Show de Paul McCartney
São Paulo – 22/11/2010
Parte 2 
 
Aqui, a Parte 1 
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Mais
 ou menos às 21:10 apareceram os sinais de que o show iria começar: os 
dois enormes telões laterais começaram a mostrar uma colagem de fotos, 
letras, imagens em movimento, que mostravam a carreira dos Beatles, e de
 Paul pós-beatle, tudo entremeado com música. Foi um ótimo aquecimento, o
 povo começou a cantarolar, mas especialmente aquela baixinha, que sabia
 TODAS e cantava com aquela vozinha, com uma animação tocante. O filme 
durou meia hora, quando então, a chuva parou!! Mais uma vez, como no 
primeiro dia de 1990, Paul mostra poderes de controlar o tempo. Com 10 
minutos perdoáveis de atraso, ele simplesmente invade o palco portando 
seu baixo Hofner, acompanhado de sua competentíssima banda, Rusty 
Anderson e Brian Ray nas guitarras e baixo, Paul Wickens noteclado e o 
fenomenal Abe Laboriel Jr. na bateria. Percebemos maravilhados que, à 
distãncia que estávamos, conseguíamos ver todos os detalhes do rosto de 
Paul, todos os seus trejeitos, que viriam a ser muitos ao longo do 
show. 
Depois
 do delírio inicial, com mostras explícitas de fanatismo de toda a 
multidão com sua presença, Paul começou a desfilar sua simpatia, logo no
 início, com um ‘Oi!’ e ‘Boa noite, São Paulo’ e ‘Boa noite, Brasil’.
 Isto se repetiria durante todo o show: perfeccionista que é, Paul não 
admitiria soar como falso. Seu português beirava a perfeição, em nada 
lembrando o fato de ser ele um inglês da gema. O a-com-til do nome da 
cidade estava perfeito, e o ‘r’ soavacomo tinha que ser. Voltarei a 
falar sobre isso em breve, mas agora, é SHOW TIME, ..... e que show!!!!
Pra
 começar, quando todos esperavam a repetição da abertura de domingo, com
 uma morna ‘Venus & Mars’, apropriada, sim, para o início de um show
 (Sitting in the stand of the sports arena Waiting for the show to Begin), mas morna, veio a surpresa. Quando ele deu o sinal, saiu do teclado um som de trompete que 'dizia':
Paaa pa ra
Paaa pa ra
Paaaaaa
(e a bateria….)
(e Paul convocando….)
Roll up, roll up for the Magical Mystery Tour!
Step right this way!
Aliás,
 já no primeiro Paaa pa ra, no primeiro acorde, a galera percebeu 
tratar-se dogrande sucesso beatle, e urrou desesperadamente, eu 
inclusive, de braços levantados ao alto em agradecimento. Parecia que 
John e George também estavam lá cantando, e nos convidando ...Roll up, roll up for the mistery tour ... e
 nós imediatamente aceitamos embarcar naquela viagem misteriosa e, 
principalmente, mágica, que duraria as próximas três horas, e que seria 
lembrada para sempre. No telão central, imagens coloridas e 
psicodélicas, como a capa do álbum que abria, no longínquo 1967. A coisa
 se repetiu, com igual ou menor intensidade mais de 30 vezes: o povo 
reconhecia no primeiro acorde a música que viria, e entrava em êxtase.
Antes
 da segunda música, Paul brincou ‘Tudo bem com a chuva?’, emendando com 
um espetacular ‘Chove Chuva’, logo acompanhado por nós com um ‘Chove Sem
 Parar’. E então, veio'Jet' grande sucesso de Paul, com uma letra 
incompreensível, o que no momento não tinha a menor importância, o que 
interessava era berrar ... Jet UuuUuuUuu Jet ..., e a terceira foi pra testar a estrutura das arquibancadas do Morumbi, quando ele pediu ... Close your eyes and I'll kiss you ..., mas não os fechamos, mantivemo-los bem abertos para não perder nenhum segundo daquela performance de 'All My Loving',
 o primeiro momento em que as lágrimas rolaram de meus olhos, 
confundindo-se em meu rosto com algumas poucas gotas dachuva que ainda 
insistia.
Foi
 neste momento que eu acedi ao pedido daquela pobre criatura atrás de 
mim, que continuava cantando tudo, inclusive a impenetrável letra de 
'Jet', virei pra ela e disse: 'Menina, você tá cantando tão bonitinho, tão dedicada, vai, vem pra frente!' e ela, quase chorando, me disse: 'Ai, obrigado, moço!'.
 Ela ficou ali umas duas ou três músicas, sempre cantando tudo, mas 
ainda não vendo quase nada, afinal, com menos de um metro e meio, ela 
vai sempre sofrer pra ver alguma coisa. Fiquei com ímpetos de 
levantá-la, mas não tinha nem intimidade nem coluna para isso. Depois, 
não a vi mais, até o fim do show quando ... bem, isso eu conto depois...
Aí veio uma McCartney Wings meia-bomba, 'Letting Go', mas executada bombasticamente bem, precedendo o espetacular naipe de metais de 'Got To Get You IntoMy Life', fake, por não haver nenhum metal no palco, mas espetacular, apesar de ter lamentado a exclusão de 'Drive My Car', que tocara no domingo. Em seguida, veio 'Highway',
 uma canção do Fireman, uma banda alternativa de Paul, e que 
surpreendentemente, teve seu refrão cantado pela galera, apesar de ser 
relativamente desconhecida para mim. Aí, Paul empunhou sua guitarra para
 rolar para nós seu ...heart, like a wheel... em 'Let Me Roll It',  emendando com uma homenagem a Jimmy Hendrix, executando com maestria o riff marcantee o solo de guitarra do mestre, em 'Foxy Lady' ... ele gosta de mostrar suas habilidades naguitarra de vez em quando, pra mostrar que sabe, como se ele precisasse disso.
emendando com uma homenagem a Jimmy Hendrix, executando com maestria o riff marcantee o solo de guitarra do mestre, em 'Foxy Lady' ... ele gosta de mostrar suas habilidades naguitarra de vez em quando, pra mostrar que sabe, como se ele precisasse disso. 
Nesse
 meio tempo, minha atenção também se voltara a um outro fanático que 
estava atrás de mim. Após a partida da baixinha, uma outra voz 
destacou-se, à minha direita, que cantava também tudo, e com um inglês 
perfeito. Olhei pra trás e era um guri imberbe, se esgoelando. Perguntei
 que idade tinha, mas quem respondeu foi a mãe dele, ao seu lado 
esquerdo, "13 ... sabe tudo, né?", toda orgulhosa. É im-pres-sio-nan-te a penetração que os Beatles tem na juventude, ainda hoje. E vai longe....
Veio então a primeira sessão ao piano, lá em cima, à direita, no palco. Antes de começar, mais um bate-papo com nóizinhos. "Tudo Bem?" e nós 64 mil, em uníssono, "Tuuudo!!!'" e ele, apercebendo-se do som igual, mestre que é nas rimas, soltou um "Tudo bem, in the rain?" e nós "Yeeeeaaahhhh".
 Brilhante! E começou com a canção das bexigas vermelhas lá da fila de 
entrada 'The Long And Winding Road' e nós, ali da frente, balançamos as 
ditas-cujasdurante todo o tempo, e merecemos de Paul um "Thank you very much, you're really great!!".
De
 nada, grande Paul, nós é que agradecemos sua abençoada presença entre 
nós. Depois, promoveu um pouco mais o re-lançamento do álbum 'Band On 
The Run', com uma ótima execução de '1985', segundo ele, "for the Wings fans", e entabulou um ‘Let'em In’,
 com todos os sinos e metais a que tínhamos direito, acompanhado no 
telão central por um filme em branco e preto que mostra uma invasão de 
pessoas em instalações públicas, como queaceitando o convite da canção, 
deixando todos entrarem, o máximo! Para completar a sessão, mais 
português "Eu escrevi esta música para minha gatinha Linda," e nós "Eeeeeh", e ele "mas,esta noite, ela é para todos os namorados!", e repetiu "namorados", fazendo um esforço enorme pra falar sem sotaque, e mandou ver a linda, para Linda, 'My Love’ ... Uou u uou ou, Uou u uou ou, my love does it good.....
Voltou ao seu baixo Hofner e cantou duas beatlesongs que não havia cantado no domingo, 'I'm Looking Through You' e 'Two Of Us', para meu extremo gáudio, pois prefiro-as a 'And I Love Her' e 'I've Just Seen A Face'
 que Paul cantou no primeira dia, e aí, finalmente, deu um descanso para
 a banda. Empunhou seu violão, e depois de mais um show de simpatia, com
 um “É bom estar de volta ao Brasil, terra da música linda!”, executou, solo, os difíceis e elaborados acordes e dedilhado de 'Blackbird', acompanhado de dezenas de milhares de fãs que "were only waiting for that moment to arrive", como vi num brilhante cartaz de um deles, e 'Here Today',
 uma canção que fez para John, e que provocou o único deslize da 
platéia, em minha opinião: quando a música adquire aquele ritmo um 
pouquinho mais acelerado, a platéia começou com uma bate-palmas 
absolutamente desnecessário, e que, pior,não parou quando a música 
retorna a seu trecho inicial. Aquilo era canção para se ouvir em 
respeitoso silêncio, no máximo com a difícil e tocante letra murmurada. 
Com as palmas, Paul nem se emocionou, como sempre acontece quando 
executa a canção e declara ...I love you... para
 o amigo perdido. Ou então, eu estava incomodado com as palmas e nem 
percebi o embargo da voz, que sempre acontece. Paul levou numa boa, mas 
deu uma leve reclamada, ao final, dizendo com ironia que as palmas são 
OK, quando no momento correto.
Volta a banda para mais carreira solo, com ‘Bluebird’,
 tocada pela primeira vez no Brasil, a 5ª mudança em relação ao 
repertório de domingo, desta vez um acréscimo puro e simples, ou seja, 
os privilegiados de 2ª feira tiveram o prazer de ouvir uma música a mais
 que os de domingo; ‘Dance Tonight’, esta última com Paul ao bandolim e 
com uma dancinha adorável do baterista, que a platéia saudou com um ‘Abe, Abe, Abe, Abe...”; e o super dançante, e pulante refrão ...Ho Hey Ho... de ‘Mrs. Vandebilt’,
 onde o velho Macca mostra que ainda está em forma, pulando junto com a 
platéia. Para a volta ao mundo beatle, desce então o baterista de seu 
pedestal e coloca-se à esquerda de Deus Pai, digo, de Sir Paul, 
paraajudar a cantar ... Ah, look at all the lonely people ..., saudando os solitários, como eram a pobre ‘Eleanor Rigby’
 e o Father McKenzie, vozes acompanhadas apenas e tão somente pelo 
teclado mágico de Paul Wickens, que simula uma orquestra de câmara com 
todos os seus instrumentos, pobre dos instrumentistas, que não são mais 
necessários.
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