabral arrasando, com sua experiência de campanhas anteriores, e também com mandatos legislativos, contra uma newcomer no ambiente político, em seu samba de uma nota só. Veio a eleição e foi aquele fiasco. Confirmamos nosso voto nela, porém, sem a menor convicção numa vitória, e já conformados de que o outro pudesse mesmo ser melhor para o Rio.
             Vamos ver agora! Há a diferença sensível de que nosso novo herói tem uma vasta experiência, e já disse a que veio no mundo político. Vamos ver se o Gabeira se levanta logo dos louros desta vitória e se prepara para enfrentar o 'garoto' Paes, que parece ser, tal qual o 'garoto' Cabral, bastante versado nos assuntos administrativos! Na verdade, agora, já estou tranqüilo! Mesmo se Gabeira perder, o Rio vai estar em boas mãos.
             Aguardemos!          
             Só pra acabar o assunto eleição, coloco o fiasco dos institutos de pesquisa, que, aliás, mais uma vez não me fizeram, ou a nenhum membro da família, qualquer pergunta, neste ano. Sigo virgem neste quesito. Minha opinião foi mais uma vez ignorada.
             No Rio, foram quase salvos na Boca De Urna, pela enorme margem de segurança com que trabalham, e a história do empate técnico: o Crivella, na base das possibilidades, parecido com o Gabeira em seu máximo! E deu o contrário, e a vitória foi muito larga! Em SP, também nos limites da margem de erro, a ministra Marta, que já estava relaxada, e gozando uma vitória cantada antes do tempo, nem viu por onde o Kassab passou, e deve ter amargado uma noite amargosa, refazendo todas as suas estratégias para a reta final do segundo turno. Em BH, o poste Lacerda (o Aécio mostrou não conhecer o próprio terreiro) deixou escapar um quinhão de seus votos para o tal do Quinhão, e vai ter que batalhar para ser fincado no solo da Prefeitura!!