Publicação de 9 de dezembro de 2019.
Neste momento estamos em meio à campanha para doações para 2024.
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Neste domingo, participei de uma experiência abençoada.
Eu e Neusa participamos de uma caravana a Piraí, aqui no interior do Estado do Rio, logo ali após a subida da Serra das Araras. Nosso carro estava cheio de sacolas para meninos. Um segundo carro, com Guilherme e Ângela, tinha sacolas para meninas.
Ao chegarmos ao portal de Piraí, lá pelas 10 da manhã, lá estavam nossos condutores, Coité, Dayse e seu pai, parceiros moradores da região, que nos levariam aos locais de entrega de felicidade, além de Romilda e esposo, que vieram de Resende, especialmente para compor a caravana, que subiu a três veículos. Sem eles, nada do que viria, seria possível! Saímos pela estrada pelo asfalto, mas não entramos pela cidade, e de repente estávamos em estradas de terra. Que bom que estava um dia lindo, senão seria difícil ficar se desvencilhando de lama.
Daí, não vimos mais asfalto até o início da noite, quando só então, demos o processo por encerrado, sem tempo de experimentar o charme do local, com quase todas as 110 sacolas entregues. Voltamos ao asfalto, só então parando para 'almoçar', no último restaurante antes da serra. Depois, mais duas horas de viagem e entrega das caravaneiras acompanhantes em seus endereços, e chegar em casa às 10 da noite, e desabar no sofá, um dia que começara às 7:30, quando saímos de casa rumo ao ponto de encontro, na Seara de Amor e Luz, na Rua da Passagem, para abastecermos os carros, fazermos a prece de encaminhamento e sairmos para a luta.
Daí, não vimos mais asfalto até o início da noite, quando só então, demos o processo por encerrado, sem tempo de experimentar o charme do local, com quase todas as 110 sacolas entregues. Voltamos ao asfalto, só então parando para 'almoçar', no último restaurante antes da serra. Depois, mais duas horas de viagem e entrega das caravaneiras acompanhantes em seus endereços, e chegar em casa às 10 da noite, e desabar no sofá, um dia que começara às 7:30, quando saímos de casa rumo ao ponto de encontro, na Seara de Amor e Luz, na Rua da Passagem, para abastecermos os carros, fazermos a prece de encaminhamento e sairmos para a luta.
E Madureira, Acari, Ramos e Jardim Gramacho, no Rio |
A maioria das outras caravanas já tinha destinos definidos (um ou dois em cada lugar), selecionados por um trabalho prévio, em instituições, em ONGs, em comunidades, com agentes locais, normalmente pastores ou padres, ou líderes comunitários, que pesquisaram antes o número de crianças, que gênero, que idade, que condição, então as sacolas já iam com nome da criança e nome da mãe, e elas eram chamadas a um ponto de encontro, ou no templo ou num galpão, e então se fazia a entrega.
A nossa caravana era diferente, ela não tinha endereços definidos, então nossa chegada era surpresa absoluta, ninguém era avisado. A caravana de Governador Portela também era em estradas. Nosso objetivo era 'catar criança' pelas estradas, e nossa felicidade ao encontrá-las, imensa! Após a chegada a Piraí, foram oito horas de poeira, identificação de 'oportunidade', que podia ser uma criança, ou grupo de crianças, o que provocava êxtase nos caravaneiros, ou mesmo uma casa ao longe com roupa de criança estendida no varal, e aí começava a rotina de parar o carro, descer e perguntar: 'Ó de casa!!', 'Tem criança aí?', 'Que idade?', 'Tem grávida?', 'Apareçam aqui!', e quando chegavam, começava a busca pela sacola correta, menino/menina/idade, a felicidade ao encontrar, entregar, testemunhar a felicidade, abraçar, se emocionar, registrar, uma rotina abençoada...
Romilda, o faro |
A admirar-se o faro da parceira Romilda que, de repente, saía do carro, no meio do nada, sem razão aparente, mas logo depois vislumbrava-se uma porteira, uma ponte, um buraco aonde havia uma casa, às vezes de pau-a-pique, escondida do mato da estrada, de onde aparecia uma mãe, com uma criança a tiracolo. Quase invariavelmente, as crianças vinham acompanhadas de cachorros, muitos cachorros, esses,sim, invariavelmente, muito magros.
Vivi - Neusa - Cláudia |
Entre uma parada e outra foi que ouvi de uma das nossas caravaneiras o título deste texto. A jovem e brilhante palestrante Vivi, em meio à celebração por mais uma entrega bem sucedida e sorrisos auferidos de crianças e parentes, ela lembrou, emocionada:
'É isso que Chico Xavier
nos ensinou a experimentar,
o privilégio de servir!',
ao que uma lágrima desceu de meus olhos. Tanto ela como a outra companheira Cláudia são experientes em ações do tipo, já participaram de ajudas a moradores de rua, e outras do gênero, muito amor no coração.Jurema, Nazaré, Odiléa, Yvelize e Neusa |
Cada sacola continha uma roupa completa (short ou saia ou conjunto, cueca ou calcinha, camiseta, vestido e um calçado), classificado por idade (1 a 10 anos), brinquedo (bola, de capão ou plástico, carrinho, boneca, boneco, jogos) balas, bolacha (ou biscoito?), e um kit de higiene (pasta e escova de dentes, sabonete, pente). Nas sacolas de bebês, a serem entregues às grávidas, fraldas, cueiros, roupinhas de bebês, kit de higiene, mamadeira e outros itens. Eram 5 sacolas de 1 a 10 anos para meninos, outras 5 para meninas, e 10 para bebês. Foi desta última categoria que mais sobraram sacolas, e mais umas poucas das idades menores, o que denota que estão chegando menos crianças neste mundão, se bem que uma delas tinha uma criança no colo e levava em seu ventre o décimo filho, ai, ai ai....
Bem, mesmo assim, as sacolas não entregues de nossa aventura (muito poucas) ficaram com os nossos guias da região, que se comprometeram a reorganizar as que haviam sido desmembradas para atender a necessidades específicas de alguma criança, e distribuí-las até o Natal.
Acresça-se que os amigos também trouxeram presentes no porta-malas, embrulhadinhos com capricho, que muito serviram mais para o final do dia, quando às vezes tinha criança mas não tinha a sacola apropriada ao gênero e idade!
Além de estarem municiados com frutas, sanduíches, salgados, água (com gás, eeeehh!!) e outras coisas que ajudaram a enganar nossa fome!!! Não podíamos desperdiçar uma hora para voltar ao asfalto e almoçar... isso refletiria em 15 sacolas a menos de felicidade!
Além de estarem municiados com frutas, sanduíches, salgados, água (com gás, eeeehh!!) e outras coisas que ajudaram a enganar nossa fome!!! Não podíamos desperdiçar uma hora para voltar ao asfalto e almoçar... isso refletiria em 15 sacolas a menos de felicidade!
Poxa, que dia foi esse?!
Nem fiquei triste em perder o melhor jogo do meu time no campeonato, onde carimbamos a faixa do campeão com um sonoro 4x0 ... mas pude ouvir, e vibrar, no rádio do carro!! Vai, Santooooos!!! Foi mais um motivo para complementar a felicidade de um dos melhores dias de minha vida!!!
Senti-me com um Papai Noel, nossos carros como trenós, os cavalos do motor como as renas, os anõezinhos fabricantes de brinquedos como as voluntárias alimentadoras das sacolas, no setor da Seara não à toa conhecido como
Fábrica de Felicidade
Uma verdadeira bênção!