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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Exame Nacional de Ensino Mérdio

Enviei ao amigo João um comentário
Segundo consta, o ENEM foi uma peça doutrinatória ridícula
 
Um dos depoimentos que motivou minha afirmação está lá no fim!

Ele me enviou então uma peça que me lembrou os tempos do Vestibular em que respondíamos a questões discursivas, e reclama das atualidades, como sempre, que reproduzo ali embaixo.

Da nota dele, eu apenas contestaria a afirmação que ele tiraria próximo de 10, e mesmo refutei:
Dificilmente alguém tiraria próximo de 10, nem você com a sua reconhecida capacidade, numa prova de 10 horas de duração, e ainda sua redação ficaria sob a correção e julgamento subjetivo do examinador, com grande chance de ser um esquerdista juramentado. Aliás, acho que você se recusaria a responder a algumas questões de cunho altamente ideológico empurradas goela abaixo, em que a resposta certa seria uma coisa com a qual você não concorda, tipo a questão sobre a globalização, procure essa discussão nas redes!!
Eis a nota dele.

ABRASPAS

O ENEM nunca me foi simpático e o considero a síntese da degradação do ensino público no Brasil. É uma espécie de socialismo para nivelar a educação por baixo. No meu tempo de estudante faria essas provinhas sem maiores dificuldades. Quando vejo o nível das provas do ENEM me provoca uma tremenda irritação e desapontamento. É um enorme faz-de-conta. Ao meu ver, a nota de aprovação do ENEM, de tão ridículas que são as provas, deveria ser mais próxima 10. Saudades dos tempos dos vestibulares que serviam para selecionar os melhores, com questões de alto nível e que exigiam dos candidatos, além de conhecimento, um forte exercício intelectual, como os da MAPOFEI, do IME, do ITA, para citar os melhores.

A propósito, quando eu era estudante do saudoso científico, competíamos entre os colegas para ver quem trazia, e resolvia, os problemas mais desafiadores, de matemática, de física e de química. Lembro-me do livrinho do Rosemberg, que tinha questões geniais de física, muitas delas, da MAPOFEI e do IME. Resolvi todos, dos vários exemplares do magistral Rosemberg.  E toda a minha formação foi em escola pública, sobretudo do primário ao científico, que, naquela época, era de excelente nível. O Colégio Estadual Conselheiro Ruy Barbosa era uma referência na Zona Norte de São Paulo. Para conseguir uma vaga no curso ginasial havia um exame de admissão ao primeiro ano do curso, que era na forma de provas escritas, sem essa esculhambação de teste, que está mais para loteria, em que pese os poucos alunos excelentes tirarem notas máximas nessas provinhas. Muita gente, que não estudava com afinco, não conseguia ingresso no colégio público e ia à busca de escolas particulares, que já proliferavam na época, para dar seqüência aos seus estudos. Veja como a coisa mudou para pior. Antigamente, os bons alunos eram os da escola pública, algo que os governos conseguiram inverter desde então.  Não fosse a boa formação escolar pública da época, eu jamais teria conseguido subir na escala social, pois minha mãe era doméstica e meu pai, padeiro (não o dono da padaria, mas o que coloca a mão na massa) e não tinham recursos para pagar escola particular para que eu pudesse estudar. Não restava outra opção senão estudar com dedicação e afinco, com os excelentes professores de escola pública de então.

Através dos anos, entra governo e sai governo, mas a educação só é prioridade em discursos políticos. A propósito, o Ministério da Educação tem sido uma espécie de "válvula" para acomodar "anjos caídos" e o nível dos titulares que tem passado por lá é de chorar, salvo o anterior ao Mercadante, quem parece que tinha conhecimento de ofício e competência para cuidar do assunto, mas sua tarefa foi abortada de maneira absurda, uma verdadeira violência contra a educação.  Que entendem de educação os senhores que têm andado pelo Ministério da Educação? Haddad e Mercadante são apenas políticos, que expressam preocupação pró-forma, mas que não têm qualificação para trabalhar as prioridades que a educação requer. Imaginam e fazem o jogo político em detrimento dos interesses do cidadão e isso em plena  “Pátria Educadora”.  Decidiram trocar de ministro, como os clubes trocam de técnico no futebol, mesmo tomando goleadas pela má gestão dos recursos e a falta de um plano robusto e sério, para converter a educação na maior prioridade do país. Por acaso, educação e futebol, dois setores em que temos tomado 7x1, sem dó nem piedade. O futebol, pouco importa, e que diga o Thomas Kistner, autor do épico “FIFA MAFIA”, mas a educação, no nível que está, comprometerá o futuro de várias gerações, o que garante o "passaporte" do Brasil para consolidar a sua posição como país de terceiro mundo.

Outro ponto a lamentar é a desnecessária “reforma ortográfica”. Não houve reforma alguma e, na verdade, pioraram o idioma. As eliminações do trema e dos acentos em paroxítonas terminadas em ditongo, considero crime leso-idioma. Sobretudo porque não se oferece uma forma inteligente para orientar a pronúncia correta das palavras. Como pronunciar corretamente os vocábulos conseqüente ou qüinqüenal, por exemplo, sem trema? Os vocábulos idéia e assembléia são impronunciáveis sem acento. Tenho título de eleitor, CPF e RG, mas não fui consultado sobre a reforma. Logo, a imposição por decreto violenta os preceitos democráticos, algo que deve ser corrigido através do cancelamento do infeliz decreto. De outra maneira, é lamentável.

Na mesma linha do ENEM está o irracional assunto das quotas que, ao meu ver, acentuam a discriminação, expondo pessoas ao ridículo. A cor da pele, para mim é indiferente, e não deveria ser diferenciador para ninguém, para nada. Por exemplo, o Pelé, o Nakashima e eu, entre outros, temos a mesma cor de pele, a cor de ser humano, cor de gente. A propósito do adjetivo que os "especialistas" criaram para distinguir etnias, o “afrodescendente”, a rigor confere a mim e meus descendentes o "direito às quotas", pois meu pai nasceu na Ilha da Madeira, província ultramarina de Portugal, mas localizada no contexto do continente africano. Portanto, sou afrodescendente. E se os "teóricos das quotas" rechaçarem o meu raciocínio, então estarei a ser discriminado.

Há que se buscar formas mais inteligentes do que o ENEM e as quotas, pois a solução é educação de verdade, de qualidade, para todos e para todas, independente de raça, origem, posição social, time de preferência, opção sexual, partido político, etc. Isso, sim, transformará o pais em uma nação. O resto é firula ideológica...
FECHASPAS
Aqui, à guisa de discussão de escrita, eu apenas trocaria 'crime de leso-idioma' por 'crime de lesa-idioma', afinal sempre pensei tratar-se da 3ª pessoa do verbo 'lesar'. Entretanto, fui pesquisar e vi que na verdade é adjetivo 'leso' portanto concorda com a coisa que é lesada.

Ainda não me conformo!!!

E aqui, um depoimento que motivou a minha declaração inicial.
http://spotniks.com/acabei-de-sair-do-enem-e-foi-uma-das-provas-mais-bizarras-que-ja-fiz-na-minha-vida/
 




9 comentários:

  1. Senti um cheiro de naftalina nesse texto, Homero.. :)

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  2. A respeito do termo "afrodescendente", cientificamente e antropologicamente somos todos afrodescendentes, já que é sabido que o ser humano (homo sapiens) se originou no continente africano há alguns milhões de anos e de lá migrou para outros continentes. A rigor, somos todos descendentes de Lucy, a humanoide mais antiga encontrada na África. Somos todos descendentes de Mama África!

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  3. A respeito do termo "afrodescendente", cientificamente e antropologicamente somos todos afrodescendentes, já que é sabido que o ser humano (homo sapiens) se originou no continente africano há alguns milhões de anos e de lá migrou para outros continentes. A rigor, somos todos descendentes de Lucy, a humanoide mais antiga encontrada na África. Somos todos descendentes de Mama África!

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  4. Vestibular, desde eu que estava no ginásio,depois de 1976 (antes eu não sabia de nada a respeito) sempre foi decoreba e cursinho específico. Esses que você sitou são exceções. Eram provas longuíssimas, de múltipla escolha, de acordo com a área escolhida, redação e 2 questões discursivas da área específica (biomédicas, humanas ou tecnológicas). Só avaliavam o treinamento em fazer prova. E isso vale para qualquer concurso até hoje! E a avaliação nas escolas e universidades é na base da prova e se o professor for correto, você passa se estudar. Se não for correto, tem que responder o que ele quer, ou o que ele recomendou. Cotas não são "só" para negros, índios, ou qualquer outra denominação de "raça" humana, que na verdade não existe...é para possibilitar as pessoas que não tem condições econômicas, também, de entrar na universidade. Como existe cota de emprego para deficiente físico nas empresas...alguém duvida que eles não tenham capacidade? (Isso sim seria meritocracia). Vejam os estudos sobre os alunos cotistas e não cotistas, antes de falar alguma coisa a respeito.

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    1. Carol, em primeiro lugar, quem falou não fui eu e sim meu amigo João!
      Mas se eu coloqeui aqui é porqeu concordo com ele!
      E a época que ele falou é vestibular em 75, 76. minha época e a dele.
      E as provas tinham questões TODAS discursivas, que eu me lembre apenas 10 questões cabeludas e NENHUMA de múltipla escolha.

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  5. Discordo de quase tudo, porém os argumentos foram tão bons e coerentes (o que é raro de encontrar hoje em dia), que os dois estão de parabéns!!!

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  6. Homerix,

    Obrigado.

    As provas da MAPOFEI e do IME eram todas escritas. Nada desse modelito de massificação da boçalidade que são as cruzinhas. Inclusive, violentam o vernáculo, quando perguntam qual a alternativa correta? e apresentam 5 (SIC), num franco desconhecimento do significado do vocábulo alternativa...

    Ao meu ver, provas escritas são as melhores e mais justas para todo e qualquer processo de avaliação.

    Quanto ao leso-idioma, está correto, pois devemos aplicar o adjetivo leso, não a flexão verbal lesa. E o adjetivo deve sempre concordar com o substantivo ao qual se refere. Logo, leso-idioma (cqd).

    Outros exemplos:

    - É um crime de leso-contribuinte, do contribuinte lesado.

    - É um crime de lesa-pátria, da pátria lesada.

    -É um crime de lesa-Receita, da Receita lesada

    A propósito, uma das minhas notas no Painel dos Leitores da Folha, passou pelo crivo dos editores aquela publicada em 03/06/2015:

    ABRASPAS

    Acordo ortográfico

    Oportuno o texto de Gregório Duvivier ("Que ódio", "Ilustrada", 1º/6). A reforma ortográfica é uma violência leso-idioma, pois fere a essência de se escrever o que se fala e vice-versa. O trema não é acento, mas apoio fundamental para a pronúncia da letra "u" em situações de "que", "qui", "gue" e "gui". É recomendável o cancelamento do decreto. O idioma agradece.

    FECHASPAS

    Gostei das considerações sobre o conceito de afrodescendente. Corroboram a tese de que as quotas são discriminatórias.

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  7. Homerix,

    No âmbito das discussões sobre educação no Brasil, recomendo a leitura do texto do Flávio Comim, sobre o estudo do Instituto TIM/Círculo da Matemática do Brasil, que constatou a dura realidade que “...a população brasileira adulta não sabe o mínimo de matemática para tomar decisões adequadas no cotidiano...), na Folha de hoje, que poder ser apreciado no site http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2015/11/1700803-inuteis-em-matematica.shtml . Estou convencido desde há muitos anos que a excelência no ensino da matemática é um diferenciador do desenvolvimento intelectual desde tenra idade. Só não enxergam isso os responsáveis pela educação pública no Brasil, que conferem prioridade ao tema somente nos discursos políticos, expondo negativamente formação de gerações. Os orçamentos da “pátria educadora” que o digam.

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  8. HOMERIX...... o seu texto mexeu com idéias e interpretações... nada a acrescentar!!! apenas a corroborar intimamente,,,, com o que "concordo" ou "discordo".
    Paulus

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