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quinta-feira, 10 de outubro de 2019

É Legal Ser Negão no Senegal

Hoje, a seleção brasileira levou um calor senegalês.
Em homenagem a eles, relembro minha experiência no país em 2006 
Eles têm transições democráticas, 
são bem vistos pela comunidade internacional.
E de 2013 para cá, vêm crescendo acima de 6% a.a.

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Sanque em praça pública? É possível, permitido e oficializado em alguns lugares do planeta, e sem muitos traumas. Uma sólida introdução, antes de chegar ao tema...

O título deste ensaio, nada original, roubo-o de uma música de Chico César por ser sonoro, e por ser um pouco a expressão da verdade. Não sou um especialista em África, mas posso dizer que aquele é um país que tem futuro. Visitei o Senegal em 2006, a trabalho (claro!). Foi o sexto país africano que visitei, e me deixou boa impressão. Foram somente dois dias em Dakar, portanto, não se espere um diagnóstico vasto e preciso. E calma, o país está longe de ser uma Namíbia, que a colonização alemã deixou mais ou menos em ordem, “limpinho, nem parece África!”, como nosso politicamente incorreto ex-presidente falou ao lá chegar. Os senegaleses continuam sendo pobres, mas têm alguma perspectiva. Ou seja, não é a melhor coisa do mundo, mas é legal.
Senegal é aquele país na pontinha mais ocidental da África, e sua capital Dakar, localiza-se bem na tal pontinha, é o ponto africano mais próximo da América do Sul. Ponto estratégico, meio caminho entre este continente e a Europa, Dakar foi por muito tempo utilizada como ponto de reabastecimento em viagens de avião entre os dois continentes. Seu mapa político é muito interessante, pois aparece uma língua mais para o sul, que não é Senegal, e sim outro país, Gâmbia, ao redor do rio do mesmo nome. Se observar-se bem o mapa, o conjunto Senegal / Gâmbia assemelha-se ao rosto de uma velha, de perfil, olhando para o oeste, sendo o nariz a pontinha de Dakar, e o traço da boca, Gâmbia. Interessante que notei isso logo de cara, e falei a meus interlocutores, que acharam o máximo, nunca haviam percebido, nem mesmo os locais.  Etnicamente, são exatamente o mesmo povo e falam exatamente a mesma língua nativa, o Uolof, mas por resquícios da colonização, na “boca” fala-se o inglês, no “resto do rosto”, o francês. Aliás, a configuração lingüística desta minha missão foi bastante confusa: acompanhava-me um italiano, num país de língua francesa, com os negócios sendo tratados na língua do petróleo, que é o inglês, que bom, pois não falo a língua do biquinho, mas tentava un peu, com as 17 palavras de meu vocabulário francês, e ainda arriscava de vez em quando um italiano nas conversas com meu camarada, e quando eu não sabia a palavra correta, ia buscar lá no espanhol. Então, uma verdadeira salada!
Sempre que chego a um país africano,lembro-me da saudação padrão de nosso gerente geral da Nigéria, que ele mandava por email a todos os viajantes da empresa para o seu querido país, que, entre outros conselhos, dizia: “Se, por acaso, você não tiver sido encontrado (por um agente da empresa) depois de passar pelo check-out de bagagens, não saia do aeroporto em hipótese alguma. Da mesma forma, nem pense em pegar um táxi, pois correrá risco de vida.” .... pausa para suspiro ...

       No aeroporto de Dakar, entretanto, você não sente o assédio das pessoas querendo vender algum tipo de serviço. Você passa pela alfândega, direitinho, sem visto (se tiver Passaporte de Serviço), não tem ninguém querendo extorquir dinheiro. Você pede uma informação, o sujeito dá, sem pedir nada em troca, você pega sua mala, não aparece ninguém querendo ajudar, passa a mala num raio-x, portanto sem niguém querendo abrir pra ver “se tem alguma coisa interessante” pra achacar. Ou seja, não tem que ter os famosos “cem dólahh” no bolso, pronto pra facilitar as coisas. Com relação à arquitetura, o terminal de desembarque ainda tem a cara “This is Africa”, meio caído, já o terminal de  embarque é todo novo, informatizado, cheio de mármores e luzes, como qualquer outro aeroporto decente. Poderiam ter começado a reforma pelo outro, que já seria um excelente cartão de visitas.
Na saída do aeroporto, você acaba se lembrando que está na África, um monte de desocupados zanzando, mas ninguém nos assediou, fomos direto ao ‘shuttle’ do hotel, passando por meio deles. No caminho, era de noite, mas já deu pra perceber que a cidade está em obras, um prédio aqui, outro ali sendo construído, mas também, ainda muitas ruas sem calçada, marca registrada africana. Ao longo dos dois dias, presenciamos largas autopistas e viadutos em construção. Por outro lado, andamos também por ruas de terra, que o motorista que nos levava usava para cortar caminho e escapar dos engarrafamentos provocados pelas obras e por outro motivo sobre o qual falarei mais adiante (mééé). Sim, ruas de terra, mas nada que se compare ao que eu presenciei no Chade, paupérrimo país centro-africano, sem mar, em que andei mais da metade do tempo em ruas de terra: nem mesmo a rua na frente do aeroporto merece o tratamento. Calma, as pistas para descida dos aviões são de asfalto, e na verdade, formam um percentual importante para o país, que tem menos de 500 km de asfaltamento.
A outra parte daquela mesma simpática nota que mencionei lá em cima, falava da malária. Dizia: “A malária é uma doença endêmica na África, e pode se manifestar em duas formas: malária recorrente, tipo amazônica, e malária do sangue, conhecida como malária cerebral. A malária cerebral é a mais comum na Nigéria, e pode matar, por hemorragia no cérebro, em até 72 horas..... pausa para suspiro ...

       Deveras tranqüilizador, não? No Senegal, a coisa não é tão catastrófica assim, têm incidência apenas em partes do ano, mas, como alerta a nota, é uma endemia. E, se existe a expressão “calor senegalês” é porque certamente, tem épocas do ano em que faz um calor bem propício para a proliferação dos mosquitos.
O Senegal é um país com 95% de muçulmanos, mas com total tolerância religiosa, havendo casos de membros de uma mesma família com religiões diferentes. Não são, portanto, radicais. As mulheres andam com roupa ocidental, ou não, é opção delas. A poligamia é tolerada, mas a maior parte dos casais segue a monogamia. Mantém as cinco rezas diárias voltadas para Meca, a obrigação de visitá-la uma vez na vida, enfim e outros costumes, um dos quais, eu falarei adiante (mééé). Muito do esforço de construção que presenciamos é por conta de uma conferência da comunidade islâmica internacional que acontecerá em Dakar em 2008. Mas muito também da atual política imposta pelo presidente e equipe, no poder desde 2000, de investimento para o futuro.
Tivemos oportunidade de conhecer o Ministro da Energia, o motivo de nossa visita ao país, onde tínhamos sociedade com uma companhia italiana na exploração de um bloco offshore. Trata-se de uma figura imponente, energética, alto, jovem, de forte personalidade, que nos recebeu em elegante traje muçulmano (e chinelos). Fora recentemente empossado, fruto da nova composição política do governo, depois da reeleição, mais ou menos o que está a ocorrer por aqui. Vindo da área financeira, estudou e trabalhou em Londres em posições de comando. Nos últimos quatro anos, era presidente da estatal de energia elétrica, e agora subiu de posto.  A reunião foi brevemente interrompida logo no início, quando adentrou a sala o Ministro de Estado da Justiça, que foi recebido pelo nosso ministro com extrema reverência. Apresentou-nos a ele, dando o devido destaque à nossa empresa, e mostrou que sabe das dificuldades e dos custos da atual indústria do petróleo, em uma breve conversa com o ilustre intruso, antes de pedir muitas desculpas e mostrar-nos a porta da sala, explicando que uma visita daquelas não pode ser adiada. Depois ficamos sabendo das duas categorias de ministro: os de Estado, das grandes pastas, pessoas de grande experiência e proximidade com o presidente; e os normais como o nosso alto interlocutor, num nível inferior. Não temos correspondência aqui, mas não duvido nada que a nossa então super-ministra poderia interromper reunião de qualquer outro de nossos ministros menores. 

        Quando voltamos à sala, reiterou as desculpas pela interrupção. Enquanto tratávamos de nosso assunto, desfilava uma impressionante sequência de números, contando seus planos para o país. O país estava sendo reconstruído, como percebemos nas ruas. Seu conhecimento de finanças faz com que consiga altas somas de financiamentos externos (citou muitas cifras). O que mais impressionou foi quando disse que estão plantando o futuro, dedicando 40% (!!) do orçamento nacional para educação e 10% (!!) para a saúde. Que tal? Parece até mesmo um certo país de dimensões continentais que conhecemos aqui do outro lado do Atlântico, não? Bem, na verdade, aqui não precisamos disso tudo, temos excelentes resultados nos concursos internacionais de matemática e ciências....
Tem planos de longo prazo. A comunidade financeira internacional gosta disso e vem se mostrando disposta a ajudar, abrindo os cofres. Agrada também o fato de ser um país sem conflitos étnicos, com tolerância religiosa. O ministro diz que a mãe e a irmã dele são cristãs. No campo da riqueza, não quer cometer o erro de Angola e Nigéria, que gastam o que Deus (ou Allah) lhes deu em luxo para poucos, enquanto a população sofre. Eles sabem que terão petróleo, mas não querem esperar por ele e estão investindo pesado em infra-estrutura. O ministro é um workaólico, que trabalha das oito da manhã às 11 da noite, quando vai pra casa cuidar de sua “small family”, palavras dele, dormindo no máximo quatro horas por noite. Sua citação lembrou-me Napoleão, que dizia: duas horas de sono são suficientes para os comandantes, quatro horas para os comandados, e oito horas para os idiotas (ainda bem que estou mais pro meio!). 

       Contou que o Presidente, apesar de seus 82 anos, também tem esse pique, só que vai até as duas da manhã todos os dias. Disse que foram companheiros de luta e juntos ficaram na prisão, por mais de um ano. Disse que sua luta agora é contra o tempo. Diz: “We have a country to run!”. Não admite que se viaje dois dias para ter reunião em um e se retorne somente no dia seguinte: ele viaja de noite, passa o dia em reuniões e volta na noite seguinte. Reuniões em países árabes, aproveita para marcá-las em fins de semana, que são dias normais naqueles países. Quando volta, segue o ritmo normal de trabalho. Não há tempo a perder. Só falta Allah dar uma ajudazinha com o petróleo. E estávamos lá para ser Sua mão. Inshallah!
O petróleo é a dádiva divina que falta ao Senegal, mas abunda em Nigéria e Angola. Este nosso irmão de língua portuguesa tem a riqueza já desde a década de setenta, mas sofreu durante mais de 25 anos com a guerra civil. Agora é finda a guerra, eles têm a sorte de serem poucos (pouco mais de 12 milhões de habitantes), os recursos estão aparecendo, o país está crescendo a dois dígitos, mas grassa vez por outra um certo hábito no alto escalão, que faz com que a distribuição não seja lá muito equânime. O país segue tendo a maior taxa de mortalidade infantil do mundo. A Nigéria descobriu petróleo há mais tempo, já teve o seu auge, coincidentemente com o título de país mais corrupto do mundo. A atual administração quer acabar com a pecha, mas agora tem que distribuir riqueza por mais de 150 milhões de almas, concentradas numa área pouco maior que o estado de Mato Grosso (veja, sem incluir o do Sul). A pobreza é generalizada, há conflitos étnicos e uma religião não suporta a outra. Deu pra perceber a situação inversa de nossos amigos senegaleses?
Agora, a razão do mééé. Não é a 'marvada' pinguinha, como alguns apreciadores carinhosamente a chamam. Trata-se do som que mais ouvi em Dakar. Logo no primeiro translado entre o hotel e a estatal senegalesa, notei a presença nas ruas, em cada terreno baldio, ou em frente às casas, um pequeno acúmulo de cabras, ou em pé, ou deitadas em cima das outras, sendo movidas pra lá e pra cá, algumas teimosas sendo arrastadas. A cena ia se repetindo ao longo do caminho, de todo o caminho, quando o carro andava por ruas menores. Uma coisa impressionante! Na volta para o hotel, que começou às 18:00 horas, já anoitecendo, a cena continuava, agora sob a luz do luar, umas poucas de iluminação pública e das próprias luzes dos automóveis. Um número incalculável de cabras. Acho que vi seguramente muito mais cabra que gente. Aquela volta para o hotel demorou duas horas: era cabra atravessando rua, empacando na frente dos carros, sendo arrastadas. Aqui, temos o cabra da peste; lá, era uma peste de cabras. Acho que vi umas 10 mil, por baixo.
A explicação para esse movimento todo remonta aos tempos de Abrahão. Aquele profeta existiu antes da separação entre as três grandes religiões monoteístas de hoje: judeus, católicos e muçulmanos veneram Abrahão como um dos pais de sua religião. Diz a lenda que, para testar a fé do profeta, Deus ordenou a Abrahão que sacrificasse seu filho Isaac. O profeta não pensou duas vezes, pegou da espada, levantou-a sobre a cabeça do filho, e quando ia desferir o golpe, um anjo o impediu. Deus considerou prova de fé suficiente, e aceitou o sacrifício de um cordeiro em troca. E ele assim o fez, cortando a jugular do pobre bichinho, certamente no meio de um mééé. Pois é, a data é celebrada todos os anos, pelos muçulmanos, a Festa do Sacrifício. 

       Cada chefe de família repete o gesto de Abrahão, a Sunna, ali mesmo, no meio da rua. Faz parte do ritual a preparação da carne, depois de tirar a pele e os internos, que será dividida em três partes e dada aos pobres, aos parentes e para  a própria família ao longo da semana seguinte. Como nem todos têm animais, as últimas semanas antes da festa são tomadas pelo comércio, daí a enormidade de caprinos que invadiu as ruas, vindas do campo, num mercado a céu aberto.  Outros países muçulmanos também seguem o costume, Líbia e Paquistão, por exemplo. Pelo que soube, não precisa ser cabra, pode ser ovelha, boi, enfim, pobres sacrificandos!
Felizmente, a linhagem cristã de Abrahão não celebra aquele momento máximo de comprovação de fé. Acho que os judeus também não o fazem. E, felizmente também, o dia do sacrifício era exatamente um dia depois, quando havia saído do país. Trata-se de um costume, na minha opinião, meio incompatível com um país que quer ser moderno. Por outro lado, como se trata de uma tradição milenar, aliás, de vários milênios, é uma coisa impossível de ser revertida. Passa de geração para geração, os meninos sonham com o dia em que farão a sua primeira degola.


Que bom que a coisa iria acontecer apenas no dia seguinte, o 17 de novembro.

Enfim, esse era o recado. Claro que o Senegal não é uma Brastemp, mas certamente estava-se traçando o caminho para se tornar. À época...

O feriado religioso é móvel. Neste ano da graça de 2011, ele acontecerá no próximo domingo dia 6 de novembro...


Mééé

16 comentários:

  1. Oi Homero,
    ando atolada de trabalho, daí meu sumiço.
    Concordo. O texto anexado é realmente um de seus melhores.

    Meu abraço carinhoso

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  3. Até hoje, dentro das pessoas que conheço, nunca ninguém tinha ido ao Senegal... agora conheço um!!!
    Seu diário de bordo está bem melhor do que o do Zeca Camargo!

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  4. Muito bom o seu texto sobre o Senegal. Naturalmente não é nenhuma brastemp. Se fosse, então não seria tão quente. Lembro-me quando era garoto que meu avô, ao referir-se ao calor intenso dos verões paulistas, costumava dizer: "está fazendo um calor senegalesco". Só não sei dizer se algum dia ele passou por lá. Eu, ainda não.

    Aquele abraço,

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  5. Chefe Homero

    Gostei imensamente da história do Senegal.

    Muito legal mesmo.

    Sds

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  6. Gostei muito do texto sobre o Senegal. Como você mesmo disse, uma de suas melhores obras.

    Quanto ao título -- Deve ser legal ser negão no Senegal --, me fez lembrar da Copa do Mundo de 2002. Foi exatamente essa a manchete de um jornal do Rio depois do jogo de abertura -- Senegal 1 x França 0. O jornal estava exultante (como todos nós no Brasil) com a derrota da França, em consequência da triste final de 1998...

    Grande abraço,

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  7. Sim, Roldão, o título não é original e eu admito isso logo de cara. A manchete também foi baseada em Chico César, e eu, no texto só esclareci a dúvida (Deve Ser) e concluí (É)...

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  8. Parabéns pelo texto, muito rico pelo conteúdo cultural. Foi um prazer ler e aprender.

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  9. Caro Homerix,

    Passados 3 2/12 anos de seu testemunho, valia a pena uma atualizaçãozinha com o seu amigo Ministro. Estariam conseguindo educar todo o país ?? As cidades estão se tornando mais infraestruturalmente modernas ?

    Seu carinho e cuidado ao descrever o país, me fazem torcer que sim. Espero podermos ajudá-los da forma como melhor sabemos fazer.

    RR.

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  10. Fiquei com a sensação de que agora conheço o Senegal.

    A propósito, outro amigo meu tem dito que "É legal ser negão na Alemanha!" Segundo ele, a experiência está sendo ótima.

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  11. Pai, se o costume no Senegal fosse sacrificar cabras e jogá-las mortas na calçada, aí seria realmente brutal. Mas eles não matam por matar. Eles doam a carne para os pobres comerem. Aqui no Brasil as pessoas também matam animais para comer. A diferença é que a maioria das pessoas não testemunha e não pratica o ato. A gente já compra pronto no supermercado ou na feira.

    Não vejo diferença alguma.

    A barbaridade está em matar animais para comer, sem necessidade. Isso em qualquer país do mundo. Não só no Senegal. E por isso algum dia eu ainda vou virar vegetariana.

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  12. Homero, excelente texto. Gostei muito do "peste de cabras" ao invés de "cabras da peste". Me parece que o aeroporto de Dakar já deve ser melhor que o nosso Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro.
    Então o feriado deste ano coincide com o aniversário do nosso amigo Gico.
    Armando Bulgarow.

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  13. Muito bom o texto. Espero realmente que os dirigentes de lá tenham a determinação de transformar o Senegal em uma nação de verdade. Quem passa pela experiência da Nigéria se pergunta como aquele país existe. Até na missa tem oração contra a corrupção...

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  14. Homerix,
    Muito boa sua nota. Essa nossa vida de petroleiro nos expõe a vivenciar diferentes cantos, com seus encantos e desencantos. Vivenciar diferentes culturas, que nos oferece a oportunidade de ampliar o espectro do conhecimento. O Senegal ainda não foi contemplado com as riquezas do petróleo, mas as evidências da sua presença estão lá. Há dois campos terrestres de gás em reservatórios do Cretáceo Superior Diam Niadio e Gadiaga. Há uma acumulação marítima meridional, próxima da fronteira com a Guiné Bissau, o Dome Flore, em reservatórios do Terciário e que conteriam mais de 500 MMBO in-place de óleo pesado.

    Quanto a Angola, nos anos setentas da década passada, que você citou, o país já era uma realidade petrolífera. Na verdade, Angola inaugurou a sua indústria do petróleo em meados dos anos cinqüentas. O campo Benfica, na porção emersa da Bacia do Kwanza, foi descoberto pela Petrofina em 1955. A partir de então outras descobertas surgiram nos anos subseqüentes: Cacuaco 1958, Galinda 1959... Os anos sessentas foram prolíficos em descobertas: Tobias 1961, limba 1965, Mulenvos 1966, Quenguela 1968, os gigantes Malongo N & S 1966 pela Cabinda Gulf offshore Cabinda, Malongo SW 1969... Em 1969, a Petrobras, antes de inaugurar a sua fase de exploração marítima, foi buscar inspiração e analogias nas descobertas da costa oeste da África, através de visitas do geólogo Haroldo Asmus, ao Gabão e Angola.

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  15. Qdo comecei a ler tinha a expectativa de saber se eles comiam ou não comiam a carne do animal sacrificado. Como entendi que a carne é consumida, me pareceu só um jeito diferente de abate.

    Pior é quando vão comendo o bicho aos pouquinhos, mantendo-o vivo. Corta uma perna, sutura e estanca o sangue. Depois corta a outra, e assim por diante. Isso é uma forma inteligente de conservar a carne, mas um tanto cruel, tenho que concordoar.

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  16. Muito interessante, instrutivo e divertido! Você escreve muito bem, parece até a sua filha (ou foi ela que aprendeu com você?) Você devia escrever um livro! Abraços, Marco Antonio G. Dias

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