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terça-feira, 27 de agosto de 2024

Tia Ruth - 90 Anos


Foi em Santos, dia 6 de maio de 2016

Lá estivemos Tia Lourdes, eu, Neusa, Carlinhos, Cecília, Marcos César, Nielse, Vinicius, Valéria, Regina, João, Renato, Léa, Amanda, Victor, Leandro, Carol, Nathália, Carlos Roberto, Marquinhos, André Luís, Luís Felipe, suas esposas e um monte de filhos desses quatro últimos, os bisnetos de Tia Ruth, que comemorava seus 90 anos!!!

Eu tive o prazer e a emoção de fazer-lhe uma homenagem.

Compartilho aqui!!!


Do alto do Clã das Vasques,
Uma classe que não se discute,
Digna de grande destaque:
Nossa querida Tia Ruth!

Da infância, pouco sei
Só recordo uma imagem:
No carnaval, eram seis,
Enfeitando a paisagem!

Ela casou bem novinha
Logo depois de Iracema.
E não foi qualquer fuinha!
Parecia galã de cinema!

Nunca precisou de ninguém!
Levou bem o seu fardo!
E teve dois filhos do bem:
Marcos César e Carlos Eduardo!

Sempre muito companheira,
Se embrenhou Brasil adentro,
Levando junto a bandeira
Da família sempre ao centro!

Dos filhos, a biografia
Se fazia na Capital:
Marcos César na engenharia
E o Carlinhos no jornal!

Marcão foi pra Campinas
Mas foi antes pra Nigéria,
E agora, nem imaginas,
O Direito é coisa séria!

Preciso é que tu respeites
O Carlinhos, sim senhor!!
Pois foi lá pros isteites,
E deu aula a professor!!

Dois grandes meninos,
Muito orgulho e admiração,
Com valores genuínos
E de grande coração!

Carlos Roberto começou
A terceira geração.
Depois muito se tentou,
Mas só veio mais varão!!

Foi Marquinhos em seguida
Continuando a equipe
E pra esgotar a jazida,
André Luiz e Luiz Felipe.

E Daniel veio bem após
Quase junto aos bisnetos!
Hoje são NOVE, nunca sós,
Com muito carinho e afeto!

Em Nielse e Cecília,
Um complemento perfeito!
São esteios da família,
Moram dentro do peito.

Quando a irmã caiu doente
Uma lembrança eu destaco:
Distraía o sobrinho carente
Jogando com ele buraco!

Depois subiu a montanha
Pra comandar um hotel,
Com sua classe tamanha
Junto ao parceiro fiel!!!

No final, o velho Nema
Sucumbiu àquele mal!
E teve dedicação extrema,
De Tia Ruth, até o final!!

Mas ela seguiu sua vida
Em seu velho apartamento
Muito feliz, quem duvida?
E serelepe, acrescento!

Faz suas comprinhas
E toma seus cafés,
Tem suas amiguinhas
Inda faz English Class!

Noventanos bem vividos
Que os anjos digam amém!
Ao lado de seus queridos,
Nos encontramos aos 100!!!

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Mas não deu, não foi possível
Só faltaram só dois anos.
Deixou esta vida incrível,
Excepcional ser humano!

Decerto será recebida
Por uma trupe de classe:
Suas 4 irmãs queridas
Também seu amado enlace.

Tio Nemércio companheiro
Virá de braços abertos.
Vem ensinar o roteiro
Pra fazer do jeito certo.

Tias Lourdes e Edméia
Virão fazer companhia,
Ajudar na epopéia
Da nova fase da via!

Minha mãe e Tia Elvira
Já devem ter retornado.
É assim que o mundo gira,
Num eterno aprendizado.

E aqui fica a lembrança
Daquela tia querida
Me ajudou desde criança
Fará falta nesta vida!

Que siga em paz e serena
E que vá com muita luz.
Que tenha a certeza plena:
A seu lado estará Jesus!



segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Mais sorridente que Sílvio Santos em um domingo de sol

Não, não é um texto meu sobre Sílvio Santos, como alguns amigos cobraram.

Não vou escrever ... mas tanto já se disse... muito já se o homenageou (*)... com justiça ... imagens e sons indeléveis, que guardo desde minha juventude ... quando já adulto, perdi o hábito... tanto que minhas 'crianças' pouco o conheceram ... aliás, o que foi diferente do que vi em muitos relatos ... de que as gerações se sucediam nos sofás em frente às telinhas ... em minha vida, parou lá quando me casei e não migrou pra geração seguinte... sábio foi ele até na partida, em recomendar cerimônia familiar ... seria uma verdadeira peregrinação se fosse aberta ao público.

Mas o título deste texto que um amigo me enviou no privado me encantou... e o texto é bom ... então pedi permissão a Hercules, colega petroleiro, geólogo e torcedor do Santos (predicado importante!) para que o publicasse no meu blog. Ele aceitou!

Tenho pra mim que o título tem potencial pra virar uma expressão popular, entrando no rol das que têm a construção "Mais ADJETIVO que AÇÃO!", das quais no momento, só me vem à cabeça

"Mais firme que só barba de bode!"

A sacada de Hercules é por demais apropriada... e tocante! 

Um domingo de sol já deixa 95% da população feliz (5% é parte do grupo dos acabrunhados!!).

Agora associado ao sorriso de Sílvio Santos, e à alegria que ele trazia, foi um complemento espetacular!

Obrigado, Hercules!!

Ide em paz, Sílvio Santos!!

(*) incrível o destaque que a Globo deu... mais até que a cobertura do SBT (segundo consta...), só manteve as novelas, o resto mudou tudo ... o É de Casa cancelou as atrações, o JH começou antes e foi até às 16, dando lugar ao JN, sim, começou às 16 horas, depois da novela mostraram um Globo Repórter que estavam a preparar para o aniversário dele em dezembro, e no domingo seguiu, com o Domingão com uma seção ao vivo (agora é sempre gravado) e metade do Fantástico foi dedicada a ele...

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Mais sorridente que Sílvio Santos em um domingo de sol

Hercules Silva

19/8/2024

 

O Brasil acordou de luto no último sábado, dia 17 de agosto. Morreu o apresentador e empresário Silvio Santos, cujo nome de registro era Senor Abravanel. Dono de carisma único, Silvio Santos reinou nos lares brasileiros por seis décadas.

Ele trazia alegria às famílias em um dia que começa risonho e passa por uma sensação de tristeza ao nos darmos conta que o final de semana está chegando ao fim. Silvio Santos nos envolvia de tal forma que esquecíamos que o dia seguinte era segunda-feira, dia de pegar no batente.

Quando pequeno, depois da macarronada do domingo, era hora de assistir ao Show de Calouros, Namoro na TV, os sorteios do Baú da Felicidade, a interação com a plateia com o quadro Quem Quer Dinheiro, enfim, aquela miríade de shows e brincadeiras que levava o seu programa do final da manhã até a noite dos domingos.

Seu júri era um espetáculo a parte. Parecia um elenco oriundo de alguns dos filmes de George Lucas, da série Guerra nas Estrelas. Meu jurado preferido era o Pedro de Lara, figura de aparência quixotesca, que fazia o papel de chato e muito mal humorado. Quanto mais a plateia o vaiava, mais gostávamos.

Seu espírito empreendedor catapultou o, então moribundo, Baú da Felicidade, conceito original do Manoel da Nóbrega. Criou banco. Criou negócio na área de cosméticos, que gerou oportunidade de ganho de renda para um sem número de vendedoras que ofereciam seus produtos aos lares brasileiros. Tudo isso era propagandeado no seu programa dominical.

Mas tem algo mais importante que os produtos das empresas de Silvio Santos: a alegria que era dada sem custo algum aos brasileiros. As famílias reunidas se divertiam com os calouros, com as atrações e com as brincadeiras, até sem graça nos dias de hoje, mas que nos faziam rir.

Ele que nos deu domingos de alegria e descontração saiu de cena de forma discreta e silenciosa. A vida continua e ele vai levar sua alegria contagiante para outros mundos.

Silvio Santos nos deixa uma grande lição no refrão de uma música que tocou por décadas no seu programa dominical: do mundo não se leva nada, vamos sorrir e cantar...

A felicidade que ele nos transmitia me inspirou a escrever esta nota com o título: mais sorridente que Silvio Santos em um domingo de sol.

Tomara que a alegria continue a nos contagiar nos dias de domingo.


domingo, 18 de agosto de 2024

Por Acaso

Ontem,  sábado, tive dois encontros fortuitos.

Pela manhã, num local que vou quase nunca desde o início da pandemia, a feira livre, perto de casa,  encontro uma ex-colaboradora minha, num lugar que ela não vai quase nunca, por ser longe da casa dela. Ela estava com a filhinha, agora já com 12 anos!! Tiramos foto, ela publicou no nosso grupo WApp, que estava enferrujado, trocamos saudações, enfim, foi muito bom!!


De tarde, num local em que eu nunca vou NO SÁBADO , o supermercado, sou chamado por meu nome por um amigo que não via há décadas. 

Estava ele com sua esposa, cada um com um potinho de um laticínio qualquer, conversamos, atualizamos as novidades e tal, até que reparo os tais dois potinhos, e estranho por que estão ali tão humildes, sem um carrinho de compras, e eles dizem que as compras já estavam no carro e que eles voltaram justamente porque haviam se esquecido daqueles dois potinhos... e aí está o mais fortuito daquele encontro ... SE eles não se houvessem esquecido, eles NÃO estariam ali para perceber minha presença para então entabularmos aquele papo, num prazeiroso reencontro de saborosas reminiscências. Tiramos foto, trocamos telefone, marcamos informalmente um encontro de famílias, enfim, foi muito bom


O que esses dois encontros quererão dizer?

NADA , talvez, mas pode ser que sim|

Como deveria interpretar?

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Submeti o relato  rendeu algumas reações.

Então me lembrei que havia já escrito sobre o tema, uma sucessão de acontecimentos aparentemente pueris, que poderiam, hipoteticamente, ter mudado minha vida sensivelmente!

Clique no link abaixo

https://blogdohomerix.blogspot.com/2011/05/mudando-o-destino-em-tempo-real.html

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Colocarei nos comentários as reações que obtive!!!

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Gabrieela sempre Gabrieela

Na recente Olimpíada, em jogos do Brasil no vôlei feminino, vez por outra o DJ colocava o primeiro verso de Modinha para Gabriela, quando a homônima atleta brasileira fechava um ponto magnífico, 


Eu nasci assim

Eu cresci assim

E sou mesmo assim

Vou ser sempre assim


Na voz límpida de Gal Costa, ao que a brasileirada toda replicava.


Gabrieela, sempre Gabrieela! 


Aí eu me lembrei dessa canção sensacional.

Primeiro, uma introdução,


Quando eu vim paresse mundo

Eu não atinavem nada

Hoje eu sou Gabriela

Gabrielaiê meus camarada


Eu digo "Introdução" na acepção da palavra.

Sim, toda canção tem uma introdução instrumental, mas me refiro àquela melodia, com letra, que INTRODUZ o tema e que não se repete mais. 

Os Beatles tiveram várias canções assim... lembro-me assim, de tacho, de HELP!, de Do You Want To Know a Secret , de If I Fell, de Here There and Everywhere ... quem se lembra de mais?

ATENÇÃO: Se clicar no nome da canção, aparecerá a análise que fiz sobre ela!!

E não se confunda: por exemplo, Paperback Writer começa com impacto, mas nada mais é que o refrão antecipado, assim como Can't Buy Me Love.


Voltando à Gabi...


Depois da introdução, em ritmo lento, a cousa se anima

E vem verso / refrão treis veis! 

São 3 versos com letras diferentes!

O 2º verso é este

Quem me batizô

Quem milumiô

Poco mimportô

É assim que eu sô




Sim, são só 3 versos

Mas que versos simples e brilhantes!

Cada um com 4 frases

   Todas redondilhas menores 

     ou pentassílabas ta ta ra ta ta

        Rimando entre si

           Decrescendo a nota a cada frase

              E dentro de de cada frase, 

                decrescendo a nota a cada sílaba.

                   Para explodir no refrão lá no alto, 

                      na mesma nota que começou a ladeira!


No meio até repete a introdução, mas apenas para apresentar este 3º Verso e várias repetições de todos, e encher a canção!..


Eu sou sempre igual

Não desejo o mal

Amo natural

Etc e tal

Caimmy genial!


Finalizo com um pouco da história da canção, que peguei do Wikipedia 

"Contrariando seus hábitos, o cantor e compositor baiano Dorival Caymmi concordou em fazer por encomenda o tema de abertura da telenovela Gabriela, produzida e exibida pela Rede Globo em 1975 e baseada no romance Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado.[2] A letra e a música foram compostas no apartamento de Caymmi, em PitubaSalvador, de uma única sentada, na tarde de 12 de março daquele ano.[3] A letra descreve a liberdade de espírito da protagonista (interpretada pela atriz Sonia Braga) e suas principais características.

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Por que não vamos lá fora e atravessamos a rua?

        

Por que não vamos lá fora e atravessamos a rua?
disse ele a seus amigos, há 55 anos, neste 8 de agosto.

Essa pergunta, aparentemente bobinha e sem sentido, teria caído em esquecimento total e absoluto se fossem outros o lugar, os personagens envolvidos na cena, e o que aquele ato simples de atravessar a rua representaria para o mundo da música.

         O lugar:           Estúdios da EMI, em Londres
         O dia:              8 de agosto de 1969
         Ele:                 Ringo Starr
         Seus amigos:   John Lennon, Paul McCartney e George Harrison 
         A proposta:      Atravessar em fila indiana a Abbey Road,
                                 ter o movimento registrado em fotografia,
                           e ter a fotografia estampada na capa 
do último disco dos Beatles,
                                 na minha opinião, o melhor de todos eles,
                                 não sem motivo, o mais vendido de sua carreira 
(há controvérisas!).
Estava a maior banda do mundo envolta em dúvidas sobre a capa e até mesmo sobre o nome do disco que estavam acabando de gravar. E era um disco especial, todos sabiam, John, nem tanto. Eles vinham de uma experiência que consideraram frustrada, o Projeto Get Back, em que haviam embarcado numa ideia de volta às origens, e abandonado a batuta de George Martin, o grande produtor e mentor de seus discos até então. Só eles mesmos para ficarem frustrados com aquilo que viria a se tornar o último disco LANÇADO dos Beatles, que acabou levando o nome de Let It Be. Fiz questão de capitalizar o particípio qualificativo acima, para distingui-lo de GRAVADO, que é o que se aplica àquele disco sobre o qual pairava a dúvida da capa, e sobre o qual, aliás, não vou falar aqui, deixo para falar à época do aniversário de seu lançamento, em setembro. Quem faz aniversário agora é a foto da capa, e é sobre ela que versa este pequeno ensaio.
     Estava praticamente combinado que eles voltariam a aparecer na capa, como somente haviam deixado de fazer no último LP de estúdio, o famoso The Beatles, conhecido como Álbum Branco, pela total ausência de cor, inclusive no nome, que aparecia em alto relevo. Afora aquele álbum, todos os demais traziam a imagem deles na capa, fosse em foto ou desenho, e era bom para registrar as mudanças de visual do grupo: naquele verão de 1969, John, Ringo e George ostentavam grande cabeleira, e grossas barbas. Somente Paul, que nunca foi adepto do estilo cabelão, sempre optou por um visual mais comportado, estava de cara limpa, sem barba ou bigode. Aliás, até mesmo porque estava morto ... hehehe  ... depois explico.
Restava saber aonde tirar a foto. Por uns bons dias, pensou-se em chamar o álbum de Everest, muito devido a uma marca de cigarros fumados incessantemente pelo engenheiro de som Geoff Emerick (que ganharia o Grammy por seu magnífico trabalho naquele disco). E chegou-se a fazer planos para ir ao próprio Everest para tirar a foto, mas a produção seria muito complicada. Dinheiro não era problema, mas acabaria atrasando o cronograma de lançamento do disco. Pensando bem, até que o local seria bastante apropriado, pois era o topo do mundo, exatamente aonde os Beatles se encontravam: no topo do mundo do entretenimento, não havia ninguém mais poderoso que eles.
Num belo dia, Ringo , em sua genial simplicidade, fez a proposta título. Discutia-se o nome do último disco, e como seria sua capa, ideias pululavam, além do Everest acima mencionado, Pirâmides do Egito, Coliseu, falava-se em altos custos, mas Ringo não estava querendo arriscar-se em lugares exóticos, que o obrigariam a comer feijão enlatado de novo, como fez na Índia, e soltou um: “Oh, come on!! Let’s cross the street and call it Abbey Road!!”. Aquele disco seria o último dos Beatles e aquela capa, a mais famosa capa de disco de todos os tempos, ao custo de poucas centenas de libras. 

Proposta aceita, Paul fez o sketch ao lado, foi convocado o fotógrafo Iain Mcmillan, que estava de plantão, e saíram do estúdio. A produção teve alguma dificuldade para parar o trânsito, o fotógrafo subiu em uma pequena escada e tirou meia dúzia de fotos. Paul escolheu a que mais lhe agradou. Estava decidida e realizada mais uma capa Beatle. E o disco foi também nomeado Abbey Road, em homenagem à casa que os abrigara nos últimos sete anos, palco de muitas revoluções musicais.
                 




Havia uma história, um boato, que pairava no ar à época: a suspeita morte de Paul McCartney, em um suposto acidente de moto em 1966, e sua substituição por um perfeito sósia.

Tudo o que envolvia, ou fazia menção, ou simplesmente lembrava qualquer um dos quatro Beatles, na época, era motivo de especulações dos ensandencidos fãs. Imaginem um boato como este! Variadas evidências, que comprovariam a morte de Paul, foram encontradas em músicas, declarações, anúncios de jornal, etc. Sei de algumas delas que só interessam aos mais fanáticos, e que não cabe aqui detalhar. Restrinjo-me aqui ao mais interessante conjunto delas:  as estampadas na capa de Abbey Road.

Bom, se tiver a curiosidade de checar, pegue o disco na sua discoteca, ou se ainda não tem, que vergonha, vá imediatamente comprar o CD, pois é impossível você não tê-lo em sua estante, e note:
  1. Os 4 estão em fila indiana;
  2. John segue à frente, de terno branco;
  3. Ringo a seguir, de terno preto;
  4. Paul, a seguir, com roupa informal chique, descalço;
  5. George, finalizando o cortejo, todo em jeans;
  6. Paul é o único com o pé direito à frente; os demais têm o pé esquerdo à frente;
  7. Paul carregava um cigarro na mão direita;
  8. Há um fusca bege descompromissadamente estacionado no lado esquerdo.

           Sua licença é LMW 2 8 I F.

         Não seria nada além de mais uma bela capa Beatle se os fãs não tivessem usado sua fértil imaginação para descobrir nada menos do que oito evidências irrefutáveis de que Paul estaria mesmo morto!

         Senão vejamos:
  1. Os 4 estão em fila indiana, como todo bom cortejo fúnebre, e iam na direção de um cemitério nas imediações do estúdio;
  2. John, que segue à frente, de terno branco, era o padre que lhe proporcionara a extrema-unção (ou o médico, segundo alguns);
  3. Ringo a seguir, de terno preto, era o agente funerário que lhe proporcionaria funeral digno (ou o padre, segundo uns outros alguns);
  4. Paul, a seguir, com roupa normal, mas descalço como todo bom defunto, pronto para ser colocado num caixão;
  5. George, finalizando, todo em jeans, um traje simples, como todo humilde coveiro, que o colocaria na cova;
  6. Paul é o único com o pé direito à frente; os demais têm o pé esquerdo à frente. Sinal de que não está neste mundo;
  7. Cigarro na mão direita? Prova de que não era Paul, sabidamente canhoto;
  8. Há um fusca bege descompromissadamente estacionado no lado esquerdo.

Sua licença é LMW 2 8 I F, que naturalmente, quer dizer:
"Linda McCartney Widow -

Paul would be 28 years old, IF he were alive"
                   
         Pode?!!!!!

Devemos relevar fato de o ‘I’ do ‘IF’ ser, na verdade, o número ‘1’, como toda boa licença naquela britânica ilha de miserable weather. Ou ainda, esquecer também que Paul, se estivesse vivo, ainda não teria completado 28 anos, mas, sim, estava no 28ª ano de sua vida....

         Meros detalhes!

Em 1995, Paul, ainda muito vivo, em todas as interpretações do adjetivo, capitalizou uma vez mais em cima de sua fama de morto. Lançou um disco ao vivo com trechos de sua fantástica e muitíssimo bem sucedida excursão mundial. A capa do disco mostra a mesma rua, com um fusca similar àquele, estacionado no mesmo ponto mas com uma licença 54IS, e ele, Paul,  sendo puxado por uma cadela da mesma raça de sua antiga cadela Martha, que ele tinha na época do Abbey Road.  Deu ao disco o nome de "Paul is Live". O nome tem triplo sentido:
  • "Paul is Live", pois é um disco ao vivo, não gravado em estúdio;
  • "Paul is Live", pois ele não está morto, mas sim bem vivinho, apesar dos boatos;
  • "Paul is Live", pois, além de estar fisicamente vivo, está também artisticamente vivo, ainda fazendo turnês de grande sucesso e vendendo muitos discos, 25 anos depois de terminado o grupo.
  • Para completar, a licença do fusca é  54IS  pois  
  •  " .... now, Paul   IS 54 years old! "

A capa de Abbey Road ficou mundialmente famosa. O citado fusca bege ganhou notoriedade imediata e começou a passar de mão em mão de colecionadores. Chegou a valer dezenas de milhares de libras, e hoje está no museu da Volkswagen, na Alemanha.

Desde o fim dos Beatles, todo santo dia, ao menos uma pessoa, às vezes dezenas, preferencialmente em grupos de quatro, repete a coreografia da capa, com pé trocado do 3º, que normalmente está descalço, e tudo o que tem direito. Entre elas, o bocó aqui! Estive lá pela primeira vez em 1992. Só que como eu estava sozinho, tive que esperar por outros três bocós para acompanhar-me na jornada e um 5º bocó para tirar a foto. E retornei algumas vezes: por menos tempo que eu tivesse, fosse apenas uma escala do voo de ida ou de volta, eu pegava a Jubilee Line do metrô, descia na estação St. James Wood e repetia a coreografia.

E deixava, sempre, minha mensagem no muro dos estúdios da EMI. Claro que nunca encontrava a mensagem anterior: aquele local virou ponto de registro do amor pelos Beatles. Cada centímetro quadrado de sua tinta branca é preenchido com declarações, poemas, citações de letras, Beatles 4ever, fulano esteve aqui, sicrano ama beltrana, e coisas do gênero.  A velocidade de preenchimento é enorme: a cada três meses, o muro tem que ser pintado, para começar uma nova série de pichamentos, totalmente legais e autorizados!

         Quem tiver dúvidas sobre o fenômeno, pode ir ao site da EMI, e procurar a imagem: há uma câmara permanentemente ligada, registrando a movimentação aquela faixa de pedestres. Pode estar vazia agora, mas não demora muito e aparece alguém atravessando e fazendo pose.


         E se for a Londres, não deixe de pagar o seu mico!!!