-

terça-feira, 19 de abril de 2022

A Década de 1970 - Going Solo

Este é o 1º Capítulo do Projeto "As Décadas sem os Beatles"

O Prefácio com seu racional, disponível neste LINK


Capítulo 1

A Década de 1970 - Going Solo

A Década de 70 foi a da construção de suas carreiras solo, a primeira para três dos Beatles, mas a Única para John Lennon, pelo pior motivo… ele foi assassinado a poucos dias de sua virada. Nos primeiros anos, já morando em New York, John tornou-se ativista pela paz, e por isso batalhou com a imigração americana.  Em seu 1º álbum, que tinha o nome da banda, Plastic Ono Band, John bradou o grito lancinante do abandono (em Mother) e da desilusão (em God), declarando que o sonho havia acabado. Imagine, seu 2º álbum, topou a parada americana, mas o hino de quem tirou o nome, não conseguiu (o single Imagine topou no Nº3!!!). Após mais um álbum consagrando a cidade em que vivia, John afastou-se de Yoko por 18 meses, passados em Los Angeles (período que chamou de The Lost Weekend), e ali lançou dois álbuns, num deles conseguindo seu primeiro Nº1, Whatever Gets You Through the Night, em 74, com participação de Elton John ao piano e fazendo harmonia vocal. Elton, aliás, proporcionou ao mundo a 2ª e última aparição ao vivo de nosso astro, que nos brindou com duas canções da época dos Beatles. Pena que existe apenas o áudio daquele momento. John fez apenas um show ao vivo integralmente seu, que seria lançado em álbum, postumamente, Live in New York City. Chegou ao topo também com Fame, que coescreveu com David Bowie.

De volta a New York, lançou mais um álbum de covers (Rock And Roll), onde fez uma versão estonteante de Stand By Me, e saiu do circuito por cinco anos para dedicar-se a Sean, o filho que lhe deu Yoko, um presente no dia de seu 35º aniversário. Queria não ser o mesmo pai ausente que fora para Julian. Seus outros Nº1 foram póstumos, o LP Double Fantasy e seu single (Just Like) Starting Over, que o levou a ser o primeiro Beatle a ter um Nº1, ambos LP e single, dos dois lados do Atlântico. George inaugurou a era de shows beneficentes com o Concerto para Bangladesh no Madison Square Garden em 71, cujo LP topou a parada em UK. Teria mais um sucesso em 73, com Living in the Material World, que teve seu single Give Me Love, em 1º lugar na América. 

Os outros quatro álbuns da década tiveram desempenho mediano. Foi o primeiro Beatle a excursionar, naquele país, em 74, mas desistiu dessa prática logo depois. E na vida pessoal, separou-se de Pattie Boyd e casou-se com Olivia Arias, que lhe deu seu único filho Dahni.

Paul McCartney começou com dois LPs solo, um deles ainda antes do fim dos Beatles, com uma obra-prima (Maybe I’m Amazed), e três singles, um deles 1º lugar nas paradas (Uncle Albert/Admiral Halsey, que até lhe deu o 1º Grammy), mas o que eu mais gosto daquele início é Another Day, marca registrada do maior storyteller dos Beatles. Depois, tentou recriar o clima de banda, montando Wings, que teve muitas configurações, chegando a ser um trio em dois períodos (Paul, Linda e Denny Laine),. Ela excursionou pelo mundo. Nos Estados Unidos, Paul teve mais 6 singles e 5 LPs no topo das paradas, mas o único Nº1 na sua terra natal veio apenas com Mull of Kintire, que paradoxalmene nem coçou o topo das paradas do outro lado do Atlântico. Amo a música, a letra e as gaitas de fole. A banda ganhou dois Grammy’s, com Band On The Run e Rockestra Theme, e acabou ainda na mesma década, na prática, quando Paul foi preso no Japão por posse de maconha em 1980. Depois daquilo, nada lançaram de marcante até seu fim oficial, em 81, quando Paul já havia lançado seu segundo disco totalmente solo, McCartney II. No cômputo geral da década, Paul lançou 36 singles!!! Seria um recorde mundial? A cereja do bolo seria o Oscar a que concorreu em 73, por Live And Let Die, tema do filme homônimo de James Bond, mas ele não veio. Na vida pessoal, levou Linda aos palcos e ela lhe deu mais dois filhos, Stela e James, sendo que o parto da menina quase a levou deste mundo.

Ringo Starr começou com um disco de clássicos americanos em homenagem à mãe, e lançou outros cinco LPs ao longo da década, o melhor deles, chamado apenas RINGO, quase chegando ao 1º lugar nas paradas, mas sua principal canção conseguiu chegar lá, Photograph, em 73. No álbum, lançou uma canção que John havia feito para ele mesmo, mas deu para Ringo lançar, I’m The Greatest, e extraiu outro Nº1, na cover You’re Sixteen. Lançou 21 singles na década, contando os já assinalados, dentre eles a divertidíssima cover No No Song, que estava no álbum Good Night Vienna, de a gente se esborrachar de rir). Seguiu a carreira de ator que começara ainda com os Beatles, e teve algum reconhecimento pela crítica. Na vida pessoal, começou a década tendo Lee, sua única filha, também de Maurreen Cox, de quem se separou em 75. Teve alguns relacionamentos turbulentos até encontrar a eterna Bond Girl Barbara Bach num set de filmagens, com quem se casaria no início da década seguinte, e que seria para sempre.

No âmbito da banda, em si, a década começara com um prêmio inesperado, como que celebrando uma história: The Beatles ganharam um Oscar! Sim, pela trilha sonora do filme Let It Be. Ao longo da década, a EMI capitalizou com o material gravado pelos Beatles, com o lançamento de inúmeras coletâneas, com destaque para os álbuns Vermelho e Azul (73), dividindo cronologicamente a carreira 1962-1966 vs 1967-1970, com grande sucesso comercial, e outro par de álbuns dividindo-a tematicamente, The Beatles Love Songs (77) vs Rock And Roll Music (76). Ainda neste ano, a EMI rendera-se, pela primeira e única vez, a um lançamento da Capitol, sua subsidiária nos Estados Unidos, que fizera uma imperdoável bagunça no catálogo oficial durante a carreira dos Beatles: oficializou o LP Magical Mistery Tour, exatamente como os rebeldes yankees haviam feito em 67, ou seja, tendo no Lado A as canções da trilha sonora do filme e, no Lado B, as canções que haviam sido lançadas em single naquele ano, com direito a 4 obras-primas. 

Em 77, também saiu o único álbum ao vivo oficial, The Beatles At Hollywood Bowl, consolidando material de três shows no anfiteatro de Los Angeles, gravados em 64 e 65, que topou a parada em UK, mas não nos Estados Unidos, em movimento distinto do que se experimentava, sendo os americanos bem mais pródigos em apoiar os Beatles do que seus conterrâneos britânicos. Em 78, teve Beatles Rarities em 78, com aquelas canções Lado B, que não foram lançadas nas outras 4 coletâneas principais da década.

A década foi também marcada por desavenças comerciais entre os Beatles, com Paul processando os demais por conta da associação deles com um empresário inescrupuloso (processo que ele ganhou!), mas não entrarei em detalhes sobre o tema. Destacarei aqui o embate artístico que essa celeuma provocou entre os dois membros da maior dupla de compositores que já se viu, uma troca de farpas musicais, mais especificamente por duas canções: Too Many People, de Paul, lançada em RAM, seu 2º LP em 71, onde Paul insinua a culpa de John pela separação dos Beatles (verdade!) mas que não precisa mais dele (mentira!), e John responde asperamente em How Do You Sleep, lançada em Imagine, também seu 2º LP, atacando o estilo de composição do antigo companheiro (absolutamente injusto!). Ao longo da década, eles se encontraram umas poucas vezes, fizeram as pazes, e John definiu bem a situação entre eles, e quem era Paul, em sua última entrevista, dada horas antes de ser assassinado:

Paul is my brother!

You know, as a family we always had ups and downs.

But at the end of the day, 

there is nothing that I wouldn't do for him

and I'm sure it's vice-versa!

... pausa para uma lágrima ...



Próximos Capítulos:

A Década de 1980 – 10 Anos de Luto - neste LINK

A Década de 1990 - Antológica

A Década de 2000 – Naked Love 090909

A Década de 2010 – A Década dos 50

A Década de 2020 – The Get Back Decade


2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. George teve também um ideia genial, adorável...A Travelling Willbury! Eta banda boa. Acho que é minha preferida depois dos Beatles.
    Tive de rir de seu comentário absolutamente verdadeiro: onde Paul insinua a culpa de John pela separação dos Beatles (verdade!) mas que não precisa mais dele (mentira!)... Verdade que era mentira! :)
    Sabe qual album que mais gosto? De todos esses que lançaram...Ringo! Viva Ringão.

    ResponderExcluir