Caro Almir,
Você chega produtivo aos sessenta anos
e se sente como se sentasse num cockpit de Fórmula 1,
cauteloso como se fosse sentinela de um tesouro,
cuidadoso como se contasse centavos aos trilhões.
Acompanho seus passos há quase 25 anos, desde que cheguei à Braspetro, o braço internacional de nossa empresa, então. Quando eu estava indo para lá, você já estava voltando, do Iraque, onde dentre tantas decisões em ambiente de guerra, recebeu até mesmo uma proposta de um árabe pelo passe da Rosa, sobre a qual você pensou não mais do que 3 longos segundos.
Depois de dar sua contribuição no circuito Madre Tereza de Calcutá, você teve sua vez no circuito Helena Rubinstein. Se bem que a Sra. Rubinstein devia estar meio caída na época, pois você acabou parando em Houston, uma cidade tão sem graça, tão plana que seu ponto culminante é um cruzamento de viadutos.
Na volta à Sede, logo chegou ao cargo máximo da sua especialidade dentro de uma subsidiária, o de Diretor Financeiro. E o foi em época de vacas magras, andava de pires na mão, sofrendo as agruras de uma época de preços baixos. Dentre as decisões que tomou, esteve a de enviar um (ho)mero engenheiro para comandar a mesma área financeira que comandara alguns anos antes, na Petrobras America. Decisão e apoio pelos quais quais aproveito a oportunidade de agradecer em público.
Decidiu se aposentar como Diretor, há uns 7 anos, mais ou menos, e algum tempo depois, creio que uns 3 segundos, aceitou o convite para uma Gerência Executiva da poderosa Diretoria Financeira da empresa mãe. Você chegou lá quando nossa empresa começava um caminho sem volta, de modernização, transparência, empreendedorismo. Conviveu com 3 Diretores, que se desmanchavam em elogios ao seu trabalho. O último deles assumiu a Presidência e naturalmente alçou-o à posição de Diretor: Diretor Financeiro da maior empresa do Brasil. Para comandar um caixa descomunal, com a mão de ferro e o bom senso que o cargo requer que lhe são caraterísticos.
E lá você está, firme e forte! Sem ameaças, ao que parece!
Neste momento, você sai da meia-idade para entrar íntegro na inteira-idade, com o sentimento do dever cumprido, tanto no trabalho como em casa. Em todos os seus passos, você contou com a companhia e a colaboração da Rosa, desde os difíceis tempos do deserto com a incumbência de educar 3 filhos pequenos. Hoje estão todos bem criados e bem encaminhados, jornalista, médica, engenheiro. E um neto está a caminho, no ventre de uma doce engenheira-médica.
É, Almir, é hora de começar outro ciclo de 60 anos, com saúde, com a companhia da esposa, filhos e amigos. Se bem que, esses últimos, prefeririam que você tivesse menos sorte no buraco.
Um abraço e parabéns!!!!