-

terça-feira, 26 de março de 2019

Churchill, O Cara - Volume II - Parte 1

Lendo a segunda parte da biografia de Churchill, 
que vai desde 1934 até sua morte,
inspirei-me a transpor, em versos, 
um pouco do que aprendi nas primeiras 200 páginas.

A primeira? Minha resenha aqui:
https://blogdohomerix.blogspot.com/2019/03/churchill-o-cara-volume-i.html

Durante cinco anos,

Um parlamentar insistia
Que a Alemanha tinha planos
Mas Chamberlain não ouvia.



Era Churchill o político
Atento ao movimento
E achava que era crítico
Um melhor planejamento.

Discursou e encantou

Mas eles diziam: Prove!
Até que a prova chegou,
Em setembro de 39.

Hitler invadiu a Polônia.

E depois, o norte europeu.
Guerreava sem parcimônia,
Em busca do apogeu!

Ele temia a Rússia

E, tal qual cirurgião,
Conseguiu, com astúcia,
Um pacto de não-agressão!

A Itália de Mussolini

Invadia a África do Norte
Movimento que define
A origem de um eixo forte!

Na Indochina, o Japão 

Mostrava sua garra
Selando a construção 
De uma aliança bizarra.

O Reino Unido acordou,
Temendo um futuro sinistro 
E, finalmente, nomeou
Churchill Primeiro Ministro!

Ele abraçou a empreitada

Mas sabia que a Inglaterra
Estava, sim, despreparada
Para os horrores da guerra...

Confirmou seus receios,

Pouca arma e estafe
Pra repelir bombardeios
Da terrível Luft Waffe.

Civis morriam aos milhares

Luta desigual, inglória.
Churchill mantinha nos lares
A esperança na vitória

Durante mais de ano
Combateu quase sozinho
O gigante alemão.
O socorro americano
Era então muito pouquinho,
Não dava consolação.

O governo soviético

Entendeu do pior jeito.
E se espantou, patético,
Vendo o pacto desfeito.

Com uma derrota de Moscou

A Inglaterra sofreria
Churchill se aliou
E mandou artilharia!

E os Estados Unidos,

Que não queriam confusão,
Acordou com os estampidos
Da esquadrilha do Japão.

Havaí, dezembro de 41

Um ataque fulminante,
Sem aviso nenhum,
Despertou o gigante!

Mesmo assim refutou

O apelo dos ingleses,
E apenas declarou
Guerra aos japoneses.

A paúra era tamanha,

Que só mudaram a cantiga
Quando Itália e Alemanha
Chamaram eles pra briga.

Só então os americanos

Vieram brincar no parque.
Ainda levaria dois anos
Para o grande desembarque.

Interrompo o relato

E sigo lendo a biografia
Desse ser intimorato,
Verdadeira antologia.





segunda-feira, 25 de março de 2019

Treisoitão do bem



Ô que turma animada,
No atacado e no varejo!
Até data quebrada
É motivo de festejo!

E o quórum tá em dia!
Damos valor ao babado,
De manter a alegria
Na ativa ou aposentado!

Felizes nos formamos
Mas logo na saída, 
Com o que nos deparamos?
Com a década perdida!

Fomos bravos e lutamos
Cada qual na sua estrada.
Nossas famílias criamos
Sob sol ou chuvarada!

Com o coração pequeninho,
Levamos da vida um tapa
Quando ficou pelo caminho
O querido Júlio Lapa!

Deixa pra lá, vida que segue
As agruras que se aguente.
O diabo que as carregue
E vamos seguindo em frente

E 'completemu' os 38.
Tempo passa como vento...
Nada de ficar afoito
Sem pensar no momento.

Este ano está tão punk!
Até parece pirraça!
Esperamos logo estanque
Essa fila de desgraça.

Brumadinho, Urubu, Boechat
Marielle, Suzano, Inundação...
Está na hora de parar
Tanta imperícia e destruição!

E no âmbito oficial,
Tem que baixar a fumaça:
É sair de rede social
E colocar a mão na massa.

Até que vão indo Justiça,
Economia e Militares,
Mas sabe aonde enguiça?
Ernesto, Vélez e Damares.

Até se pode esquecer
As agruras do momento!
Conversar, comer, beber,
Mas elevar o pensamento!

Precisa fechar essa fenda
E só fazer o que é bom,
Pedir que o mundo aprenda
Aquela mensagem de John.

Seja reta ou seja torta,
Se faz sol ou se chove,
O que apenas importa¿
Que All you need is love!

Não pude estar com vocês,
Mas estive em pensamento!
Continuemos os auês
E aproveitemos o momento!

Grande abraço

Homerix

Churchill, O Cara - Volume I

Olá! Caso se interesse pelo livro,

deixo aqui o Link Amazon
________________________________________________

Terminei a primeira metade de uma missão que assumi quando comprei, na Bienal de São Paulo, em agosto, a biografia de Churchill em dois volumes, um box muito maneiro.

Sobre a segunda, comecei a falar neste link:
https://blogdohomerix.blogspot.com/2019/03/churchill-era-o-cara.html

Comecei a ler o primeiro volume no começo de outubro, portanto antes de saber que era também o livro que o presidente eleito estava lendo, vamos deixar isso claro!

O fato é o seguinte: que figura sensacional!

As pessoas que não têm acesso à vida dele imaginam-no com aquela cara já de idoso, na época em que era primeiro-ministro da Grã-Bretanha, liderando o país a uma vitória na Segunda Guerra Mundial. Agora eu sei que aquele era somente o ápice de uma carreira já brilhante! 

Ele começou sua carreira política muito cedo mas antes disso foi um militar de combate. Saía cavalgando destemidamente com seu cavalo à frente das tropas rumo às hordas inimigas, nas guerras das colônias do Império Britânico. Foram dezenas as vezes em que ouviu o zunir de balas passando próximas a seus ouvidos. Ele dizia, em cartas que escrevia a sua mãe e aos seus amigos, que ele tinha essa confiança toda porque sabia que um dia seria algo muito grande para o seu país. E atuava como correspondente de guerra, ganhando muitas libras. Esteve também nas trincheiras comandando batalhões na França, durante a primeira grande guerra. 

Na política, começou no Partido Conservador mas migrou para o Liberal, depois voltou ao Conservador, ele ia se movendo conforme eram suas convicções no momento. Primeira mudança de partido dele se deu de maneira espetacular. Depois de ser conservador por alguns anos, ficou descontente com algumas posições até que chegou um momento, no meio de uma sessão parlamentar em que ele simplesmente pegou suas coisas de sua cadeira, levantou-se e passou para o lado da oposição. Quem conhece o Parlamento inglês, sabe do que estou falando.

Foi o mais jovem ministro da história da Inglaterra. E ocupou outros três cargos do mesmo nível antes de ser primeiro-ministro. Na primeira guerra, era Lord do Almirantado, e fez com que a armada britânica mudasse seu meio de propulsão de carvão para petróleo, o que foi fundamental para o sucesso da Inglaterra. Depois, já na época das trincheiras, defendeu insistentemente o desenvolvimento daquele trator com esteiras, que viria a ser chamado de tanque.

Na vida pessoal, estudou sempre em colégios internos, como ocorria com todas as crianças de famílias ricas na Inglaterra. A família era uma coisa assim meio distante pra ele: apesar de amar profundamente pai e mãe, havia anos em que ele voltava para casa para passar as férias de fim-de-ano, mas a mãe estava viajando, em compromissos políticos com marido, Lord Randolph, e ele ficava só com sua querida ama.

Na vida amorosa, casou-se relativamente tarde, aos 34 anos, com Clementine, que foi sua companheira até o fim da vida, durante 56 anos. Essa demora toda em se fixar era por conta de uma paixão que ele tinha por um certo ser, que o impedia de dedicar seu tempo a qualquer outra pessoa que fosse. Esse ser era ele mesmo. Ele declarou isso para algumas de suas pretendentes.

Toda essa vida política e militar extremamente ativa, e ele ainda arrumava muito tempo para escrever. Escreveu muito. Além das cartas (é impressionante como escrevia cartas para todos e por isso sabemos muito de sua vida), escrevia muitos livros, que lhe rendiam muitos recursos. Ele ganhava muito mais dinheiro como escritor do que na vida parlamentar ou mesmo como ministro. E percorria também o Império e os EUA ganhando dinheiro com palestras sempre muito admiradas. E ainda encontrou talento para a pintura. Admirável, sem dúvida!

O primeiro livro desta biografia acaba com ele sem cargo ministerial, mas firme na política, agora de volta ao Partido Conservador, e batalhando para que a Inglaterra se rearmasse, devido a nova ameaça alemã. Mas poucos acreditavam nele...

domingo, 17 de março de 2019

Três Oitão do Bem

Sábado, 16 de Março de 2019, 20:30 horas
Um número grande de colegas de turma se reunia na Bahia
Era a celebração de 38 anos de histórias de um vínculo
Todos entramos na Petrobras, num 5 de fevereiro de 1981
Como eu não pude ir ao evento, mandei esta mensagem
No nosso grupo de Whatsapp
_____________________________

Gente, como já devem saber, não estou aí!!
E, como sempre, ou quase, dou aquele meu jeito de estar!!!


Ô que turma animada
Nem que seja um jantar!
Até data quebrada
É motivo de festejar!

E o quórum tá em dia!
Damos valor ao babado,
Apesar de a maioria
Já ter se desligado!

Então, ‘cheguemu’ em 38.
Tempo passa como vento...
Nada de ficar afoito
Sem pensar no momento.

Este ano está muito punk
Até parece pirraça!
Esperamos que logo estanque
Essa fila de desgraça.

Brumadinho, Urubu, Boechat
Marielle, Suzano, Inundação...
Está na hora de parar
Tanta imperícia e destruição!

E no âmbito oficial,
Tem que baixar a fumaça:
É sair de rede social
E colocar a mão na massa.

Nossa turma segue unida
E pronta pra usar o tacape,
Sempre buscando a saída
No Facebook, Yahoo e Whatsapp.

No bolso, a apreensão:
Petros é dor de cabeça...
Tem que ter logo solução
Pra que em paz se envelheça.

Até se pode esquecer
As agruras do momento!
Dançar, comer, beber,
Mas elevar o pensamento!

Precisa fechar essa fenda
E só fazer o que é bom,
Pedir que o mundo aprenda
Aquela mensagem de John.

Seja reta ou seja torta,
Se faz sol ou se chove,
O que apenas importa¿
Que All you need is love!

Não pude estar com vocês,
Mas estou em pensamento!
Se esbaldem em fuzuês
E aproveitem o momento!

Grande abraço

Homerix




sexta-feira, 15 de março de 2019

Zero Killed, Commander!!

Foi há 10 anos.
Ontem, vi um pedaço de 'Sully', filme de Clint Eastwood
que retrata o acontecimento e o que aconteceu com o piloto.
Incrível que tenham chegado a acusá-lo de alguma coisa!
Tenho que ver o filme inteiro.
_________________________________________________

Na guerra da Secessão, nos Estados Unidos do Século XIX, com os estados do norte, libertários, lutando contra os estados do sul, escravagistas, derramou-se muito sangue irmão. Quando após uma batalha, um capitão de tropa chegava ao quartel sem nenhuma perda, sem nenhuma baixa, ele falava  a seu comandante: "Zero Killed , Commander".
Com o tempo, a expressão evoluiu para "0 Killed",  e depois para uma abreviação, "0 K" que era pronunciado "ôu kei", e que se transformou no hoje universalmente utilizado "OK", para se dizer que tudo está ou ocorreu bem, conforme o previsto.
Lembro-me agora que, em janeiro de 2009, o "OK" foi utilizado na acepção da origem do termo. O piloto de um Airbus da U.S. Airways teve suas duas turbinas invadidas por pássaros, numa coincidência rara, probabilidade bem baixa de ocorrência, ao sair do Aeropoto de La Guardia, em New York. As duas turbinas explodiram, e o avião ficou à mercê da habilidade do piloto. Ele consegui fazer uma curva, alinhou a aeronave com o Rio Hudson, as asas paralelas à linha d'água, e pousou, quase sem impacto, salvando 100% dos passageiros e da tripulação, ele mesmo incluído. Uma perícia rara!
Zero Killed, Commander !




Tivesse ele ficado menos do que paralelo à linha d'água, e uma ponta da asa resvalasse na superfície, o avião poderia até mesmo capotar, e a contagem de casualties (vítimas) seria bem mais expressiva. Outra conseqüência danosa, que a habilidade dele evitou, foi o afundamento da aeronave nas águas geladas do rio. O pouso foi tão suave que a fuselagem manteve sua integridade, e serviu como um casco de navio: os ocupantes puderam descer(quase) tranqüilamente, e esperaram sobre as asas o resgate que, aliás, estava bem perto, nas docas do porto. Parece que até mesmo isto, o genial piloto, Captain Chesley 'Sully' Sullenberger,  previu, ao escolher o ponto de descida...

Enquanto isso, do outro lado do mundo, a contagem de mortos é diferente... é TK, ou Thousand Killed, em mais uma desproporcional reação, de 30 pra 1, de um de dois lados de uma guerra milenar... 


terça-feira, 12 de março de 2019

USE CINTO NO BANCO DE TRÁS!!!

Anteontem foi um dia triste para mim, e para pelo menos 2.000 pessoas que conheceram a história de Manu pelo meu blog, uma menina de 7 anos que encantava a todos e brigava com um câncer e precisava de uma medula, ela conseguiu, e venceu o câncer, e seguiu sua vida, mas morreu, na madrugada daquele domingo, aos 15 anos, vítima de um acidente de carro.

Escrevi meu inconformismo com os desígnios do Altíssimo aqui neste link, onde também se encontra a história da luta de Manu, que ela brilhantmente venceu, com muito esforço, muitas doenças colaterais, uma vida de luta. 
https://blogdohomerix.blogspot.com/2014/11/manu-ja-tem-10-anos.html

Não sabia das circunstâncias, mas logo desconfiei.

Hoje, veio a confirmação. 

O carro, que capotou após bater em um barranco, tinha cinco pessoas. Manu e outras duas meninas estavam atrás. Na frente, um casal de irmãos, que também faleceu. Todos voltavam de uma festa, numa cidade vizinha. A Manu estava no meio do banco de trás, sem cinto de segurança. As duas sobreviventes estavam uma de cada lado dela, com cinto. Após o carro parar, as duas saíram pelos vidros e foram andando atrás de ajuda. 
Nenhuma delas corre risco de vida"
Notaram o meu ressalto, em vermelho grande.

Querem que eu desenhe? Melhor não, né!!!

Veja a comparação com as duas amigas que estavam o lado de Manu: as duas sobreviveram, ela morreu. Num capotamento,  o cinto mantém a pessoa presa ao banco enquanto o carro vira, vira, vira, torna mais difícil o choque da cabeça com o teto do carro que está sendo amassado em sucessivos choques contra o piso da estrada ou rua, seja terra ou asfalto.

Para mim, não há dúvida!!!

Minha filha Renata é xiita com isso, chega a ser inconveniente, não deixa o carro sair enquanto todos no banco de trás não estiverem com cinto.

Ela está certa!!!

Decerto, Manu ficará feliz ao inspirar a todos duas vezes:

  • uma em vida, por sua luta e campanha, que salvou outras vidas, 
  • e outra no motivo de sua morte, que poderá salvar ainda mais vidas!
Isso dependerá muito de você. 
Se você vê valor neste alerta, passe para suas comunidades.

A Miúda Deu ao Rabo

Após mais uma série de piadinhas sobre português, 
sendo 90% absolutamente injustas
reitero minha publicação:
Eles apenas têm uma lógica diferente, apenas!!!
__________________________________________________________


Calma, não pensem que estou a começar um texto pornográfico, ou coisa que o valha. Trata-se de uma expressão corriqueira dos patrícios da terrinha d’além mar. Aquelas deliciosas diferenças entre os idiomas d’lá e d’cá do Atlântico. Tenho certeza d’que já ouviram falar d’muitas delas, mas as que foram base do título foram dshcubertas por euzinho aqui e tenho c’rteza d’que não conheciam. E as descobri graças à minha verve beatlemaníaca. E tash dou d’graça!
Não tenham pressa! Saberão do significado real mais para o final. Vou aproveitar que estou a falar dos patrícios para comentar também um pouco sobre a lógica que regula o pensamento do português, que é a origem das piadas q’tanto gostamos d’ouvir, mas que, em sua maioria, são exageradas. Elas acabaram descambando para uma extrapolação pr’c’p’tada d’que eles são burros, o que é a mais total injustiça. Eles podem ser burros, como podem ser inteligentes, assim como nós brasileiros, ou nossos hermanos argentinos, ou qualquer outra raça, mesmo que do primeiro mundo. O que mata mesmo é a lógica, de levar tudo ao pé da letra, o que, em verdade, os faz, até mesmo, mais racionais. Eles interpretam exatamente o que é falado. Nós, com o nosso jeitinho, já interpretamos o passo seguinte, e entendemos o que está por trás (com todo respeito) do que foi dito.
Vou me limitar a histórias q’ouvi de amigos viajantes, q’juram de pés juntos q’foi assim q’aconteceu.
Um deles, voltando d’Angola, passou uns dias em Lisboa, deu saudades (ainda não tinha Internet), foi ao jornaleiro e pediu: “Tens aí um jornal do Brasil?”, e o gajo: “De hoje ou de ontem?”, e o pobre: “Claro que é o de hoje, ô amigo!”,  e o patrício concluiu: “Então volte amanhã, p’rque hoje, somente temos o de ontem!” Ou seja, se você pensar bem, o sujeito está instrinsicamente correto, mas falta a ele o jeitinho brasileiro d’pensaire.
Um outro, em viagem d’casais (aquelas viagens que você planeja muito, começa com muitas expectativas, você, seu cônjuge e um casal amigo, depois, lá pelo meio, não vê a hora de terminar, depois de horários não cumpridos, programas que só um lado gosta, um querendo caminhar e o outro querendo algum meio de locomoção menos cansativo, os que adoram e os que detestam museus, mulheres reclamando uma da outra, mulheres querendo comprar e homens querendo comer, enfim, você sabe ...), parou numa tradicional casa d’fados, doido por um bacalhau, olhou o cardápio, escolheu o seu, perguntou aos demais o que queriam, e chamou o garçom: “Vou querer um bacalhau à portuguesa, um à ‘Gomes de Sá’, um ao ‘Zé do Pipo’  e um à espanhola.” O garçom anotou tudo d’reitinho, virou-se pra’sposa dele e sapecou: “E a senhora?”. Sem palavras! Vale também para caf’zinhos, cuidado! Se você estiver com outros 3 amigos, não se arvore em pedir 4 caf’zinhos, que o gajo vai p’rguntar ao comensal ao lado: “E o s’nhoire também quer um caf’zinho?”
Um terceiro, hospedado num hotel d’Lisboa, após a primeira noite, desceu à recepção e, esquecendo-se d’que não estava no Brasil, perguntou: “Onde se toma o café da manhã?” e aí: “O s’nhor sai do hotel, vira à esquerda, é um pouco antes da’shquina!”. O cara não entende muito bem por que ele tem que sair do hotel, mas segue as instruções e chega a um barzinho, lá onde o recepcionista indicou, mas aí se toca, volta e pergunta ao gajo: “Amigo, um hotel desta categoria não tem um restaurante onde se pode tomar um café da manhã completo, com frutas, frios, sucos, ovos mexidos, não?” e, então, o atencioso recepcionista finalizou: “Sim, claro, p’r que não p’rguntou logo? O p’queno almoço é no andar d’baixo!”. É interessante a variedade de termos se usa pelo mundo para o nosso café da manhã. Outras línguas usam o termo correto para aquela primeira refeição do dia, que, na verdade, trata-se de um desjejum: os franceses chamam de “petit dejeuner”, que é exatamente o tal “pequeno desjejum” potuguês; os espanhóis chamam de “desayuno”; e até mesmo os ingleses (e colonizados) usam a idéia, afinal, “breakfast” quer dizer uma refeição para “break the fast” ou “quebrar o jejum”; e os italianos, bem, aquela tal de “collazionne” não tem nada a ver com desjejum, mas nem mesmo eles sabem o que significa. Seja de que forma for, é certo que o gajo lusitano poderia ter entendido, de cara, o que o camarada brasileiro queria, àquela hora da manhã, que era, exatamente, quebrar o jejum!
Tem a história um pouco mais antiga, que repito por ser um bom exemplo de lógica lusitana. O cara está numa livraria numa sexta-feira e gostaria de voltar no dia seguinte, com a esposa, e pergunta ao livreiro: “Vocês fecham amanhã?”, fica satisfeito com a negativa, mas, ao voltar, no sábado, encontra a loja fechada. Volta, então, na segunda-feira e cobra: “Ô amigo, você me disse que não fechavam no sábado, eu estive aqui e encontrei a loja fechada!” e o cara: “Eu disse q’não fechávamos, p’rque se não abrimos, não podemos fechar, ora pois!”.

        Um amigo necessitou uma pomada, foi à farmácia e perguntou. Precavido, leu a bula, que dizia: passe-a sobre a área afetada, massageando-a bem, logo após lave as mãos, a não ser que a área afetada seja uma das mãos, sendo assim, não lave as mãos...

         Já na era do Nespresso.... Estava um amigo meu em Lisboa quando lembrou-se de atender a um pedido de um amigo que trouxesse umas caixinhas de sachês de um certo sabor, ele mesmo não tendo o aparelho em si, mas ia fazer um favor. Chegou, fez a pedida e, ao que foi perguntado: "Q'máquina tensh?" respondeu inocentemente: "Não tenho a máquina!", ao que foi respondido: "Então, não t'vendo, o pá!!" .... e meu amigo ficou sem os sachês.

        E finalmente, uma que soube hoje: estava um amigo na cidade do Porto, próximo à Catedral da Sé querendo descer até a Ribeira. Sabia o caminho mais longo, mas deparou-se com uma escadaria meio escondida que parecia que ia dar na Ribeira e, com medo de que a escadaria / beco fosse cair em outro lugar sem saída que o obrigasse a subir tudo de novo, perguntou ao guarda onde iria dar aquela escadaria ao que ele muito solícita e gentilmente respondeu: "Lá embaixo, pois". 
E há outras demonstrações da lógica, totalmente admissíveis. Se você for ao pé da letra, eles estão absolutamente certos. Veja:
·         Ao adentrar um elevadoire com ascensorista, fazemos aquela tradicional pergunta: “Sobe?”, ao que o gajo responde: “Não, shtá parado!”
·         Ao perguntar aonde fica o metrô, o gajo responde, d’mediato: “Aqui embaixo, ó pá!”
·         Numa reunião após u’shpdiente, um gajo pede um certo sanduíche, o camarada ao lado pede: “O mesmo!”. Ao chegar o pedido, somente o primeiro recebe o dito cujo. O segundo, após um tempo, reclama ao garçom, que diz: “Mas, tu não iash comer o mesmo?”
·         Ainda em restaurantes, chega-se a um dos típicos e p’rgunta-se: “Tem bacalhau?”, ao que o garçom responde: “Tem, mash não há!” Neste caso, um d’scohec’mento nosso do significado curreto, poish o verbo ‘ter’ sign’fica ‘ter como hábito’, enquanto o verbo ‘haver’ sign’fica ‘ter no momento’;
·         No meio de uma viagem entre duas cidades, o motorista pára para abastecer o veículo e pergunta, inocentemente, ao caixa: “Falta muito para chegar ao destino?”, e recebe de volta: “Se tu fores devagar, demora um p’quinho, purém, se fores depressa, chega rap’dinho”
Ou seja, todas as histórias acima são exemplos da lógica lusitana, o que não significa que sejam mais ou menos inteligentes, apenas pensam diferente, querem que se faça a pergunta da forma correta. Aliás, nossos amigos d’lá, de burros não têm nada.
Voltemos, então, à língua. Mas ainda não à “miúda engatada”. Porém, vou me limitar à linha dos perigos que podem ter uma conotação sexual, como a do título. E tem os dois sentidos, o que achamos que é, mas não é, e que não achamos que é, mas é (ufa!). Há q’se ter cuidado!
1.        Não se assuste quando falarem dos “putos” lá de casa, que estão a ref’rir-se aos próprios filhos homens. Ainda bem q’não usam a mesma palavra, no feminino, para referirem-se às filhas mulheres. Ia ficar estranho!
2.       Em Portugal, você pode “entrar numa bicha para tomar pica no cu”, sem problemas para sua masculinidade. Significa apenas que você está doente e está precisando entrar numa fila para tomar injeção na bunda. Nada demais!
3.       Esta já aconteceu com uma alta autoridade brasileira, cuja assessora de imprensa disse à sua contraparte de Lisboa: “O Presidente vai participar de uma coletiva.” Diante do espanto de seus interlocutores, perguntou se havia dito alguma bobagem. Ao que foi explicada que, lá, coletiva, é gíria para sexo grupal, suruba, bacanal, enfim, coisas do gênero.
4.       E mais, você pode chegar a um restaurante português e pedir sopa de grelos e, de entrada, punheta de bacalhau pra comer, acompanhado com cacete em fatias finas. Nada demais! Trata-se de sopa de folhas de nabo, com bacalhau desfiado, temperado e cru, pra comer com pãozinho cortado em fatias finas.
5.       Esta não tem problema de duplo significado, mas serve para ressaltar a dificuldade. Não adianta reclamar num hotel que a descarga da privada não funciona. Vai demorar muito para entender que você não consegue acionar o “autoclismo da retrete”.
Bem, finalmente, vamos ao que interessa. A explicação do título vem em duas partes. E claro que, como a origem é beatle, vocês não iriam escapar de um pouco de cultura beatle, perdoem-me!
No disco Rubber Soul, sexto da carreira beatle, de 1965, eles começavam a sair da linha juvenil romântica da beatlemania. A segunda canção chamava-se “Norwegian Wood”, de Lennon/McCartney, mas, precisamente, era de John. A canção ficou famosa, além de ser linda, por dois fatos marcantes, daquele tipo “Pela primeira vez na história do rock...”, que os Beatles fizeram um sem-número de vezes.
1.        Foi a primeira vez que uma cítara apareceu numa canção de rock. George Harrison já havia começado sua paixão pelas coisas e pelas idéias indianas, trouxe o instrumento de uma viagem, aprendeu o básico e tocou os inesquecíveis acordes iniciais da canção.
2.       Foi a primeira vez em que uma composição de rock insinuava uma noite de sexo, num primeiro encontro, deixando o lado ingênuo de “I Wanna Hold Your Hand”, em que se pedia permissão para segurar (só) na mão da miúda (ih!), e outras tantas.
A letra dizia:
I once had a girl, or should I say, she once had me.
She showed me her room, ‘Isn’t it good? Norwegian Wood!’ ”
Depois, lá pelo meio da letra, ele solta:
We talked until two, and then she said: ‘It’s time for bed!’
É certo que as más línguas e as mentes poluídas já haviam identificado uma certa conotação sexual na aparentemente ingênua “Please Please Me”, dos idos de 1963, em que John (sempre ele!) dizia:
Please please me, oh yeah, like I please you!
Diziam os alucinados que o “Satisfaça-me como eu satisfaço você!” tinha uma clara indicação de sexo oral não retribuído. Lennon nunca admitiu isso: dizia apenas gostar da sonoridade da palavra ‘Please’, que tinha dois significados totalmente diferentes, e que ficou encantado com a possibilidade de juntá-los num mesmo verso.
Bem, a primeira parte d’minha descoberta originou-se há uns anos, quando uma colega aposentou-se e, sabedora de minha mania, deu-me de presente um pequeno livro intitulado: “Beatlemania - Poemas dos Beatles 1962-1966”, e vinha com um post-it que dizia “Divirta-se!”. Profético conselho! Tratava-se de todas as canções beatle daquela fase, em inglês, e com sua tradução em português de Portugal. Na maior parte das vezes, a tradução é idêntica à que nós faríamos aqui. Mas tem uma ou outra expressão que só os da terrinha entendem! Por exemplo:
My baby don’t care!” de “Ticket To Ride” ficou 
A minha miúda está-se nas tinta!”;
When you say she’s looking good ..” de “Girl” ficou “Quando se lhe diz que está gira..”;
Darning his socks in the night .. ” de “Eleanor Rigby” ficou “A coser as peúgas à noite ..”.
E aquela frase do refrão de “Please Please Me” ficou muito interessante, com os modos pronominais portugueses: 
“Por favor, dá-me esse prazer, oh sim, como eu to dou a ti!”
E por aí foi! Entretanto, quando cheguei em “Norwegian Wood”, irrompeu-se-me uma gargalhada fenomenal. Logo de início, aqueles dois primeiros versos que escrevi aí em cima, do “I once had a girl ...” foram assim traduzidos:
Uma vez engatei uma miúda. Ou será que ela me engatou a mim?
Mostrou-me seu quarto. ‘Que beleza! Madeira Norueguesa!
Mais uma vez, sem palavras!
Devo alertar que qualquer tradução de letra de música corre o risco de ficar ridícula e, por vezes, não passar a mensagem poética do autor.  Lembram-se do que acontece nos países de língua hispânica, onde eles traduzem os nomes das canções nas capas dos compactos, e produziram aquelas pérolas como “Boleto Para Pasear” e “Podemos Solucionarlo” ou ainda, “Déjalo Ser” e “Anochecer De Un Día Agitado”, e coisas do gênero, como apresentei em outro texto meu (link). 
Em português, também! Quem apostaria numa música intitulada “Madeira Norueguesa”? O inglês tem uma sonoridade musical toda própria, que se perde na tradução. Naquele mesmo álbum Alma de Borracha (!!!), existe outra bela canção de John (de novo) , “Girl”, que no livrinho aparece como “Rapariga”. Pois é, não dá!
Outro exemplo de perda de sonoridade, eu presenciei quando assisti ao filme “Lost in Translation”, que no Brasil saiu como “Encontros e Desencontros”: o personagem principal, vivido por Bill Murray, está num bar onde uma mulher canta a linda “Scarborough Fair”, de Simon & Garfunkel. Quando ela entoa .....
Are you going to Scarborough Fair?  Parsley, sage,   rosemary and   thime.”
….  lindamente, melodicamente, na tela, a legenda mostra:
Você vai à feira de Scarborough? Salsa,    sálvia,  alecrim  e tomilho.
Não precisa dizer que, no segundo seguinte, a sala de cinema toda olhava em minha direção, procurando de onde vinha a gargalhada que invadiu o espaço.
Bem, decifrada então a primeira parte do enigma, sigamos à segunda.
No meio da década de 90, os 3 Beatles então viventes, Paul, George e Ringo, dedicaram-se a um grande projeto, uma antológica recompilação da carreira, que gerou discos, filmes e livro: o Projeto Anthology. De música, foram 3 CD’s duplos Anthology 1 1995, Anthology 2 1996 e Anthology 3 1996. O livro, na verdade um livrão chamado Anthology, foi uma autobiografia dos Beatles, que esgota tudo o que se quer saber sobre eles, contado pelos próprios. Claro que há outras centenas (Sem exagero! Penso que, na verdade, deve passar de 1000!) de livros sobre as vidas deles, em que encontrarão algo que eles mesmos não gostariam que se soubesse. Mas, o essencial está ali. 
Em filmes, foram, primeiro, 8 fitas VHS (lembram-se daquele jurássico meio magnético?) e, no final da década, relançaram na forma de 5 DVDs, que juntavam as 8 fitas: 2 a 2 nos 4 primeiros DVDs, e no quinto, o material extra. Os DVDs são magníficos, têm detalhes que eu não sabia, imagens que eu nunca havia visto, os 4 Beatles aparecem em entrevistas ótimas, inclusive John, lá do além, claro que em  gravações feitas antes de sua morte, o pá!
O bom dos DVDs, além do material extra e da natural melhor qualidade, é que vinham com a opção de 10 idiomas para as legendas, desde inglês a coreano, árabe e japonês, até chegar ao português e português do Brasil. Veja a sensibilidade dos produtores, que notaram que as diferenças podem ser significativas. Agora mesmo, aqui na empresa, estamos associados a companhias portuguesas em uns blocos em Portugal, e todos os contratos, na dúvida, são elaborados em inglês. Totalmente justificável!
Como curiosidade, assisti com a opção do português original. O primeiro dos DVDs conta, como não poderia deixar de ser, sobre o começo da carreira, mas, antes ainda, como foi a  infância dos 4, e sua introdução  no mundo do rock’n roll. Elvis Presley, que é influência marcante para todos, aparece um vídeo de “Hound Dog”, com seu requebrado inigualável, e, na legenda, traduzindo uma fala de John, que dizia que ele cantava e rebolava, estava:
“Elvis a cantar e a dar ao rabo ....”
   E, mais uma vez, as gargalhadas invadiram o ambiente, desta vez, a minha casa, ante os olhos assustados de meu filho, que via comigo, mas não captou a essência da coisa, de cara.
   Lá mais adiante, notei que a expressão aplica-se a mais situações da língua, com o mesmo sentido. Por exemplo, quando se dizia que os Beatles balançavam as cabeças, aparecia: “Eles davam às cabeças... ”
   Então, está decifrado o enigma!
O título lá em cima quer dizer, em português do lado d’cá:
“Ele teve uma garota que rebolava ....”
   Nada mais inocente do que isso!
Portanto, mais uma pequena confusão portuguesa, com certeza.

domingo, 10 de março de 2019

Vá em paz, Manu!

Caramba, 5 anos atrás celebrávamos uma vitória
Uma garotinha havia superado uma batalha duríssima
Uma medula compatível era procurada
Redes foram mobilizadas
Só no meu blog, foram 2.000 visualizações da súplica
Hoje, recebo a notícia de que Malu se foi
Vítima de um acidente de carro nesta madrugada
Ainda não sei as circunstâncias
Só sei que parece brincadeira de mau gosto do altíssimo
Os já famosos desígnios de Deus
Sei não...
___________________

Algum dia de 2014, soube do estado dela
___________________


Foi em 2011 que Renato me mandou um vídeo de uma garotinha linda e simpática andando pelos corredores do hospital com tubos pendurados e fazendo charme. Ela combatia a leucemia. Era Manu!

Ela precisava de transplante de medula e procurava um doador compatível. Fiz um post no meu blog ..... E divulguei....divulguei ... divulguei, ele tornou-se o mais visitado até então, com 2000 acessos. 

http://blogdohomerix.blogspot.com.br/2012/01/uma-medula-para-manu.html

Esta e outras campanhas de família e amigos mais próximos fizeram com que se encontrasse um doador.  Foi uma festa!!! 

Olha só como ela está hoje, aos 10 anos...




Ela acabou não fazendo o transplante pois os médicos utilizaram outra técnica ... uma quimioterapia alterada e mais forte do que o coquetel que ela tomava ... que deu certo... e o que importa é que ela está bem, e linda!!!


Vejam um depoimento de sua Tia Andréa
Manu está no período de prova, por assim dizer. O tratamento terminou há 2 anos e meio. Nesse tempo ela faz consultas regulares e exames para monitorar tudo. Até agora tem sido um sucesso. Exames perfeitos, nenhum sinal de recidiva. A literatura médica considera curada a pessoa que, depois de finalizar o tratamento, fica 5 anos sem reincidência. Manu está no meio do caminho. É sempre angustiante, sempre dá medo diante de uma febre ou qualquer outro mal estar que ela sinta.
Nesses dois anos, ela teve problemas pulmonares (um nódulo cicatricial das pneumonias que teve durante o tratamento). Apresentava falta de ar, cansaço fácil. Também teve cálculo renal, ficou internada com cólica renal, tadinha. Gastrite das bravas, vira e mexe tem que ir pro gastro, e puberdade precoce (tudo isso muito ligado aos efeitos adversos da químio). Não satisfeita, foi presenteada com catapora.
Um dia ela se queixou, meio sem paciência: "Credo Tia Deda, que droga! Parece que eu tenho que ter todas as doenças do mundo!"
Está em acompanhamento regular e constante, monitorando recidivas a tempo,  caso ocorram.  Vida praticamente normal, salvo os cuidados normais e medicamentos específicos. O doador fica de stand by. Optaram por não fazer o transplante pelas condições que ela se encontrava à época. Graças a Deus ela respondeu ao tratamento proposto aos 45 do segundo tempo. "

Uma felicidade, realmente!! Sigamos torcendo!!