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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Teoria da Conspiração

O filme, eu vi em 1997.
O livro sobre a conspiração, 
eu li em 1995 (link Amazon).
Hoje, aos 40 anos da morte de John Lennon,
hora de lembrar de tudo aquilo!
_________________________

Foi há 40 anos...

No dia 9 de dezembro, mais ou menos às 8:30 da manhã, peguei meu carro, em São Paulo City, para ir uma das últimas vezes à faculdade de engenharia na Politécnica-USP. Parti, e logo a seguir, liguei o rádio como sempre, e alguns minutos depois, ouvi uma notícia como nunca:

John Lennon foi assassinado em Nova Iorque!

Não acreditei, parei o carro, ouvi o relato e chorei. Um maluco havia atirado nele pelas costas. Depois, vim a saber que o assassino segurava um livro nas mãos quando foi preso, sem qualquer resistência.

Uns 17 anos depois, fui ao cinema assistir ao filme ‘Teoria da Conspiração’, em que Mel Gibson faz um alucinado motorista de táxi em New York, que tem uma newsletter em que denuncia manipulações e manobras do governo. Ele tem uma paixão platônica por Julia Roberts. Ele a vê toda noite, de dentro de seu táxi, fazendo esteira em seu (dela) apartamento do terceiro andar de um edifício, enquanto (ela) ouve (e ele pensa) "You Are Too Good To Be True" (can't take my eyes of you). Depois, descobrimos que há outras razões para a paixão, mas veja o filme para entender, senão estraga. Tocou-me muito também a obsessão que o personagem tinha pelo livro "The Catcher in the Rye", de J. D. Salinger, que aqui é encontrado como "O Apanhador no Campo de Centeio". Esse livro, sobre a vida de um adolescente perturbado, chamado Holden Caufield, é ministrado a todo estudante de Middle School nos Estados Unidoenha do livro? Aqui, neste LINK. O Felipe leu quando estudou lá, e gostou muito, e já leu novamente há pouco tempo.

Pausa para uma magnífica descrição do livro, feita por uma amiga:
O livro é aplicável a qualquer cultura porque é relatado por um adolescente e eles são os mesmos em todo o mundo. Só o Holden é que é diferente. Daí sua incapacidade de se relacionar, seu isolamento. Ele vai percebendo a quantidade de cretinos (ele usa muito esse termo) que o cercam e que todos encontramos pela vida. Por isso o livro não tem idade, nem público restrito, embora eu duvide que adolescentes como os que ele descreve no livro fossem ler qualquer coisa, muito menos aceitar um que os critica. Ele chega à conclusão de que não pode e não quer suportá-los. Nós levamos um tempo bem maior do que ele, para perceber isso. E ter coragem para tanto. Não deixe de ler. Vale a pena.

Quando vem a cena de Mel Gibson comprando todos os exemplares do livro numa livraria, comecei a entender o que estava acontecendo no filme, o que estava por trás de seu comportamento meio doidão, alucinado. Entretanto, tenho noção de que só eu e uns poucos beatlemaníacos puderam captar: é que era um exemplar do mesmo livro que estava em uma das mãos de Mark Chapman, enquanto a outra descarregava o revólver em John Lennon. Quer dizer, um beatlemaníaco comum saberia deste fato, mas somente os muuuito betlemaníacos, como eu, que lêem livros sobre Beatles, saberiam a relação que aquele livro tinha com o filme.


É que dois anos antes de assistir a ‘Conspiracy Theory’, eu lera um outro livro chamado "Who Killed John Lennon (link)", de Fenton Bressler, em que se defende a teoria de que Chapman era um assassino programado pela CIA. Essa teoria fora explorada no filme 'The Manchurian Candidate' de 1962, com Frank Sinatra, e que teve uma espécie de refilmagem com Denzell Washington em 2004. Bressler pesquisou a vida pregressa do assassino, encontrou aproximações da agência de inteligência em alguns pontos de sua biografia. E notou um blank period, na verdade um buraco negro em seus registros, sem aparecer em nenhuma parte do planeta. Teria sido esse então, o período de lavagem cerebral e treinamento.  O gatilho para acessar sua mente teria sido o recebimento o livro "The Catcher in the Rye" de algum agente da CIA, que o fez fazer o que estava programado para fazer: dirigir-se ao edifício The Dakota, na Rua 72 esquina com Central Park West, New York, e matar John Lennon. Segundo Bressler e muitos adeptos, o grande ativista, o grande animal político, capaz de reunir milhões em um comício, estava de volta, após 5 anos de reclusão para cuidar de seu segundo filho, e se constituía numa ameaça aos objetivos belicosos do governo que se instalava, após um período de quatro anos 'insuportáveis' de Jimmy Carter em busca de paz.

         Enfim, deve ser mais uma Teoria da Conspiração! Ou não?

         O assassino foi condenado a prisão perpétua. Recentemente, no limiar de completar 30 anos de prisão, Chapman pediu, como era seu direito, liberdade condicional (parole, em inglês). Foi a 6ª vez. E foi a 6ª negação. Interessante ler uma das petições que foram apresentadas:

We, the undersigned, petition and ask that the New York Department of Corrections Parole Board deny the parole/release of Convicted Killer "Mark David Chapman" during Parole hearings during Oct. 2010 and any future hearings to come, as to assure the Public of the World that "Mark David Chapman" will serve his FULL term of Life In Prison for the Pre-meditated Murder of John Winston (Ono) Lennon committed Dec. 8, 1980.

          Desde então, todo ano, o asassino confesso 
tenta sua liberdade condicional
Todo ano, a justiça americana nega
Acho que para Chapman, o melhor lugar em que pode estar, é na cadeia. 
Não se poderia apostar um centavo em sua integridade física assim que botasse o pé fora.

         Bem, pra terminar, anexo, para alguém que ainda não tenha lido, um texto meu sobre a vida de Lennon, em seus momentos difíceis. A música passa ao largo ....


Abraço

Homero Ainda Lembrando Lennon Ventura

17 comentários:

  1. Homero, não duvido muito dessa teoria. Basta ter em mente a "rejeição" que ele tinha entre as autoridades da migração americana. E ainda acrescentaria outros ídolos do rock e ativistas a essa lista de assassinatos. Tolos são os que não conseguem enxergar além dos noticiários.
    Obrigado pelas informações!

    Abraço!


    PS: já ta na hora de colocar isso tudo num blog!

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  2. Uma bela costura de assuntos tão diversificados, Homero.
    Já trabalhei "O apanhador no campo de centeio" em vários momentos da
    minha vida e concordo. O texto aplica-se a qualquer cultura por uma
    única razão: adolescente é adolescente em toda e qualquer cultura!!!E
    o texto é magnífico!!!
    Nunca consegui alguém que não tivesse se apaixonado.
    Vou tentar assistir aos especiais.
    Uma ótima semana
    Meu abraço

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  3. Muito bom texto Homero e embora conheça muito dos Beatles, sempre aprendo e me surpreendo muito com os seus textos. Quanto a teoria da conspiração, não acredito nela pois seria muito terrível. Acho que o cara era mesmo um louco de má índole, pois para matar alguém do jeito vil, covarde e sem motivo, só mesmo sendo louco e muito ruim.

    Sds,

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  4. EU não sou beatlemaníaco como você, mas entendi quando vi o TEORIA DA CONSPIRAÇÂO porque possuo boa cultura geral. Assim como eu soube te responder qual era a relação da música que tocava em INCEPTION com uma das atrizes principais, tá lembrado?

    Bem, mas, saberia me dizer de quantos capítulos é composto este livro?

    Se não lembra de cabeça, recomendo passar na locadora ainda hoje e alugar para assistir, se é que já não o fez,. ao filme CAPÍTULO 27. Entenderá porquê.

    Se quiser, pesquise antes CHAPTER 27 no site do IMDB.

    Não foi Lennon que proferiu a frase de que os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo?

    Em tempo, o edifício DAKOTA foi o mesmo utilizado por Polanski em seu clássico do terror, O BEBÊ DE ROSEMARY, no final da década de 60.

    Abraço,

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  5. Homero, excelente o seu e-mail.

    No vasto campo das Relações Internacionais, um de nossos estudos diz respeito a "ordem mundial". A ordem mundial atual, com o mundo dividido em países dotados de soberania, onde um país não pode se meter na ordem interna do outro em condições normais, foi estabelecida em 1648, através do Tratado de Westphalia. Isso marca a passagem da Idade Média para a Idade Moderna, onde os impérios começaram a perecer, num processo que durou uns 250 anos.

    Poucos são os que ousam/ousaram desafiar a ordem mundial estabelecida por Westphalia. Adolf Hitler e seus desejos expansionistas, por exemplo. Osama bin Laden e sua al Qaeda, que visa a construção de um califado muçulmano com sede em Mecca, sem fronteiras. Karl Marx e seu Manifesto Comunista, ao pronunciar "Proletários do mundo, uni-vos". Não faz menção a países, sociedades, mas sim a um grupo de pessoas que compartilham de uma característica comum: são proletários.

    Deixei por último um cara que também desafiou, de verdade, a ordem mundial vigente: JOHN LENNON. Em sua fase "maluco beleza" (se me permite assim classificar), Lennon trouxe à tona uma "nova ordem": "Imagine there's no countries / It isn't hard to do / Nothing to kill or die for / And no religion too / Imagine all the people / Living life in peace". Ou ainda em: "Power to the people!". Um claro desafio à ordem mundial vigente, derrubando fronteiras, acabando com o poder do Papa em Roma e pregando um mundo de paz em pleno reinado neoconservador nos EUA, onde nomes que figuraram no governo W. Bush já figuravam, como Donald Rumsfeld, Dick Cheney e Colin Powell.

    Para não dizer que é viagem minha, assista o documentário "The U.S. versus John Lennon". Esse documentário foi lançado em 2006, passou por aqui no Festival do Rio desse ano (se não me falha a memória) e é um FILMAÇO-AÇO-AÇO. Uma aula de Política Americana e Relações Internacionais. O trailer você pode ver aqui (http://www.youtube.com/watch?v=NTfyVYqYL90).

    Pena que naquela época não existia ainda WikiLeaks.

    Um grande abraço,

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  6. Pô, Cláudio, ainda hoje não vai dar, mas pode estar certo que alugarei.
    Obrigado.
    Posso até imaginar.

    Sim, foi Lennon, e o Chapman, em alguma entrevista, declarou que nunca engoliu essa declaração.

    Sim, sempre soube que Dakota era o edifício do diabo. Lembrava do filme, e quando Lennon foi pra lá, ou quando soube que ele foi, fiz a ligação.

    Abraço

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  7. Pô, Carlos, obrigado pela aula. Já ouvira o nome 'Westphalia', mas nunca soube do que se tratava.

    E, sim, já vi o excelente documentário. Sabia muito daquilo, mas eles conlocaram tudo muito bem. Só não escrevi pois andava numa fase dem que não queri encher o saco das pessoas com mais Beatles.

    Felipe e Renata, ó que legal!!!

    Grande abraço

    Homero

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  8. Homero,


    Todo ser humano famoso é alvo potencial de algum louco nos USA.


    Cheguei de férias e notei que há um recado seu na secretária eletrônica. Novidades?


    Um abraço,

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  9. Hej! Eu já havia lido o texto anexo! =)
    Também já assisti teoria da conspiração umas 5 vezes. É um dos meus filmes prediletos.

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  10. Homero, gostei do texto.

    Também li O Apanhador no Campo de Centeio quando tinha meus 16. Gostamos muito (eu e uma amiga que tb lera na época). O livro é bastante citado no filme A Vida em Preto e Branco, que também acho muito interessante (Pleasantville, em inglês, se bem me lembro).

    Gostaria de perguntar uma coisa: vc vai escrever algo para o dia 15 de dezembro, aniversário de Zamenhof, criador do Esperanto? Seria interessante ler seu ponto de vista sobre a língua e vê-lo divulgado no seu círculo de leitores.

    Amike,

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  11. oi Homero

    interessante como todo mundo que conheço se lembra muito bem da notícia da morte de John Lennon...eu estava em casa, com caxumba (!) e Cláudio me ligou (lembra dele?) para ver como eu estava e me deu a notícia... eu estava mal, por causa da caxumba e claro fiquei pior...

    agora, falando da teoria da conspiração, acho que é um pouco demais... e olha que eu sou uma "crente" ... como Fox Mulder (arquivo X), I want to believe, mas às vezes acho exagero...

    e vc viu o filme sobre a vida de Mark Chapman, com o Jared Lehto mais gordo e uma Lindsay Lohan mais controlada? é sobre sua auto-biografia, escrita na prisão...

    achei bom porque mostra que ele é doido mesmo...

    abraço

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  12. Muito triste a história do John Lenon.

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  13. Sobre o Lennon, você se refere ao artigo anexo? Ou à história da conspiração/ Você viu o filme do mel Gibso?

    Se quer saber mais, visite o GNT, todos os dis a partir de 11:30, como eu recomendei na mensagem. Ontem, foi ótimo. Às 9:30, passou um documentário sobre O DIA em que ele morreu, todos os seus passos, como a vigília de um fotógrafo fã, ao longo de todo o dia, que se comunicaou fuas vezes com o assassino, e sem querer acabou tirando uma das mais históricas fotos do jornalismo, quando do assassino pedindo um autógrafo a Lennon, algumas horas antes. Tem o relato do socorro que pôde ser dado pela equipe médica, com o depoimento do médico que teve o coração de Lennon nas mãos, literalmente, tentando ressuscitá-lo, mas os estragos das 4 balas dun-dum havia sido por demais destrutivo, uma já seria suficiente; e teve uma frase que foi a que eu mais gostei, contada por um repórter que fez a última entrevista do astro. Ele veio especialmente de San Francisco, foi ao apartamento de Lennon, fez a entrevista (da qual eu falo em meu texto) com o astro, que estava todo alegre e esperançoso no futuro, desceu (com Yoko) junto com o repórter, perguntou pelo seu carro, o porteiro disse que não havia chegado, então pediu caroa ao repórter que, no caminho do aeroporto, poderia deixá-lo no estúdio, aonde faria sua última gravação. No caminho, o repórter arriscou tocar num assunto que não tocara na entrevista, e perguntou: How about your relationship with Paul McCartney? E John respondeu:
    Paul is my brother!
    You know, as a family we always had ups and downs.
    But there is nothing that I wouldn't do for him!


    Adivinha se eu não chorei ao ouvir isto? Como estou agora.
    Põe por terra o mito de que estavam brigados. Eu sabia que não, mas nunca havia ouvido esta frase! Você pode imaginar o que isso significa para um apaixonado pelos dois.

    Quando acabar esta semana, vou abrir um texto com esta frase, e anexar um artigo que fiz sobre a parceria mais bem sucedida da história, com o seu final devidamente modificado.

    Depois, às 11:30 passou a priemira parte de Lennon NYC que fala sobre sua vida em NY, onde foi muito feliz, mas muito perseguido pelo governo americano. Não deixe de ver a segunda parte. E osoutros que passaram amanhã e depois e depois.

    Abraço

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  14. Prezado Homero,

    Refiro-me, principalmente, ao artigo que relata a triste história do Lennon.
    Eu assisti um documentário sobre a teoria da conspiração. Não descarto totalmente esta hipótese.
    Ele era influente junto à opinião pública e fez inimigos poderosos.
    Penso que, por isso, a vida dele foi extinta. O acaso em situações como a da morte de Lennon não é muito aceitável, na minha modesta opinião.
    É o mesmo que imaginar um acaso nas mortes de Lincoln e dos Kennedy.
    Vi o filme de Mel Gibson há alguns anos e lembro-me de algumas imagens, por exemplo, a cena da esteira.
    A sensação remota que tenho comigo é de um personagem idiota e inofensivo em relação ao outro, mas doente e perdido em si mesmo.
    Afinal, estamos apenas de passagem e tudo o que temos nos foi emprestado pela providência divina.
    Abraços,

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  15. Homero, é um prazer ler o que vc escreve! Eu morava em Campo Grande
    (MS) no dia da morte dele e entrei em desespero. Minha paixão
    adolescente pelos Beatles era intensa e eu cantava todas as músicas
    deles. Por isso é tão bom ler sobre Lennon: é como se ele ainda
    estivesse vivo...

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  16. Actually very impressive ! A lot of good info. Já conhecia algumas delas mas é sempre bom saber mais...Acho que eu já havia lido o seu texto - na íntegra, of course!

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  17. Vi o filme e li O Apanhador do Campo de Centeio. O garoto não suportava pessoas falsas. E este foi um dos motivos que o cara que matou John ( jamais falo seu nome) deu para o assassinato John seria falso Li isso em algum lugar. Outros motivos fornecidos: John teria dito que os Beatles eram mais populares que Jesus. Outro motivo: apesar de tudo ele era seu fâ. Tão fâ que também começou a namorar um japonesa. E queria seu nome ligado ao dele por toda a eternidade. Ele acreditava que sempre que alguém falasse em John, imediatamente pensariam nele também. Seu nome seria lembrado com o de John. É muita loucura. Mas por isso mesmo jamais falo seu nome.

    Também vi o filme sobre a teoria da conspiração com Denzel Washington. Não me parece provável no caso de John pois as pessoas obedecem automaticamente. E não de caso tão pensado como aconteceu com John e com ele se lembrando de tudo até hoje.

    O filme com Mel Gibson é interessante. não realmente grande coisa, apenas interessante. Sim, claro que pensei em John na hora que aparece sobre o livro. Impossível não se lembrar.
    Agora um comentário típico meu: ele não era apaixonado por Julia Roberts. E sim pela personagem que ela interpretou! :)

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