Gente, a receptividade ao livro A Arma Escarlate segue excelente, estamos acumulando críticas positivas, até já fiz um post sobre o que estavam dizendo, após um mês de estrada. Agora estamos no meio do 3º mês, estaria na hora de divulgar outras, são muitas. Gente lendo pela 2ª até 3ª vez, comprando para presentear amigos, enfim. Entretanto, vou concentrar o destaque  a esta crítica, feita por Robson Moro, Professor de Artes em Jales, interior de São Paulo. Transcevo-a aqui.
___________________________________O ano é 1997.  Em meio a um intenso tiroteio, durante uma das épocas mais sangrentas da favela  Santa Marta, no Rio de Janeiro, um menino de 13 anos descobre que é bruxo.  Jurado de morte pelos chefes do tráfico, Hugo foge com apenas um objetivo em  mente: aprender magia o suficiente para voltar e enfrentar o bandido que está  ameaçando sua família. Neste processo de aprendizado, no entanto, ele pode  acabar por descobrir o quanto de bandido há dentro dele mesmo.  
Mas fui adiando a compra do livro... deixando para depois... Até que um certo dia, por algum motivo obscuro, tive muita vontade de lê-lo, e finalmente encomendei minha cópia na Saraiva.
O que eu esperava? Uma história no mínimo inocente sobre um garoto que descobre que é bruxo, e passa a ter o objetivo de aprender magia e se livrar da perseguição dos traficantes, já que estava jurado de morte. O básico da resenha.
Mas o que descobri, o que li, foi incrível.
Em primeiro lugar, a escritora, Renata Ventura, fez a lição de casa. Utilizou acontecimentos reais na Favela Dona Marta para nos introduzir aos personagens. O tempo todo são citados fatos que realmente aconteceram no mundo real, o que nos torna próximos à história. Um delicioso aperitivo, claro.
Mas o que mais surpreende são os personagens. Primeiro  os professores, retratos exatos dos vários tipos diferentes no Brasil. Temos o  professor inconsequente, o faltoso, a queridinha da turma que não ensina  direito, a muito inteligente mas terrivelmente insensível, o ótimo professor  cuja matéria ninguém se interessa... Estereótipos saudáveis com os quais convivo  diariamente como professor nas escolas em que leciono.
E os alunos, longe de serem perfeitinhos, são os típicos  alunos das escolas brasileiras, muito bem retratados até mesmo nos modos de  falar.
E tem o protagonista, Hugo, o mais humano de todos. Um  personagem ambíguo, real, que erra várias vezes, fatalmente até, alguém que  nunca, nunca mesmo eu imaginava ser protagonista de um livro desse tipo. Em  vários momentos da leitura, me peguei pensando "puxa, Hugo deveria ser algum  tipo de vilão da história, e não o personagem principal", para só depois  descobrir que as circunstâncias que o fazem agir de maneira impulsiva talvez  fizessem com que eu agisse da mesma forma. É assustador como Hugo me fez pensar  sobre consequências, meios e fins, o quanto nós poderíamos ser parecidos, o  quanto de bandido eu teria dentro de mim, como diz a sinopse. Se ao ler Harry  Potter e a Ordem da Fênix você se espantou com o comportamento rebelde e  impulsivo de Harry, prepare-se para se espantar, e muito, com o comportamento de  Hugo que, diga-se de passagem, tem muitos motivos para se revoltar contra a  vida. 
Toda história de fantasia e aventura tem um grande  vilão, e A Arma Escarlate não foge à regra. Contudo, o vilão, o grande mal que  acaba assolando a escola, nada tem a ver com bruxos psicopatas ou mentes  malignas, mas sim algo extremamente próximo à nós, muito difícil de se vencer e  muito, mas muito mais perigoso que um Voldemort da vida. Grande sacada da  autora, uma das melhores do livro.
E méritos também à valorização de nossa cultura, uma vez  que os feitiços vem de línguas indígenas e africanas, nosso folclore e cultura  são amplamente valorizados e até mesmo críticas à nossa mania de copiar o  estrangeiro surgem nas páginas de maneira suave. Vemos traços do folclore e de  nossas tradições explicados dentro do mundo mágico desenvolvido pela  autora.
E são deliciosas as referências à saga Harry Potter.  Nada gritante, saborosamente sutis, que os fãs da série captam no ato. Algumas  são mais gostosas de perceber que as outras, criando uma conexão interessante, e  diga-se de passagem, sugestiva, com a saga de J.K. Rowling.
Fica aqui a recomendação de leitura e um ENORME PARABÉNS para Renata Ventura,  por criar uma história tão densa e ao mesmo tempo tão divertida e prazerosa, que  me fez repetir um feito só antes alcançado por Harry Potter: A leitura de um  livro de 500 páginas em dois dias, o que me rendeu algumas olheiras, claro. E um  grande gostinho de "quero mais". Bem mais.
eu lerei!!
ResponderExcluirHomerix... Por meus informantes correspondentes estou sabendo que o livro já atravessou oceanos...
ResponderExcluirPaulus
Claro que atravessou!
ResponderExcluirEstou aqui na Dinamarca, e já comecei a ler pela segunda vez, para saborear melhor a história. :-)
Homerix,
ResponderExcluirSe traduzir para o espanhol, então aumentará ainda mais o número de apreciadores...
O que dá mais raiva neste livro............................... é ter que parar de ler para ir trabalhar ou dormir!:(
ResponderExcluirParabéns Renata!!!! Estou amando o Hugo!
Regina Murat
Rapaz, deu água na boca.
ResponderExcluirSobreviverá o autor através de sua criação? É esta a grande vitória de alguns escritores que se imortalizam - cruel metáfora - através, por exemplo, de um personagem. Foi o que aconteceu com Cervantes e o seu Dom Quixote. E com quantos outros mais? Esse é um privilégio, admitamos, de raros, raríssimos. Embora constitua um esfarrapado, precioso arremedo de imortalidade. (Trecho de uma crônica do livro "O exílio das palavras").
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