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quarta-feira, 16 de julho de 2014

A Melhor Banda do Rio? Foi bom ler isto no Globo!!!

SÉRGIO LUZ15.07.2014 09h00m

 
Antes de cair na estrada, em excursão que começa no próximo dia 24, no Circo Voador, a Baleia fez um show de aquecimento no acanhado e aconchegante Centro Cultural Sérgio Porto, na última sexta-feira. Na plateia, o poeta e músico Mariano Marovatto, que lançou seu segundo disco, o doce "Praia", no ano passado, vaticinava: "A melhor banda do Rio de Janeiro."
Após mais de uma hora de atraso, ocasionado por problemas técnicos, o sexteto formado por Sofia Vaz (voz, guitarra e violão), Cairê Rego (baixo), David Rosenblit (teclado), Felipe Ventura (guitarra e violino), Gabriel Vaz (voz, violão e percussão) e João Pessanha (bateria) começou a apresentação de seu ótimo álbum de estreia, "Quebra azul", lançado digitalmente no ano passado, e que acaba de ganhar versão em CD. 
Em entrevista por telefone ao Amplificador, Gabriel Vaz fala sobre a importância de ter um disco nas mãos.
— Não sei o quanto muda, mas acho que ainda existe um certo gosto pelo material físico, por mais que isso não seja tão necessário. É algum tipo de convite para o universo da banda. O material com o encarte, com a arte, tudo isso faz parte da experiência. Era nossa chance de um cartão de visitas. Bem diferente de mandar um e-mail com um link.
Ao vivo, as canções do disco ganham uma atmosfera ainda mais densa, mesmo com a leveza dolorida que caracteriza faixas como "Casa" ou "Jiraya". O entrosamento entre os músicos, que trocam de instrumentos — e até compartilham baquetas, como fazem Peçanha e Vaz — dá um clima de camaradagem, de um encontro entre amigos levando um som no quintal de casa. 
E é em meio a esse sentimento que os convidados da noite, Cícero e Marcela Vale, mais conhecida como Mahmundi, se juntam ao grupo no palco. Recentemente, Cícero fez uma releitura da faixa "Breu", da Baleia, para o projeto "/remix". O grupo retribuiu na mesma moeda com "Fuga nº 4". 
— O Cícero e a Marcela, desde o lançamento do nosso disco, foram as pessoas que mais se aproximaram da gente. Eles gostaram bastante do trabalho. Daí começou essa amizade, essa história da participação de um no show do outro. Por admiração mútua — conta Vaz.Cícero participou em três músicas. "Motim", dos anfitriões, e versões arrebatadoras — que o próprio convidado afirmou serem melhores que as originais — de canções suas: "Ela e a lata" e "Vagalumes cegos". Já Mahmundi tocou em "Vagalumes cegos" e na releitura de "Sei lá (a vida tem sempre razão)", de Toquinho e Vinicius de Moraes, gravada pela banda para a websérie "Mais Vinicius, por favor", do Multishow, que comemora o centenário do Poetinha.
A mistura de pop sofisticado e MPB da Baleia, pretensiosa no melhor dos sentidos, flui com intensidade — e suavidade — pelas mãos e vozes dos músicos. A timidez de Ventura no palco, por exemplo, esconde um guitar hero em potencial, com direito ao arco de violino à la Jimmy Page para tocar guitarra, mas sem nada daegotrip e do exibicionismo do lendário guitarrista do Led Zeppelin. Tudo funciona para a música, seguindo o ritmo da maré que leva os baleios, entre calmarias e tempestades. 
O final do show apresenta as características mais marcantes do grupo: técnica, musicalidade e dinâmica em um medley de "Noite de temporal", de Dorival Caymmi, e "Little by little", do Radiohead. Aqui, a pressão sonora da cozinha da banda explode em harmonia com a delicadeza da voz de Sofia, apoiada pelo grave de Vaz.

— A gente começou a tocar "Noite de temporal" em 2011, e amadurecemos a ideia de lá para cá. Do repertório de versões que a gente tinha naquela época, ela é a única que conserva a identidade que a banda tem hoje — explica Vaz.
Sobre a afirmação de Marovatto, o músico comenta que acha bacana esse reconhecimento por parte dos colegas. 
— Eu vejo muita gente desencantada com a cena do Rio de Janeiro, gente que toca em bandas e não está muito animada. O Mariano é amigo, não posso falar. Mas fico muito feliz que a Baleia tenha amigos que gostam da banda.
Durante o show, Sofia e Vaz fizeram questão de falar o quanto eles estavam felizes. E o público também estava. Afinal, a Baleia pode até não ser a melhor banda da cidade, mas cada vez mais se destaca como uma das mais interessantes do Brasil. 
O resto do país poderá formar sua própria opinião a partir do próximo mês. Em agosto, o grupo passa por São Paulo, Salvador, Recife e Fortaleza. Belo Horizonte e Curitiba também estão confirmadas para a outra parte da excursão, que seguirá em setembro e outubro.

2 comentários:

  1. Bom dia, Homerix!
    A antenada turma de artistas da Baleia sabe que o único lugar em que 'sucesso' vem primeiro que 'trabalho' é em verbete de dicionário então...mãos à obra, moçada! O Brasil é grande e eu espero e desejo que o sucesso de voces também o seja.
    Sorte, saúde e sucesso!
    Abr grde da Rosana

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  2. Homero, desde o primeiro contato com a Baleia já identifiquei que era algo muito especial. Se ainda houver mérito neste Brasil musical, certamente eles merecem e vão longe. Assim espero, uma excelência no meio da mediocridade que nos é imposta no dia-a-dia.
    Armando Bulgarow

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