dos Beatles
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Olá, viajantes do Submarino Angolano, aqui é Homero Ventura, direto do Brasil
A cada dia temos algo a celebrar no mundo Beatle.
E cada aniversário já tem mais de 50 anos, alguns 60 ou mais.
Hoje vamos conversar sobre o 6º compacto deles, completando 58 anos esses dias.
Viaje comigo e imagine que eu e você somos dois Beatles… lá no comecinho de 1964…
… terminamos a temporada de shows do fim de ano e embarcamos para Paris, para dois shows por dia no Olympiá…
… e nesse meio tempo encantado na Cidade Luz,
soubemos que I Wanna Hold Your Hand havia alcançado o 1º lugar na America
1º verso de I Wanna Hold Your Hand
… e festejamos com uma guerra de travesseiros, em uma das suítes que ocupávamos no Hotel George V, luxuoso, pois já eramos estrelas!
… lá, também tínhamos um piano, e compusemos algumas canções para nosso primeiro filme
… e até gravamos uma delas ainda em Paris mesmo: Can’t Buy Me Love! Ela seria o Lado A do Novo compacto!
… Naquele mesmo dia, gravamos um compacto em alemão, sim, com nossos maiores sucessos de 1963, a já citada e She Loves You, loucura, loucura, loucura.
Trecho de Sie Lib Dicht
… Depois, conquistamos a America! Paramos os Estados Unidos! Eles nos receberam de braços abertos.
… Fomos ao show do Ed Sullivan algumas vezes,
Ed Sullivan apresentando os Beatles em 9 de fevereiro e um trecho de All My Loving
… vivemos vidas de reis ao sol de Miami
… e nos encontramos com Cassius Clay
… voltamos como heróis ao nosso país!
… de volta ao trabalho, logo gravamos You Can’t Do That, que seria o Lado B do compacto, e algumas outras para o nosso 1º filme, que começamos a filmar logo depois!! Esse compacto fez enorme sucesso em todo o mundo, sendo que seu Lado A ficaria no topo por algumas semanas nos Estados Unidos, numa delas comandando outras 4 canções nossas, feito nunca antes realizado, nem nunca depois repetido por nenhuma banda ou astro, neste ou em qualquer planeta!
Na ordem natural de nossos lançamentos no catálogo inglês, respectivamente, as canções levaram os números 33 e 34 na nossa contagem particular, veja bem, 34 canções em pouco mais de 15 meses…
… Acho que vamos longe!!
Bem, de volta a nosso diálogo normal, entre mim e você, querido ouvinte, eu, Homerix, vou contar como foi a composição de cada uma delas, assim como sua estrutura e sua gravação!
Canção 33. Can´t Buy Me Love (de Paul McCartney)
A paquera evolvendo amor e dinheiro passeia pelo blues animado que Paul criou, sozinho, com quase nenhuma ajuda de John.
São 3 versos com letras diferentes, entremeados por uma ponte
"Can´t buy me love, everybody tells me so".
O Verso 1 tem as promessas de comprar um anel ou qualquer coisa pra garota se sentir bem, e
no Verso 2, ele promete que vai dar a ela tudo o que tem, mas
no Verso 3, ele já aparece cansado das coisas materiais, e pede que ela deseje também o que o dinheiro não pode comprar.
Os três versos terminam da mesma forma, com o rapaz dizendo que não liga pra dinheiro.
Cant Buy Me Love foi gravada em Paris no dia 19 de janeiro, no Pathé Marconi Studios da EMI, única vez na carreira que gravaram fora da Inglaterra. E foi tudo muito rápido, com os quatro tocando seus instrumentos habituais, em quatro takes. Posteriormente, apenas George teve tempo de voltar ao estúdio, fazer um overdub de seu solo de guitarra, e dá pra se notar o solo original em partes da gravação final.
Solo de guitarra isolado
Essa sessão foi em 25 de fevereiro... já de volta a Londres, após conquistarem a América. Aliás, esse solo inaugurava uma prática que seria adotada dali em diante: a composição do solo de guitarra. Até então, George chegava e tocava o que lhe dava na telha!
Outro que teria que voltar ao estúdio para fazer um overdub seria Ringo, mas a agenda não deixaria espaço: ele tinha inúmeras cenas solo no filme, pois ganhou destaque logo que perceberam seu lado histriônico. Então, como os pratos necessitassem de mais agudos, quem resolveu foi mesmo o engenheiro Norman Smith, apenas no hi-hat (chimbal) não creditado!
O ponto alto da canção, entretanto, é o vocal vigoroso de Paul, apenas ele canta, apesar de John aparecer cantando junto ao vivo. Eu particularmente acho muito interessantes os backing vocals de John e George que se ouvem em versão alternativa que saiu no Anthology 1, nas partes "ooooh love me too” ou "ooooh give to yooou,” e equivalentes
Trecho dos backing vocals da versão do Anthology 1…
A ideia de começar pelo nome da canção (e também terminá-la) com um trecho da ponte, foi de George Martin, para causar impacto, o que claramente foi conseguido. Notáveis também são os já tradicionais Beatles Breaks, momentos em que os instrumentos param, deixando apenas a voz do cantor, prática que usaram em algumas canções, e notavelmente logo na primeira, Love Me Do.
Trecho do break de Love Me Do
Aqui, eles ocorrem, brilhantemente, nos trechos em que Paul canta
"much for money".
Eu gostava mais do final da versão de Anthology, com apenas baixo e bateria.
Trecho final da versão do ANthology
A canção era uma favorita de shows nas turnês de 1964 pelo mundo afora…
No filme, a cena em que a canção aparece é an-to-ló-gi-ca, quando os quatro, em meio à fuga dos fãs, fazem malabarismos acrobáticos mil, lembrando muito cenas do cinema mudo, tipo Comedy Capers.
Venha paquerar uma garota junto com Paul
Versão oficial de Can’t Buy Me Love
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Canção 34. You Can't Do That (de John Lennon)
Canção típica de DR entre casais, mas com ameaças! Ela foi feita em Miami, em meio ao estrondoso sucesso da invasão da América. Retrato da possessividade de John em relação à sua amada, ciúme explícito, não querendo nem que ela converse com outros rapazes, apesar de ele não fazer a parte dele, com inúúúmeras puladas de cerca. Ele podia, né! Ai ai ai!
Bem, esse ciúme, essa possessividade toda, foi magnificamente traduzido na fórmula que eles preferiam na época, verso-verso-ponte-verso, sem refrão, e com letras diferentes. No Verso 1, vem o primeiro aviso e ameaça de deixá-la se falar de novo com aquele garoto, mas parece que a garota não levou muito a sério, porque, no Verso 2, ele diz de novo que a viu conversando com o cara, reclama que é pecado, e ameaça deixá-la de novo, mas segue com ela, e na ponte, ele argumenta que todos estão invejosos por ele estar com ela e reclama que todos vão rir se ela continuar fazendo isso, mas a menina é insistente e no verso final nosso herói segue reclamando e ameaçando.... mas continua com ela, hehehe.
Depois do verso final, ainda levam um verso instrumental, repetem a ponte e repetem ainda o verso final. Aliás, foi nesta canção que eu entendi expressão que usamos aqui 'verde de inveja', vem de lá.
Ev'rybody's gree-een,'cause I'm the one who won your love!
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Esplêndida também musicalmente, a começar pelo riff matador de dois compassos (conte duas vezes, até 4) na guitarra que abre, solitário e arrebatador, a canção, para entrarem apenas depois os outros instrumentos. Foi a primeira vez em que os Beatles fizeram desse jeito, e repetiram a fórmula em Day Tripper, Ticket To Ride, I Feel Fine e outras.
Riffs das 3 canções
Ouvem-se os ecos do riff ao longo de toda a canção e ele volta, triunfal, ao final! Siga encantado com os duelos vocais, com Paul e George enfatizando em harmonia dupla as ameaças de John, a partir do segundo verso.
Trecho Gonna tell you gonna leave you flat
E também no "GREEEEEEN" da ponte. E ouça o solo de guitarra de John (raríssimo!), o bongô de Ringo, mas principalmente o 'cowbell' tocado por Paul em overdub, ao longo de toda a canção, quase religiosamente quatro vezes por compasso, com breves interrupções, cheguei a contar, foram 260 vezes que Paul bateu com sapiência aquele sonoríssimo instrumento de percussão que eu adoro.
You Can't Do That veio à luz em 25 de fevereiro de 1964, na 1ª sessão de gravação após a triunfal viagem aos Estados Unidos. Foram nove takes, com John cantando sempre, e com todos em seus instrumentos, sendo cinco deles incompletos. O Take 6 foi perfeito, mas só tinha John no vocal, e podemos ouvi-lo porque foi lançado oficialmente no projeto Anthology,
Trecho do Take 6 de Anthology
Interessante que apenas no Take 9, houve a decisão de colocar harmonias vocais, então Paul e George entraram magnificamente, sem ensaio e saiu aquela coisa maravilhosa e definitiva que ouvimos até hoje!
Trecho dos backing vocal isolados de Paul e George,
A intenção original é que fosse incluída no filme A Hard Day's Night, inclusive a cena foi filmada, com eles dublando a própria canção!!! Porém, com a chegada da canção título, o diretor Richard Lester tinha que escolher uma canção para ser tretirada e optou pela excepcional canção!! Difícil decisão… mas eu não tiraria nenhuma das outras também!
Ela foi tocada ao vivo na BBC, quase um mês antes de ser lançada como Lado B do compacto liderado por Can't Buy Me Love, Número 1 imediato nas paradas, e seguiu sendo tocada nos shows das excursões pós-filmagens! Um sucesso!!!
Venha reclamar de sua namorada em You Can’t Do That
Versão oficial de You Can’t Do That
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Demais edições do OUÇA e LEIA
- A Origem dos Beatles neste LINK
- Homenagem a Buddy Holly neste LINK
- 1º Capítulo do Projeto Medley neste LINK.
- 2º Capítulo do Projeto Medley neste LINK.
- 3º Capítulo do Projeto Medley neste LINK.
- 4º Capítulo do Projeto Medley neste LINK.
- 5º Capítulo do Projeto Medley neste LINK.
- O Projeto Medley neste LINK.
ENJOY!!
Gostei da história e das estórias sempre recheadas de surpresas e leveza. Parabéns Homerix. Laury
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