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quarta-feira, 15 de abril de 2020

Pandemia e Seleção

Nesses tempos de isolamento e de televisões tendo que ser criativas para segurar os espectadores, muito se tem feito em reprises, algumas vi, outras dispensei, mas teve uma que celebrei com satisfação...

E fui convocando os amigos para viajarem comigo até 50 anos atrás, quando a Seleção Canarinho juntou corações e mentes. O SporTV, muito apropriadamente, está re-exibindo todos os jogos da campanha do Brasil na Copa do México, um por dia, começou na terça, um por dia, chega na final, no domingo!

Resolvi registrar os convites que fiz nas redes, aqui no blog.... e algumas resenhas que ia fazendo, mas antes, devo registrar a alegria que foi rever os jogos na íntegra, interagindo nas redes com testemunhas da época, ainda que crianças como eu, mas principalmente com gente jovem, que ficou encantada com o que viu.... um jogo moderno, com jogadores sem posição fixa, um jogo ofensivo, com pressão constante e com a participação constante, dos meios-de-campo e defensores, um jogo sem enrolação, onde o goleiro SEMPRE repõe a bola, NUNCA dá um chutão pra frente, um jogo sem catimba, sem reclamações com o juiz apesar das muitas jogadas violentas e dos muitos pênaltis não marcados, um jogo inteligente com jogadores inteligentes e capazes de mudar estratégias em campo, e acima de todos, um REI do futebol humilde, participativo, buscando e distribuindo bolas, magnânimo, finalizando a Copa, muito mais que os 4 gols, mas com 6 assistências (passes para gol) e até 4 cuasi-gols que entraram para a história. Enfim, um colírio, uma grandeza, uma estupefação constantes...

Vamos aos espetáculos!


Jogo 1: Brasil 4 x 1 Tchecoslováquia
Estou me concentrando para lembrar meus 12 anos, quando vi o primeiro jogo da Copa de 1970, Brasil x Thecoslováquia!! 
Verei o gol de falta de Rivelino, o de Pelé e os dois de Jairzinho, e também a tentativa do Rei de antes do meio-de-campo, mas principalmente apreciarei os demais momentos do jogo, que nunca se vê! 
Hoje, às 19 horas, no SporTV. 
Espero que a narração nova consiga trazer emoção!!!

Pós-jogo.... os 'demais momentos':
Foi uma grandeza o número de vezes que Pelé fez ótimas jogadas, acho que mais de 20, sempre jogando para o time, passes de primeira, corta-luzes perfeitos, dribles por debaixo da perna, quase 100% de passes corretos, muitas assistências, que acabaram não se configurando em assistências porque os destinatários do passe não os converteram em gols! E só teve uma arrancada, como vemos hoje o Neymar fazendo a  toda hora, driblou três e deu ótimo passe para o gol. 
Era realmente o Rei.=!
Acrescente-se que Rivelino fez grande partida, muito combativo e criativo, deu um passe ótimo para Pelé, que perdeu quase embaixo da trave ainda no 0x0, mas aquele chutre da falta foi uma verdadeira patada atômica, como passou a ser chamado seu chute a partir dali. Ele repetiria o feito na copa seguinte.
A narração por cima da imagem, não sei, certamente seria melhor trabalhar-se na qualidade do áudio original do grande Geraldo José de Almeida .... OLHA LÁ OLHA LÁ OLHA LÁ NO PLACAAAR! Ao mesmo tempo, foi legal ver a emoção do narrador e comentarista, com a oportunidade de narrar e comentar um jogo de Pelé!

Jogo 2: Brasil 1 x 0 Inglaterra
Inacreditável aquela defesa... 
Jairzinho cruza da direita na medida, Pelé sobe um metro acima de sua altura, de olhos abertos, como todo bom cabeceador, testa firme de cima pra baixo, para dificultar a ação do goleiro, a bola ainda bate no chão, para complicar mais ainda a situação da defesa, e quando ela vai entrar, aparece Gordon Banks, como um gato, e espalma a pelota para cima, ela sobe e cai caprichosamente junto à trave, mas pelo lado de fora.... o mundo ficou parado, aplaudindo aquela que seria considerada a maior defesa de todos os tempos, passados e futuros!!
Esse e outros lances foram marcantes no principal jogo da seleção brasileira na Copa de 70, contra a Inglaterra. Veja bem estavam presentes os dois últimos campeões mundiais. 
E foi realmente o jogo mais duro da seleção que vamos ver de novo, hoje, no SporTV, 7h00 da noite.
A destacar-se: o gol da vitória, Tostão  recebe a bola pela esquerda, finta dois marcadores, e, quase caindo, cruza a bola para Pelé que a ‘mata’ com categoria e, sem olhar, passa para Jairzinho, que vem chegando pela direita, e fuzila o gol do grande goleiro.
E também, a entrada violenta de Carlos Alberto no atacante inglês Lee, que ‘entrara’,   também violentamente no nosso lateral Everaldo e no nosso goleiro Félix.
Nenhum jogador inglês reclamou.... estávamos ‘quites’. 
O juiz fez vistas grossas para a agressão, também entendeu o pacto. 
Os tempos eram outros.
Não perderei!!
Pós-jogo.... os 'demais momentos':  
Antes, uma palavra sobre o pré-jogo, do SporTV, que eu não gostara,no primeiro jogo, desta vez foi legal, mostrando uma reportagem sobre o Gordon Banks e também o depoimento sobre como os ingleses viram aquele jogo, e o que acharam, foi bastante legal... e também gostei de saber que seria um narrador diferente do SporTV a narrar cada jogo!
Agora, sim, ao jogo!
Pois é, o jogo foi tão tenso, era tanta a expectativa (até no juiz Klein, ficamos sabendo, que tremia as mãos e as escondia nos bolsos do calção) que o Brasil ficou menos brilhante... até o Pelé, que participou, sim, dos três lances capitais (a cabeçada para a defesa fenomenal, o passe para o gol, e o papo com Carlos Alberto, dizendo : "Vai você e dá um toco nele!!"), não estava tão inspirado como no primeiro jogo, com certeza. Talvez por ter tido uma sombra inglesa a marcá-lo impiedosamente, não o Bobby Moore ('o melhor zagueiro que me marcou', segundo ele, aliás, que classe tinha aquele craque!), mas um outro que me falta agora o nome. Estávamos sem Gerson, levemente contundido, e poupado para a fase final da Copa, tinha Paulo César atuando mais como ponta esquerda, ficando Rivelino mais recuado, no papel de Gerson. Rivelino não conseguiu ser tão efetivo na posição, e Paulo César, apesar de muito voluntarioso em seus 20 anos, só acertou mais no final, sendo responsável por alguns dos principais momentos no segundo tempo. A destacar, três lances: 
  • o lançamento de Carlos Alberto para Jairzinho, no lance da cabeçada do Rei, primoroso, de 40 metros, rasteiro, em curva, que fica meio esquecido face ao cruzamento do ponta, a cabeçada perfeita e a defesa fenomenal...  
  • o gol perdido pelo inglês após uma péssima saída do Félix, que poderia até mesmo colocar o Brasil num segundo lugar da chave e sair para enfrentar a Alemanha, e não o Peru.
  • e também uma arrancada de Clodoaldo, do alto de seus 20 anos, ali pela direita, após um desarme no último quarto do jogo, saiu driblando, um, dois, três e entregou a bola para um perigoso lance de ataque, lá na frente. Brilhante!

Jogo 3: Brasil 3 x 2 Romênia
Hoje é dia de jogar sem dois titulares (Gerson e Rivelino) contra a Romênia, e mesmo assim vencer, com dois gols de Pelé e um de Jairzinho. Pelé só voltaria a marcar gol na final, e Jairzinho deixou o dele, como fez em todos os jogos, marca inédita até então em Copas com 16 seleções, nem Just Fontaine, da França, que marcou 13 gols em 1958 conseguira tal feito.
Mas era o jogo de menos charme, afinal, a Tchecoslováquia já havia feito uma final de Copa em 1962, contra o Brasil, e a Inglaterra era a última campeão do mundo. 
E foi o jogo menos tenso da fase inicial, com o Brasil já classificado. 
Vamos ver como se sai o terceiro narrador do SporTV, às 19 Horas!!
Pós-jogo.... os 'demais momentos':  
Antes, no pré-jogo, que apenas vi, porque ouvia meu programa favorito de rádio de análise política, notei a presença remota do grande Clodoaldo, do alto de seus 70 anos, com sua notável baby-face que o faz parecer bem mais novo. Como apenas vi, não ouvi o que ele disse, mas com certeza algo deve ter sido falado sobre sua graaande atuação no jogo contra a Romênia. 
O Brasil não tinha Gerson, nem Rivelino, então, Zagalo optou por adiantar Piazza da zaga para a cabeça-de-área e Clodoaldo para a posição de meia-armador, e ele aproveitou a chance para dar um show, quanta personalidade, aos 20 anos de idade! Esperto, participativo, deu várias arrancadas e chegava à área, chutou quatro bolas com perigo E sofreu a falta que Pelé converteu no primeiro gol. Por outro lado, Paulo César, já em seu segundo jogo como titular, pela ausência de Gerson,  estava abusado, partia pra cima do zagueiro, driblando, deu também quatro chutes com perigo, um deles na trave, e seu ponto alto foi a jogada com Jairzinho, que culminou no quarto gol do ponta-direita na Copa, Brasil 2x0. Este, por sua vez, também fazia grande jogo. 
Os primeiros 25 minutos do Brasil foram arrasadores, 2x0, e duas bolas nas traves (Everaldo chutou a segunda). Tostão fez grande jogo de movimentação e deu um espetacular passe de calcanhar para Pelé fazer o terceiro gol do Brasil já no segundo tempo, quando a Romênia já diminuíra, em falha de Félix. Pelé ainda tentou devolver a gentileza alguns minutos depois, mas o goleiro romeno defendeu a conclusão de Tostão. A Romênia ainda diminuiu, em outra falha de Félix, mas que se redimiu com duas outras defesas sensacionais. 
Surpreendentemente, para mim, o terceiro jogo da Seleção foi o mais difícil. A Romênia apertou, quase empatou e bateu muito, tirando Everaldo (entrando Marco Antonio) e Clodoaldo (entrando Edu). Honrou a condição de ter eliminado Portugal nas  eliminatórias, nossos patrícios vinha de um histórico 3º lugar na Copa de 66!
Ah, sim, um papo sobre narrador da vez: ele narrou com emoção um gol de Pelé que não valeu!! Foi legal!! 


Jogo 4: Brasil 4 x 2 Peru

Gerson e Rivelino de volta ao time nas quartas-de-final, Brasil completo, hoje enfrentamos o Peru, que surpreendeu ao classificar-se em segundo no grupo da Alemanha. O charme do adversário, além do grande Teófilo Cubillas dentro das quatro linhas, estava também fora de campo, seu treinador era Didi, o grande comandante do time do Brasil Campeão em 1958 na Suécia!
Foi o grande jogo de Tostão na Copa, em termos de efetividade: fez dois gols! Rivelino e Jairzinho completaram. Vamos ver o que percebemos, além dos seis gols!!! 
Pós-jogo.... os 'demais momentos': 
Brasil começou a todo vapor, Gerson de volta, lança Pelé, que chuta na trave, calcanhar para Tostão, chute travado, depois Rivelino em falta.... Jairzinho partindo pra cima ... Rivelino marca de 3 dedos com passe de Tostão, tabelinha Pelé - Tostão, show, Peru não via a bola ... Rivelino perde, de centroavante, escanteio, Tostão chuta sem ângulo, falha do goleiro, 2x0 em 15 minutos, difícil pro Peru... Rivelino marca de falta, mas era tiro indireto!! Brasil alivia, Peru começa a gostar do jogo, Félix faz grande defesa, mas logo depois, em lance parecido com o gol do Brasil, Gallardo chuta sem ângulo e Félix aceita. Pelé tentou outra vez surpreender do meio-campo, mas passou longe. Ah, como Gerson lançava com aquela esquerda! Pelé ainda mandou mais uma na trave, numa borboletada de Rubiños, o goleiro peruano.  
O segundo tempo parece uma cópia do primeiro, Brasil arrasador, faz 3x1 com Tostão em jogada com a participação de Pelé. Foi muito legal o narrador do SporTV repetir a narração de Geraldo José de Almeida, com o inesquecível 'Olha lá, olha lá, olha lá, no placaaaar ... Tostão, o Mineirinho de Ouro...'. Depois, Rivelino cruzando de direita, no peito do Jair ... muito recurso!! O grande Cubillas marca o segundo, em mais uma falha de Félix, em minha opinião, e depois, Jairzinho tranquiliza as coisas e marca seu gol, após passe de Rivelino. Gerson sai poupado, entra Paulo César e volta o time que jogou contra a Inglaterra, com Rivelino indo pro meio, e então ele parte pra cima, e é derrubado duas vezes na área, com o juiz marcando tiro indireto em uma delas, estranhíssimo. Jairzinho é poupado e entra Roberto, que tem boa participação. Pelé roubava bolas, era um time moderno, exuberante. Tostão perdeu a chance de fazer um hat trick (terceiro gol no jogo), perdendo um gol fácil, por causa de uma finta a mais. Rivelino perde outro, chutando bem, de pé direito outra vez. Carlos Alberto apareceu duas vezes na área com duas péssimas conclusões. 
Era jogo pra 7... 8 gols nossos. 
Estávamos prontos para a batalha uruguaia, na semifinal.


Jogo 5: Brasil 3 x 1 Uruguai
O jogo contra o Uruguai era visto como uma revanche. Era a primeira vez que enfrentávamos em Copas do Mundo nossos carrascos de 1950, quando nos derrotaram na final, no famoso Maracanazzo. E o clima foi tenso. Uruguaios batiam muito. Para além dos gols, e principalmente do de empate no final do primeiro, fundamental para o jogo, e consagrando Clodoaldo como o moderno jogador, aparecendo de surpresa para concluir com sucesso, houve os dois gols NÃO FEITOS por Pelé, entrando para a galeria dos grandes lances de todos os mundiais. E teve também uma espetacular cotovelada do Rei no zagueiro uruguaio Fontes que batera nele todo o tempo, numa arrancada pela ponta-esquerda, lembro-me bem.... e o juiz não viu, e ainda deu falta para o Brasil!!! Era o Pelé, que sempre apanhava calado, mas sabia a hora de revidar!
 Pós-jogo.... os 'demais momentos': 
O jogo começou duro, Uruguai marcava bem e batia ... falta desclassificante do lateral esquerdo no Jairzinho, hoje era expulsão sem amarelo (que nem aquela do Carlos Alberto contra a Inglaterra), o gol deles veio cedo, falha tripla da defesa, de Brito no passe, de Piazza na cobertura e de Félix, no olho... achou que a bola de Cubilla (sem S, o que tem S é do Peru) não entrava.... poucas jogadas do Brasil ... Pelé muito marcado, derrubado, uma das vezes na área, nada de pênalty, mas ainda assim fez ótima jogada e deixou Jair na cara do gol, mas o Furacão matou mal a bola. Gérson não conseguia jogar, combinou com o Capitão, e trocou com Clodoaldo, ficando mais atrás e deixando o cabeça de área mais livre..... e ele foi, deu um chute que não entrou 'por muito pouco, muito pouco pouco mesmo' (como dizia Geraldo José de Almeida)  e, no últmo lance do primeiro tempo, Clodoaldo avançou, deu a bola a Tostão pela esquerda, avançou na área, recebeu de volta 'Que bola bola, vamos lá Clodô!' e fuzilou de direita o grande goleiro uruguaio 'Olha lá, olha lá, olha lá no placaaaar'... Fundamental empate.... não se sabe como seria o 2º tempo se uruguaios virassem na frente...  
Animado com o empate, o Brasil começou o segundo tempo pra cima, Pelé apanhava, mas estava ligado, pegou uma bola no meio de campo, avançou driblando, até ser parado na entrada da área (pênalty?), mas ele mesmo cobrou a falta muito mal, na lateral..... mas logo depois, o primeiro daqueles quase gols, pegando de bate pronto, da intermediária um tiro de meta mal batido pelo grande Mazurkievicz, para posterior defesa do melhor goleiro da Copa. Uruguai pressionava, mas pouco conseguia e, num contra-ataque fulminante veio o segundo gol, Jairzinho recupera uma bola na intermediária do Brasil, passa para Pelé e dispara para o ataque, Pelé nem olha e toca de calcanhar para Tostão que lança Jair, que avança, dribla o pobre zagueiro e chuta cruzado, mais ou menos parecido com o gol que fizera contra a Tchecoslováquia. Depois de muito apanhar, Pelé dá o revide, com uma classe espetacular, em desabalada carreira pela esquerda, nota que Fontes vem marcá-lo, e quando vê que ele vai desarmá-lo, desfere uma cotovelada no rosto do zagueiro e cai, pra fora do campo. O juiz? O juiz marca falta PARA O BRASIL. Que arte!!! Bem, um aparte para destacar o lateral Everaldo, que após o gol de Cubilla, colou nele e não o deixou jogar, e ainda apareceu no ataque! O jogo ia caminhando para o final, quando TRÊS lances capitais aconteceram: 44 min - centroavante uruguaio cabeceia e Félix faz sua maior defesa da Copa, 45 min - Pelé avança pela meia-esquerda, para a bola na entrada da área, e apenas corre a bola para a canhota de Rivelino, que desfere chute rasteiro e vence Mazurkiewicz no cantinho esquerdo, fazendo seu 3º gol na Copa; 46 min - o segundo cuasi-gol de Pelé, quando, em passe de Tostão, deixa a bola passar e segue pelo outro lado do goleiro, a famosa meia-lua, pega-a novamente, mas ela passa a centímetros da trave esquerda do gol uruguaio. Que final!! Brasil na final!!!!

Jogo 6: Brasil 4 x 1 Itália
Agora, no SporTV, final da Copa de 70...
Quer um aperitivo? Veja esta frase do zagueiro que marcou Pelé na hora do primeiro gol: "Subimos juntos, fora do tempo, para cabecear uma bola. Eu era mais alto e tinha mais impulsão. Quando desci ao chão olhei pra cima, perplexo. Pelé ainda estava lá, no alto, cabeceando a bola. Parecia que podia ficar no ar o tempo que quisesse."
Pelé deu mais duas assistências nesse jogo, total de 6 na copa toda!!
 Pós-jogo.... os 'demais momentos': 
O Brasil nunca foi ameaçado. Atacava sempre, a Itália chutou algumas bolas com perigo, mas nada que Félix precisasse fazer grandes defesas. Pelé abriu o placar com uma cabeçada fenomenal após um cruzamento fenomenal de Rivelino pela esquerda. Lembro que à época, meu pai vibrou, e tal, mas lembrou que nas últimas 5 copas, a seleção que abria o placar, perdia... Minha preocupação aumentou quando Boninsegna empatou, após uma displicência do grande Clodoaldo, que quis dar um chapéu de calcanhar num atacante, ele estava se sentindo tão superior que achou que tudo daria certo, não deu naquele lance, mas felizmente, foi o único lance ruim dele, que fez grande partida, culminando com o início da jogada do quarto gol.... sim, faríamos, quatro .... e poderiam ser cinco, se o juiz mal-intencionado não apitasse o final do primeiro tempo quando a bola estava a caminho de Pelé, livre dentro da área, ai ai ai... Mas veio o segundo tempo e ficamos ainda mais superiores, atacando o tempo todo. Pelé chegou a perder um gol em ótima jogada de Carlos Alberto. O segundo gol veio num petardo de canhota de Gerson, 'O Canhotinha de Ouro', a meia altura, indefensável. Foram muitas as faltas na entrada da área, a Itália só conseguia parar na porrada, houve alguns atendimentos médicos. Logo veio o terceiro gol, com Jairzinho, recebendo assistência de Pelé de cabeça após genial lançamento de Gerson, da intermediária, e se embaralhando com a bola, mas ela entrou, seu 7º gol na Copa, cumprimentando as redes em todos os jogos! Rivelino mandou uma daquelas faltas na trave, e com o jogo chegando ao fim, Clodoaldo faz aquela jogada, driblando quatro italianos, lança longo a Jair na esquerda (notaram Jair na esquerda, antes Jair de centroavante, a movimentação era constante, de todos do ataque), que joga a Pelé pelo meio, que em vez de partir para a jogada individual, percebe um bólido correndo à sua direita, dá só uma olhadinha, era Carlos Alberto, e passa, a bola caprichosamente bate numa saliência e sobe um pouquinho só proporcionando o cenário perfeito para o petardo de direita, no canto direito do goleiro, um dos gols mais bonitos da história das Copas do Mundo. E a coisa não pararia aí, porque Rivelino ainda teve tempo de ser derrubado escandalosamente na área, pênalti claríssimo, que poderia propiciar o quinto gol. E seria o 20º gola do Brasil naquela copa, e 1º de pênalty, o 5º de Pelé (decerto seria ele a cobrar)... Mas não importa, a festa já começava, o campo foi invadido, Pelé com todo o uniforme arrancado, sendo carregado em triunfo com aquele chapelão mexicano, por mexicanos maravilhados com o que viram naqueles seis jogos memoráveis!!
Obrigado, Seleção Canarinho

16 comentários:

  1. Muito bom Homerix!
    Aprendiz2

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  2. Vamos torcer pelo sucesso nas próximas partidas! Tomara que esse víru não seja capaz de trocar os resultados... rs rs - Aprendiz 2

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  3. Da copa de 70 só lembro da final. Fui morar nos Estados Unidos no fim de 69. Nessa época, de cartas escoras em papel, enviadas em envelopes com selos, o "soccer" não era apreciado ainda nos States. Nem mesmo o feminino. Então conseguir descobrir resultado dos jogos era árdua tarefa lendo as pequenas notícias na 8a página do jornal, 2 dias depois do jogo... Cheguei de volta exatamente no dia 21/06. Uma loucura de dia!!!

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  4. Espetaculares os relatos. Que timaço. Infelizmente não vivi isso. Mas pela sua narrativa (e pelo que havia lido anteriormente) dá pra confirmar que cada jogo foi um show. Aguardando as resenhas da semi e da final. Excelente iniciativa do Sportv e muito bacana sua ideia de comentar as partidas pré e pós visualização.

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  5. Ola Homerix. Muito boa descrição dos jogos. Na época eu estava em Porto Alegre, segundo ano da Engenharia, e não me lembro nada desta copa. Talvez eu estivesse em Cruz Alta fazendo o estágio de instrução do CPOR. Abraço.

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  6. Homerix,

    Sensacional iniciativa desta postagem. Fez-me voltar aos meus 17 anos e com os detalhes que estão gravados na minha memória. Foi a melhor, mais bonita e mais emocionante Copa do Mundo de todos os tempos, com predominância de equipes de altíssimo nível e futebol gostoso de ver.



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  7. Pelé jogava muito, mas foi também o que achei que mais " catimbava" no bom sentido : reclamava com.o juiz, caia, pedia cartão pros adversários... mas tinha uma razão : como levava cacete ! mas também sabia retribuir ( como aquela cotovelada no uruguaio que o juiz não viu, e deu falta para o Brasil... Achei incrível e ele jogava muita bola Mesmo ... obrigado pela dica e pelos belos textos, Homero !

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  8. Adorei! Estou lendo aos poucos, para saborear melhor. Muito bom ler os dribles de Pelé e Rivelino, assim como o juíz não ter visto uma cotovelada de Pelé no zagueiro uruguaio Fontes, que batera nele o tempo todo. É leitura gostosa, para reviver devagarinho, uma Copa inesquecível. Vera Mussi👏👏🏽👏🏿

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  9. Homerix!

    Muito boa postagem para excitar a memória da Copa do México de 1970. A melhor de todas as Copas entre as que eu vi e vivi! Lembro detalhes de todos os jogos, que boa parte você descreveu muito bem. E quando fui ao Azteca em 2015, para ver um
    jogo do campeonato mexicano, América x Santos Laguna, passou um emocionante filme na minha cabeça, a recordar as jogadas notáveis naquele magnífico palco da final Brasil 4x1 Itália.

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  10. Maravilha. Me senti vendo a Copa de 70 na TV de novo. Valeu!!! Abrs.Gerson Braune

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  11. Narrativa precisa e emocionante daqueles jogos memoráveis.

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