Durante a última Copa, um tema brasileiro teve repercussão mundial, graças ao movimento Cala Boca Galvão, que se tornou um trending topic do Twitter. E eu, que resistia entrar no mundo twittérico, por me achar incapaz de exprimir minhas idéias em 140 caracteres, até abri uma conta lá, só para entrar nessa onda. Afinal, sempre fiz parte do time dos que desejam que nosso amadorado locutor-que-se-acha-o-máximo pendure as chuteiras o quanto antes. Vide minha breve e séria série de textos ao assunto, que chamei ‘Momentos Galvão’, e que descreviam galvanices extremamente irritantes.
Na onda do Cala Boca, veio um dedicado ao Tadeu Schmidt, com o qual eu absolutamente não concordo. Tadeu Schmidt é uma luz de bom humor no esporte que a Globo descobriu. Sua ‘coluna’ na hora dos gols do Fantástico é um verdadeiro ‘must’. Disseram que foi por causa da leitura que ele fez durante o JN, de um pronunciado oficial da Globo, reclamando da falta de educação do Dunga numa entrevista coletiva. Ora, ora, quem é que acha que aquele troglodita é educado? Concordei totalmente com o tal pronunciado.
Pra mim, Tadeu Schmidt veio pra ficar, e está puxando a fila de uma série de jovens profissionais do esporte que vão tomando aos poucos o lugar dos que já começam a dobrar o Cabo da Boa Esperança, que, aliás, é na África do Sul. Outros dois já estão despontando. No programa Central da Copa, que infelizmente acho que só eu vi, nas altas horas que ia ao ar, Tiago Leifert comandava com maestria e ironia incomuns, um programa que resumia os acontecimentos da Copa naquele dia. O jeito que ele pegava no pé da torcedora argentina bravinha era o máximo. E ainda bem que ela entrou na onda e foi até o fim da Copa, mesmo com a eliminação ‘de quatro’. Junto com Tiago, veio Caio Ribeiro, um ex-jogador e jovem comentarista, que finalmente despontou para o cenário nacional. Eu já o admirava nos programas do SporTV, sempre com comentários lúcidos, técnicos, equilibrados, sobre o que ocorria no futebol nacional. E ele foi escalado para comentar vários jogos de manhã à noite, o que gerou o seu tópico ‘Free Caio’, muito acionado no twitter. No mesmo programa, tinha também a voz do indefectível Cid Moreira, que celebrava ‘Jabulaaaani’, sempre que a mais famosa bola de todos os tempos fazia das suas, enganando os pobres goleiros. Enfim, quem não viu, perdeu!!! Acho que só eu durmo tarde nessa terra...
Bem, voltando ao assunto galvânico, sei que ele tem um séquito de seguidores (pleonasmo?), que o adoram, pela sua vibração, sua torcida. Aliás, sou minoria em casa, e devo ser em geral, pois ele não é o maior salário do esporte televisivo à toa. Entretanto, não há como relevar o outro lado dele, o das gafes. Ele está realmente precisando se aposentar. Ao longo das transmissões da Copa, meus filhos notaram como o locutror se esquece de locutar, e se mete a vomitar estatísticas, a maioria delas absolutamente irrelevantes e desnecessárias.
Na final, também foi assim, e ele errou justamente uma relevante, dizendo que ‘o vencedor vai ser o nono componente no seleto grupo de campeões mundiais’, quando na verdade, eram sete os campeões até aquele dia.
No desenrolar do jogo, ele disse (i) “A Holanda está começando a gostar do jogo”, o que
ele quis dizer com isto, que a Holanda era zebra?; (ii) “Tudo que ele queria era esta falta aí”... e a falta era no meio de campo...; (iii) “Desta vez ele não deu a lei da vantagem, e a Espanha poderia chegar ao gol com Snejder”, primeiro que era o Iniesta que estava na jogada e o Snejder nem da Espanha é, e depois, que o lance era aquele pé no peito do podre Xabi Alonso, em que o juiz não apenas tinha que parar o jogo para o jogador ser atendido, como chamar a polícia e prender o meliante!
Teve também o episódio em que ele se estranhou com o Falcão, não sei se percebeu, quando ele chamou o comentarista para dizer se a altitude poderia ser um problema, ao que este soltou um: 'Acho eles têm mais com que se preocupar...', deixando nosso herói desconcertado. Pra mim, o Falcão se ressente de não ter ido à Copa, preterido pelo Casagrande, que é bom, mas inferior ao Rei de Roma, e aproveitou pra dar uma descascada. Acho que a escolha do Galvão foi pra dar uma força pro Casão, que saiu de um período difícil, envolvido com drogas, enfim...
Pra finalizar, a gagafe que atingiu o nível máximo, vermelhão, quase 100%, na escala do Galvanômetro. Já com a Espanha campeã, jogadores na entrega do troféu, Iniesta se prepara pra receber sua medalha, e Galvão se confunde de novo: ‘Lá vai Snejder receber sua medalha...’. Ele cismou que o Iniesta era o Snejder. É que os dois são carequinhas, vamos dar um desconto...
Ao final da transmissão, ele anunciou, emocionado: “Esta foi a minha última Copa, fora do Brasil”. Assim é fácil, já que a próxima é aqui.
Bem, se chegou até aqui, obrigado. Se quiser, dê-me sua opinião, sobre as pessoas aquicitadas, da velha guarda Galvão, Falcão, Casagrande e da jovem guarda Tadeu, Tiago, Caio.
No aguardo...
Homero Sem Gagafes Ventura