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quinta-feira, 17 de junho de 2021

I Feel Fine, very fine!

Esta é a 14ª canção da coletânea Past Masters #1, 14º Álbum Oficial dos Beatles

a história do álbum, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 27 canções falando de Saudade, na Classe Retorno

                                        as demais 26 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

14. I Feel Fine (Love Girl Song by John Lennon)

John conta: 'A minha garota é boa comigo, você sabem ela está muito feliz, você sabe, foi o que ela disse. Estou apaixonado por ela e me sinto bem!

Quer mais felicidade que isso? A letra é toda assim. "Eu a amo, ela me ama e está tudo bem! Eu sou feliz, ela também e conta pra todo mundo que ele compra tudo pra ela, até um diamante"! Esse era o clima. Junte-se uma entrada revolucionária, um riff matador, um ritmo inovador, o sorriso de John, e está pronta a receita para mais um compacto Nº 1 nas paradas. Interessante que John não achava que ela era tanta coisa assim, ela foi pensada para ser mais uma do álbum Beatles For Sale, foi gravada numa sessão daquele álbum, mas terminada a sessão, decidiram que I'm A Loser perderia seu posto no compacto do final de 1964 e foi colocada na faixa nº2 do 4º álbum dos Beatles. A troca do "Eu sou um perdedor!" por "Eu estou feliz!" mostrou-se adequada para o momento'. 
 
A canção tem 3 versos com letras diferentes mas com a mesma base, as duas primeiras linhas terminam com "you know" com rimas acontecendo antes, uma terceira linha com "...she said so", e uma última que varia entre "I'm in love with her" com "She's in love with me", mas sempre terminando com "...and I feel fine". Os versos 2 e 3 são repetidos, e uma ponte aparece a cada dois versos, com Jonh bradando ao mundo sua felicidade "I'm so glad that she's my little girl" e a dela "She's so glad she's telling all the world". 
 
A razão daquele qualificativo 'extraordinária' ali de cima começa não em 18 de outubro, que foi o dia da gravação, mas 12 dias antes, enquanto trabalhavam em Eight Days A Week. John aproximou-se do amplificador com sua guitarra em punho, mas se esqueceu de diminuir o volume, e ao mesmo tempo, Paul, do outro lado do estúdio, soltou uma LA gravíssimo em seu baixo, e a guitarra de John deu feedback, retroalimentando o som, e produzindo um lamento sonoro que encheu cada metro cúbico da sala. John adorou aquela 'serendipity' (*) e resolveu reproduzi-la de forma controlada em I Feel Fine, ficando para a posteridade. Aquele uivo entrou para a história da música. Notaram que mesmo ao acaso, a parceria Lennon/McCartney funciona?
(*) palavra inglesa sem tradução em português 
sobre a qual escrevi neste post: 
encontrar algo bom sem ter procurado
       

Voltemos à gravação. Naquela sessão foram gravadas nada menos que 8 canções, ficando a duas do recorde de 11 de fevereiro do ano anterior, quando gravaram 10 canções de Please Please Me. No primeiro take, os Beatles chegaram à conclusão de que deveriam baixar o tom da canção, porque John não estava em sua zona de conforto vocal. Mais quatro takes foram feitos. O Take 5 foi o primeiro completo, mas chegaram à conclusão de que seria melhor gravar uma base apenas instrumental: John estava se atrapalhando em cantar juntamente com o complicado riff que ele mesmo inventou (inspirado em um sucesso da época). George também dobrava o riff de John, mas resolveu deixar o solo da parte instrumental para depois. Enquanto isso, Ringo imprimia um ritmo latino em sua bateria e Paul firme no baixo preciso. Daí, mais 4 takes nesse novo esquema, até chegar ao nível de poderem fazer os overdubs, sobre o Take 9! John então gravou seu vocal. Sem a pressão de desempenhar na guitarra, ele até incluiu uns murmúrios hummm, primeiro introduzindo a sessão instrumental e depois na conclusão) Paul e George acrescentaram a harmonia vocal perfeita, em dois trechos de cada verso e nas pontes, alternando letra com Uuuuh's, note bem. George também acrescentou seu solo na seção instrumental! 
 
Bom, se John não estava à vontade cantando e tocando durante a gravação, decerto que treinou bastante, porque I Feel Fine era uma das favoritas dos shows ao vivo, e foi sempre tocada, até mesmo o concerto final, em agosto de 1966. Uma delas, no Shea Stadium (fala-se 'shei') em New York em 1965, um marco na história, o primeiro show num estádio aberto (de baseball), com 65 mil espectadores. Deleite-se no LINK. Como o som foi prejudicado, eles voltaram ao estúdio para regravar todas as canções do show, porque seria um especial para a TV Americana. O som que se ouve, então, é o da regravação. Perceba como John se atrapalha no verso final, ele canta "I'm in love with her" quando deveria ser "She's in love with me" que é cantado por Paul e George, ali ao lado em um microfone só. Você percebe pelo movimento da boca de John. É desse show a imagem que escolhi para ilustrar o post. Aliás congelei a imagem justamente quando John abre a boca pra cantar "I'm in love" quando deveria ser "She's in love". E note que ele dá um sorrisinho quando percebe que errou! Demais!
 

2 comentários:

  1. Pois só agora fiquei sabendo sobre o riff matador do início, a sua origem. Sim, concordo, mesmo ao acaso a parceria funcionava.
    Teve uma coisa que não entendi. A regravação. Como funcionou isso? Como regravar algo que foi gravado ao vivo? Perdoe minha ignorância. De tecnologia de gravações eu nada entendo.

    E eu que pensava que eles estavam imitando o riff de Satisfaction dos Rolling Stones? rs rs rs

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  2. Esse show foi muito doido. Eles não conseguiam ouvir o que tocavam

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