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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Da série “Sons de Londres no Verão de 70 ..e eu estava lá!" Capítulo 50.

Esse 'eu' ´'ela', Virgínia de Paula,  sim, minha amiga de Montes Claros-MG, que já nos mostrou seu talento neste blog, falando de Get Back... e de Marianne Faithful  ... apresentou-me no Facebook, o Capítulo 50, veja bem, vou estressar um pouco mais, é o Capítulo...

...CINQUENTA...

... dos relatos de sua viagem de um mês a Londres, em 1970, no alto de seus 22 anos de idade.

Viaje junto com ela, e imagine o que ela já escreveu nos outros 49 Capítulos....

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Na Rua em Que Moras!” 

   Almoço na escola. Amigas a meu lado se espantam por  eu gostar de Ketchup. Molho de tomate  em garrafa é  novidade para mim. Adocicado.  Vejo, com alívio, ser também novidade para meninas  de Belo Horizonte.  Só que elas não gostam. Eu adoro. Felizmente, nem é preciso pedir. As garrafinhas estão sempre nas mesas.

   Eu de plano feito para a tarde. Nem informo a ninguém para onde vou porque bem sei  não ser do interesse de ninguém mais.  O que haveria para ver na Wimpole Street? Além de ser a rua cantada no filme “My Fair Lady”,  é também a rua onde Paul McCartney morou por cerca de três anos. O que mais?  Não sei.  Bom perguntar na secretaria da escola. 

   Fico sabendo ser uma rua de médicos e dentistas. Muitos consultórios e clinicas.  Faz sentido, pois Dr. Asher tinha consultório lá. Era psiquiatra.  Exatamente na casa onde Paul McCartney viveu. 

 Outras informações  obtidas:  Sir Conan Doyle, o autor das aventuras de Sherlock Holmes, teria residido lá. De repente, a dúvida. Seria lá mesmo ou na Upper Wimpole Street?  - “ Mas a Upper é continuação da Wimpole. Praticamente a mesma rua.” E mais: a poetisa Elizabeth Browning, com certeza, tinha morado lá.     Agradeço.  Estou satisfeita.  Lá vou eu. 

    Já tinha avistado a rua numa das minhas andanças diárias.  Bem quando caminhava  no  Regents Park e imediações.  “Melhor pegar meu mapa”. 

  Pronto, achei. Pego o metrô,  desço em Baker Street e vou seguindo pela rua do mesmo nome até George Street. Viro à esquerda na Maryleborne High Street  e sigo  por um quarteirão. Entro na New Cavendish Street. Wimpole é a segunda rua.

   Aqui estou em frente à placa. Vem a emoção. O simples fato de estar em Londres já é emocionante, mesmo  sem ver nada de especial.  Mas quando vem o especial,  a emoção sobe. Fico parada olhando a  placa por alguns minutos. Pensando em Walmor. É dele o disco com a trilha sonora do filme “My Fair Lady”.  Foi ele quem traduziu quase tudo que cantavam.  Quem me informaou  ser um filme baseado numa peça da Broadway que, por sua vez, foi inspirada em outra peça: “Pigmaleão”, de George Bernard Shaw. 

    Eu me vejo  na nossa sala de visitas ouvindo o disco.  Nem imaginava   que algum dia conheceria a rua cantada na peça. “ Walmor!  Estou aqui em Wimpole Street! Onde morava seu querido professor Higgins e a florista  Eliza de My Fair Lady!”

    Sim, eu sei que é ficção!  Nunca existiram e, portanto, nunca moraram em lugar algum.  A rua do filme deve ter sido  criada num estúdio de Hollywood. Não importa. Bernard Shaw escolheu essa rua para seus personagens. 

     Agora é apenas caminhar. Eis a  Royal Society of Medicine.  E  bem no ínício. Número um!  Mais acima  está a British Dental Association!  Tinham razão. Rua de médicos e dentistas

  Vou seguindo  pela calçada da direita. Olha lá a tal Upper Wimpole Street! Volto pela calçada da esquerda fazendo pausa  na frente de cada edificação, pois  numa delas viveu meu querido Paul.

 “Talvez ainda seja moradia de Jane”, penso. . “Será? E se ela passar por aqui? E seu irmão Peter?” Vem na cabeça a música do filme.  Bem aquela parte que diz assim: “

“ And oh, the towering feeling, Just to know somehow you are near, the overpowering feeling, that any second you may suddenly appear...”

Isto é, “ E, ai , aquele sentimento imponente  só de saber que de alguma forma você está perto. O sentimento avassalador que a qualquer segundo você poderá aparecer...”

 Continuo cantando por dentro...”People stop and stare they don’t bother me, for there’s no where else on earth i would rather be”... “Pessoas param e me encaram, eles não me perturbam, pois não há nenhum outro lugar na terra que eu gostaria de estar...”  

    Cadê Jane? E pensar que ela fez o papel da florista Elisa Doolittle da peça e que morou na casa do professor.  Por causa de Eliza,  aquele outro personagem. Freddy, se dirigiu para a rua cantando tão romanticamente.  Mas não vejo nem sinal de ninguém da família Asher. 

    A única dica que tenho sobre a residência deles é se tratar de uma casa de muitos andares. Paul morava lá na parte de cima, no sótão!  Mas quase todas são assim! Só castelinhos na rua. Uma lindeza.!

    Minha alma sorri lembrando que num desses castelinhos, John Lennon e Paul McCartney compunham juntos. “I Want to Hold your hands” foi composta  na casa dos Asher.  Paul tinha piano à  sua disposição. A mãe de Jane era professora de música, tinha dado aulas para nada menos que George Martin, e ainda tocava oboé na sinfônica de Londres. Ou seria Filarmônica? Nossa, numa dessas casas imponentes Paul compôs “Yesterday!” . 

    Ah, aqui eu tenho de parar por mais tempo.  Tem a tal plaqueta. Lugar onde residiu a poetisa Elizabeth Barret Barret.  Ao se casar com o poeta Robert Browning torna-se Elizabeth Browning.  Puxa vida, e eu que nunca tinha ouvido falar nesse casal? 

    Agora é voltar pra casa, mas seguindo por outro caminho. Pego o mapa.  Estou na Wigmore Street. Virando na James Street chego na velha conhecida, caminho de casa, Oxford Street. Bond Street encostadinha.  Não resisto a outro passeio naquela rua cheia de joalherias. Vitrines brilhando de jóias. Na primeira vez ali, eu a associei a  nossa Simeão Ribeiro  guardando as devidas proporções.  Tinha chegado lá por acaso. Já que estou sempre olhando as placas vi seu nome: Bond Street. Lembrei logo da deliciosa  música de David/Bacharach da trilha do filme “Cassino Royale”  com o mesmo nome.  Pois estou lá de novo e cantando a música. 

 “Agora  só falta visitar a Fleet Street, a rua dos jornais e revistas...Fica para amanhã. “ 

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Este vídeo (LINK) mostra a sequência do filme “ Fair Lady” quando o belo jovem enamorado,  Freddy Eynsford-Hill,  canta feliz por estar em Wimpole Street porque ali morava a florista Eliza (Audrey Hepburn).  A casa, na verdade, pertencia ao professor Henry Higgins (Rex Harrison). 

  Ele canta “On the Street Where You Live”. (Na Rua em Que Moras). Melodia de Frederick Loewe  com letra de Alan Jay Lerne.  O ator é Jeremy Brett,  super charmoso e elegante. Mas não canta. Está dublando  o cantor  Bill Shirley de voz  poderosa.  Amo a hora que chega o acendedor de lampiões. Ah, eu já vivi neste tempo. E bem ali em Londres, tenho certeza. 

    Assim que a música termina,  entra outra versão da mesma música na voz de Vic Damone.  A cena não faz parte do filme, mas sua versão atingiu o primeiro lugar em vendas na parada de sucesso da Grâ Bretanha em 1958. 

  Informação a meu respeito: diferente da maioria das pessoas de Montes Claros, eu sempre amei musicais da Broadway. E “My Fair Lady” é um dos meus preferidos. Amanhã postarei vídeos que complementam o texto.

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2 comentários:

  1. Bela recordação, sem duvida foi um privilégio viver naquele e caminhar por lugares que marcaram épocas e pessoas
    Parabéns Virgínia

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  2. Ah, esta foto eu vou furtar! rs rs rs. Com Paul e Jane lá em cima!
    Obrigada, Homerix, por divulgar meu texto. Estou quase terminando a série. Falta uma visita a Fleet Street. O Show de Stevie Wonder lá no Talk of the Town, que era o restaurante preferido de Paul. A ultima noite! Que passei na boite "Revolution". E o último, quase todo em lágrimas.

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