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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

O Dono do Tempo - Parte II

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Este é o terceiro livro de Renata Ventura.
Demais livros?
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É 'O Dono do Tempo - Parte II'
E assim o é porque tudo o que ela escreveu ficou grande demais para um livro só!

Não farei resenha. Fiz apenas para o primeiro para contextualizar a criação da autora. Ademais, resenha de Pai vale menos!!

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Rafael18/12/2019



Uma poderosa jornada sobre autoconhecimento e o poder da inevitabilidade.


Ainda tô tentando processar esse turbilhão de emoções que acompanhou a minha leitura do livro, porém já posso dizer que esse não só é o melhor livro da saga até agora (o que, por si só, já é um feito e tanto, considerando A Comissão Chapeleira), como o último capítulo dele é a coisa mais bonita, dolorida, humana, crua e real que a Renata já escreveu até então.

Confesso que eu tive que parar a leitura do último capítulo duas vezes, em momentos distintos, por ter começado a chorar e soluçar de maneira involuntária e isso é algo que eu nunca faço, muito menos com uma obra de literatura fantástica.

A maior virtude da arte é fazer com que aprendamos sobre nós mesmos coisas que não sabíamos que faziam parte da gente. E é isso que faz ela ser tão subjetiva e afetar e transformar cada um de uma maneira diferente.

Sem saber, a Renata tocou em algo muito particular para mim na conclusão dessa obra. Nem eu sabia o quanto que eu tava precisando ler a mensagem que foi passada, mas agora eu sei que meu ano não poderia ter acabado sem ela.

É revigorante para a literatura fantástica nacional poder acompanhar um personagem tão crível, humano, falho, mas tão disposto a provar o seu imenso valor quanto o Hugo.


A essa altura, a saga inteira se faz sentir como um diamante bruto que a cada volume vem sendo lapidado com maestria. Leitura obrigatória.

O Dono do Tempo - Parte I

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Este é o terceiro livro de Renata Ventura.
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É 'O Dono do Tempo - Parte I'
E assim o é porque tudo o que ela escreveu ficou grande demais para um livro só!

Não farei resenha. Fiz apenas para o primeiro para contextualizar a criação da autora. Ademais, resenha de Pai vale menos!!

Você encontrará 10 resenhas do livro no Skoob, é só aparecer lá, no link

E não ligue para a última, pois é o famoso hater dela!

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Um projeto de fantasia ambicioso...

Em "A Arma Escarlate", Renata Ventura me chamou a atenção ao criar o início de um universo mágico complexo ao estar vinculado a realidade brasileira. Misturando magia, personagens extremamente marcantes e sólidos com questões de violência e classe,o livro por si só era algo a ser observado com atenção.

Em "A Comissão Chapeleira", ela me fez tirar o chapéu sem pensar duas vezes. A escrita madura; o aumento na complexidade de seus personagens, transformando-os em seres humanos repletos de camadas; a inclusão da discussão sobre ditadura, censura e por vezes tortura; a expansão da mitologia de seu universo com a Escola do Nordeste e as questões que trazia,além do aumento da ação e do perigo,do drama de seus personagens criou um dos livros de fantasia mais intensos tanto em temática,como em dramaturgia e emoções.

Em "Dono do Tempo Parte 1"... Bom, eu nem consigo aplaudir de tão embasbacado que estou. É na primeira metade desse terceiro livro que vemos o quão ambicioso é o projeto literário de Renata. A fantasia atrelada a discussões sociais não é nova, mas aqui Renata demonstra sua intenção: ela quer falar do país. Em quão multicultural e multidiverso em questões ele é. Em como coisas acontecem no Rio de Janeiro, coisas acontecem em Salvador e coisas acontecem no Norte.

A voltagem do drama volta a aumentar e o clima do livro é de extrema angústia. Não há como ter alegria após os acontecimentos do livro passado. Os personagens estão cada vez mais entrando em questões extremamente adultas e angustiantes, e o leitor é jogado nessa espiral de desesperança e apresentação de problemas cada vez mais graves. Talvez seja esse o ponto mais delicado do livro. Há muita coisa aqui. Muita mesmo e pode haver questionamentos a respeito da abordagem de alguns temas, que são necessários, mas não há dúvidas de que delicados. É um começo audacioso, angustiante e realista.

O conflito dessa grande obra (as duas partes juntas estima-se levar 900 páginas de leitura) é bem colocado e plenamente justificável. É louvável aqui também a confiança da editora depositada na autora. Deixar que Renata desenvolva sua história com mais liberdade deixa que os conflitos sejam mais verossímeis e justificados.

E então temos a Escola do Norte e ah... Como não aplaudir a criatividade de Renata para o que é Boiúna. É cruel levar spoiler do que se trata a escola. E é aplaudivel como Renata dedica o resto do livro não apenas para a missão de Hugo (em uma criação de ambiência psicológica intensa) como para discutir questões extremamente importantes que é a questão indígena. Em tempos sombrios como este, ter um livro que preza a diversidade indígena e mais importante a conscientização a respeito da questão que mata milhares de pessoas no Brasil inteiro (e que a mídia poucas vezes parece se importar) é extremamente sem palavras. É perceptível o nível de pesquisa e o cuidado na abordagem do tema.


"O Dono do Tempo" talvez só consiga ser plenamente analisado em sua totalidade, mas essa é uma primeira parte de introdução complexa, sombria,muito mais madura e ambiciosa que o livro 2 e que deixa um clima de apreensão para que caminhos Hugo irá seguir. 


Lucas resenha A Comissão Chapeleira



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Este é o segundo livro de Renata Ventura.
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É 'A Comissão Chapeleira'
Não farei resenha. Fiz apenas para o primeiro para contextualizar a criação da autora. Ademais, resenha de Pai vale menos!!

Você encontrará quase 50 resenhas do livro no Skoob, é só aparecer lá, no link

Escolhi como representante, esta abaixo, por causa de seu autor, muito querido, que já não está entre nós.

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Janeiro de 2015

Lucas é um leitor da Saga A Arma Escarlate, querido por toda a comunidade, sempre presente nos encontros que ocorrem em São Paulo, mesmo com toda a dificuldade logística de sua presença. Conheci-o na  Bienal de São Paulo.
  
Lucas


escrevi uma resenha


Forte e Intenso!

Eu demorei muito para resenhar esse livro, mas sei exatamente o que dizer!

A Comissão Chapeleira não é apenas uma continuação, é como uma nova estrada onde iremos passar. Hugo, com suas cicatrizes, mas ainda sim, lugares onde ferir, irá intensivar todo o enredo.

A primeira parte, soube introduzir tudo que seria necessário ser introduzido no livro. Sem deixar o fôlego parar, temos vários acontecimentos e, inclusive, todo um arco dentro dela, que perdurá durante todo o livro. A primeira parte é uma chave que irá abrir uma porta para milhares de coisas novas. Hugo e os Pixies; Capí, Viny, Caimana e Índio nos levarão, com outros personagens, por uma jornada Mágica, Brasileira e Politica.

A maneira como Renata Ventura soube conciliar a Política com a Fantasia, é algo encantador. Esse livro nos ensina coisas históricas e sociais ao mesmo tempo que nos diverte e encanta, e é dessa forma que ficamos tão ligados ao enredo.
Acontecimentos surpreendentes, que nos deixam abismados, que não imaginamos, que nos destroem, que nos deixam curiosos. Ler esse livro, vale uma maratona! Uma incrível maratona!
Um humor aguçado, nos momentos certos, da maneira certa, que nos faz rir e analisarmos a situação.
Totalmente detalhista, existem várias cenas lindas de se imaginar, vários contextos para vivenciar.
O sotaque dos personagens é uma das melhores coisas! Nos cativa, nos aproxima, nos ensina. Deixa tudo mais real e bonito.
Aprofundamento dos antigos personagens, de uma forma que sempre iremos querer mais, um jeito que nos leva. Personagens novos que nos encantam e fascinam, tudo em prol da história, da narrativa. Cada um tem sua verdadeira função, sem ser impedido de articular em outras funções.
Um vilão que intriga a todos, que com certeza irá nos revelar muito de si, mas que marca nossa memória a cada cena com algo novo.
Vilões que nos assombram, vilões que nos enraivecem, vilões que nos desesperam.
Mensagens que sempre nos acrescentam algo, que nos farão refletir, que serão um tapa na nossa cara! Que escancararão o mundo, que mostrarão pensamentos que temos, mas nem nos damos conta.
Folclore muito bem tratado. Trouxe a linha do anterior, e não veio fraco, veio pra se mostrar, veio pra dizer "Sou perigoso", veio pra dizer que não ta de enfeite. Todos os seres folclóricos tiraram meu ar em uma cena. AMEI. Beijos Peteca!
Fatos marcantes. Fatos que não tiveram dó. Fatos que estarão presentes na continuação da série. Eu sofri? Sim, mas gostei, EU GOSTEI DE SOFRER, pois Renata faz isso como ninguém. Ela sabe onde dói, mas não vai direto, ela percorre um caminho agonizante, e quando chega, constrói toda uma sociedade no local e fala "Não acabou."
Adorei conhecer mais sobre a sociedade Brasileira Bruxa, que nesse livro se mostrou maior do que imaginava e muito bem construída.
Consequências! Esse livro abusa delas, das melhores formas, sem limites. Do começo ao fim, e nas cenas finais, foi crucial, ainda deixando passos para consequências futuras.
Ganhos, perdas, cortes, arranhões, tapas. É isso que nosso coração sofre durante toda a narrativa.
Inclusão! Há inclusão social nesse livro, de um jeito natural e incrível. Que, fazendo uma ligação com uma delas, deveria ser teiada em muitos lugares.
Por fim, quero falar da escola de Salvador. EU TIVE A SENSAÇÃO DE ESTAR LÁ! Uma descrição linda, tradições lindas, personagens lindos e um valor imenso. Terei saudade!
Esse livro mostrou que meu coração está nas mãos dessa série, e irá ser bem manuseado.
SARAVÁ!!!!!!!!!!!

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Sargento Pimenta - 10 anos



Como eu contei aqui, meu filho falou bem do som, e eu fui ao début do Sargento Pimenta lá em 2011, ainda nas ruas de Botafogo, ainda com menos de pouco mais de 3000 mil foliões, ainda tudo junto e misturado, ainda uma banda pequena em cima de um caminhão e a bateria no chão, ainda com não mais que 30 percussionistas, adorei, registrei, recomendei, mas decretei por encerrada, logo na primeira oportunidade, minha experiência em carnavais de rua, afinal, nunca foi minha praia, era a primeira vez que me abalava de casa para um programa desses, junto a um monte de gente que não conheço, enfim... Olha só que logotipo lindo, com aquele T comprido, maravilhoso, igual ao logotipo dos próprios Beatles, que a gente vê há quilômetros, marca re
gistrada, mas que aqui ainda tem o luxo de servir a dois nomes!

O tempo passou, o bloco foi ganhando sucesso, virou produto exportação, já é fixo do carnaval de São Paulo, já esteve no Cavern Club, já tem DVD, já existe a Escolinha do Sargento Pimenta, ensinando percussão e, mais importante, Beatles, para crianças, foi crescendo, ficou inviável para ruas, foi pro Aterro do Flamengo, virou um show, passando às dezenas de milhares de foliões, e depois às centenas de milhares, até os 340 MIL (!!!) de ontem, número oficial da RIOTUR, e EU ERA UM DELEEEEES. Olha eu ali de vermelho! Estava na mureta, à frente de mim, apenas os convidados VIPs.

Sim, desisti de meu retiro, abdiquei de minha abstinência, e resolvi enfrentar. Acordei cedo, tomei café, peguei um busão e cheguei em minha posição, ‘confortavelmente’ instalado, de pé, claro, mas apoiado na mureta, para poder dividir um pouco o peso, ali, bem em frente ao palco, no meião, visão privilegiada. E o que se via, então, era uma estrutura impressionante, um primeiro nível de palco, onde ficaria a bateria de 150 (!!) percussionistas, circundado por um segundo andar em U, onde ficaria a banda, agora de 17 elementos, com metais!!! Que diferença, neste 10° ano de Sargento, para aquela coisa amontoada de Botafogo. A banda multiplicada por 2, a bateria por 5, o público por 100!!! Músicos competentíssimos, cantores ótimos, com ótimo inglês, importantíssimo para dar credibilidade. Beatlemaníacos não perdoariam.

Na passagem de som, instrumento a instrumento, e no primeiro teste do baixo, senti que aquilo ia tremer, tum tum tum, e quando se reuniram todos, levaram um Pepeu Gomes sensacional lá da época que era um novíssimo baiano, e depois um primeiro teste pra valer, pra arrepiar, aquele toque beatle ‘I Wanna Hold Your Hand’. Depois, saem todos do palco, todos os quase 200, entre músicos, percussionistas, técnicos, acho que para fazer um momento de exortação, para chamar a garra de todos para o grande momento que virá, de 3 horas de dedicação, a Beatles e ao Carnaval, afinal, que é o que o bem sucedido projeto propõe!!!

E voltam todos, se posicionam, umas poucas palavras para lembrar o momento de celebração, e o que vem, coerentemente, para começar, claro, ‘Birthday’ e ‘Sgt Peppers Lonely Heart Club Band’. E o povo pula! Normalmente, esta última abre o show, mas ontem tinha que ter o parabéns antes. Depois, pra manter a coerência do disco, tinha que entrar Billy Shears e ‘With a  Little Help From My Friends’, e aqui se nota outra coerência, eles respeitam a tocada. Se a canção original é mais lenta não faria sentido a bateria entrar à toda, e a batida é mais de marcha, no corpo. Daquele disco marcante, ainda viriam ‘Getting Better’, ‘Lucy in the Sky with Diamonds’ e ‘A Day in the Life’, com direito a crescendo e aquele acorde MI poderoso final. O que acho legal é que eles não ficam na zona do conforto, tocando só clássicos conhecidos e balançantes. Eles se arriscam!

Mas voltemos à ordem, com um animado ‘Here Comes The Sun’, decerto para homenagear o aniversariante do dia seguinte, George Harrison, que faria 77 anos. E depois, o público vem abaixo com ‘Day Tripper’. A essa altura, os quatro bonecos de John, Paul, George e Ringo já estavam fazendo suas evoluções ali na área vip, onde estavam os convidados. E depois,  vem um ‘Ticket to Ride’, acho que num maracatu contagiante, variando um pouco na hora do refrão. Era assim, arranjos adaptando os ritmos brasileiros conforme a necessidade do clássico!! Ainda no climão, veio a magnífica 'Podemos Solucionarlo', que é como os argentinos intitularam 'We Can Work It Out'.

Eles revezam sessões bombantes com mais calminhas, pro povo descansar, com os braços pro alto, prá lá e pra cá, em ‘All You Need Is Love’, e então vem aquele momento de emoção, e lembrança, e lágrimas, relembrando Lennon, em um medley de ‘Imagine’ com ‘Give Peace a Chance’, na única desviada para a carreira solo dos Beatles.

Depois do ‘descanso’, SAIDUXÃÃÃO!!!!, com ‘All My Loving’, ‘Please Please Me’, ‘She Loves You’, 'Can't Buy Me Love' e depois uma volta à mansidão, com a surpreendente ‘Blackbird’, eles se arriscam, mas é breve, e vem ‘Nowhere Man’, bem animada, e ‘From Me To You’, com muito a-go-gô, uma coreografia muito gracinha da linha frente da bateria, que arrisca umas paradinhas, muito bem bem levado!! E na volta do maracatu, vem um sensacional ‘Help’, o povo cantando junto sempre, lindo, e ‘Hello Goodbye’ em marchinha, e a gente se perguntando por que eles deram Good Bye pra gente tão cedo, lá em 1970...

Uma dancinha com a galera antecede um grande e esperado momento, ‘Twist and Shout’, com direito a chuva de papel picado. 'Eleanor Rigby' vem em medley com 'Because’, com harmonias vocais triplas, dificílimas de se cantar ao vivo. 

E então, um convidado entra para cantar só uma canção, de forma espetacular, um ‘Oh Darling’ digno de Paul McCartney. Decerto que não cantou mais porque não poderia, a garganta não ia aguentar, mais ou menos como o ídolo, ao gravá-la, em 1969, quando ia ao estúdio para gravar só um take, dias seguidos, até encontrar o ponto ideal! 

E vem uma espetacular ‘I Want You – She’s So Heavy’, em que eu destaco, além da variação de ritmo, natural para uma canção de ritmos variados, o excepcional destaque dado aos agogôs, naquela paradinha em que entra o baixo de Paul, a primeira delas é no agogô, uma verdadeira gra-ci-nha!!!! E depois, mais um medley de arrebentar 'Paperback Writer' / 'Get Back'. Finaliza o bloco o maior 'NA-NA-NA-NA' que Paul McCartney poderia sonhar, com 340 mil vozes, no final de 'Hey Jude'.

Resultado de imagem para lucy alves no pimentaE chega a hora da convidada de honra, que deu UM SHOW. A atriz, cantora, multi-instrumentista Lucy Alves, paraibana arretada em fantasia minimalista, que eu já vira arrebentando, (no bom sentido) uma guitarra baiana na passagem de som, entrou pra cantar ‘Love Me Do’ em ritmo de chote, tocando sua sanfona mirabolante,  e ‘A Hard Day’s Night’ e também duas do repertório nordestino, culminando com ‘Frevo Mulher’, num desvio de objetivo muitíssimo bem recebido pela plateia, que saiu do chão com gosto!

Sai a convidada mas segue o show, com uma favorita Top Ten B, para mim, ‘I Am The Walrus’, com direito aos HU HU HU HI HI HI HA HA HA, e depois tem ‘Come Together’ com aquela letra fácil de errar mas que não erram, e me surpreendem com uma ‘Hey Bulldog’, uma desconhecida da maioria, que eu amoooo, e que eu sempre desafio as bandas covers a tocar, mas nunca estão preparados! O Sargento Pimenta estava, e me levou ao delírio! E com latidos muito bem latidos, tal qual John e Paul fizeram no original.

Chegando ao final do show, volta Abbey Road, aquele medley final, ‘The End’, a definitiva equação do amor, com direito a duelo de guitarras dos três guitarristas, tal qual fizeram John, Paul e George na gravação original, única vez da carreira em que fizeram se permitiram tal firula!! Depois, chamam ao palco os fundadores e criadores da ideia, alguns que só vieram pra festa, e cantam o hino do Sargento Pimenta, uma divertida paródia de ‘Obladi-Oblada’, com uma adaptação aos 10 anos na letra. E o povo sabia cantar, o Pimenta já é uma instituição carioca.

Como saideira mesmo, veio ‘Yellow Submarine’ para levantar a galera pela última vez, um povo apaixonado pelos Beatles e pelo Bloco, que não arredou pé um momento, nem com a chuva que começou.... eu procurei  abrigo numa daquelas barracas de sol vermelhas por causa do celular e segui até o fim.

Finalmente, depois de 6 horas de pé, caminho da roça, com direito a um salsichão com coca-cola pra completar o programa grunge, mas sensacional, que repetirei com certeza em outros carnavais.

Obrigado, Sargento, por nos proporcionar esses momentos maravilhosos!




sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Amar - Verbo Intransitivo

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Pois que então, após interromper meu périplo pelos clássicos, através das boxes que comprara na última Bienalpassei por duas biografias (ou quasee ao longo do caminho fiz o melhor acompanhamento de minha vida do Oscar (com 10 resenhas de filmes), e da noite da Cerimônia de entrega, e ainda uma análise sobre seu melhor discurso, retomei a leitura para finalizar a caixa de Mário de Andrade, com a leitura 'Amar - Verbo Intransitivo', sensacional! 

Meu histórico com o escrito da Semana de Arte Moderna começou assim, assim, com 'Paulicéia Desvairada', que eu admirei, apenas, mas aí veio 'Macunaíma', que eu reputo comparável a 'Cem Anos de Solidão', pra você ter uma idéia. E eu estava nessa expectativa, se o terceiro baixaria a bola do autor ou a manteria lá no alto!

Venceu a última!!

Resultado de imagem para amar verbo intransitivo boxQue livro espetacular!

Que título, não?! Não consegui imaginar do que se tratava, pensei que fosse uma discussão mais filosófica sobre o verbo, porque chamando-o de intransitivo, o autor o desproveria de objetos, fossem diretos ou indiretos, reduzindo-o à simples sentimento de amar. Amo, apenas amo! Sem pessoas, sem personagens, enfim...  Mas que nada, e que bom, que há objetos no livro e muito interessantes, e excitantes.

Conta a história de uma Fräulein, que até tem um nome, mas que 99% das vezes é referida por Fräulein, que quer dizer 'senhorita' em alemão, e  normalmente atrelada à figura da governanta, que é contratada basicamente para cuidar das crianças de uma casa, de sua educação e comportamentos, e é exatamente isso do que trata o livro. A família é da sociedade paulista da segu década do Século XX, tem um filho adolescente e duas meninas menores, e um mordomo japonês, e uma criada menor de idade. E a Fräulein, como não poderia de ser, é alemã!

Logo no começo, o autor nos instiga a imaginar a aparência física de Fräulein, já admitindo que dificilmente conseguiria remover do leitor a imagem que nós teríamos assim que lêssemos a palavra Fräulein. BINGO! Nem adiantou eu ler a descrição que ele fez, a ignorei de imediato, porque é IMPOSSSÍVEL desatrelar a imagem da Fräulein da imagem de Julie Andrews, marcada que está desde minha infância profunda, com os inesquecíveis filmes 'A Noviça Rebelde' e 'Mary Poppins'. E não foi só esta vez que o ator conversou comigo, outras houve, marcantes da era modernista.

Bem, quando ficou claro o principal motivo da contratação de Fräulein, até que eu tive que mudar um pouco minha imaginação, pois não dá para continuar pensando em Julie Andrews seduzindo um adolescente para iniciá-lo nas belezas do amor, tirando da cabeça dele as atrações mundanas das rua da grande cidade, e a proximidade da bebida e das drogas (já na época falava-se dos perigos da cocaína, já era preocupação das famílias!!). Alguns dirão que dei spoiler, mas não... já há dicas logo nas primeiras linhas, eu que não as percebera.

Sua escrita segue com um perfeito uso do idioma, construções gramaticais notáveis, uma valorização da coisa brasileira, um conhecimento das expressões impressionante, e da fauna e da flora, então, claro que menos que em Macunaíma, mas ainda muito presentes. Adorável também é o uso de seus verbos duplicados, como 'brincabrincava', 'voavoando', que aprendi na saga do herói sem caráter, que correcorria pelo Brasil.

Uma descrição memorável dos cenários, e das relações patrões-empregados, e imigrantes-nativos, das diferenças Rio-São Paulo, aliás, hilariante é o relato da viagem de volta, de trem, do Rio para São Paulo, parecia cena de filme familiar de sessão da tarde, sensacional!

É isso, amigos, não deixem de conhecer Fräulein, aaaah, Fräulein...

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

The Powerful Three

Em meu texto sobre a noite do Oscar, eu dei o destaque possível ao discurso de Joaquin Phoenix ao receber o Oscar de Melhor Ator por seu inesquecível desempenho como O Coringa. Apesar de eu passar sobre o principal tema do discurso, eu me centrei no desprezo que emissoras deram a ele, centrando-se em coisas menos importantes. Eu disse:
Incrível que foram, sei lá, uns quatro minutos defendendo as causas que abraça, 'giving voice to the voiceless', e os jornais destacam apenas o final em que ele admite que antes era um canalha, difícil de conviver, mas que muitos da platéia lhe deram uma segunda chance
Resultado de imagem para phoenix full speech transcriptionHoje, eu fui buscar mais informações sobre o discurso, para relembrar detalhes e tempos e estilo, e confirmei que logo após uma introdução em que homenageia seus 'fellow nominees', dizendo-se não ser mais do que ninguém naquele recinto, e sentindo-se abençoado por fazer o que faz, e por isso, poder dar voz a quem não tem, ele disparou, por três minutos inteiros, desprezados no resumo dos noticiários tupiniquins, a falar sobre todas as minorias, de todos os tipos, e deu um exemplo tocante, que Renata já havia me alertado, sobre a principal bandeira que ele defende, mais que vegetariano, vegano que é, combatendo os maus tratos a animais, uma bandeira que alguns grandes nomes mundiais abraçam, como o maior astro em meio-século Paul McCartney, o brilhante autor de Sapiens - Yuval Noah Harari, e muitos de seus colegas atores, representados ali no auditório por Brad Pitt, além de nomes de todo o stardom e tão surpreendentes como Bill Clinton e Mike Tyson. Depois, ele emenda numa autoflagelação sobre como ele era, agradece  a quem lhe deu uma segunda chance, clama por uma atuação mais humana da ... humanidade, e finaliza com um verso de chorar, feito por seu irmão River, também ator, que morreu jovem, numa tragédia familiar. E tudo falado no tom, no ritmo, na emoção certos, precisos, perfeitos!! Difícil encontrar um discurso mais emocionante, talvez se for buscar em um Kennedy... um Luther King... ou um Lincoln, talvez se encontre!

Mas não vim aqui para fazer proselitismo e vender essa idéia que meus filhos começam a abraçar, e que cresce muuuito pelo mundo, e, sim, centrei-me no discurso em si, deixei o conteúdo e fui em busca da forma, para ressaltar a técnica cativante, forte, tocante que Phoenix usou, clara, proposital e perfeitamente, para marcar, impressionar, eternizar sua mensagem. Percebi ali, na hora, ao vivo, de imediato, ao ver, ouvir, sentir  seu discurso

Trata-se de....
The Powerful Three
A coisa vem lá do latim omne trium perfectum” que significa que "tudo o que vem em 3 é perfeito!". Pense bem, por que os mosqueteiros, os porquinhos, os patetas, e os sobrinhos do Tio Patinhas, os Reis Magos, e até as Pirâmides do Egito são 3? E a Liberdade, Igualdade, Fraternidade? E os 3 Poderes? E os 3 desejos do gênio? Por que os Tenores eram 3, em Tríplice Aliança? O que há além da Tríplice Fronteira? E onde foram parar as 3 Marias, senão no céu, junto à Santíssima ... Trindade, claro!

Ouvi falar da técnica há 20 anos, quando Renata me contou sobre ela, pois cursava uma matéria eletiva chamada Speech, no highschool. Depois a percebi em vários discursos e textos. O poderoso 3 é uma regra fundamental de discurso que todos devem aprender, praticar, aperfeiçoar, de forma a expressar seus conceitos de forma completa, enfatizar seus pontos, e aumentar o poder de cola de sua mensagem, de forma que ela grude na mente do ouvinte. Ela consiste em dar dar ênfase a uma idéia, colocando no mínimo mais dois termos de mesma classe para enfatizar, sejam adjetivos, advérbios, verbos, substantivos. Elas podem ser apenas sinônimos, o efeito já é garantido, mas é melhor quando a palavra seguinte vai aumentando a força em relação à anterior. Como dizem os americanos...


That's the truth, the whole truth, and nothing but the truth.


Engraçado que eu procurei, fuçei, cavoquei na rede alguma referência a essa técnica em português, mas talvez eu não tenha sido capaz, firme, insistente o suficiente nessa busca! Só as encontrei em inglês.

Agora ouçam o discurso de Joaquin Phoenix e identifiquem quando ele usou, intencional, clara e deliberadamente essa técnica!!! E foram CINCO as vezes que ele usou a ferramenta, em palavras ou em expressões, em adjetivos ou verbos, usando apenas os 3 regulamentares ou ampliando a 4 termos, se não contar algumas outras disfarçadas ou espaçadas.

https://www.youtube.com/watch?v=WVPw0UrjLuo



Que tal?

Vamos lá?

  1. ... one has the right to dominate, control and use and exploit another...
  2. ... human beings are so inventive and creative and ingenious...
  3. ... we can create, develop and implement systems... (*)
  4. I have been a scoundrel in my life. I've been selfish. I've been cruel sometimes ... I've been hard to work with ...
  5. ... but when we help each other to grow, when we educate each other, when we guide each other toward redemption!
(*) Alguns dirão não se encaixar,
porque são ações diferentes,
mas penso que sim,
ele está dando ênfase
a um projeto como um todo,
em todas as suas fases!
Que tal?

Deixarei aqui embaixo a transcrição íntegra, una, completa desse discurso notável, marcante, inesquecível desse prócere, desse astro, desse luminar da Sétima Arte!

"God, I'm full of so much gratitude right now. And I do not feel elevated above any of my fellow nominees or anyone in this room because we share the same love, the love of film. And this form of expression has given me the most extraordinary life. I don't know what I'd be without it. But I think the greatest gift that it's given me, and many of us in this room, is the opportunity to use our voice for the voiceless. 

I've been thinking a lot about some of the distressing issues that we are facing collectively. I think at times we feel, or we're made to feel, that we champion different causes. But for me, I see commonality. I think, whether we're talking about gender inequality or racism or queer rights or indigenous rights or animal rights, we're talking about the fight against injustice. We're talking about the fight against the belief that one nation, one people, one race, one gender or one species has the right to dominate, control and use and exploit another with impunity.
 

I think that we've become very disconnected from the natural world, and many of us, what we're guilty of is an egocentric world view — the belief that we're the center of the universe. We go into the natural world, and we plunder it for its resources. We feel entitled to artificially inseminate a cow, and when she gives birth, we steal her baby, even though her cries of anguish are unmistakable. Then we take her milk that's intended for her calf, and we put it in our coffee and our cereal. And I think we fear the idea of personal change because we think that we have to sacrifice something, to give something up, but human beings, at our best, are so inventive and creative and ingenious. And I think that when we use love and compassion as our guiding principles, we can create, develop and implement systems of change that are beneficial to all sentient beings and to the environment.
 

Now, I have been, I have been a scoundrel in my life. I've been selfish. I've been cruel at times, hard to work with, and I'm grateful that so many of you in this room have given me a second chance. And I think that's when we're at our best, when we support each other, not when we cancel each other out for past mistakes, but when we help each other to grow, when we educate each other, when we guide each other toward redemption. That is the best of humanity.
 

When he was 17, my brother wrote this lyric. He said, 'Run to the rescue with love, and peace will follow.'"











segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Nunca antes na história deste país ... digo, do CINEMA

Depois de fazer a melhor cobertura Pré-Oscar de minha vida, assistindo e resenhando 10 filmes, sendo 8 indicados a Melhor Filme, com direito a um post de acompanhamento bem cuidadinho, pesquisadinho, elaboradinho, que demorei mais de 4 horas para fazer, e fui atualizando à medida que as premiações paralelas iam ocorrendo, não poderia deixar de fazer uma resenha do resultado!

Aliás, preciso atualizar!!

Mas antes da cerimônia, vale uma historinha!

Almoçávamos lá pelo meio de novembro, muito antes do Oscar Buzz, ou seja, nem se falava em Oscar, mas cinema como sempre veio à baila, e Felipe disse: 'Pai, vocês não podem perder um filme coreano, sensacional!!". Na semana seguinte, atendemos à sugestão! Na volta, ainda de noite, fiz uma resenha do filme, que intitulei 'Parasita, Parassistir, Paradorar', quem quiser ler, clica no nome! Ou seja, muito antes de o filme ascender aos holofotes, eu venho recomendando o filme, não assistiu quem não acreditou! Seu realizador, diretor, e roteirista era Bong Jun-Ho!

Fui acompanhando as premiações paralelas (e atualizando meu super post), e a coisa foi crescendo. Além do prêmio de Melhor Filme Estrangeiro (*), que arrebatou todos, ele ganhou o Critical Choice Awards de Melhor Diretor 'empatado' com Sam Mendes, de '1917', empatado entre aspas porque era aquela situação, né, o coreaninho merece, né, mas vamos empatar ele com o consagrado favorito, assim não fica feio! Aí, então acendeu a luzinha de possibilidade de ele ganhar o Oscar de Melhor Diretor. Ganhou Melhor Roteiro Original do WGA, espécie de Oscar dos Roteiristas, ou seja, os próprios roteiristas premiaram o roteiro original de Bong. Aí acendeu outra luzinha, de que era forte concorrente a Oscar Melhor Roteiro Original. Veio o BAFTA, o Oscar Britânico, ele não levou o de Melhor Diretor, afinal '1917' era um filme britânico e Sam Mendes foi o premiado, mas Bong levou o prêmio de Melhor Roteiro Original, e a luzinha brilhou ainda mais.
(*) Hiato para explicar que agora não existe mais o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas sim o Oscar de Melhor Filme Internacional. A justificativa é que o termo 'estrangeiro' dá uma conotação que remete à xenofobia. Internacional seria o mais politicamente correto, enfim. Corre-se o risco de que os filmes de fora dos Estados Unidos concorram a essa categoria, né. Mas não... 
No dia do Oscar, eu abri minha lista de preferências no Facebook, conforme abaixo. 

A. Melhor Filme
1. Era uma vez em Hollywood
2. Parasita
3. CORINGA
4. 1917
5. Jojo Rabbit
6. História de um Casamento
7. O Irlandês
8. Adoráveis Mulheres
9. Ford vs Ferrari 
           Só não vi o último!

B. Melhor Diretor deve ser Sam Mendes, do 1917

C. Ator e Atriz não deve ter surpresas, Joaquin Phoenix e Renée Zellweger e Laura Dern devem confirmar, mas torço para Joe Pesci surpreender como coadjuvante e tirar o Oscar de Brad Pitt

D. Melhor Roteiro Original fica entre Parasita e Tarantino

E. Melhor Roteiro Adaptado entre Jojo Rabbit e O Irlandês

F. Melhor Trilha Sonora será Coringa


E aí veio o Oscar! E aí começa minha descrição da cerimônia!

Como já era sabido, não haveria apresentador oficial pelo segundo ano consecutivo. Começou com um número musical, em que o início era uma cantora Janelle Monae, vestida de Mr. Rogers e cantando a música de abertura de Mr. Rogers, que é o personagem central do último filme de Tom Hanks, 'Um Lindo Dia na Vizinhança', que eu vi no sábado, mas não resenhei. E recomendo! Ao final deixo uma descrição de Mr. Rogers que a Renata fez no Facebook. Bem, logo após encarnar Mr. Rogers e fazer brincadeiras com Tom Hanks, na primeira fila da plateia, ela emenda uma canção enaltecendo os indicados da noite, acompanhada por um trupe de dançarinos vestidos dos personagens dos filmes, indicados ou desprezados pela crítica, em especial MidSommar, um filme sueco que todos queriam que concorresse a Melhor Filme Estrangeiro. Eu vi, recomendado pelo Felipe, gostei, mas fiquei chocado!!

Depois, entram Chris Rock e Steve Martin, dois apresentadores de cerimônias anteriores, que fizeram brincadeiras ótimas, sobre como não há mais apresentadores, e com Martin Scorcese, elogiando-o pela 'primeira temporada de O Irlandês' (por causa das 3:30 horas de duração), e com Jeff Bezos, o dono da Amazon, homem mais rico do mundo, que estava quietinho lá na última fila da plateia, mas recebeu bem as brincadeiras, e finalmente, com o fato de o Oscar ter esnobado as mulheres nas indicações a direção e roteiro, e, claro com o quase All White Night, com apenas um negro indicado, a atriz coadjuvante Cynthia Erivo.

A premiação abriu com Melhor Ator Coadjuvante, e Brad Pitt levou, por 'Era Uma Vez em Hollywood', já esperado, mas eu queria que tivessem dado a Joe Pesci. Lá pelo meio, Laura Dern confirmou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por 'História de um Casamento', nenhuma surpresa. Aqui, Renata me conta que nas redes estavam procurando que é o agente que fez os discursos de aceitação de Brad Pitt, todos eles foram perfeitos, bem-humorados, e tal, e descobriu que há realmente agências para isso. E tem uma outra história que contarei mais adiante.

Em seguida, as animações, longa e curta metragem. A curta nunca vemos, mas as longas, sim. Neste ano, a única que vi foi 'Toy Story 4', que levou o Oscar, apesar de me fazer chorar menos que a imbatível 'Toy Story 3', quando me debulhei em lágrimas ao final.

'Parasite' director Bong Joon-ho gives his acceptance speech at the 2020 Golden Globe Awards. YonhapE então vieram os roteiros, os originais (que vêm da cabeça do roteirista) e os adaptados (que são baseados em algum livro, uma peça, ou mesmo em uma reportagem, como no filme do Mr. Rogers que eu mencionei acima), e aí veio o primeiro sinal que a noite seria coreana. 'Parasita', meu favorito, ganhou o Oscar de Roteiro Original, desbancando Tarantino e os demais. Foi a primeira vez que Bong Joon-Ho teve que se levantar para receber seu Oscar e fazer seu discurso, em coreano, traduzido por uma intérprete com um inglês perfeito. Aliás, essa moça virou figurinha carimbada. Antes do Oscar, o filme recebera 170 premiações, das 300 a que concorreu, e sempre lá estava ela!! Em inglês, Bong ressaltou que esse era o primeiro Oscar de seu país.

Depois, uma imensa alegria, meu favorito, 'Jojo Rabbit', ganhou o Oscar de Roteiro Adaptado, magnífica adaptação de um drama, que ele consegui colocar humor, na medida certa!!! Ele é Taika Waititi, um neo-zelandês que, de tão nervoso e surpreso, gaguejou em seu discurso de aceitação.

O documentário brasileiro não levou. Documentários têm que preferencialmente ser o retrato da verdade, e segundo consta, houve um quê de ficção, na condução dos fatos apresentados (vejam a crítica de Pedro Bial que o chamou de 'ficção alucinada'). Quem levou foi 'Indústria Americana', único dos 5 candidatos falados em inglês (!), produzido por duas pessoas pouco conhecidas, Barack Obama e Michelle Obama. 

Pausa para os Oscars Técnicos...
  • '1917' levou Fotografia, merecidíssimo, aquela câmera maluca acompanhando tudo em plano-seqüência era imbatível, e Efeitos Visuais, não entendi como poderia ser melhor que 'Vingadores' ou 'Star Wars', enfim, e levou também Mixagem de Som - não posso avaliar.
  • 'Era uma vez em Hollywood' levou Design de Produção, absolutamente justo, pela reconstrução perfeita da Los Angeles e da Hollywood de 1969.
  • 'O Escândalo' levou Maquiagem e Penteado, não entendi como uma maquiagem simples, daquelas que mulheres fazem no dia-a-dia, podem ser mais merecedores do que 'Judy', em que não se reconhece a atriz Renée Zellweger no papel de Judy Garland, ou então do que 'O Irlandês', que tem um processo de 'de-aging' perfeito, rejuvenescendo os dinossauros De Niro, Pacino e Pesci mais de 30 anos!
  • 'Adoráveis Mulheres' levou Vestuário, achei justo, vi os demais concorrentes.
  • 'Ford vs Ferrari' levou o de Montagem e também o de Edição de Som, não posso avaliar pois não vi o filme.
Ao longo da cerimônia as indicadas a Melhor canção Original iam sendo apresentadas por seus performers originais, um dele, ninguém menos que Elton John, que arrebentou com sua 'I'm Gonna Love Me Again', de 'Rocketman', o filme sobre sua vida. A destacar a audição da canção de 'Frozen 2', fraquinha, mas por ter trazido 10 cantoras de outros idiomas, para cantar trechos da música, e a lamentar, não terem escolhido o português como um dos 10, falado por um mercado de 200 milhões de almas, preterido por dois idiomas similares, o espanhol e o castelhano. Ao final, subiu ao palco para receber sua estatueta, ao lado de Bernie Taupin, seu companheiro compositor por mais de 53 anos.

A Melhor Trilha Sonora foi apresentada por um trio de heroínas do cinema, Sigourney Weaver ('Alien'), Gal Gadot ('Mulher Maravilha') e Brie Larsen ('Capitã Marvel'), que disseram que todas as mulheres são heroínas, e tiveram a honra de apresentar a primeira maestra a se apresentar na história do Oscar, e ela veio, num figurino sensacional, apresentar um clip das 5 candidatas. Claro que saiu vencedora a autora da trilha de 'O Coringa', uma islandesa com um nome inescrevível, Hildur alguma coisa, que estabeleceu a identidade do filme e me impressionou muito e destaquei em minha resenha, lááá atrás.

Voltemos então à saga coreana! 

Bong subiu as escadas pela segunda vez com sua intérprete a tiracolo, para receber seu mais-que-esperado Oscar de Melhor Filme Internacional. Em seu discurso, ressaltou o elenco, e disse que agora (com duas estatuetas na mão, mais que sonhara) estava 'Ready to drink'.

Um tempo depois, o inesperado, Bong foi anunciado como Melhor Diretor!!! Em seu discurso, muito simpático, fez uma citação, depois disse que ela era de autoria de Martin Scorcese, seu inspirador desde sempre, e dizendo: 'Quentin, I love you!', por ter colocado 'Parasita' em sua short list de favoritos, e aos outros dois, de '1917' e 'Coringa', sobrou a distinção geral, quando disse que adoraria ter uma serra elétrica para dividir em cinco para dividir entre todos eles. E finalizou com um sensacional: 'I will drink till next morning! Tank you!'. Neste episódio do Oscar de Direção aconteceu o único momento de glória de Martin Scorcese, pois quando Bong mencionou sua inspiração, a platéia inteira se levantou para ovacioná-lo. Ele deve ter lavado a alma, ao menos um pouco, porque seu filme, tão bem dirigido, produzido e atuado não levou NENHUM dos 10 Oscars a que concorreu!

Joaquin Phoenix, não havia a menor dúvida, foi o Melhor Ator, e seu discurso, sensacional! Incrível que foram, sei lá, uns quatro minutos defendendo as causas que abraça, 'giving voice to the voiceless', e os jornais destacam apenas o final em que ele admite que antes era um canalha, difícil de conviver, mas que muitos da platéia lhe deram uma segunda chance. Maravilhoso! Agora vem aquela outra história que Renata contou. No começo das premiações, Phoenix falava em favor do veganismo e outras causas, mas foi aconselhado a tirar isso do discurso até 30 de janeiro, quando os membros da Academia entregam seus votos. Declarações muito críticas seriam mal-recebidas e podem prejudicar. Então, no Oscar, já não havia esse problema, e ele pôde abrir seu coração!

Renée Zellweger não deve ter contratado agência nenhuma e fez um discurso fraaaco e chaaato, ao receber seu Oscar de Melhor Atriz, absolutamente merecido, não percam o filme!

Bem, a essa altura, aqui em casa, já discutia com Renata e Felipe que, dificilmente, um filme que ganha Melhor Roteiro e Direção não ganharia o de Melhor Filme. Fiquei de pesquisar, mas ainda não o fiz. Batata, Melhor Filme, produção e elenco todo no palco, Bong não falou mais nada, apenas sua co-produtora, com a intérprete, mas depois do tempo final, a atriz que fez a governanta no filme queria o microfone, mas ele já havia sumido no palco. A platéia disse 'Up Up Up', o microfone subiu de novo e ela falou em bom inglês, sobre como era Bong Joon-Ho, o grande astro da noite! Aliás, que bom que ele não falou desta vez porque declararia que entraria em coma alcoólica, face ao crescendo de expectativas de consumo de bebidas ao longo da cerimônia!!!

Então, finalmente usando o título do post.

NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DO CINEMA
  • Um filme estrangeiro foi indicado a 6 categorias, incluindo Melhor Filme, Roteiro e Diretor
  • Um filme estrangeiro foi indicado a mais de 300 prêmios, mundialmente
  • Um filme estrangeiro ganhou 174 prêmios, mundialmente
  • Um filme estrangeiro foi indicado a 6 Oscars
  • Um filme estrangeiro ganhou 4 Oscars
  • Um filme estrangeiro ganhou Oscar de Melhor Filme
Ao longo de minha jornada oscárica, observei que The Beatles, mesmo chegando aos 60 anos de sua criação ainda encantam o mundo. Vejam só:
  1. 'Dois Papas' tem duas citações aos Beatles e uma música deles, Blackbird 
  2. 'História de um Casamento' tem duas citações aos Beatles e uma música de Paul McCartney, Maybe I'm Amazed
  3. 'Jojo Rabbit' tem uma música deles, I Wanna Hold Your Hand, em alemão
  4. 'O Irlandês' tem uma citação a eles
  5. 'Judy' tem uma citação a eles
Portanto, 5 filmes indicados que eu vi apresentaram 9 referências à maior banda de todos os tempos.

Parou por aí?

Não!!!!

Na cerimônia, o tradicional segmento 'In Memoriam', em que se apresentam os membros da indústria que se foram, que foi aberta por Kobe Bryant ... sim, ele tinha um Oscar (**) ... e que terminou com a parida do grande Kirk Douglas, aos 103 anos, foi acompanhada nada menos de Yesterday, a canção mais regravada de todos os tempos, que agora tem a interpretação (contestada por uns amigos fanáticos), da jovem Billie Ilish, de 18 anos, que angariou um monte de Grammy's este ano e vai cantar a música do próximo filme de James Bond! É mole ou quer mais?
Hiato para explicar o Oscar de um jogador da NBA: ao se aposentar, Kobe Byant fez um poema, chamado 'Dear Basketball', que virou um curta de animação e ganhou o Oscar em 2018.
Muito bom! O melhor Oscar de muitos anos!

Ah, sim, o relato de Renata sobre Mr. Rogers!


Não se esqueçam de assistir a este filme!  É o novo filme de Tom Hanks. Eu assisti ontem. Amei. Fui ao cinema já com entusiasmo, sabendo que era um filme sobre o Mister Rogers, apresentador de TV norte-americano que fez um programa infantil incrível por várias décadas lá nos Estados Unidos. Tocou a vida de todos por lá. Eu e meu irmão ouvimos falar dele apenas ano passado e ficamos quase um mês assistindo vários vídeos dos programas dele no Youtube, fascinados por esse senhor que era a bondade em pessoa. Vocês sabem o que é um apresentador de TV ser amado por um país inteiro? Eu e meu irmão descobrimos assistindo a esses vídeos.
Sobre o filme: Tom Hanks está ótimo no papel. Está até concorrendo ao Oscar hoje, de melhor ator coadjuvante, por sua atuação. E está realmente maravilhoso. Mas não é o Mister Rogers, não chega nem perto, porque o verdadeiro Fred Rogers tinha algo de especial nos olhos, tinha uma verdade nele que era impressionante. Até chamavam ele de santo, às vezes! kkk Enfim, vale muito à pena assistir ao filme! 
Quem souber falar inglês, procure também por "Mister Rogers" no Youtube e veja os vídeos do programa real! Se você estiver ainda aprendendo inglês, assistir a esses vídeos é bom até para treinar! Mister Rogers falava devagarzinho! ☺️ Conheçam esse senhor. Ele era inspirador e continua inspirando todos que começam a conhecê-lo!