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sexta-feira, 6 de junho de 2008

AWoL - Ensino para Todas as Raças.

Conversei com colegas que estavam vivendo suas experiências daquele modo de vida, e pude compartilhar com eles as vividas por mim e por outros colegas que lá estiveram. O sistema de ensino excepcional que atende a todos, sem distinção de nacionalidade, renda, origem, o raça. Se bem que nestes últimos quesitos, fica claro o preconceito, apesar do direito oferecido. Ocorre a distinção, a começar na classificação ao se fazer a matrícula, em que se procura separar por grupos étnicos, e o problema e que misturam raça com origem. Há os 'hispanic', os 'asian', ‘native americans’ - os índios, os ‘caucasians’, os ‘african-americans’, fica difícil posicionar a nós, humildes brasileiros,   que somos brancos mas não somos do 'cáucaso', somos negros ou mulatos mas não 'african-american', somos nisseis, mas não 'asian'. A dificuldade é grande e tem os que se auto-classificando como 'others'. Depois, tem-se que agüentar as estatísticas de desempenho de seus filhos, separadas pelos mesmos grupos étnicos, fazer o quê.
A escola pública é de ótimo nível, e só vai para a escola particular quem pode pagar, e não gosta do convívio de suas crianças com gente de classes inferiores, ou mesmo, se não quer saber de mistura com gente de outros países. Ressalte-se que todos são bem tratados, venham daonde venham, há até mesmo programas para os recém-chegados que ainda não dominam a língua inglesa, o ESL – English as a Second Language. Como foram os meus filhos, assim que chegaram lá.
Colegas recém-chegados passaram pelo desespero inicial da criança, acostumada a ter uma sala da turma onde permanece aguardando os professores das diversas matérias, e encontra um esquema exatamente ao contrário, com turmas se movimentando em busca da sala do professor da matéria, numa balbúrdia imensa a cada intervalo, mas logo se acostumando, pois além de usar a agitação da troca de salas para espantar o sono, reconhece logo que, didaticamente, é bastante conveniente o professor dispor de uma sala só para a sua matéria, já pronta com cartazes e aparelhagem destinados a aumentar o conteúdo da aula.
Neste quesito chegada, tive um episódio interessante. Antes da descrição, uma constatação: se você está direito, as coisas acontecem direito, e rápido. Cheguei aqui de mala e cuia, com a família, no dia ZERO, matriculei meus filhos no dia UM, e eles foram à escola no dia DOIS. Claro que eu estava com a documentação toda em dia, currículo escolar traduzido oficialmente, atestados de vacina preenchidos, enfim, tudo nos conformes. Bem foi assim, fácil, mas na noite do dia DOIS, encontrei meus dois filhos chorando em casa. Eles demoraram muito a se acostumarem: TRÊS dias inteiros. Na tarde do dia CINCO, um sábado, estava com meu filho no game-room (outra instituição americana), jogando ping-pong (numa mesa que foi minha primeira aquisição naquelas terras, com o primeiro desafio do do-it-yourself ao montá-la) quando, logo antes de dar um saque, meu filho apoiou a raquete na mesa e disse: 
“Sabe, pai, acho que vamos ser felizes aqui!”. 
Não preciso dizer que os olhos marejaram imediatamente, assim como estão agora, ao escrever estas linhas.

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