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sexta-feira, 16 de maio de 2008

BBB - Os Substantivos e Os Adjetivos

The Beatles - Bob Spitz

Capítulo 3 - Os Substantivos e Os Adjetivos

Seguramente, consolidei meu conhecimento sobre os Beatles lendo este livraço, em tamanho e conteúdo, riquíssimo em detalhes, e muito bem escrito, com pouquíssimos erros. Aliás, usando este exagero de aumentativos e superlativos, lembrei-me que foi o primeiro livro Beatle que li em bom português. 


Pude, então, apreciar substantivos como fenômeno, loucura, espanto, histeria, desmaio, frenesi (permitam o francesismo), pânico, tumulto, selvageria, arrebatamento, comoção, polvorosa, balbúrdia, multidão, estupefação, pandemônio, todos atrelados à Beatlemania, estado de espírito que acometeu o mundo de outubro de 1963 a agosto de 1966. A primeira data foi a primeira vez em que o termo foi usado pela imprensa inglesa, após um show no teatro London Paladium. A última foi a data do último concerto ao vivo, no Estádio Candlestick Park, em San Francisco. Foram quase 3 anos de situações de amor extremo ao quarteto (muuuuitas vezes materializado ....), testemunhados em ruas, aeroportos, teatros, ginásios, e depois estádios, completamente abarrotados, filas de dobrar quarteirões para comprar ingressos dos filmes e outros espetáculos; gritos de ferir as gargantas à sua simples presença, e muito maiores quando cantavam, e principalmente balançavam as cabeças agitando os cabelos compridos e gritando “Uuuuuuuuu”, ou mesmo se simplesmente sorriam; estratégias para escapar à turba, barreiras de policiais reduzidas a pó, enfim, uma sucessão de demonstrações, que acabou por cansá-los, dando origem ao “basta” californiano.  Daquela época, notáveis as descrições dos encontros com o rei dos ringues Cassius Clay (“Sou mais bonito que eles!”) e “The King” Elvis Presley (“Vão ficar aí parados como súditos diante de um rei?”), o ídolo de quem tomaram o trono. A lamentar, a descrição da revolta de algumas cidades conservadoras a uma declaração de que os Beatles eram mais populares que Jesus, proferida, claro, por John, que levou à queima de milhares de seus discos em praça pública, e gerou um imenso desconforto. Desconforto ampliado ao quadrado, e aliado ao perigo, quando tiveram que sair às pressas das Filipinas, por terem se recusado a almoçar com a primeira dama Imelda Marcos, aquela dos 3000 pares de sapato! Enfim, coisas da Beatlemania!


Pude concordar com adjetivos como fulgurante, arrebatador, intenso, vibrante, irresistível, exuberante, empolgante, que emolduravam as críticas às canções dos primeiros LP's, 'Please Please Me', 'With The Beatles', 'A Hard Day’s Night', 'The Beatles For Sale' e 'Help'. Depois, os críticos passaram a taxar os rapazes de originais, ousados, requintados, singulares, criativos, audaciosos, complexos, no lançamento dos dois últimos LP's da época do pé-na-estrada, 'Rubber Soul' e 'Revolver'. Aliás, a mudança do tom havia já começado com 'Yesterday', a última canção de 'Help', primeira a ter arranjo de cordas em um disco de rock, primeira a ter apenas um beatle tocando, Paul ao violão. Foi interessante reler a descrição do processo de composição da canção, de Paul, que sonhou com a melodia, mas levou mais de um ano para terminá-la, primeiro com o temor de que seria um plágio, de tão bela que era, depois, porque não conseguia livrar-se da letra do primeiro verso, que viera logo nas primeiras semanas: “Scrambled eggs ...  oh, my baby, how I love your legs ...”.


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