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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Jessica fez 40 anos - Parte 1

Na semanda passada, ouvi novamente, no carro, uma canção espetacular, que está na minha vida há 4 décadas. E não é Beatles, nem Pink Floyd. Ao ouvi-la, lembrei-me de como a conheci, e resolvi contar a historinha.
Nos idos de 1973, em meus tenros 15 anos (e bem tenros pois sempre fui gordinho), eu passava algumas tardes na casa de uma tia, bisbilhotando a discoteca de meu primo. Ele era sete anos mais velho (e continua sendo!), e já fazia faculdade em São Paulo, só voltando a Santos nos fins de semana. Ele tinha um gosto musical apurado (e continua tendo!), e lá eu encontrava coisas de alto nível. Desconfio que ele não gostava muito de ter um garoto mexendo naquelas preciosidades de vinil, mas eu era bem cuidadoso.
Aquelas tardes de bisbilhotice passaram, muitas músicas ficaram, mas uma me marcou especialmente: um rock instrumental longo, que ocupava uma larga faixa de um certo LP, que eu ouvia muito. O tempo passou, fiquei décadas (!) sem ouvir a faixa, esqueci-me da canção mesmo, só me lembrava vagamente, não sabia qual era a banda, mas guardei em algum lugar da memória o seu título: Jessica. Coloque o link pra tocar, minimize e volte ao texto, para acompanhar
Sempre me intrigou o que passa pela cabeça de um sujeito que compõe uma música instrumental quando tem que dar o nome dela, sem a ajuda de uma letra. Agora que tenho um filho compositor, vi que a coisa pode ser deveras aleatória. Uma de suas canções instrumentais, numa banda de matemáticos chamada ‘Os Quaternions’, hoje hibernando por conta de um baterista apaixonado, permanecia sem nome até a gravação final. Naquele dia, o guitarrista base não apareceu porque perdeu um dente, e o Felipe teve que gravar a parte dele. Nome da canção: Arcada, em homenagem ao dente perdido. Tudo a ver!
Bem, outra boa razão pode ser uma homenagem a alguém, a uma musa inspiradora, a uma namorada, ou a uma filha, que foi o caso de Jessica (fiquei sabendo agora que ela brincava em sua frente qunado criou o espetacular tema). O fato é que só o nome da música ficou na minha cabeça. E nunca mais pensei nela.
Um quarto de século depois (um científico, uma faculdade, um emprego, um casamento e dois filhos depois), fui visitar aquele mesmo primo, agora um renomado Livre Docente em Jornalismo, correspondente de um grande jornal brasileiro em Washington, que nas horas vagas dava aulas da matéria para Doutorandos na matéria, na Universidade da Capital dos Estados Unidos. (Pouco, né?) Papo vai, papo vem, reminiscências de parentes que pouco se vêem, acabei me lembrando daquelas tardes, e Jessica voltou ao centro da atenções. Depois de algum esforço, ele se lembrou: grande sucesso dos Allman Brothers. (Ainda não havia Wikipedia assim disponível para aclarar nossa memória...)

O papo termina por aqui, mas segue, em sua última parte, neste link:

Grande abraço
Homerix Lembrando Jessica Ventura



10 comentários:

  1. Olá Homero, apesar de não ser fissurado em musica (de guardar nomes etc), gosto do tema e ouço de tudo que há por ai.

    Mas toda vez que voce envia alguma nota com estas estórias interessantes fico curioso para saber como são estas musicas que voce cita.

    Voce já pensou na possibilidade de brindar os destinatários das suas notas com pequenos trechos que seja, destas musicas?

    Não sei se é viavel e/ou dá muito trabalho, mas seria algo bastante interessante.

    Um grande abraço.

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  2. Meu mano

    Concordo com suas escolhas. Pelo menos as que conheço. Pink Floyd já não é do meu tempo, vc sabe e confesso que posso até conhecer Jessica se a ouvir...

    Bolero de Ravel, não sei se pode ser considerada instrumental, mas pela simplicidade e pela imponencia ( como é que pode ser as 2 coisas ao mesmo tempo ????) me impressionaram desde a minha infancia.

    Albeert Ketelbey ( Num mercado persa, Nos jardins de um mosteiro ) me impressioanram tanto quando o Blue Rondo à la Turk.

    Beijos mil do teu irmão.

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  3. Nossaaa, quero ouvir essa música!
    E das outras da lista eu só conhecia a do Dave Brubeck... Agora deu vontade de sair procurando as suas indicadas! :-)

    Bem, meu conhecimento musical acho que não seria suficiente pra indicar alguma pra lista, mas eu gosto bastante das instrumentais do pessoal do Chico Science & Nação Zumbi.

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  4. Genial Homero
    Meus conhecimentos musicais são absolutamente irrisórios, mas uma das músicas que você menciona também está no meu repertório de preferidas: Journey to the Center of the Earth. Umas das razões é que a tal jornada foi iniciada na Islândia, exatamente o local que qualquer geólogo moderno escolheria porque lá está o único ponte onde a cordilheira meso-atlântica aflora. E, como se sabe, a cordilheira se forma como resultado de manifestações vulcânicas ao longo de um rift, ou fratura, de dimensão planetária, portanto o mais indicado para adentrar as profundezas da crosta. Julio Verne era mesmo fera!

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  5. Homero, eu tenho o conhecimento musical muito limitado perto do seu, mas não haveria algum lugar nos instrumentais para o Jeff Back (é assim que se escreve?). Eu não me lembro de nomes de músicas nem de nada, mas tenho um vinil que ouvia muito na época da faculdade e também depois, mas que, como todos os outros, estão encostados há quase dez anos quando o cd player chegou...Tinha várias faixas incríveis, muito gostoso de escutar, você certamente conhece...

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  6. Meu caro Homero,

    Você tem razão sobre a minha disciplina com o correio, mas está errado por achar que é pessoal.
    Tenho me mantido atento as suas mensagens e esta em especial merece uma resposta adequada.
    Minha grande preferência sempre foi a musica instrumental. Desde menino eu ouvia muita musica clássica e haviam dezenas de discos (LPs de vinil) de classicos que eu ouvia junto com as aulas de piano que minha mãe dava todos os dias.
    Além das músicas nos radios a primeira banda que me chamou atenção foi mesmo aquela formada por um grupo de jovens ingleses que terminaram muito famosos, mas você os conhece muito melhor do que eu. Depois descobri muitas outras bandas e principalmente descobri o Jazz que em muitos casos é essencialmente instrumental.

    Para mim o The Köln Concert inteiro do Keith Jarrett frequenta o topo da minha volúvel lista de instrumentais preferidos (de fato, nunca realizei que tinha uma) em particular o quarto movimento. É Jazz, puro, quase ingênuo, leve, completo, sublime e quase inigualável, mas há outros....muitos outros
    Ao mencionar Jarrett me vem na mente muitos outros ligados ou não ao Jazz e ai vem Chick Corea que pucha o Mahavishnu Orchestra com John McLauglin, Billy Cobham, Jean Luc Ponty e outros. O Return to Forever com a Flora Purim e outros brasileiros como o Airto Moreira, Stanley Clark no baixo. O Weather Report e muitos outros da época da fusão do jazz com tudo o mais, ou vice e versa.

    Mas você foi agudo com Jessica, como eu gostava de jazz acabei logo descobrindo o blues e toda a sua influencia sobre os sulistas, daí a minha admiração pelo Lynyrd, Ray Vaugham e inúmeros outros chagando ao Eric Clapton e o John Mayall, mas os Allman Brothers merecem o seu destaque.
    Alias todos os seus destaques foram fantásticos. Ainda preciso conhecer melhor o estilo meio Country do Nickel Creek, mas gostei muito do som...smoothie...boa dica.

    Não posso deixar de mencionar a fase aurea do Rock progressivo na Europa e um pouco nos EUA. Já falamos sobre isso algumas vezes e vou resgatar algumas boas referências e dar boas dicas tb.

    Preciso de um tempo para te responder melhor . Minhas referências instrumentais são maiores do que as demais e farei as indicações a seguir.

    Um forte abraço.

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  7. Caro Homero, boa tarde.

    Mais um excelente texto. Essa música do Allman Brothers é muito boa realmente. Uma das poucas que conheço do grupo, aliás.

    Duas músicas instrumentais que gosto MUITO são:

    - "'Cause We've Ended As Lovers", de Jeff Beck em seu antológico álbum Blow By Blow (1976)

    - "End Titles From Blade Runner", do mago grego da música Vangelis. Não sei se trilha sonora vale, mas essa música é de arrepiar.


    Há outras também, sem dúvida. "One Of These Days", do Pink Floyd, é uma das que mais gosto.

    Grande abraço

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  8. A melhor de todas: Moby Dick, Led Zepellin !!! Um dos maiores (e melhores) solos de bateria da história!!!

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  9. Só um adendo: uma das melhores versões que eu já ouvi de "One Of These Days" é, por incrível que pareça, a versão ao vivo da banda cover oficial do Pink Floyd, que se chama "The Australian Pink Floyd Show". A música está (estava) disponível para download no site oficial deles.

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  10. Não tenho feito muitas músicas ultimamente (embora ainda continue a fazer), ainda mais instrumentais, mas foi numa dessas que acabei fazendo "Carnaval em Petrópolis", que apesar do título é um Blues rápido, querendo ser Jazz!

    Abraços, Ricardo Haddad

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