Semana da Água!
Dia 22 é o Dia Mundial da Água.
Aqui minha contribuição ... papo 2
Ontem, no post http://blogdohomerix.blogspot.com.br/2012/03/agua-vai-virar-commodity.html , apresentei a equação do balanço da água urbana:
Água Tratada Fornecida = Água Consumida + Água Desperdiçada
Nós, usuários, somos responsáveis pelo lado direito da equação O foco aqui é a última partezinha da equação, mais à direita: o desperdício. O que se desperdiça é muito maior do que o que se consome, efetivamente. Podemos, sem a menor sombra de dúvida, mudar nossos hábitos e atitudes, nas coisas mais simples do dia-a-dia. E, ainda mais importante, ensinar às outras pessoas como fazê-lo.
Começo pela louça, e sua lavagem. Não vou nem falar aqui da máquina de lavar louça, um poço de desperdício de água e energia elétrica (que, aliás, é hidrelétrica!), em que vinte jatos do precioso líqüido fazem o mesmo serviço de uma boa passagem de esponja com detergente. Vou me ater ao relacionamento entre o ser vivente que encosta o umbigo (ou outras partes) na pia, e aquele conjunto de artefatos e instalações que se colocam à sua frente no momento em que começará o processo de lavagem: a louça suja do almoço, amontoada na cuba de inox (já começou errado!), a torneira, o lixito, a escova, o detergente. O ser ambientalmente inconsciente pensa: “O que faço primeiro?!!”. Ou melhor, nem pensa: ato contínuo, liga a torneira! No máximo! Sccchhhuááá!
Aí, pega o primeiro prato, joga o grosso dos restos no lixito
(e a água correndo!),
bota o prato embaixo da torneira, pega a esponja, coloca uma quantidade obscena de detergente na esponja, passa a esponja com o detergente no prato embaixo da torneira
(e a água correndo!);
deixa cair a esponja na cuba, enxagua o prato, passa uma mão, e, finalmente, coloca o prato no escorredor; pega o segundo prato
(e a água correndo!);
e repete os passos acima, sem a necessidade agora daquele passo do detergente, pois ainda tem um pouco na esponja, e coloca o prato a escorrer; pega o terceiro prato
(e a água correndo!);
e repete, desta vez, todos aqueles passos do primeiro prato, pois percebe: “Ih! Não tem mais detergente na esponja!” e assim segue sua operação (e a água correndo!);
até terminar os pratos; depois começa a lavar os copos, quem sabe demorando um pouco mais para repor o detergente, aquele líqüido que “é baratinho!”
(e a água correndo!);
depois repete tudo do mesmo jeito com os talheres; as panelas; enfim, todo o resto, até ficar o escorredor cheio e a cuba vazia e a água correndo.
Aí, somente aí, lembra-se de desligar a água, finalmente, silêncio no ambiente. Notaram que um dos artefatos que estava à frente do indíviduo sequer foi mencionado: a escova! “O que é que eu faço com essa escova?”, pensa o indivíduo!! A escova é fundamental para o processo correto, como verão! Vocês não acham a descrição acima de arrepiar??! Eu fico arrepiado! Se você não fica, está na hora de ficar! A situação acima descrita é muito comum quando o indivíduo em referência é um empregado, ou, mais comumente, uma empregada doméstica, a quem você entrega seu patrimônio para cuidar.
Entretanto, já vi muita gente boa, muito chefe de família de boas intenções, muita dona de casa de mancheias, que faz exatamente daquela maneira acima descrita.
Notaram o detalhe do detergente a cada 2 pratos? Há necessidade disso? Para que deixar o detergente indo embora junto com a água que está passando pela louça? É comum, deste jeito, o dono da casa gastar um vidro de detergente a cada dois dias. Isto, sem falar na esponja, que vai se desfazendo muito mais rapidamente, com aquela esfregação toda debaixo da preciosa água que se esvai pelo ralo!
Então, se me permitem, vistam a carapuça ou não, vou descrever uma série de passos, que poderão ser seguidos por vocês, ou ensinados a seus ajudantes domésticos, ou a quem se encarregará desta nobre arte de lavar a louça. É do jeito que eu faço!!! Modestamente, sou um ótimo lavador de louça!!! Não vou exagerar e dizer que se lave a louça numa bacia, como eu já vi algum daqueles catastrofistas (será?) recomendar. Afinal, temos água corrente, vamos utilizá-la, sim, mas de forma inteligente.
Senão, vejamos:
1. Não acumule as louças na cuba da pia! A bancada, de granito, ou mármore, está lá para isto! Deixe a Cuba Livre! (parece até propaganda política ou, ainda, um drink dos anos 60 e 70!);
2. Pegue os pratos, um por um, jogue os restos no lixito, empurrados com os garfos sujos, e vá empilhando, num lugar vazio da bancada;
3. Pegue o primeiro prato com a mão boba, pegue a escova (lembram-se dela?) com a mão boa e ..... o que fazer agora? ..... Ah, sim, veja que não falei ainda na torneira. Agora, sim, ligar a torneira com o que sobrar da mão boa! E não é necessário ligar ao máximo com aquele jato turbulento! Deixe o jato a meio pau, quando ainda se nota a água em toda sua translucidez!!! Escove, com a escova (sic), o resto que sobrou do prato, debaixo da água corrente, na frente e atrás; a escovada úmida deixa-o quase limpo; empilhe-o em outra sobrinha da bancada (sempre há!), repita o procedimento para os demais pratos e desligue a torneira!! Ah, antes de desligar, dê uma molhadinha na esponja!
4. Notou que eu nem falei de detergente ainda? Somente agora, com os pratos quase limpos, é que se pensa nele! Passe o detergente na esponja, poucas gotas são suficientes! Pegue o primeiro prato com a mão boba, a esponja já está úmida e ..... o que fazer agora? ..... Ah, atenção, não precisa ligar a torneira de novo! Passe a esponja nos pratos e vá empilhando, aí sim, a seu critério, na cuba, ou mesmo num outro lugar vazio da bancada (haja bancada!). Você notará que aquela carga de detergente inicial dura muito, afinal, os pratos estão quase limpos!
5. Só então, ligue a torneira novamente, enxague os pratos e coloque-os no escorredor, desligando a torneira ao final!!
6. Repita os passos acima para copos, talheres, panelas, vasilhas, tudo o mais!
Note que você diminuiu, entre uma atitude e outra, a quantidade de água escorrendo, de início, uns 30% a 40%, só em não abrir a torneira toda. Depois, só se ouve o doce som da água corrente durante os breves segundos em que ela é realmente necessária. A economia total entre um procedimento (o errado) e outro (o recomendado) é superior a 95%, eu garanto. Isto, sem contar a esponja e o detergente. Você deverá ter realimentado a esponja com o produto umas 2 ou 3 vezes, no máximo. Talvez um pouco mais no caso de panelas reticentes. Esta última economia entra no capítulo, não da água, mas da racionalização dos produtos de limpeza, que impacta diretamente no nosso bolso e que, na maioria das vezes, é difícil fazer uma ajudante doméstica entender: não é a quantidade do produto que limpa, é a força, o empenho, coisa que é difícil obter. Produto demais até estraga, às vezes.
Bem, amanhã, mais desperdício que pode ser evitado!!
Abraço
Homerix Libertando Cuba Ventura