Este é um capítulo da coletânea 'Obama é o Cara'
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Em minha pequena ausência para participar da CERA Week, em Houston, tive também a oportunidade de acompanhar um pouco mais de perto o ritmo das eleições americanas.
Antes do evento, que na segunda-feira destinou-se a receber os grandes líderes, em Forum Leaderships sobre vários temas, eu, pobre mortal, aproveitei para fazer uma visita à Petrobras America (PAI), para rever os amigos. E, claro, fazer um shoppinzinho básico, que ninguém é de ferro. A PAI está muuuito mudada, e crescida. Lembro-me que no meu almoço de despedida, no final de 2003, consegui agradecer a todos os 60 presentes, falando nome e sobrenome de todos eles. Na época, a PAI tinha 80 funcionários (aliás, modéstia à parte, foi o maior índice de comparecimento a festas de despedida experimentado até então!) e ocupava 1 andar do famoso 10777 Wetheimer, nossa base desde 1987. Hoje, seria impossível para mim: são mais de 300 e ocupam três andares daquele mesmo prédio, além de dois em outro, aliás muito moderno e espaçoso, que tive oportunidade de conhecer. Em breve, mudarão todos para um outro edifício, também ali perto, ocupando sete dos 12 andares.
Agora, o evento! Foi a primeira vez que tive oportunidade de participar deste que é o mais importante evento sobre energia do calendário energético mundial. Participei dos dois primeiros dias, que tratavam, um de Óleo, o outro de Gás. Os dois restantes tratariam mais de Energia Elétrica e outras formas alternativas. É organizado pela Cambridge Energy Resource & Associates, empresa do Grupo IHS. No comando, o brilhante Daniel Yergin, autor de um dos mais famosos livros sobre a história do petróleo, The Prize, que lhe garantiu o Pullitzer. Se pudesse resumir tudo numa frase, diria: A CERA teria que mudar de nome e colocar um 'E' a mais, virando CEERA, com este segundo E respondendo por Environment. O tema foi abordado em quase todas as palestras que ouvi, algumas delas, especificamente sobre ele. É fácil entender: num tempo de crescimento, cada vez mais se precisa de energia, cujo uso e desuso e mal uso, maltrata o meio-ambiente, também cada vez mais. Os cenários para 2050 são preocupantes. Então, teve:
1. a presença do último prêmio Nobel da paz, aquele indianoo da ONU, Mr. Pachauri, que disse tudo aquilo que ele vem dizendo, porém com a ênfase de que, mais do que ter metas, é preciso implementar os programas. Deu um recado aos americanos, sobre a necessidade de mudança de hábito, pois é inconcebível o desperdício de energia daquele povo; aliás, a gente nota, mesmo apenas visitando o país, nas pequenas atitudes. Interessante a observação dele, ao ser perguntado sobre o Prêmio Nobel, que disse não ter acreditado na notícia, pois considerava que se alguém merecesse a láurea pelos esforços a favor do meio-ambiente, esse alguém teria que ser Al Gore; só depois lhe contaram que foi dividido com ele.
2. a palestra do CEO da Conoco Phillips, Mr. Mulva, que até parece presidir uma ONG, tamanho o número de inciativas am prol do meio-ambiente que sua empresa está implementando. Entre outras coisas interessantes, disse ser a favor da derrubada das barreiras de entrada do álcool brasileiro (não a pinga, aquele que botamos no tanque) nos Estados Unidos, como parte da solução ambiental americana.
3. Teve o Mr. Tanaka, presidente recém-empossado do IEA (Internatrional Energy Agency), criada (fiquei sabendo) por Henry Kissinger na década de 70, e que hoje tem surpreendentemente poucos 27 países associados. Foi do simpático japonês que eu tirei a idéia do 'E' a mais: ele advoga a mudança do nome de sua própria associação para IEEA. A palestra foi todinha sobre a necessidade de reduzir as emissões de carbono, e mandou mais um recado aos inconseqüentes e irresponsáveis americanos. Diz ainda que fará parte de sua missão a inclusão de China e Índia como associados, eles que são dois dos vilões do meio-ambiente, com seu exacerbado crescimento.
4. Agora, para arrebentar mesmo, confirmando a idéia geral da feira, Mr. Yergin convidou um certo Mr. Venter, que começou sua palestra falando sobre biologia, genética, genoma, célula, e eu querendo saber onde ele ia chegar, até que chegou: disse estar estudando uma forma de pegar o tal do carbono seqüestrado, que é emanado após o uso da energia, e transformá-lo, de novo, em energia!!! É mais uma tentativa de atingir o moto-contínuo! Claro que está tudo no começo, precisa de escala, enfim, mas não deixa de ser super-legal.
Na parte energética propriamente dita, tivemos vários figurões dando seu recado, entre eles, o Samir, que instado a falar sobre os hot-spots em reservas de óleo no mundo, deu um recado mais abrangente de que acabou a era do óleo fácil: agora é tecnologia e recursos cada vez mais escassos a embarreirar a busca por novas reservas, seguramente a melhor palestra do painel que participou. O mesmo falou Mrs. Cook, da Shell, sobre a era do óleo fácil (mesmíssima expressão) e sobre a falta de recursos, usou a expressão 'brain cells', o que acabou por gerar um dos bons momentos: uma pergunta da platéia, por escrito, sugeria que ela resolvesse o problema de cérebros com a contratação de mulheres! Todos os palestrantes reclamaram por condições fiscais mais estáveis, num claro recado ao Chávez e seus hermanos de Latinoamerica, mais enfaticamente, o VP da Exxon Mr. Albers, que recentemente conseguiu bloquear 12 bilhões de dólares em bens da PDVSA, na justiça internacional, para sanar parte do prejuizo que teve na Venezuela. E o legal foi a pergunta de Mr. Yergin, que pediu mais detalhes do 'diálogo' que eles estão travando.
Assim que receber o resumo das palestras, envio, se você estiver interessado.
Bem, chegamos ao panorama eleitoral. Como intróito, uma curiosidade: assim que entrei no carro, às 6:30 da manhã de segunda, sintonizei o rádio na 93.7, the only Classic Rock station de Houston, coisa que eu fiz todos os dias enquanto morei lá, e ouvi a notícia sobre os vencedores do Grammy, entre eles, um certo Barack Obama! Meio que sem entender, segui ouvindo e soube que foi por causa de um Audio Book, aqueles livros narrados. Mais à noite, entrei numa daquelas maravilhosas livrarias e estava lá, e ao verificar que era narrado pelo próprio (poderia não ser!), fiz o investimento. Alguns críticos dizem que ele é apenas um ótimo orador, então, acho que fiz um bom negócio. Notei, na livraria, que Bill Clinton também havia investido no ramo, e também ganho um Grammy, pela narração de seu livro "My Life", só que tudo isso foi depois de 8 anos de presidência admirada pela maioria (inclusive pelas estagiárias).
Naquela segunda-feira, o que mais se falou no noticiário foi sobre as primárias democratas do fim de semana, em que Barack deu de 5x0 em Hillary. A ex-primeira dama trocou então o chefe de campanha. Na terça-feira, vieram as primárias de Virginia, Maryland e Washington DC, conhecidas como "The Potomac Primaries" (americano adora isso!), em que mais uma vez deu Mr. Hussein Obama 3 x 0 Mrs. Clinton. Agora, Obama está à frente de Hillary, no números de delegados democratas. Dizem as más línguas, que além de um gerente novo, ela está contratando um certo Almodóvar, pois já está à beira de um ataque de nervos. A ascensão de Obama é notória, os analistas falam no famoso 'Momentum', que está meio improvável de ser refreado. Só não dá para cantar vitória antes do tempo, devido ao sistema de contagem de delegados do Partido Democrata: ao contrário dos republicanos, cujo candidato leva à convenção todos os delegados do estado em que venceu, os democratas usam as mesmas proporções observadas nas primárias estaduais. Então, se Obama ganhar de Hillary, em todos os estados que faltam, na proporção 60 x 40, ele não consegue o número de delegados mínimo (cerca de 2100) para chegar já como vencedor na convenção do Partido Democrata, e ser declarado candidato oficial do partido. Na convenção, entram em cena os tais Super-Delegados, que têm a prerrogativa de confirmar ou não as intenções mostradas nas urnas estaduais. Os especialistas dizem ser muito difícil uma reviravolta como esta, mas já aconteceu. Enfim, seguimos acompanhando.
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