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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Nunca antes na história deste país ... digo, do CINEMA

Depois de fazer a melhor cobertura Pré-Oscar de minha vida, assistindo e resenhando 10 filmes, sendo 8 indicados a Melhor Filme, com direito a um post de acompanhamento bem cuidadinho, pesquisadinho, elaboradinho, que demorei mais de 4 horas para fazer, e fui atualizando à medida que as premiações paralelas iam ocorrendo, não poderia deixar de fazer uma resenha do resultado!

Aliás, preciso atualizar!!

Mas antes da cerimônia, vale uma historinha!

Almoçávamos lá pelo meio de novembro, muito antes do Oscar Buzz, ou seja, nem se falava em Oscar, mas cinema como sempre veio à baila, e Felipe disse: 'Pai, vocês não podem perder um filme coreano, sensacional!!". Na semana seguinte, atendemos à sugestão! Na volta, ainda de noite, fiz uma resenha do filme, que intitulei 'Parasita, Parassistir, Paradorar', quem quiser ler, clica no nome! Ou seja, muito antes de o filme ascender aos holofotes, eu venho recomendando o filme, não assistiu quem não acreditou! Seu realizador, diretor, e roteirista era Bong Jun-Ho!

Fui acompanhando as premiações paralelas (e atualizando meu super post), e a coisa foi crescendo. Além do prêmio de Melhor Filme Estrangeiro (*), que arrebatou todos, ele ganhou o Critical Choice Awards de Melhor Diretor 'empatado' com Sam Mendes, de '1917', empatado entre aspas porque era aquela situação, né, o coreaninho merece, né, mas vamos empatar ele com o consagrado favorito, assim não fica feio! Aí, então acendeu a luzinha de possibilidade de ele ganhar o Oscar de Melhor Diretor. Ganhou Melhor Roteiro Original do WGA, espécie de Oscar dos Roteiristas, ou seja, os próprios roteiristas premiaram o roteiro original de Bong. Aí acendeu outra luzinha, de que era forte concorrente a Oscar Melhor Roteiro Original. Veio o BAFTA, o Oscar Britânico, ele não levou o de Melhor Diretor, afinal '1917' era um filme britânico e Sam Mendes foi o premiado, mas Bong levou o prêmio de Melhor Roteiro Original, e a luzinha brilhou ainda mais.
(*) Hiato para explicar que agora não existe mais o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas sim o Oscar de Melhor Filme Internacional. A justificativa é que o termo 'estrangeiro' dá uma conotação que remete à xenofobia. Internacional seria o mais politicamente correto, enfim. Corre-se o risco de que os filmes de fora dos Estados Unidos concorram a essa categoria, né. Mas não... 
No dia do Oscar, eu abri minha lista de preferências no Facebook, conforme abaixo. 

A. Melhor Filme
1. Era uma vez em Hollywood
2. Parasita
3. CORINGA
4. 1917
5. Jojo Rabbit
6. História de um Casamento
7. O Irlandês
8. Adoráveis Mulheres
9. Ford vs Ferrari 
           Só não vi o último!

B. Melhor Diretor deve ser Sam Mendes, do 1917

C. Ator e Atriz não deve ter surpresas, Joaquin Phoenix e Renée Zellweger e Laura Dern devem confirmar, mas torço para Joe Pesci surpreender como coadjuvante e tirar o Oscar de Brad Pitt

D. Melhor Roteiro Original fica entre Parasita e Tarantino

E. Melhor Roteiro Adaptado entre Jojo Rabbit e O Irlandês

F. Melhor Trilha Sonora será Coringa


E aí veio o Oscar! E aí começa minha descrição da cerimônia!

Como já era sabido, não haveria apresentador oficial pelo segundo ano consecutivo. Começou com um número musical, em que o início era uma cantora Janelle Monae, vestida de Mr. Rogers e cantando a música de abertura de Mr. Rogers, que é o personagem central do último filme de Tom Hanks, 'Um Lindo Dia na Vizinhança', que eu vi no sábado, mas não resenhei. E recomendo! Ao final deixo uma descrição de Mr. Rogers que a Renata fez no Facebook. Bem, logo após encarnar Mr. Rogers e fazer brincadeiras com Tom Hanks, na primeira fila da plateia, ela emenda uma canção enaltecendo os indicados da noite, acompanhada por um trupe de dançarinos vestidos dos personagens dos filmes, indicados ou desprezados pela crítica, em especial MidSommar, um filme sueco que todos queriam que concorresse a Melhor Filme Estrangeiro. Eu vi, recomendado pelo Felipe, gostei, mas fiquei chocado!!

Depois, entram Chris Rock e Steve Martin, dois apresentadores de cerimônias anteriores, que fizeram brincadeiras ótimas, sobre como não há mais apresentadores, e com Martin Scorcese, elogiando-o pela 'primeira temporada de O Irlandês' (por causa das 3:30 horas de duração), e com Jeff Bezos, o dono da Amazon, homem mais rico do mundo, que estava quietinho lá na última fila da plateia, mas recebeu bem as brincadeiras, e finalmente, com o fato de o Oscar ter esnobado as mulheres nas indicações a direção e roteiro, e, claro com o quase All White Night, com apenas um negro indicado, a atriz coadjuvante Cynthia Erivo.

A premiação abriu com Melhor Ator Coadjuvante, e Brad Pitt levou, por 'Era Uma Vez em Hollywood', já esperado, mas eu queria que tivessem dado a Joe Pesci. Lá pelo meio, Laura Dern confirmou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por 'História de um Casamento', nenhuma surpresa. Aqui, Renata me conta que nas redes estavam procurando que é o agente que fez os discursos de aceitação de Brad Pitt, todos eles foram perfeitos, bem-humorados, e tal, e descobriu que há realmente agências para isso. E tem uma outra história que contarei mais adiante.

Em seguida, as animações, longa e curta metragem. A curta nunca vemos, mas as longas, sim. Neste ano, a única que vi foi 'Toy Story 4', que levou o Oscar, apesar de me fazer chorar menos que a imbatível 'Toy Story 3', quando me debulhei em lágrimas ao final.

'Parasite' director Bong Joon-ho gives his acceptance speech at the 2020 Golden Globe Awards. YonhapE então vieram os roteiros, os originais (que vêm da cabeça do roteirista) e os adaptados (que são baseados em algum livro, uma peça, ou mesmo em uma reportagem, como no filme do Mr. Rogers que eu mencionei acima), e aí veio o primeiro sinal que a noite seria coreana. 'Parasita', meu favorito, ganhou o Oscar de Roteiro Original, desbancando Tarantino e os demais. Foi a primeira vez que Bong Joon-Ho teve que se levantar para receber seu Oscar e fazer seu discurso, em coreano, traduzido por uma intérprete com um inglês perfeito. Aliás, essa moça virou figurinha carimbada. Antes do Oscar, o filme recebera 170 premiações, das 300 a que concorreu, e sempre lá estava ela!! Em inglês, Bong ressaltou que esse era o primeiro Oscar de seu país.

Depois, uma imensa alegria, meu favorito, 'Jojo Rabbit', ganhou o Oscar de Roteiro Adaptado, magnífica adaptação de um drama, que ele consegui colocar humor, na medida certa!!! Ele é Taika Waititi, um neo-zelandês que, de tão nervoso e surpreso, gaguejou em seu discurso de aceitação.

O documentário brasileiro não levou. Documentários têm que preferencialmente ser o retrato da verdade, e segundo consta, houve um quê de ficção, na condução dos fatos apresentados (vejam a crítica de Pedro Bial que o chamou de 'ficção alucinada'). Quem levou foi 'Indústria Americana', único dos 5 candidatos falados em inglês (!), produzido por duas pessoas pouco conhecidas, Barack Obama e Michelle Obama. 

Pausa para os Oscars Técnicos...
  • '1917' levou Fotografia, merecidíssimo, aquela câmera maluca acompanhando tudo em plano-seqüência era imbatível, e Efeitos Visuais, não entendi como poderia ser melhor que 'Vingadores' ou 'Star Wars', enfim, e levou também Mixagem de Som - não posso avaliar.
  • 'Era uma vez em Hollywood' levou Design de Produção, absolutamente justo, pela reconstrução perfeita da Los Angeles e da Hollywood de 1969.
  • 'O Escândalo' levou Maquiagem e Penteado, não entendi como uma maquiagem simples, daquelas que mulheres fazem no dia-a-dia, podem ser mais merecedores do que 'Judy', em que não se reconhece a atriz Renée Zellweger no papel de Judy Garland, ou então do que 'O Irlandês', que tem um processo de 'de-aging' perfeito, rejuvenescendo os dinossauros De Niro, Pacino e Pesci mais de 30 anos!
  • 'Adoráveis Mulheres' levou Vestuário, achei justo, vi os demais concorrentes.
  • 'Ford vs Ferrari' levou o de Montagem e também o de Edição de Som, não posso avaliar pois não vi o filme.
Ao longo da cerimônia as indicadas a Melhor canção Original iam sendo apresentadas por seus performers originais, um dele, ninguém menos que Elton John, que arrebentou com sua 'I'm Gonna Love Me Again', de 'Rocketman', o filme sobre sua vida. A destacar a audição da canção de 'Frozen 2', fraquinha, mas por ter trazido 10 cantoras de outros idiomas, para cantar trechos da música, e a lamentar, não terem escolhido o português como um dos 10, falado por um mercado de 200 milhões de almas, preterido por dois idiomas similares, o espanhol e o castelhano. Ao final, subiu ao palco para receber sua estatueta, ao lado de Bernie Taupin, seu companheiro compositor por mais de 53 anos.

A Melhor Trilha Sonora foi apresentada por um trio de heroínas do cinema, Sigourney Weaver ('Alien'), Gal Gadot ('Mulher Maravilha') e Brie Larsen ('Capitã Marvel'), que disseram que todas as mulheres são heroínas, e tiveram a honra de apresentar a primeira maestra a se apresentar na história do Oscar, e ela veio, num figurino sensacional, apresentar um clip das 5 candidatas. Claro que saiu vencedora a autora da trilha de 'O Coringa', uma islandesa com um nome inescrevível, Hildur alguma coisa, que estabeleceu a identidade do filme e me impressionou muito e destaquei em minha resenha, lááá atrás.

Voltemos então à saga coreana! 

Bong subiu as escadas pela segunda vez com sua intérprete a tiracolo, para receber seu mais-que-esperado Oscar de Melhor Filme Internacional. Em seu discurso, ressaltou o elenco, e disse que agora (com duas estatuetas na mão, mais que sonhara) estava 'Ready to drink'.

Um tempo depois, o inesperado, Bong foi anunciado como Melhor Diretor!!! Em seu discurso, muito simpático, fez uma citação, depois disse que ela era de autoria de Martin Scorcese, seu inspirador desde sempre, e dizendo: 'Quentin, I love you!', por ter colocado 'Parasita' em sua short list de favoritos, e aos outros dois, de '1917' e 'Coringa', sobrou a distinção geral, quando disse que adoraria ter uma serra elétrica para dividir em cinco para dividir entre todos eles. E finalizou com um sensacional: 'I will drink till next morning! Tank you!'. Neste episódio do Oscar de Direção aconteceu o único momento de glória de Martin Scorcese, pois quando Bong mencionou sua inspiração, a platéia inteira se levantou para ovacioná-lo. Ele deve ter lavado a alma, ao menos um pouco, porque seu filme, tão bem dirigido, produzido e atuado não levou NENHUM dos 10 Oscars a que concorreu!

Joaquin Phoenix, não havia a menor dúvida, foi o Melhor Ator, e seu discurso, sensacional! Incrível que foram, sei lá, uns quatro minutos defendendo as causas que abraça, 'giving voice to the voiceless', e os jornais destacam apenas o final em que ele admite que antes era um canalha, difícil de conviver, mas que muitos da platéia lhe deram uma segunda chance. Maravilhoso! Agora vem aquela outra história que Renata contou. No começo das premiações, Phoenix falava em favor do veganismo e outras causas, mas foi aconselhado a tirar isso do discurso até 30 de janeiro, quando os membros da Academia entregam seus votos. Declarações muito críticas seriam mal-recebidas e podem prejudicar. Então, no Oscar, já não havia esse problema, e ele pôde abrir seu coração!

Renée Zellweger não deve ter contratado agência nenhuma e fez um discurso fraaaco e chaaato, ao receber seu Oscar de Melhor Atriz, absolutamente merecido, não percam o filme!

Bem, a essa altura, aqui em casa, já discutia com Renata e Felipe que, dificilmente, um filme que ganha Melhor Roteiro e Direção não ganharia o de Melhor Filme. Fiquei de pesquisar, mas ainda não o fiz. Batata, Melhor Filme, produção e elenco todo no palco, Bong não falou mais nada, apenas sua co-produtora, com a intérprete, mas depois do tempo final, a atriz que fez a governanta no filme queria o microfone, mas ele já havia sumido no palco. A platéia disse 'Up Up Up', o microfone subiu de novo e ela falou em bom inglês, sobre como era Bong Joon-Ho, o grande astro da noite! Aliás, que bom que ele não falou desta vez porque declararia que entraria em coma alcoólica, face ao crescendo de expectativas de consumo de bebidas ao longo da cerimônia!!!

Então, finalmente usando o título do post.

NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DO CINEMA
  • Um filme estrangeiro foi indicado a 6 categorias, incluindo Melhor Filme, Roteiro e Diretor
  • Um filme estrangeiro foi indicado a mais de 300 prêmios, mundialmente
  • Um filme estrangeiro ganhou 174 prêmios, mundialmente
  • Um filme estrangeiro foi indicado a 6 Oscars
  • Um filme estrangeiro ganhou 4 Oscars
  • Um filme estrangeiro ganhou Oscar de Melhor Filme
Ao longo de minha jornada oscárica, observei que The Beatles, mesmo chegando aos 60 anos de sua criação ainda encantam o mundo. Vejam só:
  1. 'Dois Papas' tem duas citações aos Beatles e uma música deles, Blackbird 
  2. 'História de um Casamento' tem duas citações aos Beatles e uma música de Paul McCartney, Maybe I'm Amazed
  3. 'Jojo Rabbit' tem uma música deles, I Wanna Hold Your Hand, em alemão
  4. 'O Irlandês' tem uma citação a eles
  5. 'Judy' tem uma citação a eles
Portanto, 5 filmes indicados que eu vi apresentaram 9 referências à maior banda de todos os tempos.

Parou por aí?

Não!!!!

Na cerimônia, o tradicional segmento 'In Memoriam', em que se apresentam os membros da indústria que se foram, que foi aberta por Kobe Bryant ... sim, ele tinha um Oscar (**) ... e que terminou com a parida do grande Kirk Douglas, aos 103 anos, foi acompanhada nada menos de Yesterday, a canção mais regravada de todos os tempos, que agora tem a interpretação (contestada por uns amigos fanáticos), da jovem Billie Ilish, de 18 anos, que angariou um monte de Grammy's este ano e vai cantar a música do próximo filme de James Bond! É mole ou quer mais?
Hiato para explicar o Oscar de um jogador da NBA: ao se aposentar, Kobe Byant fez um poema, chamado 'Dear Basketball', que virou um curta de animação e ganhou o Oscar em 2018.
Muito bom! O melhor Oscar de muitos anos!

Ah, sim, o relato de Renata sobre Mr. Rogers!


Não se esqueçam de assistir a este filme!  É o novo filme de Tom Hanks. Eu assisti ontem. Amei. Fui ao cinema já com entusiasmo, sabendo que era um filme sobre o Mister Rogers, apresentador de TV norte-americano que fez um programa infantil incrível por várias décadas lá nos Estados Unidos. Tocou a vida de todos por lá. Eu e meu irmão ouvimos falar dele apenas ano passado e ficamos quase um mês assistindo vários vídeos dos programas dele no Youtube, fascinados por esse senhor que era a bondade em pessoa. Vocês sabem o que é um apresentador de TV ser amado por um país inteiro? Eu e meu irmão descobrimos assistindo a esses vídeos.
Sobre o filme: Tom Hanks está ótimo no papel. Está até concorrendo ao Oscar hoje, de melhor ator coadjuvante, por sua atuação. E está realmente maravilhoso. Mas não é o Mister Rogers, não chega nem perto, porque o verdadeiro Fred Rogers tinha algo de especial nos olhos, tinha uma verdade nele que era impressionante. Até chamavam ele de santo, às vezes! kkk Enfim, vale muito à pena assistir ao filme! 
Quem souber falar inglês, procure também por "Mister Rogers" no Youtube e veja os vídeos do programa real! Se você estiver ainda aprendendo inglês, assistir a esses vídeos é bom até para treinar! Mister Rogers falava devagarzinho! ☺️ Conheçam esse senhor. Ele era inspirador e continua inspirando todos que começam a conhecê-lo! 

4 comentários:

  1. Sensacional! Melhor filme do ano e agora com um lugar cativo na história do cinema mundial!

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  2. Muito bom Homero!
    Não entendo como não és contratado pela MTV, ou GNT, ou... para seres crítico de cinema! De tudo que li até agora, a tua análise, sem dúvida é a melhor! ( ... and the Oscar goes tooooo..... Homerix!!!) Ainda não assisti Parasite, estou “guardando” para uma dessas nossas viagens longas. Keep going my friend, you are the best! Thank you!!!!!
    Michèle

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  3. Excelente sua análise crie um web site e passe a ganhar com os acessos você é muito talentoso.
    Pedro Romano

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  4. Muito bom. Em vários pontos coincidimos.
    Flacio Altoe

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