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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Hipócrates renovado?


Num outro dia, revoltado com a ocorrência de médicos desviando recursos públicos, mudei o nome do juramento que os doutores fazem aos se formarem: ao invés de Hipócrates, renomeei-o de Hipócritas. Ver aqui, neste post:
http://blogdohomerix.blogspot.com/2011/06/faculdade-de-corrupcina.html

Depois, vieram os relatos de médicos contratados para o serviço público que abandonavam seus postos de atendimento para se dedicarem aos seus consultórios particulares, sem abdicar do salário oficial.

E depois ainda, soube-se da falta de pediatras no Brasil, com a migração dos jovens estudantes para especialidades mais rentáveis.

Essas duas últimas somente corroboravam a mudança do juramento dos médicos proposta por mim.

Ontem, entretanto, em meio à minha divulgação noturna explícita do livro A Arma Escarlate (www.escarlate.net), assistia de soslaio ao 'Profissão Repórter', magnífico programa jornalístico global comandado pelo brilhante Caco Barcellos.

Desta vez, o foco era justamente o trabalho de jovens médicos em lugares ermos. Claro que mencionaram os 'Médicos sem Fronteiras', programa mundial que leva saúde aos pobres do mundo, em especial à África. Mostraram uma jovem brasileira em um asituação triste, cujo ponto marcante foi a imagem de uma mulher, em caminhar impassível, carregando a filha morta às costas, pra sua aldeia, após uma internação infrutífera, contra uma malária severa. Claro que, para cada óbito, há 10 casos de salvanento, mas o que fica é a imagem forte...

Mas a reportagem mais abrangente foi aqui mesmo no Brasil, no meio da floresta amazônica. Os repórteres acompanharam o trabalho de médicos e dentistas que operam olhos, gargantas, e bocas, em verdadeiros hospitais montados em tendas enormes. Mais tocante foi o caso da índia de 82 anos quase cega (e quase surda), que seria operada de catarata. Emocionante a relação da repórter com ela, dizendo que ia rezar por ela. Claro que a operação foi bem sucedida, feita por um jovem nissei (aliás, uma profusão deles), e a imagem seguinte era da octgenária

Uma terceira vertente da reportagem contou sobre a 'importação' de médicos paquistaneses, indianos, cubanos, todos especialistas em correção de lábios leporinos. Espetacular!!!


O programa resgatou um pouco do respeito que a categoria merecia de mim antes daqueles fatos escabrosos relatados no início.
Vade Hipócritas!!!

Nessa linha, notável o depoimento de um dos médicos (não nissei), ao sair de uma cirurgia bem sudedida, feliz da vida. Ao ser perguntado por uma repórter como se sentia, ele abriu um sorriso largo e disse:
"Foi pra isso que eu nasci!"

Salve Hipócrates!!!

Abraço

Homerix Menos Revoltado Ventura

3 comentários:

  1. "Foi pra isso que eu nasci!"!!!
    Deve ser realmente uma sensação inigualável! =D

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  2. Homerix,

    A questão não está na categoria. Todas têm de tudo e o espectro é bem amplo. Trata-se de uma questão de educação, valores, princípios e amostragem. Os médicos que conheço estão longe do grupo que dão a volta no Hipócrates, bem como outros de outras categorias que dão a volta nos ícones que são referências de cada classe profissional, inclusive a política, da qual tão mal se fala atualmente. Nem todos são farinha do mesmo saco. Há muita gente boa e respeitável. É importante que cada categoria consolide os seus filtros e que a sociedade consolide os seus filtros, dominados e governados por valores e princípios inegociáveis, que segregue e afaste, ou melhor dizendo, que elimine os maus profissionais.

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  3. Imagino o quão o rapaz estava feliz a fazer essa declaração! Mas faz diferença ele ser não nissei?

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