domingo, 3 de agosto de 2025

Rock Parceria e Poesia - Parte 4 de 4



Clique acima para ouvir o que está escrito abaixo

Olá, amigos do Submarino Angolano
Aqui é Homero Ventura, directo do Brasil

Rock Parceria e Poesia

Uma conversa sobre a Parceria Lennon/McCartney

Parte 4 de 4

Entra 12 Bar Original, de Lennon/McCartney/Harrison/Starr


Muitos, com certeza, já ouviram falar da parceira Lennon/McCartney mesmo não sendo fãs dos Beatles. Responsáveis pela composição de quase 90% das músicas autorais da banda, John Lennon e Paul McCartney certamente colocaram seus nomes na lista de TopTen de qualquer especialista em música, incluindo os mais reticentes. 

John e Paul começaram a compor juntos e logo viram que, apesar dos estilos diferentes, a afinidade era grande. Tanta que chegaram logo cedo a um acordo de parceria: fosse John ou Paul o verdadeiro autor de uma canção, a autoria oficial seria declarada como de Lennon/McCartney. Os dois amigos tinham uma capacidade para compor invejável.

Quando se tem um pouco mais de familiaridade com as músicas dos Beatles, logo se percebe quem fez qual música:

1. O primeiro sinal é o cantor: geralmente quem compôs, canta a voz principal na gravação. E, com um pouco de treino auditivo, você distingue a voz mais ácida de John da voz mais suave de Paul... 

2. ·   Se, ainda assim está difícil, vá pelo estilo: Paul é mais baladeiro, John mais roqueiro. Claro que há exceções memoráveis. Algumas das mais bonitas baladas dos Beatles são de John, e alguns dos rocks mais dançantes são de Paul. Essa é a magi ados Beatles

3. Se o estilo musical não foi suficiente pra definir, em canções românticas, vá pela letra: Paul é mais up beat, otimista, John é mais down, pessimista, e ainda passando por crises existenciais e ainda viajava junto com as drogas

4.  Se a canção não é romântica, aqui vai uma dica: Paul adora contar histórias John tinha algumas mensagens a dar, além disso, adorava se inspirar em posters de propaganda  ou em notícias ou anúncios de jornal 

5. Se nada disso funcionou, vá ao detalhe da poesia: John adorava os jogos de palavras, olha só o que ele fez em Please Please Me, aquela mesma do jogo de palavras.

I don't want to sound complaining
But you know there's always rain in my heart (in my heart)
I do all the pleasing with you... It's so hard to reason with youuuu

whoa yeah, why do you make me blue?

... percebeu? "Complaining" rimando com "rain in", uma rima composta de um verbo com uma expressão.

Ou, em Good Morning, Good Morning, uma sucessão de versos com rimas incríveis internas e bem casadas com o requinte dos finais também casarem, um primor. A canção abre com:

Good morning, good morning

Nothing to do to save his life, call his wife in
Nothing to say but what a day, how's your boy been?
Nothing to do, it's up to you
I've got nothing to say but it's okay

Good morning, good morning

Reparam? Rimou "life" com "wife" na 1ª frase, "say" com "day" na 2ª, e as duas frases terminam rimando, "in" com "been"... e lá no meioda ponte, vem:

Everybody knows there's nothing doing
Everything is closed, it's like a ruin
Everyone you see is half asleep
And you're on your own, you're in the street

After a while you start to smile, now you feel cool
Then you decide to take a walk by the old school

Aqui, ele rima "while" com "smile" na 1ª frase, "decide" com "by the" (old school) na 2ª, além de rimar, "cool" com "school"... olha.. preciso, não?

E, mais que rimas, muito além de rimas, John era mais poético, em imagens, mesmo não rimando... Across The Universe é uma pérola em sucessão de imagens... e olha que ele fez isso sóbrio, em uma ou duas horas, após uma discussão com sua esposa Cynthia. 

Words are flying out like endless rain into a paper cup...

Eu vou até traduzir... 

                "Palavras estão fluindo como chuva incessante dentro de um copo de papel..."

Pools of sorrow, waves of joy are drifting through my open mind ... 
      "Poças de mágoas, lamentos de alegria, estão vagando por minha mente aberta..."   
 
Images of broken light which dance before me like a million eyes ...

               "Imagens de luzes falhas dançam ante mim a frente como um milhão de olhos..."

Thoughts meander Like a restless wind inside a letter box... 

                   "Pensamentos vagueiam como um vento sem fim por entre uma caixa de correio.,."

 Sounds of laughter shades of love are ringing through my open ears...

                 "Sons de gargalhadas, sombras de vida estão tocando em frente à minha vista aberta..." 

Limitless, undying love which shines around me like a million suns
      "Amor imortal, sem limite que brilha ao redor de mim como um milhão de sóis"

Olha... difícil superar...

Isso sem contar com a conjunção cósmica entre os dois. QUando decidiram parar com as excursões em agosto de 66, foi cada um pro seu lado tratar da vida e, claro, compor. Quando retornaram ao estúdio, no final do ano, a primeira canção que um apresentou para o outro complementar vinha com reminiscências da época de Liverpool, sua cidade natal. 

John veio com: Entra Strawberry Fields Forever
Let me take you down'Cause I'm going to strawberry fieldsNothing is realAnd nothing to get hung aboutStrawberry fields forever
Living is easy with eyes closedMisunderstanding all you seeIt's getting hard to be someone, but it all works outIt doesn't matter much to me

Lembrando-se de um orfanato que ele, John,  menino, costumava invadir para brincar e transformou aquilo numa viagem mental 

Nothing is real

Paul veio com: Entra Penny Lane

Penny Lane is in my ears and in my eyesWet beneath the blue suburban skiesI sit and meanwhile back in
Penny Lane, there is a fireman with an hourglassAnd in his pocket is a portrait of the QueenHe likes to keep his fire engine cleanIt's a clean machine 

... lembrando uma rua central da cidade em que na juventude sempre passava, inclusive com um hub de ônibus que acessava toda a cidade.

As canções eram tão excepcionais que viraram um Single DUplo Lado A, lançado no início de 67. Sgt. Pepper's ficou pra depois.

Enfim, como são cerca de 180 canções, haverá sempre exceções aqui e ali em que regras serão quebradas. E, na verdade, nem interessava saber de quem era qual música. O importante, realmente, é o conjunto da obra. A perfeita harmonia vocal dos dois (muitas vezes com a inestimável ajuda de George Harrison), juntamente com as inovações técnicas (muitas vezes com a ajuda de George Martin), contribuía para que o verdadeiro autor se tornasse um detalhe desnecessário.

O acordo apenas veio a se desmanchar de uma maneira interessante. John voltava com Yoko de sua lua de mel cheio de idéias e chamou Paul para ajudar a gravar, somente Paul, pois os outros estavam ausentes, e saiu .... isso aqui:

Entra The Ballad of John and Yoko

Caught the early plane back to London50 acorns tied in a sackThe men from the press said, "We wish you successIt's good to have the both of you back"
Christ, you know it ain't easyYou know how hard it can beThe way things are goingThey're gonna crucify meThe way things are goingThey're gonna crucify me

John ficou tão agradecido que deu co-autoria a ele de outra canção mesmo após o final da parceria, rendendo ao amigo uns bon milhões

Era simplesmente Give Peace a Chance, um hino a paz.

E, por conta dessa parceria de presente, Paul McCartey a canta nos show atuais em seguida A Day In The Life. 

As desavenças normais que acontecem em 90% das bandas depois de longo tempo de convivência acabaram por distanciar um do outro, sem, entretanto, diminuir o nível de suas composições. E, com o final dos Beatles, cada um seguiu seu rumo, em carreira solo, sempre produzindo boas canções. 

John continuou mandando mensagens, as melhores delas em Imagine, e Working Class Hero, e seguiu-se abrindo em crises existenciais como em Mother ou em God.

Entra God 

Paul continuou sendo up beat como em Coming Up e seguiu contando suas historinhas como em Another Day

Entra Another Day 

Devido ao seu melhor tino comercial ainda que sendo algumas vezes execrado por isto, Paul teve mais retorno financeiro que John. Este, por seu lado, era mais bem recebido pela crítica do que Paul. Além disso, devido às desavenças mal resolvidas, trocavam farpas musicais, como a Too Many People de Paul ... 

        Entra Too Many People, de Paul 

... respondida duramente por John em How Do You Sleep?, 

        Entra How Do You Sleep 
e que foi educadamente respondida por por Paul  em Dear Friend

        Entra Dear Friend, de Paul 
E, com todas essas desavenças artísticas, nem Paul nem John admitiam que se falasse mal do outro, eles diziam: "Somente eu posso falar mal"

Em 1973,John e Paul fizeram as pazes, este foi visitar aquele em seu exílio na Califórnia, enfim. Porém o tempo não foi suficiente para que voltassem a reviver a velha e profícua parceria, a mais famosa da história da música. Não foi suficiente, pois John foi assassinado. 

E naquele dia, (a voz até embarga...) 8 de dezembro de 1980, na última conversa que teve com um repórter, a declaração foi sobre o grande amigo. Perguntado sobre seu relacionamento com Paul, já ‘off the record’, a caminho do estúdio onde faria sua última gravação, John disse: 
Paul is my brother! You know, as a family we always had ups and downs. But at the end of the day, there is nothing that I wouldn't do for him and I'm sure it's vice-versa!.... 

..... pausa para uma lágrima .....

Paul prestou uma última homenagem ao amigo, em 1982, com a canção Here Today, linda, linda, tocante, e ele a tem interpretado, acompanhado apenas ao violão, em todos os seus recentes shows, sempre com a voz embargada.

Entra Here Today
And if I said,
I really knew you well what would your answer be?
If you were here today

Ooh- Ooh- Ooh, here to-day.

Well knowing you,
you'd probably laugh and say that we were world's apart.
If you were here today

Ooh- Ooh- Ooh, here to-day.

But as for me,
I still remember how it was before,
and I am holding back these tears no more

Ooh- Ooh Ooh, I love you, Ooh.

Como se vê, Paul abre seu coração e admite como faz falta o velho amigo, e se lembra de como era antes, na época em que eles mudaram o mundo. 

Bem, não vou terminar isto de maneira down. É que Paul nos deu um brinde sensacional. Ele canta I've Got A Feeling. Esta é uma canção que foi lançada em Let It Be e foi uma das últimas parcerias, de verdade, entre ele e John. Na verdade, eram duas canções que os dois, em sua genialidade, jnutaram numa só, pois tinham os mesmos acordes. E ficou uma maravilha. No show, Paul começa cantar sua parte, a parte que ele cantava:
I've got a feelingA feeling deep insideOh yeahOh yeah, that's rightI've got a feelingA feeling I can't hideOh no, noOh noOh no
Yeah, yeahI've got a feeling, yeah
Oh please believe meI'd hate to miss the trainOh yeah, yeahOh yeahAnd if you leave meI won't be late againOh noOh noOh no
... depois ele canta uma ponte que só ele sabe cantar ... e então entra John cantando a música dele:
Everybody had a hard yearEverybody had a good timeEverybody had a wet dreamEverybody saw the sunshineOh yeah (oh yeah)Oh yeah, oh yeah (yeah)
Mas o Paul, no show, ele canta a parte dele, e a Inteligência Artificial que o grande Peter Jackson usou para fazer aquele documentário espetacular Get Back, coloca no telão o prório cantando a parte dele. 
É uma coisa espetacular! 
Para encher os olhos e os corações e as mentes de todo beatlemaníaco!
Obrigado, Paul Obrigado John, 
Obrigado por tudo 
            Entra The End

 

 


Rock Parceria e Poesia - Parte 3 de 4


 Clique acima para ouvir o que está escrito abaixo


Olá, amigos do Submarino Angolano
Aqui é Hoemro Ventura, directo do Brasil

Rock Parceria e Poesia

Uma conversa sobre a Parceria Lennon/McCartney

Parte 3 de 4

Entra 12 Bar Original, de Lennon/McCartney/Harrison/Starr


Muitos, com certeza, já ouviram falar da parceira Lennon/McCartney mesmo não sendo fãs dos Beatles. Responsáveis pela composição de quase 90% das músicas autorais da banda, John Lennon e Paul McCartney certamente colocaram seus nomes na lista de TopTen de qualquer especialista em música, incluindo os mais reticentes. 

John e Paul começaram a compor juntos e logo viram que, apesar dos estilos diferentes, a afinidade era grande. Tanta que chegaram logo cedo a um acordo de parceria: fosse John ou Paul o verdadeiro autor de uma canção, a autoria oficial seria declarada como de Lennon/McCartney. Os dois amigos tinham uma capacidade para compor invejável. Inúmeras composições foram feitas olho no olho, em quartos de hotéis, em viagens daquele começo insano.

Aquele acordo de parceria fez com que muitos pensassem que todas as canções com o rótulo Lennon/ McCartney fossem compostas sempre por John e por Paul em um trabalho conjunto. Isso, na verdade, somente aconteceu nos primeiros anos da dupla e mesmo assim, somente em algumas poucas canções  e mais no futuro, uma ou outra quando estavam mais maduros.

Nas demais, o trabalho é mais de 3/4 individual, no máximo um dava um palpite num verso aqui, uma ponte ali uma sugestão de rima ou harmonia acolá, etc. Havia uma disputa saudável entre os dois: um usava o outro como estímulo para compor cada vez mais e melhor e não ficar para trás na preferência dos fãs.


Quando se tem um pouco mais de familiaridade com as músicas dos Beatles, logo se percebe quem fez qual música:

1. O primeiro sinal é o cantor: geralmente quem compôs, canta a voz principal na gravação. E, com um pouco de treino auditivo, você distingue a voz mais ácida de John da voz mais suave de Paul... 

2. Se, ainda assim está difícil, vá pelo estilo: Paul é mais baladeiro, John mais roqueiro. Claro que há exceções memoráveis. Algumas das mais bonitas baladas dos Beatles são de John, e alguns dos rocks mais dançantes são de Paul. Essa é a tiqueza de Lennon/McCartney

3. Se o estilo musical não foi suficiente pra definir, em canções românticas, vá pela letra: Paul é mais up beat, otimista, John é mais down, pessimista, e ainda passando por crises existenciais e ainda viajava junto com as drogas

4.  Se a canção não é romântica, aqui vai uma dica: Paul adora contar histórias. John tinha algumas mensagens a dar, além disso, adorava se inspirar em posters de propaganda ou em notícias ou anúncios de jornal.

5. Se nada disso funcionou, vá ao detalhe da poesia: John adorava os jogos de palavras.

Querem mais jogos de palavras de John?

Everybody's green'Cause I'm the one, who won your loveBut if they'd seenYou're talking that way they'd laugh in my face

So please listen to me, if you wanna stay mineI can't help my feelings, I'll go out of my mindI'm gonna let you down (let you down)And leave you flat (gonna let you down and leave you flat)Because I've told you beforeOh, you can't do that

O Melô do Ciumento - You Can't Do That - repare como o sujeito é ciumento até o âmago - repare ali no meio - the one, who won - as palavras "one" e "won" têm quase a mesmíssima pronúncia mas são escritas de forma diferente equerem dizer coisas completamente diferentes, alé de ser uma rica que em Português chamaríamos "rica", um verbo com um numeral, no caso da letra,com um substantico, e foi nessa letra que eu descobri de onde veio a nossa expressão "Ele está verde de inveja!". 

Na canção, John diz: "Estão todos veeerdes, fui eu quem ganhou teu amor!" Verdes... de inveja! 

E parece que John tinha fixação em cores, veja em Baby's In Black, John diz: 

Oh dear, what can I do?Baby's in black and I'm feeling blueTell me, oh what can I do?
She thinks of himAnd so she dresses in blackAnd though he'll never come backShe's dressed in black

Ele joga com cores, embora a segunda cor da frase não tenha nada a ver com a Cor Azul... é que Blue em inglês é a cor da tristeza, como verde é a da inveja... até por isso aquele ritmo americano, o Blues, sempre vem com temas tristes!!

Falando em temas tristes, dizem as más línguas que John pensava em Astrid Kircherr quando fez a canção, a fotógrafa dos tempos românticos de Hamburgo, namorada de seu melhor amigo Stuart Sutcliffe, membro de primeira formação dos Beatles que abandonou a banda pra ficar com ela, e que morreu de um aneurisma cerebral ainda antes do sucesso...

Este trecho entrega bem essa situação:

She thinks of him (Astrid pensa em Stuart)

and so she dresses in black, (porque Astrid está de luto)

ant though he’ll never come back (porque Stuart mórreu)

She’s dressed in black

 E aqui, tem mais uma ponte que eleva o clima da canção

“Oh how long will it take till she sees the mistake she has made”

Dear, what can I do?
Baby's in black and I'm feeling blue
Tell me, oh what can I do?

Além disso, John mostra todo seu apuro literário quando pôs, pela primeira vez na história do rock, a palavra "trivialities", que foi buscar para fazer rima rica com "please" em When I get Home.


Come on, if you please, I’ve got no time for trivialities, 

I've got a girl who's waitng home for me tonight

Whoa, Whoa,             I got a whole lot of thing to tell her            When I get home

Quer saber de uma coisa, Paul gostava de uma DR... Sabe o que é uma DR?

É como chamamos aqui a Discussão de Relacionamento, normalmente dentro de um casal. Não que ele gostasse, mas ele mandava recados para Jane Asher, sua namorada, para expressar seu sentimento.

Já no single de final de ano de 1965, veio We Can Work It Out, uma DR das boas

Se você pensa assim, corre-se o risco de nosso amor terminar.

Podemos solucionar... Podemos solucionar

Reconheceu?


Try to see it my way

Do I have to keep on talking till I can't go on?

While you see it your way

Run the risk of knowing that our love may soon be gone

 

We can work it out

We can work it out

Think of what you're sayingYou can get it wrong and still you think that it's alrightThink of what I'm sayingWe can work it out and get it straight or say good night
We can work it outWe can work it out

 Na ponte, ele diz que a vida é curta, que é um crime viver brigando!

Life is very short, and there's no time

For fussing and fighting, my friend

I have always thought that it's a crime

So I will ask you once again

No LP Rubber Soul, a DR continuou firme!

Em You Won’t See Me, ele reclama que que ela se esconde, que as mãos dele estão amarradas e que se continuar assim, ela não vai mais vê-lo.

I don't know why you

Should want to hide

But I can't get through

My hands are tied

I won't want to stay

I don't have much to say

But I can turn away

And you won't see me (You won't see me)

You won't see me (You won't see me)

Sabe o que é… nesse tempo, Jane, que era atriz respeitada, viajava muito pela Inglaterra e ele reclamava disso. E era interessante pois ele morava na casa dos pais dela em Wimpole Street, e era mesmo esquisito ele estar lá com os pais dela enquanto ela viajava...

No mesmo Rubber Soul tem mais outra DR,  I’m Looking Through You, em que Paul reclama nos dois primeiros versos que ela está mudando com ele.... que ele nem consegue ouvir o que ela fala.

Your lips are moving, I cannot hear

Your voice is soothing, but the words aren't clear

You don't sound different, I've learned the game

I'm looking through you, you're not the same

Na ponte, Paul reclama que ela não o trata bem e ele ameaça que o amor pode acabar do dia pra noite!

Why, tell me why, did you not treat me right?

Love has a nasty habit of disappearing overnight

E no verso seguinte (veja bem, 3 versos diferentes, uma riqueza de letra),  Paul reclama que a procura, mas ela não está em lugar nenhum

You're thinking of me, the same old way

You were above me, but not today

The only difference is you're down there

I'm looking through you, and you're nowhere

Em 1967, quase não houve tempo para amores, afinal, eles estavam mudando o mundo da música em Sgt Pepper’s, mas o ano não acabou sem a mais definitiva pérola da DR no single de maior sucesso da carreira britânica. Veja se não... 

Homens e Mulheres estão sempre em campos opostos. Ele diz sim, ela não, Ela diz Pare ele diz Vá Vá Vá... Ele lá no alto, Ela cá embaixo....E homens não gostam de discutir o relacionamento... Ela pergunta por que e ele diz que não sabe!! Simples assim!!! Sempre assim...

Digo sim, você não!

Cê quer parar, Eu digo não, não não  oh não

Você diz adeus, eu digo alô

Alô Alô não sei por que cê diz adeus eu digo alô

 Agora, na voz deles!! 

I You say yes, I say no

You say stop and I say go go go, oh no

You say goodbye and I say hello

Hello hello

I don't know why you say goodbye, I say hello

Hello hello

I don't know why you say goodbye, I say hello

 

I say high, you say low

You say why and I say I don't know, oh no

You say goodbye and I say hello

(Hello goodbye hello goodbye) Hello hello

(Hello goodbye) I don't know why you say goodbye, I say hello

(Hello goodbye hello goodbye) Hello hello

(Hello goodbye) I don't know why you say goodbye

(Hello goodbye) I say hello/goodbye

VOltando a falar de rimas Paul procurava rimas internas,  como em You Won´t See Me

Though the days are few, (oh, la la la)
They're filled with tears, (oh, la la la)
And since I lost you, (oh, la la la)
It feels like years, (oh, la la la)

Repararam a genialidade?

Though the days are few, (oh, la la la)They're filled with tears, (oh, la la la)And since I lost you, (oh, la la la)It feels like years, (oh, la la la)Yes, it seems so long, (oh, la la la)Girl, since you've been gone, (oh, la la la)And I just can't go on, (oh, la la la)
If you won't see me, (you won't see me)You won't see me, (you won't see me)

 E... falando em YEARS!!!

Paul inventou a rima interplanetária, veja bem, em Sgt Pepper’s, aliás, antes, tenho que ressaltar que essa canção, que é integralmente de Paul, tem uma estrutura espetacular, um verdadeiro PALÍNDROMO, em 7 peças, ou 7 degraus de um pÓdium de 7 lugares, 

1.   1. A introdução instrumental

2.       2. O Verso 1, It’s Twenty years ago today...

3.           3. A Ponte 1, instrumental pa pa pa pa pa

4.               4. O Refrão “We’re SPLHCB... we hope you will enjoy the show…

5.           5. A Ponte 2, cantada... It’s wonderful to be here I’s certainly a thrill...

6.       6. O Verso 2, I don’t really want to stop the show…

7.   7. A Conclusão, instrumental

Ah, sim, a rima interplanetária, ia me esquecendo.... Eu que dei esse nome, porque uma coisa impressionante. É que Paul rimou a frase final do Verso 1 no começo da canção

The act you’ve known for all these years

Com a frase final do Verso 2, lááá no final da canção

The one and Only Billy Shears

E ele diz que escolheu o nome do alter-ego de Ringo, Billy Shears justamente para rimar com o Years lá do começo...

Ainda sobre Sergeant Peppers, vou aproveitar para voltar ao tema da estrutura de canções.. e comentar sobre a Ponte, que aparece duas vezes na canção, uma apenas instrumental e outra com letra.

Note que a Ponte de SP exemplifica a outra situação que expliquei aqui, lá atrás.

Em No Reply, a Ponte vem botar fogo em versos inicialmente mornos.

Esse era um dos motivos de um Ponte.

Em SP é o oposto! Os versos começam lá no alto, intensos... com o anúncio da chegada triunfal da banda no palco

E a ponte vem amenizar... com o Sargento Pimenta conversando calmamente com a plateia:

Vocês são a-do-rá-veis, me dá um arrepio,

a gente gostaria de levar vocês pra casa, gostaria de levar


I don't really want to stop the show
But I thought you might like to know
That the singer's going to sing a song
And he wants you all to sing along
So let me introduce to you
The one and only Billy Shears
And Sergeant Pepper's Lonely Hearts Club Band

Legal, né...

E Paul é mestre em rimas internas como em fez nada menos que 5 vezes em Hey Jude

1. Hey Jude, don't make it badTake a sad song and make it better2. Remember to let her into your heartThen you can start to make it better
3. Hey Jude, don't be afraidYou were made to go out and get her4. The minute you let her under your skinThen you begin to make it better
5. Hey Jude, don't let me downYou have found her, now go and get her

ENTRA HEY JUDE E VAI ATÉ O FINAL

 

Marcadores

Aniversário (41) Arte (11) b (2) Baleia (43) bea (1) Beatles (842) Blog News (101) Campanha (9) Carta (37) cele (1) Celebração (58) Ciência (9) Cinema (312) Comida (3) Comportamento (259) comu (1) Comunicação (163) Concurso (23) Costumes (77) Cultura Inútil (32) Despedida (17) Educação (27) Energia (45) Esporte (56) Estatística (2) Facebook (2) Família (29) Futebol (133) Game of Thrones (9) Geografia (1) Geologia (1) Her Majesty (1) História (13) homenagem (93) Houston (48) Ícones (66) Idioma (58) Jack Bauer (7) James Bond (53) Justiça (35) Livro (272) Los Bife (66) Matemática (8) Memória (1) Mensagem (18) Música (207) Obama (20) Pelé (29) Pesquisa (7) Pink Floyd (22) Poesia (94) Política (103) Propaganda (6) Rádio (39) religião (42) Rio de Janeiro (43) Saga A Arma Escarlate (52) Saúde (62) Segurança (5) Show (98) Star Trek (17) Teatro (11) Tecnologia (3) TV (122) Viagem (115)

Rock Parceria e Poesia - Parte 4 de 4

View on Vocaroo >> Clique acima para ouvir o que está escrito abaixo Olá, amigos do Submarino Angolano Aqui é Homero Ventura, directo...