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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Bastardos Inglórios


A mensagem original é de 2009!
Falava sobre um filme de Tarantino.
Um novo Tarantino vem aí!!
Tempo de recordar!!!
E ir pro cinema!!!
Nesta 6ª-feira!!
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Ontem, às 7:30 da noite, tocou meu celular, vi que era de São Paulo, atendi, soube quem era, disse que estava no cinema, e que ligaria mais tarde. A ligação era importante, mas ele me pegou provavelmente em uma das poucas situações que eu não interromperia de jeito nenhum, a não ser, claro, que fosse caso de emergência: eu estava assistindo a um novo filme de Quentin Tarantino.


O diretor americano é daqueles cujo trabalho se ama ou se odeia, sem meios termos. Eu faço parte do primeiro grupo. O sentimento é igual no mundo dos críticos especializados, tanto que, na crítica d’O Globo, aparecem dois bonequinhos: um aplaudindo de pé, e um outro dormindo (como é que pode dormir num filme desses?).


Em minha singela opinião de leigo, eu afirmo que, em ‘Bastardos Inglórios’, Tarantino conseguiu se superar. Arrisco-me a colocá-lo em patamar igual ou superior a ‘Pulp Fiction’ (aqui, ‘Tempo de Violência’ – ô título ruim!). Creio ser a ocasião para muitos daquele segundo grupo reconsiderarem seus preconceitos, seus nojos, suas implicâncias, e darem uma chance àquele diretor revolucionário, que prova que veio para fazer história.

Estão presentes neste último presente (uau!) que ele nos dá, as marcas registradas do diretor: a música marcante, nada novo, como sempre uma compilação de obras existentes, mas combinadas de uma forma magnífica, e perfeitamente atreladas ao contexto e ao momento da cena; a maestria no uso da técnica de flashbacks, onde apresenta personagens importantes; os diálogos longos e precisos (a começar pela primeira cena), que prendem a atenção como ninguém, nada é jogado fora; as situações inusitadas e inesperadas, mesmo nos mais singelos momentos (admire, por exemplo, a cena dos cachimbos); e claro, as variadas e surpreendentes formas de se acabar com um desafeto.


Ele é um mestre!


Cristoph Wlatz
Não é qualquer diretor que tem a coragem de começar um filme com uma cena longa, de 15 minutos, que é baseada num diálogo, na verdade um interrogatório, com uma tensão crescente, que te prende, que vai aumentando o ritmo de seu coração a cada segundo, um clima pesado, marcante. Um dos dois ‘dialogantes’ (permita-me o pleonasmo numeral) é um caçador de judeus que é representado por um ator, desconhecido para mim, mas que dá um show em todas as vezes que aparece. 

Se eu pudesse resumir a história, sem estragar as surpresas, eu diria: passa-se na 2ª
Guerra Mundial, numa França ocupada pela Alemanha, conta sobre a existência de um grupo de judeus especializados em massacrar nazistas (grupo que dá nome ao filme), mostra um pouco da Resistência francesa, e tem um plano para matar Hitler e seus principais asseclas (todos mostrados de uma forma caricata). Não falo mais nada!

Falo ainda sobre Brad Pitt. O homem dá um novo show, melhor ainda que seu personagem em ‘Queime Depois de Ler’ (que eu recomendei, mas pouca gente foi ver), e muuuito mais interessante que sua caracterização de Benjamim Button, aquele cara que nasce velho e vive de trás pra diante. Aqui, ele é o chefe dos Bastardos, natural do Tennessee. Pitt incorpora o sulista americano com um perfeito sotaque ultra-carregado, e uma expressão facial permanente como se estivesse mascando um palito, uma caracterização impagável. E há também outras atuações memoráveis, como a francesinha dona do cinema!



Falo também sobre a gozação que o americano Quentin faz com seus compatriotas. Lembre-se daquela piada do ‘Quem fala várias línguas é poliglota; quem fala duas línguas, é bilíngüe; quem fala uma língua é ........ americano!’. Pois é, neste filme, todos os personagens que não são americanos falam pelo menos um idioma além do pátrio. Um dos alemães inclusive fala quatro idiomas.

Uma crítica mordaz, explicitamente expressa em um dos diálogos no meio do filme, que vai gerar um dos seus melhores momentos, um espetacular ‘comic relief’, quando Brad Pitt tem que se passar por italiano, e fala ‘Bom giorno’, com aquele ERRRE americano que entrega imediatamente que ele não é italiano, e ainda termina com um ‘Arrivederci’ igualmente hilariante. Imperdível!

E falo, especialmente, às mulheres. Num outro dia, eu recomendei uma comédia romântica, ‘A Verdade Nua e Crua’, tachando-a de perfeitamente suportável pelos maridos, se ainda não viu, veja, pois ainda está em cartaz.

Agora, eu digo o mesmo, no sentido oposto: ‘Bastardos Inglórios’ é um filme violento perfeitamente suportável pelas mulheres. A minha gostou muito. Ela virava o rosto nos momentos mais explícitos, tudo bem, mas pergunte a ela qual foi o melhor filme que ela viu este ano. E eu diria, em muito tempo. Não deixem de apreciar esta obra-prima. Acompanhem seus maridos. Vocês (e eles) vão me agradecer.

Uma última recomendação:  
EM HIPÓTESE ALGUMA, VEJA ESTE FILME DUBLADO!

Em sua canção ‘Figurinha Repetida’, meu filho diz, no refrão:
Pois ela
É uma figurinha repetida
É uma noite mal dormida
É cueca de aniversário
É avião que chega fora do horário
É um episódio reprisado
É ‘Pulp Fiction’ dublado
É feriado em fim-de-semana
É querer bife e comer grama
E eu amplio:


Ver filme dublado, não tem graça.
Ver ‘Pulp Fiction’ dublado, menos ainda.
E digo mais...
Ver Tarantino Dublado? Melhor a morte!


Bastardos Inglórios, um filme glorioso!

Homero Ainda Mais Tarantínico Ventura

2 comentários:

  1. Oi, Homero, ainda não vi o trailer do novo filme do Tarantino, na verdade, ainda não sei nada sobre ele mas tomara que o seu mais novo longa nos traga, de novo, o fabuloso Christoph Waltz. Ator excelente.
    Abraço grande da Rosana

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  2. Se tivesse lido O GLOBO um pouquinho mais veria que, na verdade, o Christoph Waltz não só trabalhou no novo Tarantino, Django livre, como ganhou, ontem a noite, o prêmio de melhor ator coadjuvante. Sds da Rosana

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