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sexta-feira, 12 de julho de 2024

Parabéns, Ringo Starr - 84 anos


Ringo Starr faz 84 anos hoje.

Preparei uma homenagem a ele, dando-lhe o devido valor

Muitas vezes vilipendiado por detratores.

Foi uma dívida antiga que eu tinha com ele!

Foi em 2020, quando virou octagenário!

Ele segue ativo, em excursão!

Fi-la em capítulos, conforme abaixo listados, pra quem preferir...

Mas depois estará o texto completo!




Parabéns, Ringo Starr!


Um post meu que deu muita repercussão no Facebook dizia:

Quando os Beatles terminaram, o mais velho deles não tinha 30 anos!

O motivo, claro, era como conseguiram fazer tanto, em tão pouco tempo, e ainda terem suas obras reverberadas até hoje, tal, mas o ponto deste post não é esse. 
Minha primeira questão para vocês é:

1. Quem era o mais velho dos Beatles, QUEM, QUEMQUEM?
FOTO ATUAL!!!



Claro que já saberão, por causa do título mas DUVIDEODÓ que a maioria acertaria, se fosse num teste.
 
Ringo Starr completa hoje 84 anos. 
Parabéns, Ringão!!!  
Peace and Love!!!
O segundo mais velho era John, nasceu em 9 de outubro de 1940. 
O terceiro mais velho era Paul, nasceu em 18 de junho de 1942. 
O mais novo era George, nasceu em 25 de fevereiro de 1943.
Ringo vai comemorar seus 84 anos como sempre, incitando as pessoas em qualquer canto do mundo a pararem ao meio-dia e gritarem Peace and Love fazendo dois sinais de Paz e Amor, sua marca registrada.
Estejam atentos, quinta-feira  (214) Ringo Starr's Birthday Update 2022 - YouTube

2. Quem é o mais novo Beatle, QUEM, QUEMQUEM?
De novo, amigo, é o Ringão!!!  
John era líder de uma banda (os Quarrymen), quando chamou Paul (6 de julho de 1957, O Dia Que Mudou o Mundo), que depois chamou seu amigo George (6 de fevereiro de 1958), e os três decidiram por chamar Ringo, num episódio que contei neste link, que discute QUANDO os Beatles começaram de fato. Entretanto, como sei que dificilmente as pessoas clicam nos links internos, transcrevo aqui:
Num certo de 6 de junho de 1962, ainda com Pete Best na bateria, os Beatles estiveram na EMI, com George Martin, que aliás nem os ouviu ao vivo, ficou só na fita, mas enxergou longe, adorou o carisma dos rapazes, assinou contrato, mas recomendou que trouxessem outro baterista. E somente aí, apareceu a chance de Ringo. Já era o melhor baterista de Liverpool (era o único dos quatro que tinha um carro), astro da banda Rory Storm and The Hurricanes (foto), era claro que John e Paul o queriam na banda. Fizeram o convite, ele se manteve nas duas bandas por um tempo, até que, num 22 de agosto de 1962, assumiu as baquetas da bateria Beatle, para nunca mais largá-las, exceto num par de três ou quatro breves ocasiões, por saúde, férias ou briguinhas... The Beatles estavam completos!
Pra mim, os Beatles, que já adotaram esse nome em 1960, só começaram de fato quando Ringo chegou.... portanto, os 60 anos chagaram em 2020!!! Rumo aos setentanos!!

3. Qual Beatle compôs menos canções, QUAL, QUALQUAL?

Sim, amigo, de novo nosso querido Ringão. Também, era difícil competir com John e Paul (que compuseram 162 canções) e com George (responsável por 22). Ringo tentava, mas sempre que apresentava suas propostas de ‘originais’, os mais produtivos começavam a cantarolar a canção de quem ele plagiou, não podia.

Quatro canções têm o crédito Starkey (seu nome é Richard Starkey), mas na vera mesmo, considero apenas Octopus´s Garden, e Don´t Pass Me By como sendo de sua autoria. Das outras duas, uma é claramente uma concessão de Lennon, What Goes On, porque ele sugeriu uma frase ou outra, tenho até uma candidata, e também a cantou muito bem, e outra é uma Jam Session instrumental, Flying. Mais detalhes sobre elas, é so clicar em seus nomes aqui acima:




Mesmo assim, amigo, ele compôs infinitas mais canções que Charlie Watts, baterista dos Rolling Stones, John Bonham, do Led Zeppelin, que não compuseram nenhuma canção sozinhos, e igual número de Nick Mason, do Pink Floyd!!! GRANDE RINGÃO!!!!

Além disso, teve uma carreira solo bem legal, que um dia, falo dela!!!


4. Qual Beatle cantou menos canções, QUAL, QUALQUAL?

Novamente, nosso campeão octogenário. (aqui também vale... para mais detalhes sobre a canção, é só clicar no nome dela!) 

Além das que compôs, John fez a linda canção de ninar Good Night especialmente para Ringo cantar pra seu (de John) filho Julian, então com 5 anos, e Paul uma pra aproveitar sua condição de ‘menos aquinhoado’ cantor, adaptando o tom para seu menor alcance, With a Little Help From My Friends, e juntamente com John, para aproveitar seu sucesso com as crianças, Yellow Submarine.  E John e Paul deram-lhe ainda  I Wanna Be Your Man, uma canção que eles haviam dado de presente para os Rolling Stones terem seu primeiro sucesso. Resumindo:



E, claro, teve ótimas interpretações de covers. 




Boys é minha cover preferida dele, desde criança, quando a ouvi no LP Beatles Again, que foi lançado só no Brasil, com canções dos primeiros LP's e compactos dos Beatles, ah como eu ouvi aquele disco.

Em apenas dois dos 13 LP's dos Beatles, Ringo não faz um ‘lead vocal’, A Hard Day's Night - 1964 e Let It Be, 1970.

Procura pra ver se os bateristas dos Rolling Stones, The Who, Led Zeppelin, Pink Floyd, U2, Aerosmith cantaram 'lead vocal' alguma canção em qualquer álbum de suas bandas!! Procura!! Mas procura sentado!!

5. Qual Beatle não completou a educação formal, QUAL, QUAL, QUAL? 

Sua infância em Dingle, bairo pobre de Liverpool
 Sim, amigo, sempre ele, e não foi por causa de leseira, não, se bem que sua infância bem pode ser comparada a um cenário de pobreza de Charles Dickens, como lembrou Bob Spitz, um grande biógrafo, recomendo o livro (link). 
Filho único de pais separados, com a mãe trabalhando como faxineira e depois garçonete, teve ainda uma saúde bastante fragilizada. Nem bem completou 7 anos, teve uma apendicite que complicou para uma peritonite que o deixou em coma por 15 dias, à beira da morte, e o obrigou a ficar internado por um ano inteiro, atrasando seu aprendizado.  
Uma vizinha da família lhe tutorava duas vezes por semana, ele aprendia bem, quase alcançou e nível dos demais mas, aos 13 anos, chegou-lhe uma tuberculose que o internou num sanatório por outros dois anos!!! Uau!
Seus amigos o apelidaram de Lázaro! 
Nunca mais voltou à escola... mas isso não o impediu de ter um bom nível intelectual e se tornar destaque não só por seu desempenho como instrumentista.

6. Qual era o Beatle mais engraçado,  QUAL, QUALQUAL? 
A classificação abaixo é a que mais frequentemente se aplica aos rapazes de Liverpool, desde aqueles gloriosos anos.

John era o Smart Beatle, 
          Paul era o Cute Beatle, 
                    George era o Quiet Beatle,

Mas Ringo era o Funny Beatle!
Todos tiveram seus ótimos momentos em entrevistas, mas Ringo se destacava e associava com a linguagem corporal, com suas leves caretas, com seus movimentos de cabeça enquanto tocava seu instrumento, além do que seu nariz pronunciado, que certamente contribuía para a graça!! 

Três de suas respostas quando chegaram à América são até hoje lembradas.

"How do you find America?"
"Turn left at Greenland.”
"How do you like America?" 
“America? It's like Britain, only with buttons.”
“What do you think of Beethoven”
“Great, especially his poetry”

Isso, além de seu tino para a comédia, estampado nos dois primeiros filmes de banda de rock da história. Em “A Hard Day’s Night’, todos fazem caras e bocas e palhaçadas, mas apenas Ringo tem uma cena longa, de três minutos, em que seu personagem se perde do grupo e se mete em encrencas, ao som da linda This Boy que era cantada em disco pelos outros três em perfeita harmonia vocal tripla, mas no filme era uma instrumental feita por George Martin, e que, aliás, nem fez parte da trilha sonora. E em “HELP”, por causa desse histrionismo natural, é Ringo quem usa o famoso anel vermelho, objetivo da seita maluca que persegue o quarteto nos quatro cantos da Terra... Ah, ia me esquecendo que até no desenho animado “Yellow Submarine” é Ringo quem se perde, apertando um botão que não deveria, até ser encontrado na terra dos Blue Meanies.

7. Qual Beatle se casou com uma Bond Girl, QUAL, QUALQUAL?

Sim, amigo, super Ringão não é pra qualquer um, não!! E era Barbara Bach, a linda morena que encantou o James Bond de Roger Moore em "O Espião Que Me Amava", considerada por muitos como a mais bonita de todas. E completaram 43 anos de casados neste ano (falo mais deles adiante). E tem com ela uma fundação beneficente com muitos serviços prestados! 

Antes Ringo se casou com Maureen Cox, sua namoradinha raiz de Liverpool, em 1965, já grávida de Zak, que herdou (e alguns dizem que superou) as artes do pai e é, hoje, o baterista do The Who. Ringo ficou com ela por 10 anos. Teve outras duas filhas, já tem oito netos e já é bisavô
Contribuiu para a separação uma traição que eu conto neste link sobre ‘As Cometências dos Beatles’..... mas como também eu sei que poucos abrem os links internos, aqui vai a transcrição do episódio: 
“Maureen entretanto, também foi saidinha, e teve um caso com ninguém menos que George Harrison (muy amigo, que sacana!), veja só. Até John ficou espantado, e disse que isso era quase um incesto. Ringo, quando soube, ficou abalado, mas disse ao amigo traidor: 'Ao menos, foi com você!'.”

 

8. Qual Beatle fez carreira de ator após o fim da banda, QUAL, QUALQUAL?
Claro, não poderia deixar de ser, nosso eclético Ringo Starr!  .... John até fez um filme (“How I Won The War”, de humor negro, mas sem sucesso comercial) ainda na época dos Beatles, mas Ringo já mostrava seu tino nos filmes da banda lançados na década de 1960, como falei acima. Veja como é o início do verbete dele na Wikipedia: 
Sir Richard Starkey Kt, MBE (Liverpool, 7 de julho de 1940), mais conhecido pelo seu nome artístico Ringo Starr, é um músico, compositor e ATOR britânico, que ganhou fama como baterista dos Beatles. 
Ele investiu mesmo na carreira, com algum sucesso comercial. Participou, como protagonista ou co-adjuvante em mais de 10 filmes. Era considerado um ótimo ator, um natural! Fez dublagens. Narrou um programa infantil  e  como ator em uma temporada da série spin-off do programa, pelo qual ganhou até indicação a um prêmio Emmy. 
Pode-se dizer que ele cumpriu parte da profecia da canção que gravou em HELP, veja parte da letra: 
They're gonna put me in the movies
They're gonna make a big star out of me
We'll make a film about a man that's sad and lonely
And all I gotta do is act naturall

 

Well, I'll bet you I'm gonna be a big star
Might win an Oscar, you can never tell
The movies gonna make me a big star
'Cause I can play the part so well 
Seu grande sucesso como ator, entretanto, e para a vida, foi seu encontro com Barbara Bach nas gravações de Caveman em 1980. Foi com ela a New York para ficar com Yoko, um dia depois que John foi assassinado. Ele foi o único Beatle a fazê-lo!  Casaram-se no ano seguinte, estando juntos até hoje, para o bem e para o mal, afinal ela juntou-se a ele no vício do álcool, e internaram-se juntos em rehab sete anos depois, por seis semanas, deu certo e estão clean há décadas!

 9.  Qual era o Beatle mais baixo, QUAL, QUAL, QUAL?
Ói o Ringo aí outra vez, geeente!
John, Paul e George tinham ao redor de 1,79 metro enquanto nosso Ringão ficava quase 10 centímetros lá embaixo. A similaridade dos três da linha de frente trouxe um charme especial para as apresentações ao vivo, mas Ringo criou uma peça de palco que o deixava acima deles. Inspirado pelas fãs que o adoravam, foi ele o primeiro baterista a colocar seu instrumento em cima de um tablado, de maneira que fosse visto por elas!! 
E esse seu movimento causou um de muitos evento do tipo ‘antes-e-depois dos Beatles’. A bateria Ludwig, com aquele logotipo aparecendo ao vivo para 73 milhões de americanos no Ed Sullivan show, mais a adoção formal de Ringo da marca fábrica americana  fechar aquele ano com o dobro de vendas e os próximos 20 anos como líder no mercado americano de baterias... tanto que o próprio Ludwig fez questão de presentear Ringo com uma bateria revestida a ouro! 
.... e já que falamos de bateria ....


10. Qual Beatle era canhoto, QUAL, QUALQUAL,

                    mas tocava seu instrumento para destros (peguei!)?


Hehehe, reconheço que apelei.... mas é fato.  
Paul era canhoto e usava seus baixos e guitarras apropriados para canhotos, com as cordas e acionamentos invertidos, já Ringo tocava bateria de destros, o que ajudou a criar um estilo único, admirado por seus colegas bateristas, que não se cansam de exaltá-lo. Alguns deles ficam se perguntando até hoje como canções como “Rain”, “Tomorrow Never Knows”, “Come Together”, “Something” e outras foram executadas. Podem procurar no YouTube alguns ‘isolated drums’ para admirar!!  
Além disso, ele tinha uma noção de ritmo como poucos, que foi fundamental para as gravações e shows ao vivo, se bem que com o tremendo barulho das fãs, ele admitiu que às vezes precisava se orientar pelo movimento das bundas dos amigos... 
Não foi em 100% dos shows dos Beatles que Ringo atuou como baterista. Apareceu uma amigdalite (a saúde novamente...) nas vésperas de uma turnê internacional em 1964, e tiveram que chamar um certo Jimmy Nicol, que teve que aprender tudo em poucas horas, para 12 shows. Ringo não gostou nada disso, mas depois se recuperou rápido e foi para o final da excursão na Austrália, chegou numa manhã bem cedinho e os outros Beatles nem puderam se despedir do novato, que levou um cheque de 500 libras e um relógio de ouro com um agradecimento gravado.  
Não foi em 100% das gravações que Ringo atuou como baterista. Nas sessões do Álbum Branco, ele se sentiu meio jogado e abandonou a banda, para retorno triunfal alguns dias depois. Nesse meio tempo, Paul levou a batera na importantíssima Back In The USSR e também em Dear Prudence, canções que abrem o LP. Noutra ocasião, John voltou da lua de mel inspirado e apenas Paul estava em Londres, e gravaram só os dois The Ballad of John & Yoko. 
Nos 8 anos de gravações em Abbey Road, não chegaram a uma dúzia o número de vezes que um take foi interrompido por conta de uma falha do baterista, isso é, uma eficiência memorável. Conta-nos Mark Lewisohn, que teve acesso a todos os registros da EMI.
Para finalizar, foi só na gravação da última música (The End) do último LP (Abbey Road) que Ringo teve uma chance de fazer um daqueles solos, que frequentemente os bateristas fazem de vez em quando em outras bandas, para sentir o gostinho do protagonismo, e o fez para entrar na história, ficou magnífico!!
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Após a sessão de testes com uma resposta única, finalizo com um conjunto de informações adicionais sobre o querido beatle narigudo.

Poderia, por exemplo, adicionar mais uma questão nos moldes das outras, por exemplo, 

‘Qual Beatle recebia mais cartas, qual, qual, qual’ ... e a resposta seria a mesma.
Teve uma época, principalmente por volta da época dos filmes, Ringão, muuuito popular! Especialmente nos Estados Unidos onte até ganhou uma canção chamada Ringo For President!

Quer outra? ‘Qual é o Beatle mais zoado, qual, qual, qual’, coisital... e a resposta seria a mesma.
Ringo paga o preço por ser o último a chegar, por compor pouco e ficar subjugado, calouro junto a três veteranos, sendo dois deles dois luminares inalcançáveis. Vê, por exemplo, os Beatles eram uma banda em que a gente tratava seus nomes com intimidade, aliás, poucas bandas têm os nomes de seus integrantes todos conhecidos e falados. Porém, vejam COMO sempre falamos: É John, Paul, George e Ringo .... captou? ... vou repetir ... John, Paul, George....  E Ringo.... percebem, é como se fosse uma entidade formada, estabelecida E Ringo, aquele que chegou depois. Por vezes, ele até se sentia como se fosse um instrumentista contratado, mas logo os outros deixaram-no como um igual, fundamental para o sucesso do grupo. 
Os detratores dizem que ele só está lá por ser rabudo, por estar no lugar certo, na hora certa, mas vocês já viram por todas as respostas do teste, que está muito longe disso. Até me recuso a reproduzir aqui as gozações que falam por aí a respeito... aliás, mais respeito, por favor, ao falar de Sir Ringo Starr.

Um aspecto pitoresco de sua presença, foram as frases despretensiosas que se tornaram marcos da história Beatle. Ao menos três, destaco aqui:

  1. Filmagens do primeiro filme dos Beatles, 1964, ainda sem nome, dia cansativo, chega a noite, Ringo senta-se numa daquelas cadeiras de Diretor e fala pros outros: “It’s been a hard day... ’s night!”. John, que estava distraído, ouviu, olhou pra Paul, e disse: “That’s the name!” E foi pra casa e compôs a música, que depois Paul complementou, e virou o nome do disco e do filme.
  2. Dia de gravações do álbum Revolver, 1966, Ringo havia feito um espetacular arranjo para uma canção de John chamada “The Void”, e num papo com os demais sobre a vida, soltou uma frase nunca antes falada: “Ah... tomorrow never knows...”. Pronto! “The Void” virou “Tomorrow Never Knows” uma revolucionária, marcando definitivamente a virada da carreira deles.
  3. Discutia-se o nome do último disco, e como seria sua capa, ideias pululavam, com fotos tiradas no Everest, Pirâmides do Egito, Coliseu, falava-se em altos custos, mas Ringo não estava querendo arriscar-se em lugares exóticos, que o obrigariam a comer feijão enlatado de novo, como fizera na Índia um ano antes, e soltou um: “Oh, come on!! Let’s cross the street and call it Abbey Road!!”. Era 1969, e aquele disco seria o último dos Beatles e aquela capa, a mais famosa capa de disco de todos os tempos, ao custo de poucos milhares de libras.


Quer mais uma questão do tipo quem, quem, quem, então toma.... quem foi o mais afável dos quatro? Sim, claro, super Ringo. 
Jamais deixou de aceitar um convite pra participar dos shows solidários, por exemplo, logo após o fim da banda, George, pioneiro, fez o Concerto para Bangladesh, Ringo foi, Paul e John não. Ringo era o único que não via problemas em Yoko Ono. A única vez que os Beatles se encontraram durante a década de 1970 foi na casa de Ringo. E ele foi o único a se abalar de onde estava pra dar conforto pra Yoko e Sean Lennon, naquele fatídico dia, enquanto Paul e George não foram. Ringo teve em seus trabalhos solo, contribuições de John, Paul e George, para nenhum dos outros aconteceu isto. Ringo estava no leito de morte de Maureen, mesmo separado dela. Ringo estava ao lado de George nos últimos dias dele neste plano, ou quase, esteve sempre presente. Enfim, o chamado cara legal.

Mais uma, tipo Rádio Relógio? Qual o único Beatle a dar nome a um planeta? Sim, até isso! É o planeta menor 4150 Starr, descoberto em 1984 por um astrônomo fã. Depois dele, Paul ganhou o nome de um astro, mas era um asteróide. Planeta? Só Ringão!

Sua carreira solo, de altos e baixos, teve ao menos três hits N°1 na parada americana, sendo duas composições dele Photograph e It Don’t Come Easy. Foram 20 álbuns gravados em 50 anos por diversas gravadoras, e um com uma coletânea, Blast From Your Past, que eu tenho e é sensacional, que tem além das duas citadas, You’re Sixteen (outra N°1, cover sensacional), No-No Song (divertidíssima, em que conta todos os vícios dele, que não tem mais), I’m The Greatest (de John Lennon, espetacular), além de outras, um disco que eu recomendo para aqueles que querem ter somente um disco de Ringo Starr. (a foto da capa é tremida mesmo!)

Ringo ficou sem apresentar-se ao vivo até 1989, quando um amigo lhe deu uma ideia: junte os amigos e saia pelo mundo! E Ringo criou a primeira ‘All Starr Band’. Chamou instrumentistas que estavam com pouca atividade, ou até já haviam terminado suas carreiras e foi pro palco. Foi um sucesso! Desde então foi uma excursão a cada dois anos, E a do momento é a de número 16. Gente grande participou das bandas, como Peter Frampton, John Entwisthle (The Who), Joe Walsh (Eagles), Roger Hodgson (Supertramp), Billy Preston, e também tinha convidados dos locais por onde passavam, gente como Bruce Springsteen, Slash (Guns & Roses), Steven Tyler (Aerosmith), era uma festa. Seu filho Zak também participou, antes de se firmar como baterista do The Who. No setlist, invariavelmente, as principais canções que cantou como Beatle, e seus grandes sucessos solo, e canções dos convidados. Lá no final do post, pra não prejudicar o andamento aqui, está toda (quase) a história de edições da 'Ringo Star and his All Starr Band. Não achei a lista atualizada, mas neste momento está em tour.... foram de maio até junho e depois voltam em setembro até outubro. Dividem com ele o palco, ex integrandes de Men At Work, Kansas, Eletric Light Orchestra e Toto, dentre outros)

Bem ou mal, Ringo Starr fez o suficiente para mantê-lo como sexto músico mais rico do Reino Unido, com um patrimônio de 260 milhões de libras, 20 milhões a mais que o ano anterior. (numa atualização, hoje estaria com US$ 350 MM)

Decerto, o baterista mais rico do planeta!!!

Precisa mais que isso para celebrá-lo?

Quem diria que um menino pobre, que esteve em coma, e ficou internado em hospitais por 3 anos de sua infância e adolescência chegaria aonde chegou!!

Acho mesmo que o destino está lhe devolvendo com juros e muita saúde, o tempo que ele perdeu em infância... 


Salve Ringo ‘Lázaro’ Starr 
84 anos


sábado, 6 de julho de 2024

Rock, Parceria e Poesia


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Há 67 anos ocorreu um encontro que iria mudar o mundo
Que bom que eu já estava a caminho, na barriga de minha mãe ...
para poder testemunhar tudo aquilo que eles proporcionaram.
Caso prefiram o Audio Blog, cliquem abaixo...
O texto está logo depois!!
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O texto, que foi feito em 1998,
e tem uma incorreção, que alertarei na locação.

Muitos, com certeza, já ouviram falar da parceira Lennon/McCartney mesmo não sendo fãs dos Beatles. Responsáveis pela composição por quase 90% das músicas autorais da banda, John Lennon e Paul McCartney certamente colocaram seus nomes na lista de TopTen Composers de qualquer especialista em música, incluindo os mais reticentes. Uns poucos exagerados da imprensa especializada da década de 60 diziam que Lennon e McCartney eram os melhores compositores desde Schubert (!!).
Esta parceria começou graças a um desprendimento de John, claro que associado a uma visão de futuro privilegiada. John, em sua costumeira modéstia, desde pequeno sabia que seria grande. Sempre foi o líder dos grupos em que se metia, para o bem ou para o mal. E líder ele era dos Quarrymen, uma banda de adolescentes ingleses que tocavam rock em variados lugares de Liverpool, inclusive em pátios de igrejas. E foi num pátio de igreja, na tarde de 6 julho de 1957, que ele foi apresentado a Paul por um amigo comum (de nome Ivan Vaughn *, a quem nós, amantes dos Beatles, agradecemos imensamente). Paul mostrou na guitarra seu conhecimento sobre o rock americano (John se impressionou por Twenty Flight Rock) e também trechos de composições suas. De imediato, John percebeu que estava diante de um igual. Nas 24 horas seguintes, ficou matutando, com seu imensurável ego, o dilema de continuar como estrela solitária, ou deixar seu brilho ser ofuscado pela presença de um outro talento no grupo. Quiseram os deuses do rock que ele optasse pela última, e assim criou-se a semente do sucesso dos Beatles. Depois, em 8 de fevereiro de 1958, Paul trouxe George Harrison e, por último, chegou Ringo Starr, em 18 de agosto de 1962, já nas vésperas da gravação do primeiro disco. O resto é história... um pouco da qual, conto aqui!
(*) Ivan era amigo de infância de John e colega de Paul, e tocava aquele escorredor de roupa do skiffle no Quarrymen, mas não era sempre. Os dois Beatles nunca se esqueceram dele, inclusive o colocaram na folha de pagamento da Apple por algum tempo, num projeto que não foi adiante. Outra ligação de Ivan com os Beatles foi por sua esposa Jan, professora de Francês, que foi contratada para sentar-se com Paul e John para ajudar nas partes no idioma da canção Michelle, de Rubber Soul, 1965. Ivan era nascido no mesmo dia/mês/ano de Paul e morreu cedo, aos 51 anos, de pneumonia.

John e Paul começaram a compor juntos e logo viram que, apesar dos estilos diferentes, a afinidade era grande. Tanta que chegaram logo cedo a um acordo de parceria: fosse John ou Paul o verdadeiro autor de uma canção, a autoria oficial seria declarada como de Lennon/McCartney. No começo, Paul tentou sugerir uma ordem diferente, algumas canções chegaram a ser registradas como McCartney/Lennon, mas a liderança de John acabou prevalecendo. Este tipo de acordo foi repetido por inúmeras duplas famosas, inclusive a nossa tupiniquim Roberto e Erasmo Carlos. O acordo só veio a se desmanchar com o fim dos Beatles.
Os dois amigos tinham uma capacidade para compor invejável. Conta a história que, num encontro com um certo Michael Jagger, amigo das noitadas em Londres, este último reclamava que não tinha uma música suficientemente boa para gravar seu primeiro disco. Diz a lenda que os dois se retiraram do ambiente por 10 minutos e, ao retornarem, entregaram a Mick aquela que seria o primeiro sucesso dos Rolling Stones: I Wanna Be Your Man. Claro que a canção está longe de ser uma obra-prima, nem poderia se exigir mais (*). Em outro episódio, à época da filmagem de seu primeiro longa-metragem, deram outra mostra dessa capacidade. O filme tinha o título baseado num suspiro de Ringo Starr após um dia intenso de filmagens: Well, it's been hard day...’s night! Os produtores ainda tinham título. John falou o tradicional: É esse, deixa comigo! …. E foi para casa. Na manhã seguinte, mostrou o que tinha conseguido a Paul, que cantou o middle eightWhen I’m home, everything seems to be right …”. E entregaram A Hard Day’s Night, aquela que seria um de seus maiores sucessos. Um terceiro episódio (há dezenas deles): Paul conta que sonhou com a melodia de Yesterday, acordou, e achou tão linda que duvidou da própria arte, e foi conferir, com John, com George, com o outro George, até que se convenceu que era uma McCartney original, e foi buscar a letra. Ocorre que, a única coisa que lhe vinha à mente, ao invés do famoso “Yes-ter-day .... All my troubles seemed so far way ” era “Scram-bled-eggs .. oh my darling how I like your legs....”. Claro que, rapidamente, ele colocou uma letra mais apropriada e concluiu aquela que seria a canção mais re-gravada de todos os tempos. Nesta última, John pouco contribuiu, se é que...
(*) Não foi num bar, foi num táxi, 
conto melhor o episódio aqui, neste post
Aquele acordo de parceria fez com que muitos pensassem que todas as canções com o rótulo Lennon/ McCartney fossem compostas sempre por John e por Paul em um trabalho conjunto. Isto, na verdade, somente aconteceu nos primeiros anos da dupla e mesmo assim, somente em algumas poucas canções (She Loves You, I Wanna Hold Your Hand, Do You Want To Know A Secret?, From Me To You, Please, Please Me, This Boy), e uma ou outra quando estavam mais maduros (With a Little Help From My Friends e A Day in The Life). Nas demais, o trabalho é 100% individual, no máximo um dava um palpite num verso aqui, uma sugestão numa harmonia ali, etc. Havia uma disputa saudável entre os dois: um usava o outro como estímulo para compor cada vez mais e melhor e não ficar para trás na preferência dos fãs.
Quando se tem um pouco mais de familiaridade com as músicas dos Beatles, logo se percebe quem fez qual música:

·  O primeiro sinal é o cantor: geralmente quem compôs, canta a voz principal na gravação. E, com um pouco de treino auditivo, você distingue a voz mais ácida de John da voz mais suave de Paul... uma ótima exceção é Eight Days a Week, que é mais de Paul do que John, mas é este quem canta;

·   Se, ainda assim está difícil, vá pelo estilo: Paul é mais baladeiro, John mais roqueiro. Claro que há exceções memoráveis. Algumas das mais bonitas baladas dos Beatles, como In My Life, Good Night, Girl, Norwegian Wood, são de John e alguns dos rocks mais dançantes, como I’m Down, Birthday, Can’t Buy Me Love, Back In The USSR, Helter Skelter (este, pra lá de pesado!), são de Paul;

·    Se o estilo musical não foi suficiente pra definir, em canções românticas, vá pela letra: Paul é mais up beat, otimista, como em Another Girl, All Together Now, Getting Better, Good Day Sunshine, Hello Good Bye, Penny Lane; John é mais down, pessimista, como em Run For Your Life, I Don’t Want to Spoil the Party, No Reply, I’m So Tired (muitas vezes descambando para a “Corno Music”) e ainda passando por crises existenciais como em I’m a Loser, Yer Blues ou Help;

·    Se a canção não é romântica, aqui vai uma dica: Paul adora contar histórias, repare em Obladi Oblada, Rocky Raccoon (inesquecível honky tonky piano), Maxwell’s Silver Hammer, Paperback Writer, She’s Leaving Home, (esta, uma verdadeira obra-prima!); John tinha algumas mensagens a dar, como em All You Need is Love, Revolution e The Word e ainda viajava junto com as drogas em canções como em Lucy In The Sky Wiith The Diamonds, I Am The Walrus, Rain e Tomorrow Never Knows. Além disso, adorava se inspirar em posters de propaganda como em For The Benefit Of Mr. Kite ou em notícias ou anúncios de jornal como em A Day In The Life (cuja idéia central era dele, com participação de Paul, ao final - Woke up, got out the bed ...) e Happiness Is A Warm Gun;

·      Se nada disso funcionou, vá ao detalhe da poesia:
John adorava os jogos de palavras como em ….
      “It won’t be long, till I belong to you”,
de It Won´t Be Long
      “Please, please me oooh yeah like I please you”,
de Please Please Me
      I get high when I see you go by, my oh my.
       When you sigh, my, my inside just    dies, butterflies.
       Why am I so shy when I’m beside you”, 
de It´s Only Love
        “Everybody is green, cause I’m the one who won your love”
de You Can´t Do That
       “Oh Dear, what can I do, baby’s in black and I’m feeling blue
de Baby´s In Black

Paul procurava rimas ricas, como em …
                “Though the days are few, thei’re filled with tears
                and since I lost you, it feels like years
           de You Won´t See Me
           ou métricas especiais como em
          “Hey Jude, don’t make it BAD,
           take a SADsong and make it better!
                  Remember to let her into you HEART
                  Then you can START to make it better
Hey Jude, don’t be AFRAID,
          you were MADE to go out and get her!
                 The minute you let her under your SKIN
                 Then you BEGIN to make it better
          Hey Jude, don’t let me DOWN,
          you have FOUN, her now go and get her”
de Hey Jude

Enfim, como são cerca de 180 canções, haverá sempre exceções aqui e ali em que regras serão quebradas. E, na verdade, nem interessava saber de quem era qual música. O importante, realmente, é o conjunto da obra. A perfeita harmonia vocal dos dois (muitas vezes com a ajuda de George Harrison), juntamente com as inovações técnicas (muitas vezes com a ajuda de George Martin), contribuía para que o verdadeiro autor se tornasse um detalhe desnecessário.
As desavenças normais que acontecem em 90% das bandas depois de longo tempo de convivência acabaram por distanciar um do outro, sem, entretanto, diminuir o nível de suas composições. E, com o final dos Beatles, cada um seguiu seu rumo, em carreira solo, sempre produzindo boas canções. John continuou mandando mensagens, as melhores delas em Imagine, e Working Class Hero, e revelando crises existenciais como em Mother. Paul continuou sendo up beat como em Coming Up e seguiu contando suas historinhas como em Another Day. Devido ao seu melhor tino comercial (ainda que sendo algumas vezes execrado por isto), Paul teve mais retorno financeiro que John. Este, por seu lado, era mais bem recebido pela crítica do que Paul. Além disso, devido às desavenças mal resolvidas, trocavam farpas musicais, como a Too Many People de Paul respondida duramente por John em How Do You Sleep?, que foi educadamente respondida por Paul com Dear Friend. Em 1973, ele e Paul fizeram as pazes, este foi visitar aquele em seu exílio na Califórnia, enfim.
Porém o tempo não foi suficiente para que voltassem a reviver a velha e profícua parceria, a mais famosa da história da música. Não foi suficiente, pois John foi assassinado. E naquele dia, 8 de dezembro de 1980, na última conversa que teve com um repórter, a declaração foi sobre o grande amigo. Perguntado sobre seu relacionamento com Paul, já ‘off the record’, a caminho do estúdio onde faria sua última gravação, John disse:

Paul is my brother!
You know, as a family we always had ups and downs.
But at the end of the day, there is nothing that I wouldn't do for him
and I'm sure it's vice-versa!

..... pausa para o choro .....


Paul prestou uma última homenagem ao amigo, em 1982, com a canção Here Today, linda, linda, tocante, e ele a tem interpretado, acompanhado apenas ao violão, em todos os seus recentes shows, sempre com a voz embargada.
And if I say,
I really knew you well what would your answer be?
If you were here today

Ooh- Ooh- Ooh, here to-day.

Well knowing you,
you'd probably laugh and say that we were world's apart.
If you were here today

Ooh- Ooh- Ooh, here to-day.

But as for me,
I still remember how it was before,
and I am holding back these tears no more

Ooh- Ooh Ooh, I love you, Ooh.

Como se vê, Paul abre seu coração e admite como faz falta o velho amigo, e se lembra de como era antes, na época em que eles mudaram o mundo. 

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Mais textos sobre Paul McCartney no link abaixo:
 http://blogdohomerix.blogspot.com.br/2012/06/paul-mccartney-70.html