No dia 9 de dezembro de 2009, à tarde, mandei uma mensagem convidando alguns vizinhos de andar a virem apreciar (hhuuummmm) uma preciosidade: a caixa The Beatles Box Stereo, com a coleção completa da obra dos quatro rapazes de Liverpool, toda remasterizada em estéreo, e mais alguns extras.
Naquela mesma noite, experimentei sensações inesquecíveis.
Foram prazeres quase mundanos!
Depois que cheguei, tomei banho, jantei, escovei os dentes, e finalmente comecei o processo de abertura da caixa que esteve em exposição aqui ontem.
Peguei uma faquinha na cozinha, sentei-me ao sofá e comecei. Tirei, com todo o cuidado, o plástico externo (que qualidade de plástico!) que envolvia a preciosidade. Tirei a caixa do envólucro externo (que qualidade de papelão!) em que estava 'engavetada', e aí ela apareceu límpida, resplandescente, em todo o seu esplendor interno. Fiquei admirando-a de todos os ângulos, naquele preto extra brilho, por alguns minutos, quando finalmente me decidi a abri-la. E aí veio o primeiro dilema: a coisa estava tão bem feita que eu não identifiquei por onde abri-la. Fiquei com receio de fazer um esforço indevido e danificá-la. Expus o problema à minha esposa que observava do outro lado da sala, e passei-o (o problema) a ela, que então, num passe de mágica, fez 'plic', e abriu o lado mais estreito, que estava preso por um singelo ímã, embutido no corpo do cartão (que qualidade de cartão!). Esses maridos .....
Logo após o 'plic', descortinou-se um ambiente iluminado (figurativamente, claro), associei a imagem àquele momento em que os alemães abrem a arca perdida em Indiana Jones, como que luzes saindo das frestas, até que completei o processo de destampamento: debaixo das 'luzes', dois compartimentos, cada um com uma lingüeta negra (que qualidade de lingüeta!), para auxiliar a retirada dos respectivos CDs em 'caixas' de papelão fino, protegidos individualmente por plástico. No compartimento da direita, Please Please Me, With The Beatles, A Hard Day's Night, Beatles For Sale, Help, Rubber Soul, Revolver e Sergeant Pepper's Lonely Hearts Cub Band; no da esquerda, Magical Mistery Tour, The Beatles (o Álbum Branco), Yellow Submarine, Abbey Road, Let It Be, Past Masters e um DVD com mini-documentários.
Procedi então à abertura do primeiro CD, logicamente observando a ordem cronológica. Please Please Me, lançado em fevereiro de 1963, foi o primeiro a ser atacado. Novamente com todo o cuidado, lancei mão da faquinha, abri caminho pelos sulcos do plástico (que plástico! não deu nem vontade de jogar fora!), e atingi o CD propriamente dito. Abri uma vez, notei que havia mais um desdobramento a fazer, ou seja, era uma capa tripla, com dois 'bolsos': um com o disco itself, outro com um encarte. O 3-fold era decorado com fotos brilhosas em branco e preto, tinindo (que qualidade de foto!), duas delas que EU NUNCA HAVIA VISTO, dos quatro rapazes, já com o visual do terninho beatle, posando no arrabaldes de Liverpool. O disco, com o selo original da Parlophone, vistoso, escrito em fonte rebuscada, com um símbolo de £ estilizado, tudo exatamente como havia saído no LP de 46 anos atrás. A diferença era a marca Stereo, bem destacada, afinal era a primeira vez em que aquele CD saía no formato estéreo. O encarte (que qualidade de encarte!) mostrava, além do texto original que já estava no CD de 1987, vinha com descrições adicionais de como havia sido feito aquele CD que então me encantava. E tudo entremeado por fotos, muitas fotos, magníficas, muitas delas inéditas, como as que mostram os Beatles fazendo pose num estúdio fotográfico, coloridas.
Bem, repeti o processo com os demais CDs, e foram 13 orgasmos sucessivos da alma. Que qualidade de impressão, montagem, gráfica, tudo nítido, tudo claro, muita coisa nova, enfim! Era um 'Que coisa maravilhosa!" aqui, logo depois um "Cacete!", ali, seguido de um "Olha que coisa!" acolá, e assim foi. Levei mais de uma hora no processo. E já estava mais que justificada a compra. Eu não poderia esperar coisa diferente de um produto produzido pelos Beatles.
Tudo isso sem ainda ouvir uma só nota.
Passei ao som:
Ouvi a primeira canção 'When I Saw Her Standing There'. Límpida, clara (que qualidade de som!), voz do lado direito, instrumentos no esquerdo, como era de se esperar de um produto estéreo. Peguei meu CD velhinho, de 22 anos de idade, coloquei a mesma canção, sons iguais vindos dos dois auto-falantes, como era de se esperar de um produto mono, mas bem mais amarrado, abafado, em comparação com o que ouvira no CD novo. Ouvi de novo a mesma canção no novo para confirmar a impressão. Como era de se esperar. Foi para isso que eles fizeram esse trabalho todo. Talvez eu sinta pouca diferença naqueles discos a partir dos meados da carreira, que já eram no formato estéreo. Repeti o processo nas outras 13 canções do CD, até chegar a "Twist And Shout". Compra justificada ao quadrado.
Passei à imagem:
Cada CD vem com um mini-documentário sobre ele. No caso de Please Please Me, uma gracinha, com imagens da época, muitas fotos com edição de movimento (Que qualidade de edição!). Apesar de eu ter o Beatles Anthology, a coleção de videos oficial dos Beatles, há no mini-documentário imagens novíssimas para mim. Depoimentos dos 5 Beatles (John, Paul, George, Ringo e o 'quinto', George Martin, o grande maestro), alguns que eu nunca havia ouvido. Diálogos entre os rapazes durante as gravações. O máximo! Pena que é curtinho, perto de 3,5 minutos. É a única coisa ruim daquilo tudo, pois acabou logo. Compra justificada ao cubo.
Findo o processo, acomodei o CD de volta em seu bolso da caixa, a caixa do CD de volta em sua posição na super caixa e .... E agora? Onde colocá-la? Notei que, em minha estante da sala, a prateleira superior, central, parecia ter altura suficiente para acomodar. Bingo! Sobrou menos de 1 milímetro! E, lá está ela, magnífica peça de decoração abrilhantando meu lar!!
Para referir-me a ela, fui buscar inspiração em "O Senhor dos Anéis", e uso a mesma expressão que o estranho Gollum, ao seu querido Anel:
My Precious
Um Abraço
Homero Nas Nuvens Ventura