A mídia está cheia de regras para profissões ou situações e por vezes as coloca na categoria de Mandamentos. Então existem "Os 10 Mandamentos do Professor,", "Os 10 Mandamentos do Preguiçoso", os "10 Mandamentos do Político Honesto" (estes raramente obedecidos), enfim, tem pra tudo.
Nessa nossa nova atividade de divulgação literária emergiu a necessidade de inclusão de apenas um mandamento aos 10 originais já existentes. No íntimo dos novos escritores, que necessitam de vendas para firmarem suas posições, urge que se acresca um 11º mandamento:
Ou então, seu corolário:
Pra quando o 11º Mandamento não é obedecido..
Hehehe, brincadeira, viu?!
Claro que o que importa é que o livro seja lido e admirado e disseminado. E claro também que a definição de empréstimo requer que o livro mude de residência. Quando o livro é lido por um membro da família que reside no mesmo local do comprador, não se caracteriza um empréstimo, propriamente dito.
Mas veja se não tem um certo sentido? O jovem escritor tem uma idéia, mantém caderninho para anotar idéias novas, desenvolve um projeto de livro, faz pesquisa, estuda línguas indígenas, do Brasil e da África, sotaques regionais, de Estados e Países, folclores locais, faz laboratório, com o objetivo de fazer uma obra coerente, historicamente amarrada, caprichada, dedica suas noites e fins de semana à escrita, às vezes até pede demissão de seu emprego para poder terminar seu sonho, termina um calhamaço de 380 páginas A4, espaçamento comum Fonte 10, batalha editora, sofre com o preconceito com novos escritores, até que encontra uma que se disponha, mas sem risco, a apostar em seus escritos, fica irritado com as revisões, fica nervoso com as idéias de capa iniciais, faz sinopse pra contra-capa, faz prólogo, faz agradecimentos, escolhe um trecho do livro pra ficar numa orelha, faz biografia para a outra, finalmente vê seu livro pronto, lindo, 550 páginas, 650 gramas de peso, 5 anos depois da idéia inicial,
cria página no orkut, cria página no Facebook, cria conta no twiter, cria perfis de personagens para interagir com leitores, passa dias divulgando sua obra, mostrando seu valor para que seja comprada, finalmente convence que o livro seja comprado, o leitor compra, às vezes nem lê, ou lê e gosta, e depois de tudo isso, EMPRESTA o livro para um amigo ler, e esse amigo lê,
Pior ainda é se o livro está com dedicatória do autor!!!
Note-se que uma situação de perdão é quando o destinatário não tem condições de comprar um livro pra chamar de seu!
E veja uma interessante variação:
Nessa nossa nova atividade de divulgação literária emergiu a necessidade de inclusão de apenas um mandamento aos 10 originais já existentes. No íntimo dos novos escritores, que necessitam de vendas para firmarem suas posições, urge que se acresca um 11º mandamento:
Não emprestarás livro
Ou então, seu corolário:
Não lerás livro emprestado
Pra quando o 11º Mandamento não é obedecido..
Hehehe, brincadeira, viu?!
Claro que o que importa é que o livro seja lido e admirado e disseminado. E claro também que a definição de empréstimo requer que o livro mude de residência. Quando o livro é lido por um membro da família que reside no mesmo local do comprador, não se caracteriza um empréstimo, propriamente dito.
Mas veja se não tem um certo sentido? O jovem escritor tem uma idéia, mantém caderninho para anotar idéias novas, desenvolve um projeto de livro, faz pesquisa, estuda línguas indígenas, do Brasil e da África, sotaques regionais, de Estados e Países, folclores locais, faz laboratório, com o objetivo de fazer uma obra coerente, historicamente amarrada, caprichada, dedica suas noites e fins de semana à escrita, às vezes até pede demissão de seu emprego para poder terminar seu sonho, termina um calhamaço de 380 páginas A4, espaçamento comum Fonte 10, batalha editora, sofre com o preconceito com novos escritores, até que encontra uma que se disponha, mas sem risco, a apostar em seus escritos, fica irritado com as revisões, fica nervoso com as idéias de capa iniciais, faz sinopse pra contra-capa, faz prólogo, faz agradecimentos, escolhe um trecho do livro pra ficar numa orelha, faz biografia para a outra, finalmente vê seu livro pronto, lindo, 550 páginas, 650 gramas de peso, 5 anos depois da idéia inicial,
ao preço de um almoço de sexta-feira
que é consumido em 15 minutos,
que é consumido em 15 minutos,
cria página no orkut, cria página no Facebook, cria conta no twiter, cria perfis de personagens para interagir com leitores, passa dias divulgando sua obra, mostrando seu valor para que seja comprada, finalmente convence que o livro seja comprado, o leitor compra, às vezes nem lê, ou lê e gosta, e depois de tudo isso, EMPRESTA o livro para um amigo ler, e esse amigo lê,
sem desembolsar
nem o equivalente
a um almoço de sexta-feira.
nem o equivalente
a um almoço de sexta-feira.
Pior ainda é se o livro está com dedicatória do autor!!!
Note-se que uma situação de perdão é quando o destinatário não tem condições de comprar um livro pra chamar de seu!
E veja uma interessante variação:
a pessoa adora a idéia do livro, compra pra dar de presente a um amigo (sem dúvida, um ótimo presente), mas com a certeza de que o amigo vai emprestar o livro a ele, quando terminar de ler ..................
Veja bem, quem desobedece ao corolário, e lê livro emprestado, não tem, por exemplo o prazer descrito por este leitor de 'A Arma Escarlate':
"Não costumo ler livros do estilo do da Renata. Contudo, li as 549 páginas em uma semana e já estou esperando o próximo! Ele é muito mais do que um Harry Potter brasileiro, pelo contrário, é possuidor de uma originalidade especial, com personagens bens escritos e com diversas questões sociais, culturais e morais ao longo da trama. Por isso ele ganhou um lugar especial na minha estante: entre "O universo numa casca de noz", de Stephen Hawking, e "O banqueiro anarquista" de Fernando Pessoa."
Aliás, quem tem por norma a desobediência ao corolário do 11º Mandamento, nem estante precisa ter em casa.
A desobediência, ou seja, o empréstimo ou a leitura emprestada, é pecado leve no caso de escritores estrangeiros ou mesmo de brasileiros consagrados, tipo Paulo Coelho ou Jô Soares, em que o exemplar emprestado representa uma gota no oceano. No caso de jovens escritores, o tamanho da gota é exatamente o mesmo, mas o oceano se reduz a um copo d'água.
Um amigo escritor argumentou comigo que o empréstimo é uma figura presente no 'contrato' que se assina entre o escritor e o leitor, e não acha nada demais um livro ser emprestado duas ou três vezes. E eu contra-argumentei que se o hábito fosse adotado por todos, uma edição demoraria três ou quatro vezes mais tempo para se esgotar. E isso pode ser fatal pra um jovem escritor em seu primeiro trabalho.
Bem, voltando ao vernáculo litúrgico do nova mandamento e seu corolário, a penitência para o pecado é simples, felizmente.
Caso tenham gostado do livro, usem um segundo corolário:
Em combinação com um terceiro corolário, que leva a remissão total e passaporte para o Paraíso:
Abraço
A desobediência, ou seja, o empréstimo ou a leitura emprestada, é pecado leve no caso de escritores estrangeiros ou mesmo de brasileiros consagrados, tipo Paulo Coelho ou Jô Soares, em que o exemplar emprestado representa uma gota no oceano. No caso de jovens escritores, o tamanho da gota é exatamente o mesmo, mas o oceano se reduz a um copo d'água.
Um amigo escritor argumentou comigo que o empréstimo é uma figura presente no 'contrato' que se assina entre o escritor e o leitor, e não acha nada demais um livro ser emprestado duas ou três vezes. E eu contra-argumentei que se o hábito fosse adotado por todos, uma edição demoraria três ou quatro vezes mais tempo para se esgotar. E isso pode ser fatal pra um jovem escritor em seu primeiro trabalho.
Bem, voltando ao vernáculo litúrgico do nova mandamento e seu corolário, a penitência para o pecado é simples, felizmente.
Caso tenham gostado do livro, usem um segundo corolário:
Divulgarás muuuuuitooooo
Em combinação com um terceiro corolário, que leva a remissão total e passaporte para o Paraíso:
Presentearás muuuuuitooooo
Abraço
Sim, o 11º mandamento sugerido por você faz muito sentido, principalmente, quando se tratar de um (a) novo (a) escritor (a) e de um livro edificante. Como é que incentivaremos novos escritores de livros que mereçam ser lidos, se não colaborarmos na compra e na divulgação de suas obras?
ResponderExcluirGosto muito de sua comparação entre o preço do livro da Renata e o de um almoço de sexta-feira e sobre ela digo o seguinte:
Enquanto o almoço (com a pressa que caracteriza a vida atual) é consumido em 15 minutos e, dependendo da condição dos ingredientes usados em seu preparo e da sensibilidade orgânica de quem o ingere, poderá causar problemas de saúde que requererão algumas despesas médicas, a curto e / ou longo prazo; o livro da Renata, pela qualidade dos ingredientes usados em sua elaboração e dependendo da sensibilidade moral e espiritual de quem o lê, poderá proporcionar lições edificantes que poderão ser usadas pelo restante da vida.
Embora ambos sejam necessários, em minha opinião, alimentos espirituais são mais valiosos do que alimentos materiais.
Um abraço,
Guedes
Também acho que faz todo sentido seu 11º mandamento.Apoio e assino embaixo.......
ResponderExcluirConcordo com o 11o Mandamento, afinal, num país em que até pessoas que dispõem de parcos recursos assinam o pay per view do BBB, pedir emprestado um livro, escrito após muita pesquisa, sabe-se lá com que dificuldades, por amor a arte da escrita, é, no mínimo, menosprezar o trabalho.
ResponderExcluirRecentemente comentei com um amigo sobre um livro ótimo que estou lendo e ele ficou interessado e disse: me empresta quando acabar? Como sei que ele é uma pessoa politicamente correta, respondi, sem receio, que são 710 páginas de muita pesquisa, três histórias paralelas, muita inserção cultural e que valeria a pena ele adquirir um exemplar.
Tenho orgulho das minhas três estantes de livros e sempre é melhor revisitá-los, do que ter que pedi-los de volta aos amigos... rs
Com o valor de uma assinatura da revista Caras, por exemplo, pode-se adquirir meia dúzia de excelentes escritos.
E se não for assim, como surgirão os prêmios Nobel de literatura? Aonde ficará o incentivo aos escritores? Continuaremos incentivando os BBB´s da vida...
Saber escrever é um dom e custa, geralmente, a metade de um ingresso para uma partida de futebol. E olha que eu adoro futebol...
Quando lemos um livro, procuramos momentos de cultura , prazer entre outros, o contrário pode ser torturante. Será que um livro emprestado será devolvido e em que estado ?
ResponderExcluirSem contar que com um livro emprestado os neos escritores ,que precisam do retorno das vendas para alavancar, estimular suas carreira e assim animar os editores, ficam numa situação delicada.
É um caso a pensar e um motivo a mais se devemos ou não emprestar um livro.
Amigo,
ResponderExcluirO 11° Mandamento está correto. Emprestar a quem poderia comprar seu próprio exemplar, não é uma boa prática. Na verdade, sou partidário da doação dos livros, após lidos, para Bibliotecas de escolas de periferia, ou Instituições de atendimento a jovens ou velhos carentes.
Depois de lido, o livro pode ocupar um lugar na tua estante para uso dos residentes no mesmo endereço. Mas após serem lidos pelos que se interessaram, não faz sentido acumular estas preciosidades numa prateleira, se há uma opção mais nobre, que é compartilhar o prazer desta leituta com os menos afortunados.
P.s. Recentemente fiz a doação de meu acervo , quase completo, incluindo Enciclopédias em papel, para uma escola pública aqui do Bairro Pium, um povoado que fica ao lado da Praia de Cotovelo, onde residimos. Foram mais de 120 livros, entre romances e poesias, e mais a Delta. Os professores adoraram, e criaram uma Biblioteca, até então inexistente naquela escola.
Amigo Homero,
ExcluirEu tenho a confessar que sou um transgressor contumaz de seu 11º mandamento. Tenho alguns amigos com quem costumo "trocar" livros com grande freqüencia. Uma amiga, inclusive, quando contei sobre o livro da Renata, o pediu emprestado. Até ler o seu post, não tinha nenhum problema em fazê-lo. Mas, realmente, o empréstimo de livros para pessoas que poderiam comprá-los, no caso de escritores iniciantes, pode representar um atraso importante no final das edições.
Por outro lado, há um "efeito divulgação" que também não pode ser desprezado, embora não possa ser bem auferido. Talvez aquela pessoa que leu o livro (emprestado) conte para outra (s) pessoa (s) que se interesse (m) de adquirir o exemplar. O que seria maior, a perda da venda daquele exemplar específico ou os outros eventualmente comprados por quem ficou sabendo e se interessou?
Será que tenho salvação?
Abração.
Caríssimo,Homero.
ResponderExcluirEm primeiro lugar, emprestar livros vai contra a "Diretriz Primeira da Federação Literária"...rs
Como você mesmo disse, quando as pessoas dentro de uma mesma casa lêem, não caracteriza "empréstimo"!..rs
O livro de Renata é muito bom, e merece ser divulgado. Quanto a presentear muitooooooooooo, bem, já é outra historia, pois nem sempre as condições nos permitem fazê-lo...rs Já fui taxada de muquirana por dar livros de presente...pode isso!??? Isso porque algumas pessoas não valorizam a leitura e como consequência, o livro se torna mero objeto descartável!
Parabéns, o blog está cada dia melhor!!
Prezado Homero
ExcluirEu, como colecionador de discos que sou desde que me entendo por gente, tenho uma opinião meio que contaminada por este terrível hobby.
Talvez por uma certa dose de egoísmo, e também por mêdo de perda, o máximo que um colecionador que se preze faz é mostrar e divulgar os itens que ele tanto aprecia para as pessoas mais próximas.
Empréstimo é uma prática abominável no meio dos colecionadores, pelo menos de discos, que é a minha praia.
Além disto, gostamos de possuir as versões originais dos produtos. Nada de cópias.
Mas isso talvez seja um comportamento exclusivo de colecionadores, que são seres cheios de manias e de "maluquices". Não sei.
Homero, o único motivo de eu não empresatar livros é o fato de que eles nunca voltam para a minha casa. Livro tem que ser emprestado mesmo, lido por várias pessoas. Assim é a disseminação de cultura! Eu, pessoalmente, gosto de ter todos os livros que leio, então mesmo que pegue um emprestado, acabo comprando-o mais tarde. Mas se eu fosse escritor, adoraria que o máximo de pessoas lesse meu livro, ainda que não vendesse o mesmo número por conta disso.
ExcluirHOmero,
ResponderExcluirNunca havia pensado desta forma. Sempre penso que o reuso de qualquer coisa é uma boa, levando em conta a consciência ambiental. Mas seus argumentos me convenceram! Outra coisa que pode fazer, quem não guarda os livros após lê-los, é doar para alguma biblioteca de instituição pública. Assim estaria divulgando a obra e estaria sendo perdoado já que segundo meu adorável escritor "Uma situação de perdão é quando o destinatário não tem condições de comprar um livro pra chamar de seu.". Hehe
Grazzi
Homero V:
ResponderExcluirJá li o 11º mandamento e não concordo inteiramente com você, porque emprestar livro é uma excelente maneira de
difundir cultura. Você lê um livro e recomenda a amigos e se for o caso empresta, qual é o problema?
Na verdade neste caso menos livros serão vendidos, mas quem sabe se a pessoa que leu o livro emprestado iria comprá-lo?
Além disso, livro emprestado tem mais obrigação de ser lido e assim as idéias do escritor serão mais difundidas.
Se formos contra o empréstimo de livros, seremos também contra as bibliotecas, que tanta cultura difundem e ajudam leitores , estudantes ou pessoas que têm que buscar informações específicas.
Acho que temos dois lados nesta questão. Eu continuo favorável ao empréstimo.
Grande abraço do Brandão.
( A história do Shaya é emocionante!!!)
É um problema de difícil solução, mas vai a minha opinião.
ResponderExcluirEu, que não vivo da venda de livros, e estou pouco acima do 0X0 financeiro depois de 10 edições de 7 títulos, 2 delas em Portugal, acho que o livro deve ser emprestado, pois o importante é a obra ser lida. Adoro comentar os meus livros com os leitores, não necessariamente os compradores. Mas, como disse, eu não vivo e jamais viverei disso. Felizmente.
A Renata deve saber que pouquíssimos conseguem tal façanha. Escrever é pra quem gosta, deve ser um hobby, ainda mais nos tempos atuais onde o cinema, as séries, os games, os jornais, os sites de relacionamento, a TV a cabo digital just in time e os inúmeros blogs - nossa culpa, nossa máxima culpa - roubam o precioso tempo livre do leitor.
Escrever é pra quem aguenta o tranco da falta de espaço na mídia e, consequentemente, de reconhecimento público. Eu me satisfaço com o privado pois, sinceramente, escrevo para me divertir.
Talvez por isso eu não tenha procurado a produção do Jô até agora, conforme você sugeriu, pois a tentativa me tomará tempo e, segundo o seu amigo de lá, poderá ser frustrada. Não tenho mais saco para expectativas. Com 56 anos de idade, depois de inúmeras promessas e alguns contratos de filmes (Ouro e Estrelas e Amores Isósceles), minissérie e tradução para o Inglês (O Rabo do Bookmaker), não entro mais em aventuras, coisa pro Amílcar, e só vou na boa. Se eles quiserem a minha presença lá, que me convidem.
Voltando ao assunto do 11º mandamento, como o mercado editorial brasileiro é dominado por poucas editoras, que comandam os suplementos e programas especializados, e se alimentam basicamente da tradução de literatura estrangeira testada e retestada com públicos semelhantes ao nosso, não sou otimista. As fatias nacionais de ficção e não ficção são reservadas aos autores de sempre, geralmente colunistas de jornais, apresentadores de programas de tevê ou especialistas em biografias. Além, é claro, do excelente compositor que, apoiado pela editora e celebrado pela mídia, tenta se tornar um escritor medíocre.
Portanto, como viver disso é coisa para 1 em 1000, sou pelo empréstimo com a devida propaganda boca-a-boca.
Abraço,
Totalmente coerente. Mas vamos reconhecer que é muito difícil evitar. Atire a primeira pedra quem nunca xerocou um livro na faculdade. Criou-se até um novo termo - xerocoteca - indicando uma coletânea de cópias...
ResponderExcluirAcho que vc entrou por um caminho complicado. Ficaria melhor se abraçasse a tese do "editor criará condições para o autor ficar com mais que 50 pct do produto da venda da obra".
ResponderExcluirRigorosamente falando não conheço um só amigo que empreste ou tome emprestado livros, portanto provavelmente a pratica não é comum. Mas tenho por costume doar quase todos os meus livros a grupos de igreja dos quais umas cunhadas freqüentam ou a sobrinhos mais humildes. Nem sei se eles gostam dos meus livros.. Exceto 5 ou 6 livros que decidi que sao os livros da minha vida e os guardo juntando mofo e poeira (Chega de Saudade, As sete irmãs, etc). O efeito é o mesmo. Não tenho espaço para guardar livros.
Sua campanha de não emprestar livros so vai chegar as uma meia dúzia de Pao-Duros.
Mas desejo sorte porque o mundo de move com base em idéias originais.
Abs
Caro Homero,
ResponderExcluirna minha terra há um ditado do qual me lembrei ao ler seu texto:
cutucar onça com vara curta...
É polêmica na certa!
A maioria pensa diferente de você: escritores jovens, mais velhos,
iniciantes ou veteranos... o grande barato é que O leiam e não O
comprem.
Há uma estatística no mercado: um livro é lido por três pessoas,
aproximadamente. Isso é que é legal!
Cultura se compartilha, se divide. Livros não devem ficar nem em
estantes, sabia? !
Aliás há um movimento interessantíssimo na Europa: deixar um livro em
um banco de praça, por exemplo, e dentro um bilhete pedindo que o
leitor faça o mesmo e assim sucessivamente.
O jovem escritor ou aquele que se lança no mercado tem, naturalmente,
uma expectativa imensa e aí vem a frustação. Se este escritor entender
que sucesso é quanto ele vende, de fato, a tristeza será imensa.
Lançar-se requer paciência!
E é mesmo difícil!
Meu abraço carinhoso
Gostei muito... Na verdade vc está em defesa dos interesses dos escritores de primeira viagem....
ResponderExcluirAchei muito justo o argumento !!
Embora o que interessa é a leitura, mas o mercado literário não sobrevive como nos tempos do escambo....
Mas vc está no caminho certo.....
Deve ser dificil esgotar uma edição..... A batalha é ingrata, com tantos títulos sendo lançados a cada dia...
Sempre gostei de ler. Desde os 5 anos devorava o que pintava da frente. A paixão pelos livros e pela leitura só foi aumentando. Herança de minha mãe... Gosto de ser a 1ª a folheá-los, s sentir o cheiro da tinta, as páginas, a capa...
ResponderExcluirEntretanto, quantas árvores seriam necessárias derrubar se não emprestássemos nossos livros ou, quem sabe, mesmo doá-los, passar adiante para que alguém descubra o prazer de ler?
Sei que para jovens autores devem sofrer com isso. É necessário encontrar uma solução. Claira
Olá Homerix!
ResponderExcluirQuanto tempo!
Concordo com você no aspecto do escritor iniciante, onde deve-se contribuir comprando o livro e se caso gostar indicar aos amigos e familiares. Salvo para os livros cujos autores já sejam consagrados, que estes sim podem ser emprestados.
Um grande abraço!
Anselmo
Homero, entendo o problema do autor e da editora, até porque já fui editor, mas acho que a instituição do empréstimo de livros é positiva, ainda mais num país como o nosso, que precisa de muito estímulo ainda para ser considerado um mercado atraente para os livros.
ResponderExcluirInfelizmente, Homero, essa é a realidade dura dos autores brasileiros, e também de muitas outras partes do mundo. O livro não é um objeto do desejo do consumo e não podemos alimentar falsas expectativas. Acho que será mais simpático apenas publicar os comentários positivos.
Concordo!
ResponderExcluirAcho que devemos incentivar escritores iniciantes e contribuir!
Beijos
É um assunto difícil, mas eu tenho experiências desagradáveis ao emprestar livros. Agora, já não empresto mais, tambem porque ninguem mais que me vê lendo algo, se interessa , ou tem curiosidade em ler. Hoje, prefiro presentear com um livro as pessoas que sei que irão lê-lo. Alguns até trocam idéias comigo sobre as é raro. Em todo caso, motivos não me faltam para apoiar sua iniciativa. Estou planejando doar a maioria dos meus livros a alguma instituiçao que necessite. Mesmo assim, tenho dúvidas se serão aproveitados.
ResponderExcluirColocar prá fora o que se sente ou pensa, é um exercício de dedicação extrema, pois muitas vezes não seremos reconhecidos. Mas as pessoas que gostam perseveram e continuam, sendo ou não um sucesso. Move-as outro tipo de motivação interior.
Homero, eu digo que livro = cueca = mulher. Não se empresta. Cada um tem o seu livro, a sua cueca e a sua mulher. Raras são as amizades em que a pessoa pode confiar algum exemplar a outra, com o devido carinho e respeito. Porém, reitero: mais do que raras, únicas. Lembro-me de ter apenas UM amigo que compartilho, há anos, leituras das mais diversas. E quando a leitura é muito boa, recomendamos, um ao outro, a compra do livro, haja vista que tê-lo na estante não é um mero enfeite, mas sim uma leitura que será feita em camadas, ao longo de toda a vida.
ResponderExcluirPor si só, esse tipo de postura acaba incentivando a produção literária do pequeno e grande escritor. Por mais que o meu exemplar seja igual ao do cara que comprou 5 minutos depois, ele é único. Só eu cuidarei daquele livro do meu jeito e da minha maneira. Por isso não empresto livros (exceto para àquela amizade que citei acima).
No mais, o seu texto (desabafo?) é bem interessante, haja vista que isso é muito pouco divulgado/debatido atualmente.
Forte abraço,
LM
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCompreendo que vc sinta isso, pq o empréstimo do livro engessa as vendas, o que prejudica o escritor. Porém, para mim, livros foram feitos para circular, ainda mais num país como o nosso, onde para a maioria dos brasileiros, a compra do livro nem é cogitada como opção pq significaria vários dias sem almoço, e não só a sexta-feira. Claro que tenho alguns livros que não empresto de jeito nenhum, pq raramente eles voltam. O da Renata está lá, na minha estante, entre os livros que conservo comigo e releio de quando em quando. Mesmo pq nunca fui a orgulhosa proprietária de uma primeira edição!!! E como sei que esse foi o primeiro de muitos, quero conservar esse perto de mim! Beijos
ResponderExcluirHomero, caio constantemente neste pecado
ResponderExcluirSou um leitor inveterado, leio tudo que encontro diante de meus olhos.
Agora vc me deixou com complexo de culpa, pois nunca pensei assim, para com os neófitos.
Moro em apto pequeno, e não espaço para eu guardar, sendo assim, normalmente, eu dou para alguém que goste de ler principalmente sobre aquele assunto, ou maior parte das vezes, eu dou para instituições de caridade, para fazer os bazar e sei que lá há pessoas que vão compar pelo prazer da leitura
Concordo plenamente que livro não se empresta, até porque é muito difícil quem o devolva...
ResponderExcluirRecentemente propus uma discussão: Como o Brasil lida com seus Gênios? Citei crianças de 15 ou 16 anos que superam o imaginável e passam em primeiro lugar em renomadas universidades federais. Como presente recebem um "não pode porque é imaturo". Ou seja, o Estado não tem lugar pra tua inteligência. Para mim, a cultura não recebe um décimo da atenção que deveria receber e por conseguinte, jovens (de todas as idades) dotados de alta capacidade criativa ao ponto de escrever um livro (a mais poderosa entre as armas) não recebe incentivo ou apoio e fica delegada a ele a tarefa de trilhar sozinho seu caminho. Quiçá tenhamos uma nova realidade no futuro. Sucesso meu Amigo a ti e a Renata.
ResponderExcluirBons argumentos, Homero. Bem, este assunto com certeza é mais complexo do que parece. O complicado é que atualmente disceminar cultura é muito difícil, porque temos diversos fatores e diversos lados que ao invés de trabalharem juntos, trabalham separados.
ResponderExcluirUm desses lados, teoria ou maneira de entender cultura é a arte pela arte, nela, o autor de obras culturais - como um livro de literatura, que não deixa de ser arte se analisada a partir de enfoques adequados - realiza suas obras com o intuito do prazer, da expressão, do compartilhar de conhecimentos...
Um outro lado é a chamada, críticada, adorada e famosa Indústria Cultural: obras feitas para consumo, de fácil entendimento, disceminada para a cultura de massa e que tem como maior objetivo, simplesmente vender...
No caso da literatura e de autores iniciantes percebe-se que nenhum dos dois aspectos acima são válidos... Pois geralmente quem inicia na literatura é porque gosta do que faz, gosta de escrever e sente prazer nisso, portanto à principio o objetivo é transmitir esse prazer para outras pessoas por meio da leitura...
O livro é um bem cultural que deve ser lido, independente de ser comprado ou não. Afinal, livro é para ler e não para ficar na estante. No entanto, aí entram as (ingratas) regras mercadológicas... quem publica tem que vender, quem não vende não publica, e quem empresta não compra.
Talvez o caminho de autores seja mesmo a paixão pela literatura, do contrário, a frustração da arte X capital acaba com qualquer motivação e dedicação para uma produção literária que ao mesmo tempo encanta e dá muito trabalho...
O difícil é mudar sistemas e alicerces culturais que de nada contribuem para a transmissão de produções intelectuais, mas sim, diz que vender é necessário.
Se existisse um fundo de apoio aos escritores por exemplo, acha que eles iam querer vender? Nãão, eles iam querer ver todo mundo lendo sua obra, mas já que não temos... É necessário sim entender que apesar da exploração capitalista das editoras, comprar um livro ao invés de emprestar é a única forma de contribuir com os autores.. já que ninguém mais (nem mesmo as editoras) contribui.
O comentário abaixo, foi, originalmente, um e-mail para a Sr. Homero. Mas é pertinente para essa galeria:
ResponderExcluirPrezado Confrade-relator Homero,
Nosso Grão-Confrade realmente mandou muito bem no 43º encontro! Sugiro algo no mesmo nível para as despedidas "peidevianas" (não tive a intenção de produzir um trocadilho infame com a neologia) que teremos nos próximos meses!
Diante da sua comparação (em "novas unidades monetárias homerianas") do investimento em refeições vis-à-vis aos livros, não resisti e fui bisbilhotar o conteúdo do seu post disponível no link abaixo.
Sobre ele, declaro que sou um compulsivo comprador de livros. Em verdade, adquiro novos em um ritmo incompatível com a minha capacidade de leitura. E, como demógrafo que sou, projeto que a minha expectativa de vida não será suficiente para dar conta daquela incômoda fila que só faz crescer.
Mas devo divergir quanta a sua avaliação de que o empréstimo de um livro pode, sob circunstancias especificas, constituir um "pecado leve". Nunca será. Não pelas tiragens. Não pelos status dos autores. Não para quem emprestamos. Mea-culpa à parte, eu até sou capaz de emprestar um livro "zerinho"; aquele que nunca saiu da tal fila de leitura e, quiçá, nunca sairá. Mas confiar a outrem aqueles que li e inadvertidamente expor a intimidade das minhas marcações, sinalizações e observações nos mais recônditos esconderijos das suas páginas... simplesmente não consigo! Por esse prisma, avalio, emprestar sempre será um "pecado grave", por vezes capital! A industria me agradece!
Por fim, aquiescendo com o terceiro corolário do seu post, devo confessar que, por diversas vezes, e apenas para me esquivar do constrangimento de negar o empréstimo de um livro lido para uma pessoa estimada – porque para as outras eu nego na cara dura mesmo! –, já presenteei o pleiteante com um exemplar novinho simplesmente para que parasse de cobiçar o meu! Enfim, prefiro investir algumas "novas unidades monetárias homerianas" ao invés de optar pelo desapego de um objeto que, de fato, já cumpriu o seu propósito precípuo. A industria me agradece novamente!
Abraços!
Humberto
Como nao comentei na epoca propria, segue minha opiniao. Nao gostamos de emprestar livros e eu e minha mulher jah tivemos as desagradaveis experiencias de nao ve-los retornar. Quando vemos as estantes muito cheias a minha mulher enche caixas de papelao com parcela dos livros "menos gostados" nos ultimos anos bota na mala do carro e entrega como doacao aa biblioteca do bairro. Acho que este eh um meio termo aceitavel.
ResponderExcluirNão sei o que mais chama a atenção: a postagem por si provocativa, visto que o assunto é polêmico ou as respostas distintas, por vezes antagônicas, registradas nos diversos comentários. Nunca tive afeição pela advocacia, mas ao ler a defesa de ideias neste simples post, vejo a importância de contar com um bom advogado em causas de cunho discutível, pois leva a melhor aquele que souber mais adequadamente “vender o seu peixe”. Tudo isso também me leva a recordar uma antiga coleção não sequencial de filmes para TV, sem atores fixos, conhecida como “Culpado ou Inocente?”. Neles colocava-se em julgamento a atitude tomada sempre sobre pressão pelo “protagonista do dia”, causando benefícios para um grupo de pessoas, porém prejudicando outros tantos. Após fortes discussões desencadeadas em tribunais a pergunta final, título do “Seriado”, era dirigida ao telespectador, transferindo para ele o julgamento do caso e a responsabilidade da resposta. É isso o que assumo a partir de agora, parando de tergiversar e decidindo sair de cima do muro. O meu veredito é pela penalização do autor da obra diante da possibilidade de beneficiar muitas pessoas sem acesso à leitura paga. Sou adepto à doação de livros e diversas prefeituras disponibilizam locais para que eles sejam intercambiados ou mesmo transferidos definitivamente para diferentes leitores. Imagino a satisfação de uma pessoa, sedenta por informações e naturalmente impossibilitada de obtê-la, recebendo a dádiva de acesso ao mesmo material dos afortunados capazes de desembolsar qualquer quantia em prol da cultura. Assim é estabelecida uma justa condição de igualdade, ao menos nesse quesito, que pode alavancar sobremaneira o progresso de muitos cidadãos.
ResponderExcluir