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quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Get Back - by Virginia - 1ª Parte

Virgínia de Paula é figurinha carimbada deste blog. 

Se não a conhecem, visitem este post, que acabei de criar, e aglutina as vezes em que a homenageei com um post.

Blog do Homerix: The Virginians

E o criei porque ele agora vai ganhar 5 novas entradas.

Finalmente Virginia encontrou tempo para falar sobre Get Back, o sensacional documentário de Peter Jackson.

E  ela fez em 5 partes... Aqui a primeira.... 

Meu sub-título: Contextualização 

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Get Back – minha visão. 

Primeira parte. 

 

 Só agora?  Mais de ano  depois do lançamento é que você vem comentar sobre “Get Back”? Sim. Primeiro porque não estou sentindo o tempo passar. Dou uma piscada... e termina a manhã. Dou uma segunda piscada e termina a tarde...Na terceira piscada acabou o dia.  Com poucas piscadelas  passa-se um ano. E segundo porque  queria ver o documentário  mais vezes para  saber melhor. Mas a cada vez que vejo aparecem novidades.  Melhor então escrever  logo mesmo sabendo que de outra vez com certeza vou dizer: “Caramba, como não vi isso antes”?  “Get Back” é rico assim. 

 Há muitos vídeos sobre o documentário. Alguns são excelentes.  Outros não me agradaram.  Não estou dizendo isso por não terem apreciado “Get Back”.  A maioria apreciou ...por motivos estranhos.  E ainda dando informações  equivocadas.  Alguns ousaram dizer que seria hora de pedirmos desculpas a Yoko Ono, pois ela passa o tempo todo caladinha!  Acham que “Get Back “ mostra absolutamente tudo ocorrido com os Beatles, e  portanto, Yoko Ono, ficava sempre de boca fechada sem atrapalhar nada mesmo fora do estúdio.   Falta de raciocínio, não é? 

“Get Back” mostra  apenas  gravações ocorridas no mês de Janeiro de 1969. É todo passado nos dois estúdios que utilizaram. Não vemos os Beatles em suas casas e em nenhum outro lugar. Não mostra como foram os encontros fora dali na tentativa de resolver o problema acontecido com George Harrison que fez com ele deixasse a banda por alguns dias. Mas ficamos sabendo que o primeiro encontro fracassou visto que John nada dizia. Yoko falava por ele.  Viram? Ela falava por ele. Portanto, não ficava sempre  calada. O segundo encontrou deu certo. George voltou. 

 Foram cerca de 50 horas  de gravações  para o que seria um especial de TV. Desse material, ainda em 1970, o diretor Michael Lindsay Hogg aproveitou pouco mais de uma hora para o  documentário  “Let it Be”. Desistiram da TV optando pelo cinema. O restante... desapareceu. Até que os tapes foram encontrados pela polícia.  Não sei por qual motivo  receberam o nome de “Nagra reels”. 

   Algumas pessoas tiveram acesso aos tapes e começaram a divulgá-los  aqui e ali na internet já faz algum tempo.  Fiquei fascinada ao descobrir o  site “Let it Be Sessions” com áudios. Há muitas conversas  surpreendentes... que sempre fazem minha alma sorrir. 

   Lá  pude ouvir  diversas versões de “Two of Us” cada uma mais cômica que a outra. John e Paul se divertindo imensamente. Cantando de dentes cerrados, ou com sotaque super carregado...O mais lindo é quando se despedem no final... Boa noite, Paul. Diga Boa noite, John, Boa noite Paul, E Paul responde:   Boa Noite. ... Por essas, não dá para não sentir que o “nós dois” do título são exatamente eles, mesmo com Paul dizendo  ser ele e Linda.  John entra na música saboreando cada nota.  Creio que não apenas eu tenho essa sensação, mas o próprio Michael Lindsay Hogg, o diretor responsável pelo “Let it Be”.   Muitos anos depois ele dirigiu um filme para TV   sobre John e Paul. É ficção.  Como teria sido um encontro deles sozinhos no Dakota em Nova York?  Pois o título para seu filme é exatamente “Two of us”.  Gostei do  filme e o recomendo. 

   Mais recentemente descobri o “Pop Goes to the Sixties” também mostrando áudios e revelando coisas nunca imaginadas, como a gravação na íntegra da divergência entre Paul e George durante o ensaio da música “Two of Us”.  George só deixou a banda alguns dias depois. No dia seguinte após o “problema”,  ele estava lá no estúdio, tranquilão. Portanto, sua saída deve ter sido por outro motivo. Lembro de ter lido sobre a saída dele, em 1969. Paul gritou: “É tudo culpa de Yoko”.  Mas pode ter sido Paul exagerando.  George declarou mais tarde ter tido vários motivos. O problema com Paul foi citado, mas não pela  discussão em si.  Ele não gostou de saber que estava tudo sendo filmado!

     Detalhe: George não estava exatamente simpático  durante a conversa.  Mas suas falas “estranhas”  - como quando se refere a Paul como  Pauline -  não foram incluídas  em nenhum dos dois documentários e nem no livro com os diálogos.  

  Recomendo visitas a esse canal. Gosto de ver como  o youtuber comenta sobre os tapes sempre com bons  convidados. Ele disseca tudo, vai fundo, com muita lucidez. Nada de fanatismo e sempre com respeito.  O cara sabe raciocinar. Apresenta provas.  E a seriedade?  Fala sobre  “Nagra Reels”  como se falasse  sobre o “Relatório Warren”. Porque para nós, Beatle people, The Beatles é coisa muito séria.  Deliciosamente séria. 

    Descobri  mais vídeos dos “Nagra reels”  em outros canais do You tube.  Um deles mostra os meninos tentando ensaiar “All Things Must Pass”. Yoko fazendo de tudo para atrapalhar.  Ela se debruça sobre John a toda hora enquanto ele está nos teclados!  Andando sem parar por ali. Dá para sentir como incomodava. 

     E toma novos áudios. Vem aquele onde ouvimos Yoko fazendo alguma coisa que não sei o nome. Pois o  cachorro Pablo, que vivia comigo,  quase morreu. Entro em pânico pensando em como conseguir um veterinário tarde da noite. Ele  mal respirava.  Desligo o áudio para socorrê-lo...e ele sara de repente. Ainda vem lamber meus pés em agradecimento. Comentando o caso com uma amiga fico sabendo que o mesmo aconteceu na casa dela, mas com seu gatinho. Pulava em desespero. E serenou quando ela desligou o áudio.  O mais grave foi o fogo na lâmpada da cozinha.  Assim que o áudio foi desligado, o fogo apagou sem queimar a lâmpada.  Algum tempo depois, soube de um caso parecido com o cachorro de uma fã americana.  Pode ter sido coincidência... Eu, hein?  Melhor não arriscar com aquela senhora. 

  Naquela noite, eu não tive dúvidas: com tal  energia trevosa em volta eles, teriam mesmo de se separar.  Depois, vi um vídeo de George dizendo sobre as baixas vibrações que ele sentia vindo dela. E que sem dúvida ela estava ali para separá-los. Ele a compara a uma cunha!   

   Em 2020, ficamos sabendo do documentário em andamento sob a direção de Peter Jackson, famoso pela trilogia “O Senhor dos Anéis”. Posso imaginar sua emoção ao receber esse presente: o direito de trabalhar com aquele farto material. Posso também sentir sua dificuldade para selecionar as  cenas.  Posso até sentir sua alegria. Acaba optando por documentário em 3 partes de 3 horas cada um.  Muita coisa, não é?  Mas nem  a metade do que existe naqueles tapes. 

  Seria lançado naquele ano, mas adiaram devido a pandemia. Finalmente estreia  em novembro do ano retrasado pelo canal da Disney!  Sucesso absoluto ganhando diversos e merecidos prêmios Emmy da TV. Como valeu. 

   Pode ser que tenha alguém que ainda não viu e pretenda ver. Por isso, dou alguns conselhos, já pedindo desculpas por parecer duvidar da capacidade de vocês de pensarem  por conta própria.  Porém, como  vi vários fãs tirando conclusões equivocadas por influência do que leram antes, atrevo-me a aconselhar. A intenção é boa. 

  O primeiro conselho é: leiam os créditos. Verão os nomes dos produtores. Ah, já vou dar os nomes logo. São eles:  Ringo Starr, Paul MacCartney, Olivia Harrison e Yoko Ono.  Entenderam? Nunca permitiriam a inclusão  de  cenas que causassem controvérsias. Gente, claro que houve censura. Compreensivelmente.  Não está tudo ali! 

  Vejam o filme como se nunca tivessem lido nada a respeito daquele tempo na vida dos Beatles, para não serem  influenciados.   Se ficaram  sabendo  que Paul McCartney era insuportavelmente mandão e ditador, esqueçam isso. Caso contrário,  poderão  ver provas que ele era assim.  Mesmo não havendo prova alguma. Se leram que George Harrison saiu da banda por alguns dias aborrecido com Paul, esqueçam. Ou poderão achar que  o documentário prova isso. E...nada prova.  Ao que parece, pelo dito mais tarde, ele estava aborrecido com diversas coisas. Ter discutido com Paul foi apenas uma delas. Reconheceu que nem não foi assim tão grave, não saíram nos murros.   Ele tomou a decisão logo após conversa com John.  

   E se leram que seria preciso pedir desculpas a Yoko Ono, também esqueçam. Ou poderão achar que ela era apenas uma  inocente senhora sentada ao lado de John. Poderão não se dar conta que, mesmo se fosse só isso, já seria muito. Já pensaram num médico tendo de atender seus clientes com a namorada ao lado em tempo integral? Um dentista? Pois John estava ali trabalhando. 

Ah, claro... Se leram que ela causou a separação dos Beatles, também esqueçam. Ela foi uma das causas, mas aconteceram outros problemas. E mesmo exercendo influencia sobre John, quem decidiu pela separação foi ele. Ou teriam sido os Blue Meanies? Eu brinco que pode ter sido coisa deles... Aqueles do Yellow Submarine. Escondidos, eles teriam preparado tudo enviando seus agentes para a ação.  E como havia agentes ali na Apple. Mas isso é outra história.   O   filme não tem o objetivo de mostrar o motivo da ruptura  acontecida alguns meses depois.   Allan Klein nem tinha sido contratado.  Então... se leram que vendo  “Get Back”  saberão sobre todos os problemas que levaram os Beatles a se separarem, esqueçam.  Já havia alguma tensão? Sim. Momentos que nada esclarecem.  

   Mas se leram que é cheio de cenas  adoráveis, divertidas, extremamente agradáveis e até surpreendentes...saibam que isso é verdade.  Desliguem-se dos problemas do mundo...Entrem na tela,  sejam felizes e agradeçam, pois, para mim se trata de um presente dos céus. Peter Jackson disse ter se impressionado com tantos momentos alegres deles juntos provando não ser verdade que viviam às turras naqueles dias em tempo integral. “Ah, eu tenho de mostrar isso para o mundo”, teria dito. Pois mostrou maravilhosamente bem. 

Encerro aqui  a primeira parte da minha visão sobre “Get Back”. Amanhã tem mais.  Incluo um dos deliciosos  trailers de divulgação.  E com cenas que não aparecem no documentário, como John beijando Ringo. Uma gracinha.


 Aqui, neste LINK, a 2ª Parte, O Let It Be Original

Aqui, neste LINK, a 3ª Parte, Os Piores Momentos

Aqui, neste LINK, a 4ª Parte, Os Melhores Momentos

Aqui, neste LINK, a 5ª Parte, O Grand Finale


8 comentários:

  1. Incrível! É o que se pode comentar, lendo o texto de Virgínia sobre a gravação do documentário _Get Back_, dos Beatles, dirigido por Peter Jackson (do “Senhor dos Anéis”) e produzido por Ringo, Paul, Olivia Harrison e Yoko Ono. Tem de tudo, absolutamente tudo, sobre os bastidores e curiosidades: afastamento e volta de George, onipresença de Yoko, alegria dominante, e até John beijando Ringo. Uma delícia de ler.
    Vera Mussi

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  2. Aliado o texto ao vídeo realmente parece que foi ontem😘

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  3. Queridas Claudia e Vera. Estou aqui para agradecer a vocês por terem lido, apreciado e comentado! Como disse num grupo de amigos, escrever é muito bom, mas bom mesmo é saber que pessoas entraram no texto, viveram e sentiram o que compartilhei. Grande abraço para vocês!

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  4. Texto criativo com um certo toque onírico misturando na narrativa a história pessoal com a história mitológica que existe sobre os Beatles. Gostei do introito poético, a contar a passagem do tempo por piscadas circadianas. O sobrenatural abordado confirma o quanto nosso cérebro associa as coincidências com nossas crenças negativas. Entretanto, o evento sobrenatural não ofuscou a leveza descritiva do texto, visto que a cronista desarma os pré-julgamentos e preconceitos de uma história repleta de lacunas, mistérios e ambiguidades. Como diz Conrad, a história continua agindo em nós com sua imperturbável ambiguidade. Talvez por essa razão, somos sempre atraídos pelas diferentes facetas e versões apresentadas. Parabéns Virgínia. Laury

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  5. Aônimo e Laury... recebam meu abraço.

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  6. Análise coerente sobre o que Yoko me inspirou , vou usar aqui expressões espiritas essa mulher foi um karma, trazendo agora para o universo político , especificamente Brasil,ela conseguiu dominar a mente de John, a ponto de fazê-lo fanático e ele não enxergar nada , tal qual o bozo com seus adoradores, sim e ela foi o pivô de toda má sorte entre os Beatles, sinto mal até hoje de saber sobre essa mulher, e Virgínia leu minha alma na sua interpretação sobre essa senhora.
    Ivone Maia

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