Respondo, neste texto, a uma mensagem de um amigo que reclamava da imagem do Brasil lá fora. Tive que concordar, tamanhas são as ocorrências que corroboram a imagem, as CPIzzas e as mazelas dos três ‘podreres’.
Ofereci a ele em troca, entretanto, ao menos um motivo para se ter orgulho desta terra: Petrobras, a minha empresa!
Por mais que tenha o comando do governo e, portanto, ter uma cara estatal, a abertura do capital lááá atrás, e depois, o lançamento de ações na Bolsa de New York em 2000, fizeram com que nos ajustassem um chapéu privado à nossa cabeça. E ele coube direitinho!
Então, a associação de nossos dois chapéus (palavra ainda acentuada!) com nossas realizações, tornou-nos uma empresa muito respeitada lá fora, tanto pelo mundo estatal, como pelo mundo empresarial. Eu sou testemunha disso. Quando viajo, normalmente me olham com respeito pela empresa que represento, e quando não a conhecem (fato raro), exponho a empresa, mostrando seus impressionantes números e feitos, e o jogo vira pro nosso lado, rapidinho, mesmo com um nome que significa algo como ‘sutiãs de petróleo’, no idioma yankee. Não é nada sonoro! Um nosso ilustre ex-presidente tentou mudar o som, com a mudança do nosso nome para Petrobrax, e foi uma revolução, com protestos da sociedade, contra a desassociação do nome do país ao seu maior patrimônio. Mas ele está perdoado, pois foi ele quem deu uma cara empresarial, privada (sem associações maldosas, por favor!), à empresa, e abriu as portas do mundo ao Mundo Petrobras. A criação de uma gerência de relacionamento com investidores, com regras claras e transparentes para o efeito, foi a melhor mostra das intenções. Afinal, por que termos aquela fama de caixa-preta se temos tudo de bom a mostrar? Assim foi feito, e passamos a ganhar sucessivos prêmios de transparência, em nível mundial. E tudo associado a feitos fenomenais na área técnica.
Quis o Divino que cerca de 75% de nossas reservas de petróleo estivessem escondidas bem abaixo do fundo do mar, e com muito mais água que o normal, só para atrapalhar, impossibilitando o uso de estruturas fixas para sua produção. São as chamadas águas profundas e ultraprofundas. Fizemos a opção por desenvolver nossa própria tecnologia, desde as primeiras descobertas, em meados da década de 1970. Desde então, fomos batendo sucessivos recordes, em perfuração e produção, e nos tornamos merecedores da alcunha 'The Deep Water Company'. Foram realizados pesados investimentos em tecnologia, gerenciados por um Centro de Pesquisas sem par entre nossos pares, que tem mais de 20 frentes de desenvolvimento em toda a cadeia produtiva do petróleo, a serem atacadas por seu corpo técnico que conta hoje com mais de 700 mestres e PHD's.
Hoje, quando se ‘passeia’ de helicóptero no mar territorial fluminense (santas 200 milhas!), tem-se uma idéia da magnitude desse investimento. Afinal, com cerca de 40 plataformas fixas e flutuantes instaladas, de sua propriedade, a Petrobras é a maior do ramo offshore em todo o mundo, looonge da segunda colocada. Todo esse investimento possibilitou a conquista da autossuficiência com relação ao petróleo, em abril de 2006. E outro dia, rompemos a barreira dos dois milhões de barris por dia, extraídos de solo nacional.
E isso tudo foi antes das últimas descobertas na Bacia de Santos, que provocaram uma revolução na cara da empresa. No último dia 5 de fevereiro, completei 28 anos na empresa, e mandei um poema comemorativo a meus colegas contemporâneos, onde um trecho dizia:
Colaboramos com o crescimento
Desta empresa sem igual,
Que já merecia um monumento,
E agora ainda veio o Pré-Sal.
Diz-se por aqui que a Petrobras era uma empresa integrada, equilibrada, com perspectiva de um crescimento robusto, já invejável perante suas pares, bem diversificada, com ovos distribuídos em várias cestas, como manda a boa prática de gerenciamento de risco, quando, de repente, desembarcou, aterrissou, aportou, em cima de todas aquelas cestas, um outro ovo, um ovo de avestruz. Aliás, eu amplio um pouco, foi um ovo de Godzilla!
Se a taxa de sucesso exploratório da Petrobras já era uma das maiores do mundo, entre 50% e 60%, quando a média mundial gira entre 20% e 30%, ela ainda melhorou nesta nova era ‘pós-Pré-Sal’. Apenas 100% (ou seja, todos!) dos poços exploratórios, que tiveram a camada Pré-Sal como alvo, revelaram-se portadores de óleo ou gás, desde o pioneiro poço descobridor!
A magnitude das reservas já descobertas, e por descobrir, na camada inferior ao sal muda tudo, não apenas na área de Exploração e Produção que foi a responsável pela descoberta. Muda o negócio de Refino, que tem que se preparar para receber aquela produção toda ou parte dela. Muda o tamanho da Engenharia, que gerenciará projeto e construção, seja aqui ou lá fora, tanto das instalações de produção como das refinarias que virão, experimentando um aumento de atividade sem precedentes. Muda a cara da Comercialização, que tem que se planejar para exportar aquele petróleo todo ou parte dele, ou ainda, alternativamente, os derivados que venham a ser produzidos pelas novas refinarias. E há que se determinar o ponto de equilíbrio ótimo entre todas as alternativas. Muda o negócio Internacional, pois agora teremos que ter mais foco, buscar oportunidades no exterior visando este novo horizonte que conhecemos como ninguém, e nos prepararmos para colocar esse excesso todo no exterior, sem perdas. Muda o negócio de Gás e Energia, pois junto com aquele petróleo todo, vem muito gás associado. E aquele gás todo hoje é um problema, pois os campos estão muito distantes da terra (até mais que as duzentas milhas!), tornando a construção de gasodutos praticamente inviável, e como gás não se acumula facilmente em navios simples, como o petróleo, a comercialização daquela gasosa riqueza requer muita imaginação e ousadia. Enfim, como o desafio é a nossa energia, estamos aí pra isso!
Outra mudança muito importante está na área de recursos humanos. Hoje, somos uma empresa de 50 mil empregados. Para aproveitar aquela riqueza toda, teremos que nos transformar em uma empresa de 50 mil engenheiros!!! Bem, na verdade, este é o número de profissionais de engenharia que se estima necessário para desenvolver toda a reserva do pré-sal, hoje estimada em 90 bilhões de barris, que estará em mãos de diversas companhias, mas majoritariamente, da Petrobras.
Isso tudo nos torna a empresa de petróleo com o maior potencial de crescimento no mundo, e o segundo colocado está looonge. Acabamos de divulgar nosso plano estratégico 2009-2013, com números de previsão de investimento e produção que balançaram o mercado. Num cenário de crise, prometemos investir 180 bilhões de dólares nos cinco anos (e não parando por aí), o que nos levará a produzir mais de quatro (4!!) milhões de barris por dia, de óleo e gás equivalente, aqui e lá fora, em 2015, e mais de cinco (5!!!!) milhões em 2020, deixando o segundo colocado ainda mais looonge!
Bem, melhor parar por aqui! Poderia continuar por páginas e páginas, mas penso que o já escrito deve ser suficiente para você ter ao menos uma coisa a se orgulhar em Terra Brasilis.
Seguimos adiante!!!