Rio de janeiro, 29 de dezembro de 2005
Caros vizinhos do Frederico I,
Venho, por meio desta, apresentar-me e à minha família, a vocês e à administradora de nosso condomínio, como novos moradores do apartamento 501.
Além de mim, engenheiro, 47 anos, beatlemaníaco, estão comigo: minha esposa Neusa, funcionária pública federal, 47 anos (apesar de aparentar bem menos!); minha filha Renata, estudante de Jornalismo, 20 anos, cinemaníaca; meu filho Felipe, estudante de Matemática, 17 anos, guitarrista e violinista; minha sogra Zulmira, dona de casa, 82 anos bem vividos; meu cunhado Antônio Carlos (o Carlinhos), deficiente físico e mental, 53 anos, um verdadeiro santo; Juraci, empregada doméstica, 60 anos, que ajuda no trato do Carlinhos e, finalmente, Suzy, empregada doméstica, 22 anos. Como vêem, viemos aumentar consideravelmente o número de habitantes do nosso edifício.
Eu e Neusa somos paulistas, de Santos, e viemos para o Rio de Janeiro há 23 anos, quando nos casamos. Desde então, e até agora recentemente, moramos em um mesmo condomínio, logo ali em Botafogo, que tinha 231 outros vizinhos. Estamos, portanto, achando incrível o que acontece aqui: desde que freqüentamos estes nossos elevadores, há mais ou menos 1 mês entre namoro, negociação, pré-mudança e efetiva morada, não compartilhamos nossos elevadores com nenhum de vocês! Outra coisa interessante: aqui os elevadores chegam e ficam. Bem, acostumar-nos-emos a isto! Não será difícil, claro!
Outra razão para esta carta: um pedido de desculpas! Ontem, ao empreender mais uma de minhas obrigações maritais, a de preencher paredes com enfeites, tive a “felicidade” de perfurar o coração de um Tê, componente de uma coluna de descarga de vaso sanitário, que atendia a todos os apartamentos! Poderia ter sido uma ramificação que só afetasse a mim ou, ao menos, uma coluna menos inportante, porém caprichei e acabei com o fornecimento de água de 80% das tão necessárias privadas! Menos mal que os lavabos continuaram funcionando. Quis a providência que, no exato instante em que perpretei o insano movimento, estava a cerca de 2 metros de mim um bombeiro (ou encanador, como nós, paulistas, muito mais apropriadamente denominamos!), consertando um vazamento no banheiro da suite que eu enfeitava. Foi ele o único ser vivente a ouvir a pouco educada expressão que proferi ao receber o inesperado jato de áqua em minha cara (felizmente, não perfurei a coluna de esgoto!). Depois de identificar o registro que alimentava a coluna, operação que teve a ajuda de nosso prestimoso zelador, começou a empreitada de conserto, que durou quase 5 horas, de sangue, suor e lágrimas … bem, corrigindo, apenas as 2 últimas.
Pelo feito, peço desculpas! Concordo que não foi um perfeito cartão de visitas de nossa chegada à pequena comunidade. Serviu também para que, quando nos visitarem, notarão muito menos quadros e espelhos nas paredes do que o originalmente previsto. Certamente pensarei 5 vezes antes de acionar aquela furadeira novamente!
Enfim, quero aproveitar para oferecer nosso telefone, 2537 2628, e desejar a todos um excelente 2006, com muita saúde, harmonia e, se possível, um condominiozinho um pouquinho mais em conta!
Abraço a todos!
Homero Ventura, família e agregados!