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sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Será que estava escrito?

Chegou mais um 4 de agosto.
Completou 45 anos!!
Pensei no Day After! 
Como terei eu acordado naquela manhã de 5 de agosto de 1978?

Teria dormido bem?

Quase certo que sim, porque dormir mal não faz parte de meu ser.

Mas decerto que devo ter pensado na noite anterior, a do primeiro beijo, na boate Terraço da Ilha Porchat, para onde eu tinha tomado a coragem de convidá-la, sabe-se lá como, depois de conhecê-la melhor um ano antes, na casa do Cid, seu vizinho da João Guerra, onde jogávamos Sueca, um delicioso jogo de baralho em duplas. Não a conhecera ali, pois ela já estava no radar há alguns anos, quando a via com seu namorado de então, no Colégio Santista.

Será que eu sabia que seria um namoro firme? 

Era meu primeiro namoro... será que eu ia acertar assim logo de cara e encontrar a mulher de minha vida? Até então, minha perspectiva era a de um futuro solitário, com um belo cachorro a meu lado... era mesmo!

Era um namoro de fins-de-semana, pois eu cursava a Escola Politécnica da USP, em São Paulo, onde morava numa República com outros cinco santistas, então aquelas noites paulistanas eram sempre de expectativa pelo fim das aulas de sexta-feira, quando pegaria meu Passat pra descer a Serra do Mar, as famosas curvas da Estrada de Santos, após as quais eu invariavelmente estacioná-lo-ia na João Guerra para vê-la, só indo pra minha casa tarde da noite. E sábado e domingo, íamos à praia, coisa que eu nunca fazia, mesmo morando em frente! Uma das muuuitas coisas que ela me ensinou a gostar.... quer dizer .... carnaval ela não conseguiu ... mas eu ia sempre com ela nos bailes do Atlético.

Será que passava por meus pensamentos que aqueles encontros de fins-de-semana passariam a ser mensais, depois da formatura, quando morei um ano em Salvador, mudando de profissão (de Engenheiro Civil a Engenheiro de Petróleo), e quando a saudade era suportada por longas e diárias cartas, onde eu contava detalhes de meu dia-a-dia baiano, incluindo aqueles longos fins-de-semana sem ela? 

O namoro suportaria isso?

Parecia que sim, afinal, tornamo-nos noivos, num daqueles retornos mensais, também num agosto, e a um ano da grande data de nossas vidas, quando ela adentrou, linda, a nave central da Basílica Maior de Santo Antônio do Embaré, a principal igreja de Santos (na verdade, ela é Basílica Menor, mas mudou, depois da passagem dela)!!

E, logo após a lua-de-mel, no Sul, viria uma grande mudança! Eu ia tirar a grande alegria da casa de Dona Mira e Seu Antônio, para morar a 500 km dali, e eles ficariam sem ela, cuidando do Carlinhos, meu querido e especial cunhado. Será que isso estava em meu subconsciente naquele 5 de agosto? 

Será que isso daria certo?

Deu, sim, voltávamos frequentemente a Santos, e muitas vezes, buscávamos todos para ficarem com a gente aqui no Rio, era uma festa, especialmente após a chegada de Renata, e depois de Felipe... pena que vovô Antônio aproveitou pouco tempo do sonhado neto. E então, vieram Dona Mira e Carlinhos morar perto da gente, no mesmo prédio, 3 andares abaixo, depois mudamos para 3 andares acima, e veio a proposta para mudarmos para 8 mil quilômetros dali. 

Será que isso teria a mínima chance de funcionar?

Funcionou, fomos, e voltamos 4 anos depois, e ano seguinte estávamos os seis juntos num mesmo teto, mais um tempo passou, e se foi o querido Carlinhos, e outro tempo depois, nossa querida Dona Mira, e aqui agora estamos, aposentados, e junto com filhos e Luna e Apollo, curtindo essa vida, bem felizes.

Tudo deu certo!

Mas decerto que nem de longe imaginava tudo isso aquele universitário de 20 anos, um dia depois de encontrar o amor de sua vida!!

Decerto que não...

14 comentários:

  1. Mero, você é um cronista de mão cheia e sentimentos translúcidos...
    Abraço,
    Ribor

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  2. O destino se encarregou de unir duas almas apaixonadas escrevendo uma linda estória de amor. Amei !!!

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  3. Maravilha!!! Adorei uma estoria de amor bem contada de forma direta. Parabens aa familia Ventura!!!

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    1. Estória...Gerson? Isto, é pura HISTÓRIA - com H maiusculo! Desculpe-me.

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  4. E teve a longa temporada nos Estados Unidos...Que também deu certo. Bom ver tanta coisa dando certo em sua vida. Parabéns. Bom ver você compartilhando sua vida conosco. Tudo descrito com imenso carinho. De tal forma que até já te considero amigo de infância. rs rs rs

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  5. Meu comentário sobre a temporada nos Estados Unidos está inválido. Falha minha por não ter percebido que os 8 mil km de distancia se referia exatamente ao tempo em terras norte americana.

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  6. Uma linda história de uma paixão avassaladora… parabéns ao jovem casal. E a Rua João Guerra era o meu quintal pq morei na Rua Xavier Pinheiro a rua paralela. Bons tempos e estudei no São Leopoldo. Abcs

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  7. Parabéns ao apaixonado casal.

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  8. É mágico quando encontramos alma gêmea nesta dimensão . Não é um privilégio pra todo mundo .
    Parabéns e forte abraço meu amigo

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  9. Faltou dizer que o anônimo daí de cima sou eu , Roberto Bazolli

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  10. Que história linda e ficou melhor ainda com a nobreza das palavras bem colocadas que se tornou uma história linda de ler.

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  11. Parabéns Homero pelos 45 anos de ima união abençoada e que deu bons frutos. Como é bom quando en encontramos a nosaa 'cara metade"! A vida dica muito mais leve.

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  12. Linda história como se filme fosse, bem narrada.❤️

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