Era longe .... Ilha de Guaratiba ... quarenta minutos depois
da civilização ..... chegamos .... alguns poucos mosquitos, naturais para a
vizinhança verde do local ... mas eles se mostram calmos .... um cenário
idílico ameaçado por umas poucas gotas de chuva.... não, não pode chover ....
caminhamos para o meio do gramado .... um breve drink de boas-vindas, de águas
aromatizadas .... cadeiras dispostas como numa igreja.... nave central
polvilhada de folhas ... um 'altar' simples, no mesmo nível.... o jazz dominava
o ótimo som que recebia os convidados ... sentamos na primeira fila ... felizes
pela honra de ver bem de pertinho ... em cada cadeira, um leque com o nome dos
noivos impresso, para o calor que não veio .... e também um lenço de papel
envolto em plástico .... ao que pensei: "Pra quê?" ... um quarteto de
músicos começa a se preparar lá meio longe atrás do 'altar', perto das árvores
.... a chuva não veio ... convidados posicionados ... lá longe, um loiro alto
vem se aproximando sozinho .... quando adentra a nave, vemos que não está só...
traz um membro da família em sua coleira, trotando educadamente em suas quatro
patas ....
de repente, um violão ... e uma voz cantava "What would you
think if I sang out of tune?", acompanhado por um potente violino elétrico
... imediatamente arrepiado, armo o vídeo e registro a segunda estrofe
.... enquanto adentram, emocionados, a
mãe da noiva e o pai do noivo..... e, depois os padrinhos .... família e amigos
... e aí eu penso na propriedade da escolha da canção ... a amizade, o rol de
amigos queridos, animados, parceiros, é a marca registrada do casal ... "I
get by with a little help from my friends" ... tudo a ver ... depois, o
quarteto leva 'Here Comes The Sun" .... então, um breve momento de tensão
... a dama e o pajem se recusavam a caminhar nave adentro .... decidido, o
gigante noivo caminha de volta e traz os pequeninos no colo ... tal qual um
Schwarzenneger (só que bem mais alto!), caminhando, resoluto.... coloca-os (ou
quase) nos simpáticos balanços à frente dos padrinhos .... aí começam a levar a
canção de Cinderela, cantada, lindamente
.... para receber a noiva,
primeiro caminhando só lá longe, depois recebida pelo pai...... ao final da
grande nave, a entrega ao grande noivo, o posicionamento perante o “altar” ... e
só aí percebe-se a juíza de paz .... morena, jovem e bonita, do cabelo comprido
... e ela começa a dizer “Estamos aqui por ----, Estamos aqui por ----” e foi desfilando as razões
pelas quais aquelas almas se uniriam naquele momento .... e foram mais de vinte
“Estamos aqui por ...” ... e ao longo do relato, começavam-se a ouvir narizes
fungando ... um deles era o meu ... e percebi a razão de me terem ofertado
aquele lencinho ... mas não parou por aí .. veio o depoimento do noivão para
sua gatinha ... e ele chorava também ... e depois dela pra ele.... mais
lágrimas ... e se tudo não bastasse ... os pais depuseram ... e para terminar,
teve até alianças, trazidas (ou quase) por pajem e daminha.... à essa altura já
caíam alguma gotas.... afinal, o céu não estava azul ... nem roxo ... e alguns
simpáticos guarda-chuvas transparentes apareceram do nada para proteger alguns
cabelos .... enquanto todos iam à festa, eu fui até a juíza para agradecer
... poucas vezes fui tomado de tamanha emoção.
Laurinha e Henrique, vocês começaram muito bem!
Que lindo relato, Homero. Parabéns aos noivos!
ResponderExcluirMarisa
A sua descrição de um evento, no caso, um enlace, é ú-ni-ca. Deu vontade de ter estado presente também. Parabéns aos noivos e abraço grande para vc.
ResponderExcluirHomerix,
ResponderExcluirExcelente narração. Ao ler, senti como se houvesse participado da cerimônia. Parabéns aos noivos, com votos de vida longa e muitos êxitos.