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Esta é a minha resenha do segundo livro d'A Divina Comédia.
O primeiro, O Inferno, eu resenhei neste link.
Um resumo do primeiro livro?
Dante é conduzido por Virgílio pelos meandros do Inferno!
A caminho do Paraíso, passam pelo Purgatório!
Serão 8 cantos, em terças de versos decassílabos com rimas encadeadas.
E, para melhor aproveitarem o conteúdo, aconselho declamarem,
e tomando em conta a pontuação!!!
Serão 8 cantos, em terças de versos decassílabos com rimas encadeadas.
E, para melhor aproveitarem o conteúdo, aconselho declamarem,
e tomando em conta a pontuação!!!
Canto I – A
Arquitetura do Purgatório
E durante a Era Medieval,
Era diferente o conhecimento.
Num hemisfério setentrional,
Havia toda terra e toda gente,
E lá na remota metade austral,
Um oceano, sem vida presente.
No centro desse imenso oceano
Uma montanha se eleva, imponente,
Que é o Purgatório soberano,
Purgando os Pecados Capitais,
Que comprometem o andar humano.
São Sete Círculos Co-axiais,
Com seus diâmetros diminuindo
Até o Paraíso em seus portais.
As penas que lá se vão impingindo
São menos cruéis que no lado oposto,
Pois de desconforto vão infligindo,
Mas de dores não lhes dão o desgosto.
As almas as cumprem, tão ansiosas
Por preces que as afastem do encosto,
Que as liberará para, gloriosas,
Rumarem, beatas, ao Paraíso!
Sei que pessoas estão desejosas
Pelo, das penas, relato preciso,
Mas devo voltar à Cosmologia,
E prometo que serei bem conciso.
É que no início desta vã porfia,
Ao descrever do Inferno a arquitetura,
Faltou detalhe da geografia.
O mundo então tinha a envergadura
Da Espanha até o Golfo de Bengala,
Jerusalém no centro da figura,
Onde se abre a insuperável vala,
Destino dos pecadores mortais,
O Inferno que as almas encurrala.
Dante desce os círculos infernais
Até chegar ao centro do planeta,
E não volta, mas segue mais e mais,
Agora subindo a posterior valeta,
Surgindo noutro lado, no oceano,
Pra abrir do Purgatório a maçaneta,
E seguir, de Beatriz, o santo plano.
Canto II – Arrependimento e Severidade
Na praia daquela gigante ilha,
Donde se vê montanha até o céu,
Continuamente chegam camarilhas
De almas em colossal escarcéu,
A ver em que estágios ficarão,
Penando até descerrarem o véu
Que lhes dificulta a sublimação.
Ancião, legista da Roma Antiga,
Do Purgatório, é sagaz Guardião.
O arrependimento dá a liga:
Se já faz tempo, Catão já libera
Para o devido círculo que abriga
Os pecadores de igual quimera.
Já os arrependidos tardiamente,
Não já. Vão ter que amargar dura espera
Em tempo ao mínimo suficiente,
No assim chamado Ante-Purgatório,
Ao tempo de quando, enquanto viventes,
Habitaram pecador território.
Tendo vencido essa fase, então vão
Ao devido círculo expiatório,
Onde pacientemente cumprirão
As penas assim estabelecidas,
Até que preces em sã profusão,
Daqueles que aqui ficaram na vida,
Os façam merecedores de alta,
E então possam proceder à subida
Para a paradisíaca ribalta.
Para finalizar a arquitetura,
Um interessante aspecto ressalta:
É que a severidade da aventura
Decresce ao se subir o grande monte.
Veja o Orgulho, maior desventura,
Inveja e Ira, a seguir se confronte
Preguiça e Avareza, ora se enfrente
Gula e Luxúria, antes da sacra ponte,
À entrada do Paraíso clemente.
Canto III – O Portal do Purgatório
A caminho do Portal do Purgatório,
Almas interrompem Virgílio e Dante
Pra lhes fazerem o relatório
Do por que não podem seguir avante,
E muitas se assustam com a presença
De sombra na cercania do caminhante
Que ascendeu inda vivo de Florença.
Isso não ocorrera no sombrio
Inferno, de flagelação intensa,
De faca, ferro, fumo, fogo e
frio,
Dos que sofrem os infindos
castigos
Por terem vivido em vão desvario.
Chegando, afinal, um anjo amigo
Abre com chaves, de ouro e de
prata,
O Portal do mediano jazigo
De expiações rumo à vida beata
Do Paraíso, o destino final.
Porém, pra dar-lhe a dimensão
exata
De sua viagem celestial,
Dante ganha na testa Sete P’s,
Um para cada Pecado Capital,
Cingidos pelo anjo com altivez
Usando sua angelical espada.
Eles sumirão um a cada vez,
Em meio à peculiaríssima jornada,
Que se vença cada qual das etapas
Da vital experiência angariada.
Canto IV – As Penas do Orgulho
Adentrando à primeira vil cornija
(no Purgatório é assim que se chama),
Observa-se a rotina assaz rija
Dos orgulhosos em seu duro drama.
Caminham em rochosa rota estreita,
Emparedados por extensa gama
De imagens, à esquerda e à direita,
De exemplos de extrema humildade,
Em oposto à sua vida imperfeita.
E carregam, em sua triste realidade,
Blocos de peso maior ou igual
Ao tempo que eram corpos de verdade.
Em seu marchar de baixo astral,
Pisam em mil imagens esculpidas
Da história da soberba tão cabal.
E em meio a essas penas tão sofridas,
Entoam, de forma tonitruante,
Um Pai Nosso com letras estendidas.
Achei a coisa tão interessante,
Que reservarei o próximo Canto
À análise do Pai Nosso de Dante,
E, sim, prevejo um desafio e tanto,
Pois que terei que encadear as rimas
Da explicação aos versos do acalanto.
Que as Musas me iluminem lá de cima!
Canto V – O Pai Nosso de Dante
Breve resumo do Canto anterior: |
Canto VI – Inveja e Ira
A caminho da cornija segunda,
Imagens de históricas figuras
Que caíram por aptidão rotunda
Ao Orgulho em suas vidas impuras,,
O maior deles, o Anjo Caído,
Lúcifer, que teve a queda mais dura
Por querer ser mais que seu Pai querido.
Um belo anjo se apresenta a Dante
Que sente seu peso diminuído:
Menos um P na testa, doravante,
Pra mudar de estágio capital,
Onde a Inveja é punida adiante.
A sina dos que, na
fala geral,
Têm no ‘olho grande’ o maior defeito,
Sofrem em seus olhos a pena cabal:
Ficando sem descanso em qualquer leito,
As pálpebras em arame cerzidas,
Pra que se recordem, do pior jeito,
Do tempo que perderam em suas vidas
Em dor pela felicidade alheia.
Grande exemplo de inveja ressentida,
Enorme trovão passa e alardeia
Uma frase de Caim a Deus dita,
Após inaugurar, de pecados, a teia,
Ao matar Abel, em cruel vindita,
Por ter o irmão melhor agradado
A Deus, não lhe perdoando a desdita.
Quem em vida teve na Ira o pecado,
Expia-os indo em quase cegueira,
Sempre imergidos em fumo cerrado.
Vão, em constante oração carpideira,
Ao Cordeiro de Deus pra lhes tirar
Os pecados da vida estradeira.
Como exemplo de Ira lapidar,
Dante chora com a vil lapidação
De Estêvão ainda assim a rogar
Que se lhes perdoe a contravenção,
Maior mostra da palavra de Cristo.
Saindo da densa fumegação,
Mais um anjo vem pra lhe dar o visto,
E agora só com 4 P’s na testa,
Pode seguir para o próximo quisto.
Canto VII – Preguiça e Avareza
Preguiça é o ponto médio da Montanha,
Ela é o quarto dentre os sete pecados.
Está também no centro da barganha
Dos níveis de amor experimentados.
Vejam que o Amor Prejudicial
É a tônica dos três já passados.
Na Preguiça, não se faz bem nem mal,
É a marca do Amor Insuficiente.
Já nos três a seguir no cabedal,
É o Amor em Excesso lá presente.
Perdoem este breve divagar,
E retornemos à nossa vertente.
Pecadores no monte a expiar
São castigados por ações contrárias
Aos costumes que lhes era vulgar.
Os preguiçosos ouvem vozes várias
De arautos a incitar muita pressa
Para realizar tarefas ordinárias,
E depois que cada a missão lhes cessa
Mais outra ordem lhes vem a cumprir.
Como exemplo de preguiça pregressa,
Um apenado fez a Dante ouvir
Da saga dos Hebreus em rebeldia,
Os Mandamentos driblavam seguir,
E ainda em vida sofreram porfia:
Quarentanos a vagar no deserto
Inda que mais curta lhes fosse a via.
Um P a menos na testa e esperto,
Dante avança pro terraço seguinte,
Onde os avaros, é líquido e certo,
Muito se arrependem pelo acinte
De terem poupado demais em vida.
Seus pares, de oposto constituinte,
Pródigos pagam em mesma medida.
Os dois pecados são lá expiados,
De barriga pra baixo, sem guarida,
Tendo suas mãos e seus pés sempre atados,
Ao sol entoando causos da pobreza,
Como que a aprenderem dos pecados
À lua, é hora de cantar a avareza
Punida em vida, em plena encarnação.
Como exemplo de notável dureza,
Do caso do Rei Midas, vem a lição.
Com extremado apego a seu tesouro,
Pediu aos deuses o nobre condão
De transformar no tão amado ouro
Tudo o que tocasse. Brincou feliz
Até que percebeu o mau agouro
Que era o poder que tanto quis:
Comida e família ele dourou,
Mas pôde reverter a cicatriz.
Após o susto, Midas se tornou,
De avarento, em vero benfeitor.
E Dante, aquele ciclo terminou.
Canto VIII – Gula e Luxúria
Com apenas dois P’s em sua testa,
Dante, ansioso, parte resoluto
Para o fim do caminho que lhe resta.
Inda com Virgílio em salvo-conduto,
Segue seu passo rumo ao Paraíso.
Encontra árvores, com lindos frutos,
Porém tendo seu topo como piso,
Como se fosse um pinheiro invertido,
Causando às almas duro prejuízo,
Distantes do alimento tão querido,
Que em vida afagaram o paladar.
A Gula é o pecado aqui punido,
A fome traz contínuo definhar,
Saudosos da extrema comilança,
E agora estando sempre a escutar
Exemplos de notável temperança
E também dos históricos pecados.
E lá também se encontra a lembrança,
Da árvore dos frutos consagrados,
Da serpente que nos causou a treva,
Que nos deixou milênios condenados,
Por atiçar Gula fatal em Eva.
Agora só resta o ‘P’ da Luxúria,
Que Dante, sofregante, ainda leva.
As almas, em permanente lamúria,
Declaram seus pecados em voz alta
Em meio a fogo crepitando em fúria.
O fluxo em oposto aos olhos salta,
Vão prum lado os heterossexuais,
Vêm os que o sexo oposto não lhes falta.
E se ouvem cantos angelicais
Com exemplos de desejo em excesso,
E outros de castidades cabais.
O maior deles, claramente expresso,
De Maria, quando foi anunciada,
E retorquiu em espanto confesso:
‘Virum non cognosco’, estava intrigada,
“Como pode, se homem não conheço?”.
Por fim, Dante vê sua testa aliviada,
Mas ainda lhe surgia um tropeço,
Uma parede de fogo a atravessar,
A qual seria do fim o começo.
Após ela, um anjo a clamar
“Veniti benedictis Patris mei”
“Vinde os benditos de meu Pai” a dar
Boas-vindas ao Palácio do Rei
Daquele Reino de Todas as Coisas.
Dante é prestes a bradar “Agnus Dei!”
- FIM -
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Perfeito, Homero!! Simplesmente perfeito!!
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