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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

A Arma Escarlate - Lutas da Autora - Manual do Colonizado

O post original é de 2011, no lançamento de A Arma Escarlate
Só que hoje fiz uma sutil brincadeira em meus contatos,
quando vi meu gato Apollo, que é meio um Garfield,
confortávelmente istalado sobre um Notebokk
sem dar a mínima para o Mouse ao lado dele
Anglicismo que usamos aqui para o Rato,
como é chamado no resto da CPLP...
então me lembrei da Renata...!

Neste tempo de lançamento do livro  
de Renata Ventura, abro espaço aqui para uma das lutas da autora. Suas lutas são perenes ou foram brevemente interrompidas por sua dedicação às peripécias de Hugo Escarlate entre seu mundo mágico e o mundo real de sua favela: o combate à colonização cultural do brasileiro, a defesa do ensino de valores morais nas escolas e a disseminação do Esperanto.

Inspirou-me a escrever este post um artigo do Globo de hoje, no caderno Boa Chance, chamado 'Do You Speak Portuguese', assim mesmo, em inglês. Sua sub-manchete dizia: 'Quando o uso de expressões em inglês no trabalho esbarra no exagero'. Nem precisei ler o artigo (que depois li) para lembrar-me da primeira luta mencionada, e da Monografia que Renata fez para seu curso de graduação em Comunicação. Seu nome: 100% Off - O Manual do Colonizado. Foi em 2006. Nela, Renata descreve, com humor e ironia, o comportamento subserviente do brasileiro com relação ao que vem de fora, mais especificamente ,do Império de plantão, o Grande Irmão do Norte.

Já a havia mencionado em outros posts meus (Personal Velox, Beach Soccer?!?), mas agora, com o tremendo destaque ao tema em jornal de grande circulação, resolvi divulgar sua Introdução (apenas a introdução, em princípio) em meu blog. E fá-lo-ei em partes, pois leitor de blog é meio preguiçoso....

Aqui, transcrevo o primeiro trecho da introdução da monografia
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INTRODUÇÃO

            Desde seu “descobrimento”, o Brasil é assolado por uma doença séria, cujos sintomas são a baixa auto-estima e o menosprezo por tudo o que seja nacional. Ela ataca boa parte da população e é causada, principalmente, pela mania que o brasileiro tem de só gostar do que vem de fora. É a síndrome do colonizado.

            Não é a admiração pelo estrangeiro que é prejudicial, mas sim a imitação gratuita de uma outra cultura por achá-la superior à sua. Este comportamento, que nasce no início da dominação portuguesa, passa pela colonização cultural francesa e vem até a nova colonização perpetrada pela indústria cultural americana, leva não só a um menosprezo esnobe por tudo o que seja diferente da cultura da “metrópole” (a cultura dominante), como também a uma consequência ainda mais preocupante: o brasileiro, principalmente a elite pensante, passa a interpretar os problemas, as características e os comportamentos do Brasil através dos olhos de um outro país que julgam ser mais desenvolvido. Interpretação esta que leva a conclusões errôneas sobre a cultura brasileira, por se basear em estereótipos criados por estrangeiros e não em observações e estudos profundos sobre o país. Enquanto isso, a população se vangloria por falar palavras estrangeiras, rechaça as culturas regionais e tudo o que possa parecer “inferior” aos olhos de um estrangeiro, imita seu modo de vestir, de falar, de portar-se e, por que não, de pensar.
A visão de um colonizado se fixa em um só ponto de referência, sempre estrangeiro, que limita seu pensamento e sua maneira de ver o mundo e o próprio país em que nasceu e vive. O colonizado passa a reconhecer na metrópole escolhida, a única possibilidade de se desenvolver e evoluir.
Uma descolonização do Brasil se faz necessária quando se constata a falta de respeito que o brasileiro tem por sua própria cultura. Falta esta causada por uma mentalidade que o transforma, e sempre o transformou, em mera marionete; papagaio desorientado que imita até mesmo os hábitos mais prejudiciais à saúde, em nome de uma superioridade ilusória que é sempre buscada no exterior. É preciso que o brasileiro se liberte desta ilusão para poder finalmente olhar-se no espelho e se reconhecer como um ser pensante, conhecedor e mestre de si mesmo.
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Opiniões?

Bem, nos links a seguir, as demais partes:
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A Segunda

A Terceira e última


Abraço
Homerix Levemente Colonizado Ventura

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Missão Impossível e a Relíquia do Destino

CALMA!!!

O nome do filme não é EXATAMENTE esse, mas entenderão  já já por quê...

De repente, acabei fazendo resenha de dois filmes numa só....

Mas não percebi ao assistir ao filme, que me prendeu do começo ao fim.

Foi somente ao escrever a resenha que fui amarrando as pontas!

Vamos lá!!

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Estou prestes a declarar que acabo de ver o 

Melhor Filme de Ação da Minha Vida!

É Missão Impossível (7) - Acerto de Contas - Parte I 


A trama é bem mirabolante...

Ethan Hunt (Tom Cruise, 61 anos, com cara de 41 e disposição de triatleta de 21 e dispensando TODOS os dublês) tem que salvar o mundo de uma Entidade criada pela Inteligência Artificial.

Seus segredos escondem-se num submarino russo afundado por ela mesma (IA), quando se 'rebelou', cena que abre o filme, e a explicação logo depois, portanto não são spoiler...

Há uma chave em cruz bipartite, super bem bolada, que dá acesso a seus segredos.

Quem os obtiver e juntar as duas partes, abrirá alguma coisa, que ninguém sabe o que é, e dominará o mundo... um daqueles plots incríveis...

Ethan Hunt tentará evitar que a chave, e o dispositivo 'do demo' caiam nas mãos erradas..... na verdade em quaisquer mãos... ninguém pode ter esse poder... ele terá que destruí-lo.


Aliás, como mirabolante é a trama de 

Indiana Jones (5) e a Relíquia do Destino,

Indiana Jones (Harrison Ford, 81 anos, com cara de 61 e disposição de 21 

NÃO dispensando dublês, hehehe) 

Jones tem que salvar o mundo de um nazista 

que achava que Hitler fez muito pouco!!!

E terá que viajar no tempo ao efeito!! 

Para que a História não seja mudada! 

Através de uma relíquia da época de Arquimedes,

a Anticítera, que realmente existiu, 

e funcionava para prever eclipses! 

No filme, ela encontra fissuras temporais quando acionada..

A tal relíquia tem duas metades

que acionam a tal fenda quando entrelaçadas.

Ela é perseguida por muita gente. 

Mirabolante é pouco! Mas foi muito bom também!!


Bem, voltando à Missão Impossível...

Hunt convoca seus fiés amigos de sempre Luther e Benji, sempre ótimos, e sai à caça da tal Entidade.

Estão presentes os truques de sempre com as pessoas tomando o lugar de outras com aquelas máscaras sensacionais.

A primeira perseguição é num deserto, a cavalo, com um sensacional relacionamento de Hunt com seu lindo equino negro, foi demais aquela cena.

Lembrou-me também do último Indiana Jones,

o 5º... ou IJ-5, 

em que nosso arqueólogo preferido escapa de 

dezenas de tuaregs a cavalo 

armados até os dentes pelo deserto.


O filme é uma sucessão de pick-pocketing dessa sinistra chave, procurando juntar as duas metades dela.

A primeira trombadinha é uma linda morena, excelente personagem, 

que quer fazer dinheiro com a tal chave

e segue com Hunt até o fim do filme.

Em uma cena com ela, tem uma menção ao Rio de Janeiro, sensacional!


Lembrou-me também IJ-5, afinal,  

O filme é uma sucessão de pick-pocketing dessa sinistra relíquia, para juntar as duas metades dela.

Uma das trombadinhas é também uma morena, sua afilhada,  nem tão linda assim, mas excelente personagem, que quer fazer dinheiro com a tal relíquia.

A afilhada rouba-a do próprio padrinho,

e segue com Jones até o fim do filme.. 

e a Anticítera segue passando de mão em mão.


O clima cinematográfico é bem de filmes de ação dos Anos 60.

Aliás, como é IJ-5, 

que se passa no final dos Anos 60, 

mas começa em 1945 

e depois volta ao passado...


Voltando a MI-7.... 

as cenas de perseguição em Roma são ESPETACULARES, as melhores que já vi.

O carrinho em que eles (Hunt e Grace, o nome da morena) escapam de  múltiplas organizações criminosas além da polícia, algemados um ao outro, é um improvável Fiat Cinquecento Amarelo-Cheguei, sensacional. inacreditável o que acontece.

Lembrou-me IJ-5, espetacular cena de perseguição

em que eles (Jones e a afilhada) 

escapam de  múltiplas 

organizações criminosas além da polícia,  

só que em Marrocos, num improvável TukTuk,

que parecia estar turbinado, hehehe.

A cena final é em nada menos que o Expresso Oriente, super charmoso, em que Hunt desembarca na Hora H, vindo de um salto fenomenal de motocicleta do alto de um despenhadeiro, salto que ele mesmo, Tom Cruise, deu!!!

O final desta cena é SENSACIONAL.....nunca vi nada parecido ... ou se vi, não me lembro.

Aliás, o novo Indiana Jones também tem 

uma cena em um trem, também espetacular, 

só que é no começo do filme!

Aliás, acabo por concluir 

que andou acontecendo espionagem de roteiro 

entre esses dois excelentes filmes de ação!

Críticos apontam falhas nos roteiros nos dois filmes,

mas estou me lixando pra isso.

É diversão na veia!!

Vá ao cinema!!! E divirta-se!!!

Ahhh, tem uma notável diferença entre os dois!

O Indiana Jones tem um final...

A Missão Impossível ainda nao terminou... tem um Parte II

Já estou ansioso para me divertir ainda mais...

domingo, 13 de agosto de 2023

Colégio Santista - Fator crítico de sucesso

Hoje, Dia dos Pais
Dia de lembrar do meu
Do que ele propiciou
A base de tudo o que sou
...texto de 2011...
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Colégio Santista - Fator Crítico de Sucesso
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1964
1975
Viva o Facebook!

Graças à sua existência e abrangência, e à dedicação e mobilização de alguns, estou tendo oportunidade de reviver um passado que parecia distante: minha educação básica, do princípio ao fim no Colégio Santista, tradicional instituição marista da minha cidade, fundada em 1904.

A coisa começou com a publicação no mural de um colega, de uma foto daqueles tempos, e foi crescendo aos poucos, em princípio, com os poucos amigos daquele colega convidando como amigos outros que conhecia, de outras turmas. Mas tudo se organizou mesmo quando alguém descobriu que se podia formar um grupo aberto no Facebook. Daí, foi, e tem sido, uma febre. E foi, e tem sido, um tal de pessoas puxarem pela memória, e testarem se outros que não viam há 35 ou 40 anos e só se lembravam do nome, estavam já cadastrados, e se não estivessem, era um tal de chamar: "Entra no Facebook você também!". Viramos todos garotos propaganda da rede social de Mr. Zuckerberg.

Quando escrevi este texto em 2011, estávamos prestes a celebrar o 1.000º inscrito .... e a 300ª foto. Como é legal relembrar os cabelos que usávamos, as calças boca-de-sino e os paletós xadrez das festas. Mas o mais legal e tocante são as memórias que aquelas fotos suscitam, as lembranças dos professores e os irmãos maristas que nos educaram e nos formaram bons cidadãos. Muitos que já se foram, e uns poucos que ainda estão conosco. Irmãos e professores que levaram a sério o lema do beato Marcelino Champagnat, o fundador da ordem marista: "Educar é formar bons cristãos e virtuosos cidadãos; para educar uma criança é preciso amá-la" Toda escola, adaptando ou eliminando a menção religiosa, deveria se pautar por essas palavras. O Santista fez isso com a gente, direitinho.
 
Sendo um colégio religioso, era rígido o suficiente para prover valores morais firmes a seus alunos, com educação séria, o que o tornava muito concorrido, e fazia as famílias da cidade fazerem grande esforço para matricularem seus filhos e mantê-los lá. Famílias que pressionaram muito para que o privilégio da boa educação fosse estendido ao sexo oposto. Em 1970, o colégio adaptou-se aos tempos modernos e admitiu a presença feminina, após 65 anos como um tradicional colégio de meninos! Eu estava lá nessa transição revolucionária. Recebemos, ao que me lembre, muito bem, as meninas no nosso convívio.

Lá passei 12 ótimos anos de minha vida, Primário, Ginásio e Científico, como assim era chamado, bem mais romântico que hoje. E foram 12 anos (o normal seriam 11), de 1964 a 1975, pois não tive idade para fazer o exame de Admissão ao Ginasial, e tive que fazer o 5º Ano, coisa que tinha naquela época. É que entrei no 1º ano do Primário com tenros 6 aninhos, veja que coisa fofa lá em cima, à esquerda (HeHeHe). Que saudade da lancheirinha! O ponto alto da hora do lanche, que hora tão feliz, era desenroscar aquela garrafa de plástico e tomar aquele suquinho de qualquer coisa com leve gosto de plástico, e desembrulhar o papel alumínio, para comer aquele misto-frio (ou sanduíche de atum) maravilhoso!! Mais tarde, quando aposentei a lancheirinha, a corrida pelo enorme pátio para ver quem chegava na frente, na fila da lanchonete.   E tinha a banda, que disputava e ganhava de outras escolas, com evoluções memoráveis. E tinha os desfiles de 6 de setembro, em que marchávamos ao som da banda marcial, com impecáveis fardas brancas e quepes. Em alguns anos eu até ia à frente, empunhando uma espada maneiríssima, como se diz hoje. E tinha a rotina de perfilar ante  bandeiras e cantar o Hino do Brasil e, sim, o Hino Do Colégio, três estrofes das quais a segunda me lembro até hoje, inteirinha. Muito legal! 


Memórias que não se apagam!!!

Ter feito o 5º ano certamente frustrou aos meus pais, pois viram seu filho perder um ano em sua evolução escolar, profissional, de forma irrecuperável. Frustrou a mim, pois perdi a convivência com amigos queridos, especialmente o Magalhães, grande sujeito, que já se foi, que era com quem mais brincava, com quem mais competia pelo 1º lugar, perdendo eu sempre. Mas agora, olhando por um amplo espectro, não fosse assim, e eu não teria conhecido o Cid e o Zé Marques, meus colegas de Científico, com quem eu jogava sueca, na garagem da casa do primeiro, e não teria conhecido a Neusa, aos 20 anos de idade, sua vizinha, que de vez em quando se juntava a nós (ela também estudou no Santista, mas só nos anos de Científico, e na turma de Medicina, eu na de Engenharia). E ela não teria sido a minha 1ª namorada, e não teríamos nos casado, e eu não estaria feliz com ela até hoje, e com nossos queridos filhos Renata e Felipe.

Enfim, assim é o destino!!!

Felizmente, quando a conheci, já não ostentava a cabeleira da foto da direita, que usei em meu último ano no Colégio Santista. Ela me diz hoje que se tivesse me conhecido daquele jeito, teria pensado mal de mim, e nem teria percebido o meu sorriso, que a conquistou (palavras dela...). A cabeleira foi trocada pela careca de calouro, aos 18 anos, quando fui um dos 6 santistas a entrar na Escola Poltécnica da USP. Essa configuração hexagonal repetiu-se outras duas vezes em minha vida: fui um dos 6 politécnicos a entrar como estagiário na Petrobras, e um dos 6 estagiários a se formarem engenheiros de petróleo designados para a área internacional da empresa.

Tudo o que consegui começou naqueles 12 anos de ensino básico e virtuoso, seguiu com estudo e dedicação, claro que associado a oportunidade e sorte. Mas aquela base está presente em cada ato meu como cidadão, que prezo muito, e que consegui, junto com Neusa, passar a meus filhos.

Infelizmente, essa ventura (!) não está mais disponível às famílias santistas. O Colégio Santista, berço de tanta gente importante e conceituada, não existe mais! A mãe dele (como a piada) subiu no telhado quando, em 1987, os maristas se mudaram, e a administração mudou de mãos. A educação começou a ter uma tendência mais socialista e esquerdizante, e os pais foram, naturalmente, tirando seus filhos da escola. Nos tempos áureos, chegou a ter 1800 alunos. Foi minguando, minguando, até que, em 2009, tinha pouco mais de 400, e foi estatizada pela prefeitura. Dizem eles que continuarão as tradições da escola, mas acho difícil, sem os valores da causa marista.

Publicando este post no Dia dos Professores, saúdo a todos os que auxiliaram na formação do cidadão que sou, mas devo declarar também que o pai que sou, foi devido à educação que tive, que o  pai que tive pôde proporcionar a mim, mantendo-me, em todo meu ensino básico, no tradicional Colégio Santista.

Obrigado, pai!!!

E estendido a todos os pais, 
especialmente àqueles que se preocupam 
"em deixar filhos melhores para o mundo".


Parabéns, neste Dia dos Professores, aos eternos 
títeres que me formaram no Colégio Santista
Nilo, Farid, Silvestre, Eliza, Wilma, Dulce, Regina, Fernando, Lobo, Maria Helena, Cordella, Bóris, Buzo, Adilson, Maria Alice, Nilde, Marlene, etc, etc, etc, etc...




Homero Agradecido Ventura

sábado, 12 de agosto de 2023

Meu dePAULimento

Paul recentemente completou 81 anos
Aqui eu resenho um show antológico que vi!
É meu melhor depoimento sobre um show!
E 40 pessoas comentaram sobre ele!
Mais textos em sua homenagem, aqui neste LINK.

Show de Paul McCartney
São Paulo – 22/11/2010

Amigos, finalmente, aconteceu...

Trinta e seis músicas em três horas inesquecíveis, proporcionadas por um generoso artista, que sabe o que fazer para proporcionar felicidade a um grupo de privilegiados, eu entre eles...

No meu caso, aquelas três horas significaram, na verdade, mais de um dia inteiro de dedicação exclusiva a esse sonho, acalentado desde que se anunciou que the one and only Paul McCartney, viria novamente ao Brasil. Esses privilegiados tiveram que se embrenhar em alguma espécie de logística para conseguir apreciar o momento, com maior ou menor nível de dificuldade, mas nunca nula. Como ele não veio à cidade em que vivo, e como ainda não estamos no Século XXIII, e não temos o teleporte de Star Trek, no meu caso, teve uma viagem no meio. No caso de querer saber apenas do show em si, pule os próximos quatro parágrafos, e vá direto para o fim da descrição da logística. Senão, acompanhe-me no relato de minha aventura rumo à felicidade.

Quis o destino, ou a indisponibilidade do Maracanã, ou a falta de ação da Prefeitura do Rio, ou até mesmo a prejudicada imagem da cidade maravilhosa, que ela fosse privada da presença do ex-Beatle. Sem sombra de dúvida que ele gostaria de visitar novamente a cidade onde bateu o recorde de pessoas assistindo a um show pago de um artista solo. A deterioração é flagrante. Veja o ocorrido neste último domingo: enquanto os paulistas escolhiam entre Paul McCartney, Roberto Carlos e Lou Reed, as opções dos cariocas eram Ovídio Brito, Pagode da Tia Doca e Pagode do Arruda, como vi num tweet, na terça-feira. Pois é, Paul veio somente a Porto Alegre e São Paulo. Sou fanático, mas não fiz como muitos amigos meus, que foram às duas cidades, aos três shows. Escolhi a cidade mais próxima, não consegui comprar para o domingo, mas consegui a preciosidade para segunda-feira, 22 de novembro de 2010.

Saí de casa às 9:00, manhã do dia do show, passei em um relojoeiro para comprar uma bateria para o meu relógio Limited Edition com a foto e assinatura de Paul McCartney, que eu somente uso em ocasiões especiais, e esta era uma delas. Empreendi a aventura em conjunto com meu guru Renato e seu filho Paulo idem. Chamo esse colega de empresa de guru, pois se trata de uma enciclopédia viva sobre Beatles, além de possuir nada menos que 5.000 discos do grupo ou de seus integrantes. Pegamos a ponte aérea de 10:30, que saiu às 11:20, como sói acontecer no sistema Santos Dumont/Congonhas; fast food neste último, táxi, check-in no Novotel Morumbi, xixi, mesmo táxi, chegada ao estádio às 14:00, onde já umas 250 pessoas aguardavam no portão 18, da Pista Prime, civilizadamente, a hora de entrar no estádio, prevista para as 17:30. Já nesta oportunidade deu pra perceber o fenômeno que é esse grupo de roqueiros, que deixara de existir há 40 anos. Jovens, uma grande maioria de jovens compunha a fila. Eu e Renato e uns poucos gatos pingados de barriga e cabelo branco, éramos pontos fora da curva. Entre eles, um casal de peruanos que veio especialmente para o show. O tempo estava fechado, os camelôs ofereciam as indefectíveis capinhas de chuva a 5 ‘real’ e diziam ‘quando começar a chuva, é 10!!’. Nós já tínhamos as nossas, e elas foram usadas menos de uma hora depois. Veio a chuva, e ele foi só aumentando e lá ficamos, sem problema algum, felizes da vida, apenas menos integrados ao ambiente. Com o tempo seco, certamente formar-se-iam grupinhos para trocar experiências beatle, ou mesmo cantar alguns sucessos.

A chuva fez a espera ficar mais solitária, cada qual em seu mundo. De repente, um disco começou a tocar, mais especificamente aquele localizado entre a 3ª e a 4ª vértebra de minha coluna, que me impede que eu fique muito tempo sem me sentar. Assim o fiz, e lá se foi a intenção de deixar minha calça quase seca. A capa, vagabundinha, protegia por cima, mas o caminho das águas foi aos poucos encharcando meu bumbum, que assim ficou até o fim do dia. Os sapatos, inicialmente resistentes, não impediram o ensopar das pobres meias. Numa bela hora, passou uma bondosa senhora com um saquinho na mão distribuindo bexigas vermelhas, com a instrução de que fossem usadas quando Paul cantasse ‘Long and Winding Road’. Segundo ela, Paul ficara tocado com o que foi feito no domingo, com bexigas brancas sendo balançadas ao som de ‘Give Peace A Chance’.

A chuva parou só para entrarmos no estádio, cujos portões se abriram, pontualmente, atrasados em 20 minutos, e lá fomos nós, invadindo o gramado coberto por placas especiais. Antes de tomarmos nosso lugar, que já vimos ser espetacular, demos uma passada nos banheiros químicos para dar aquela que seria a última mijada, no sentido explícito, para evitar que levássemos uma mijada, no sentido figurado, se tentássemos mais tarde abrir caminho na multidão para aliviar a bexiga. Essa corrida aos banheiros certamente nos custou um metro e meio de proximidade do palco, mas nada que impedisse uma visão magnífica, e privilegiada. Nem eu nem meu amigo havíamos ficado tão perto do palco em nenhuma das oportunidades anteriores com nosso maior ídolo, eu, no Rio (1990) e em Houston (2002), e ele, duas vezes no Rio, Curitiba (1993) e em Porto Alegre (outro dia). Ficamos observando os trabalhos no palco, sempre com 20 técnicos pra lá e pra cá, testando instrumentos, sons. Soubemos que a chuva impediu a passagem de som, prática comum das bandas. Olhava prum lado e pra outro e só se confirmou a impressão inicial: com minha boa altura, podia ver por cima da galera, e pouquíssimas foram as cabeças brancas, as expressões mais idosas, enrugadas, maduras, que identifiquei. A grande, a imensa maioria, tinha menos de 30 anos, posso garantir. Quando começou a escurecer, veio junto novamente a chuva. Chegamos a ficar preocupados com um possível cancelamento, já que a água era muita, a chuva respingava no palco, e os caras seguiam cobrindo os equipamentos. Seria um desastre.

Às 19:30, tocou de novo aquele meu disco, e lá fui eu pro chão, isolado em meu mundinho, concentrado para aquele momento que viria duas horas depois. Sentei-me meio de lado em relação ao palco. Em meio à concentração, ouvia atrás de mim uma vozinha de uma menina que dizia: ... puxa vida, baixinha desse jeito, quando esse moço aqui se levantar, eu não vou enxergar mais nada. Ao olhar para o lado, notei as perninhas da menina: a altura do chão até o joelho dela não era maior que 30 cm. Pensei cá comigo: sinto muito, cada qual com a altura que Deus lhe deu, se eu for dar meu lugar pra cada um que é mais baixo que eu, e isso significar 40 cm de afastamento, daqui a pouco eu estou lá no fundo. I’m sorry! Mas não falei nada. Quando me senti com as forças recobradas, mais ou menos às 20:30, levantei-me, dei só uma olhada na baixinha, até deu pena... ela estava lááá embaixo, acho que não tinha nem metro e meio, novinha, máximo 18 anos. Mas me mantive firme em meu propósito, e nem dei bola. Até que .... bem .. conto em seguida.

Fim da Logística .... Começo do sonho

Mais ou menos às 21:10 apareceram os sinais de que o show iria começar: os dois enormes telões laterais começaram a mostrar uma colagem de fotos, letras, imagens em movimento, que mostravam a carreira dos Beatles, e de Paul pós-Beatle, tudo entremeado com música. Foi um ótimo aquecimento, o povo começou a cantarolar, mas especialmente aquela baixinha, que sabia TODAS e cantava com aquela vozinha, com uma animação tocante. O filme durou meia hora, quando então, a chuva parou!! Mais uma vez, como no primeiro dia de 1990, Paul mostra poderes de controlar o tempo. Com 10 minutos perdoáveis de atraso, ele simplesmente invade o palco portando seu baixo Hofner, acompanhado de sua competentíssima banda, Rusty Anderson e Brian Ray nas guitarras e baixo, Paul Wickens no teclado e o fenomenal Abe Laboriel Jr. na bateria. Percebemos maravilhados que, à distância que estávamos, conseguíamos ver todos os detalhes do rosto de Paul, todos os seus trejeitos, que viriam a ser muitos ao longo do show. 

Depois do delírio inicial, com mostras explícitas de fanatismo de toda a multidão com sua presença, Paul começou a desfilar sua simpatia, logo no início, com um ‘Oi!’ e ‘Boa noite, São Paulo’ e ‘Boa noite, Brasil’. Isto se repetiria durante todo o show: perfeccionista que é, Paul não admitiria soar como falso. Seu português beirava à perfeição, em nada lembrando o fato de ser ele um inglês da gema. O a-com-til do nome da cidade estava perfeito, e o ‘r’ soava como tinha que ser. Voltarei a falar sobre isso em breve, mas agora, é SHOW TIME, ..... e que show!!!!

Pra começar, quando todos esperavam a repetição da abertura de domingo, com uma morna ‘Venus & Mars’, apropriada, sim, para o início de um show (Sitting in the stand of the sports arena Waiting for the show to Begin), mas morna, veio a surpresa. Quando ele deu o sinal, saiu do teclado um som de trompete que 'dizia':
Paaa pa ra
Paaa pa ra
Paaaaaa
(e a bateria….)
(e Paul convocando….)
Roll up, roll up for the Magical Mystery Tour!
Step right this way!
Aliás, já no primeiro Paaa pa ra, no primeiro acorde, a galera percebeu tratar-se do grande sucesso beatle, e urrou desesperadamente, eu inclusive, de braços levantados ao alto em agradecimento. Parecia que John e George também estavam lá cantando, e nos convidando ...Roll up, roll up for the mistery tour ... e nós imediatamente aceitamos embarcar naquela viagem misteriosa e, principalmente, mágica, que duraria as próximas três horas, e que seria lembrada para sempre. No telão central, imagens coloridas e psicodélicas, como a capa do álbum que abria, no longínquo 1967. A coisa se repetiria, com igual ou menor intensidade mais de 30 vezes naquela noite: o povo reconhecia no primeiro acorde a música que viria, e entrava em êxtase.

Antes da segunda música, Paul brincou ‘Tudo bem com a chuva?’, emendando com um espetacular ‘Chove Chuva’, logo acompanhado por nós com um ‘Chove Sem Parar’. E então, veio 'Jet' grande sucesso de Paul, com uma letra incompreensível, o que no momento não tinha a menor importância, o que interessava era berrar ... Jet UuuUuuUuu Jet ..., e a terceira foi pra testar a estrutura das arquibancadas do Morumbi, quando ele pediu ... Close your eyes and I'll kiss you ..., mas não os fechamos, mantivemo-los bem abertos para não perder nenhum segundo daquela performance de 'All My Loving', o primeiro momento em que as lágrimas rolaram de meus olhos, confundindo-se em meu rosto com algumas poucas gotas da chuva leve que ainda insistia.

Foi neste momento que eu acedi ao pedido daquela pobre criatura atrás de mim, que continuava cantando tudo, inclusive a impenetrável letra de 'Jet', virei pra ela e disse: 'Menina, você tá cantando tão bonitinho, tão dedicada, vai, vem pra frente!' e ela, quase chorando, me disse: 'Ai, obrigado, moço!'. Ela ficou ali umas duas ou três músicas, sempre cantando tudo, mas ainda não vendo quase nada, afinal, com menos de metro e meio, ela vai sempre sofrer pra ver alguma coisa. Fiquei com ímpetos de levantá-la, mas não tinha nem intimidade nem coluna para isso. Depois, não a vi mais, até o fim do show quando ... bem, isso eu conto depois...

Aí veio uma McCartney Wings meia-bomba, 'Letting Go', mas executada bombasticamente bem, precedendo o espetacular naipe de metais de 'Got To Get You Into My Life', fake, por não haver nenhum metal no palco, mas espetacular, apesar de ter lamentado a exclusão de 'Drive My Car', que tocara no domingo. Em seguida, veio 'Highway', uma canção do Fireman, uma banda alternativa de Paul, e que surpreendentemente, teve seu refrão cantado pela galera, apesar de ser relativamente desconhecida para mim. Aí, Paul empunhou sua guitarra para rolar para nós seu ...heart, like a wheel... em 'Let Me Roll It', emendando com uma homenagem a Jimmy Hendrix, executando com maestria o riff marcante e o solo de guitarra do mestre, em 'Foxy Lady' ... ele gosta de mostrar suas habilidades na guitarra de vez em quando, pra mostrar que sabe, como se ele precisasse disso.

Nesse meio tempo, minha atenção também se voltara a um outro fanático que estava atrás de mim. Após a partida da baixinha, uma outra voz destacou-se, à minha direita, que cantava também tudo, e com um inglês perfeito. Olhei pra trás e era um guri imberbe, se esgoelando. Perguntei que idade tinha, mas quem respondeu foi a mãe dele, ao seu lado esquerdo, "13 ... sabe tudo, né?", toda orgulhosa. É im-pres-sio-nan-te a penetração que os Beatles tem na juventude, ainda hoje. E vai longe....

Veio então a primeira sessão ao piano, lá em cima, à direita, no palco. Antes de começar, mais um bate-papo com nóizinhos. "Tudo Bem?" e nós 64 mil, em uníssono, "Tuuudo!!!'" e ele, apercebendo-se do som igual, mestre que é nas rimas, soltou um "Tudo bem, in the rain?" e nós "Yeeeeaaahhhh". Brilhante! E começou com a canção das bexigas vermelhas lá da fila de entrada 'The Long And Winding Road' e nós, ali da frente, balançamos as ditas-cujas durante todo o tempo, e merecemos de Paul um "Thank you very much, you're really great!!".

De nada, grande Paul, nós é que agradecemos sua abençoada presença entre nós. Depois, promoveu um pouco mais o relançamento do álbum 'Band On The Run', com uma ótima execução de '1985', segundo ele, "for the Wings fans", e entabulou um ‘Let'em In’, com todos os sinos e metais a que tínhamos direito, acompanhado no telão central por um filme em branco e preto que mostra uma invasão de pessoas em instalações públicas, como que aceitando o convite da canção, deixando todos entrarem, o máximo! Para completar a sessão, mais português "Eu escrevi esta música para minha gatinha Linda," e nós "Eeeeeh", e ele "mas, esta noite, ela é para todos os namorados!", e repetiu "namorados", fazendo um esforço enorme pra falar sem sotaque, e mandou ver a linda, para Linda, 'My Love’ ... Uou u uou ou, Uou u uou ou, my love does it good.....

Voltou ao seu baixo Hofner e cantou duas Beatlesongs que não havia cantado no domingo, 'I'm Looking Through You' e 'Two Of Us', para meu extremo gáudio, pois prefiro-as a 'And I Love Her' e 'I've Just Seen A Face' que Paul cantou no primeira dia, e aí, finalmente, deu um descanso para a banda. Empunhou seu violão, e depois de mais um show de simpatia, com um “É bom estar de volta ao Brasil, terra da música linda!”, executou, solo, os difíceis e elaborados acordes e dedilhado de 'Blackbird', acompanhado de dezenas de milhares de fãs que "were only waiting for that moment to arrive", como vi num brilhante cartaz de um deles, e 'Here Today', uma canção que fez para John, e que provocou o único deslize da plateia, em minha opinião: quando a música adquire aquele ritmo um pouquinho mais acelerado, a plateia começou com uma bate-palmas absolutamente desnecessário, e que, pior, não parou quando a música retorna a seu trecho inicial. Aquilo era canção para se ouvir em respeitoso silêncio, no máximo com a difícil e tocante letra murmurada. Com as palmas, Paul nem se emocionou, como sempre acontece quando executa a canção e declara ...I love you... para o amigo perdido. Ou então, eu estava incomodado com as palmas e nem percebi o embargo da voz, que sempre acontece. Paul levou numa boa, mas deu uma leve reclamada, ao final, dizendo com ironia que as palmas são OK, quando no momento correto.

Volta a banda para mais carreira solo, com ‘Bluebird’, tocada pela primeira vez no Brasil, a 5ª mudança em relação ao repertório de domingo, desta vez um acréscimo puro e simples, ou seja, os privilegiados de 2ª feira tiveram o prazer de ouvir uma música a mais que os de domingo; ‘Dance Tonight’, esta última com Paul ao bandolim e com uma dancinha adorável do baterista, que a platéia saudou com um ‘Abe, Abe, Abe, Abe...”; e o super dançante, e pulante refrão ...Ho Hey Ho... de ‘Mrs. Vandebilt’, onde o velho Macca mostra que ainda está em forma, pulando junto com a platéia. Para a volta ao mundo beatle, desce então o baterista de seu pedestal e coloca-se à esquerda de Deus Pai, digo, de Sir Paul, para ajudar a cantar ... Ah, look at all the lonely people ..., saudando os solitários, como eram a pobre ‘Eleanor Rigby’ e o Father McKenzie, vozes acompanhadas apenas e tão somente pelo teclado mágico de Paul Wickens, que simula uma orquestra de câmara com todos os seus instrumentos, pobres dos instrumentistas, que não são mais necessários.

O público está cada vez mais maravilhado com o que ouve, quando Paul se apodera de um ukelele, uma espécie de cavaquinho hawaiano, e apresenta a próxima atração com um: “Esta música é em homenagem a meu amigo George”, delírio total, e começa a tocar ‘Something’ num ritmo alterado, mas que todo mundo acompanhou direitinho, pra depois retomar o baixo quando a música volta a seu arranjo original, dando a oportunidade de ouvirmos o solo romântico de guitarra mais lindo da história do rock, com todas as notas em seu lugar, ai do guitarrista Rusty se fizesse diferente, ele não tem permissão para improvisar. Paul tem executado desta maneira a grande canção da vida de George Harrison desde Concert For George, quando muitos amigos se reuniram, no Albert Hall em 2002, para uma homenagem póstuma, um ano após sua morte, que foi registrada em um dos melhores DVDs de todos os tempos. Aqui, no telão principal, uma sequência de fotos do quiet Beatle, emocionando a todos.

Breve passagem pela carreira solo, com ‘Sing The Changes’, do Fireman, e o talvez maior sucesso do Wings, ‘Band On Te Run’, para então entabular uma série de seis (6) músicas Beatle, de tirar o fôlego, não sem antes encantar-nos com seu português, com um “Tudo ótimo?” e um “Como está meu português?”, claro que ambas respondidas com sonoros “Yeah!” e “Good!”, e emendando em inglês mesmo “Not bad for an English lad”, e aí sim, ao trabalho, com um “This next song, I’ll ask you to sing alongwith, but you’re singing along everything, anyway, so ...”, para introduzir:
  1. Entra o pianinho marcante (tan tararan tararan tan tan tan) da simpaticíssima ‘Obladi Oblada’, que Lennon abominava, mas o resto do mundo adorava. Quando chegava a hora do refrão, o telão central mostrava imagens da galera da frente se esgoelando para cantá-lo ...Obladi Oblada life goes on bra, ah ha how the life goes on...;
  2. O estádio vem abaixo quando se ouve o som de um avião pousando para avisar que Paul estava ‘Back In The USSR’, e declarava saudades das garotas da Ucrânia ...really knocking him out... e que ...Georgia’s always on mymymymymymymymymymind...;
  3. Vem então um riff de guitarra que deixou todos arrepiados, introduzindo ‘I’ve Got A Feeling’, ...a feeling deep inside oh yeah..., em que Paul ainda mostra disposição para urrar o refrão, não com a mesma força, mas com competência. Pena que, para o contraponto ... Everybody had a hard year, every body let their hair down ..., Paul não tinha Lennon para acompanhá-lo, e o jeito foi usar um vocal duplo, perfeitamente executado por Abe e Rusty;
  4. Depois de mais um show para a galera, com a regência de um coral de 64 mil vozes espelhando o que ele comandava, numa ode a São Paulo, Paul declara que, para a próxima canção, a guitarra que usaria era a mesma que usou em sua gravação, ‘in the sixties’, e começa ‘Paaaperbaack Wriiiteer’, provocando torrentes de lágrimas, especialmente em mim, que sempre amei a canção e agora, ainda mais, já que a situação descrita é mais ou menos a que se passa com minha filha ...Dear Sir or Madam, will you read my book? It took me years to write, will you take a look?... Não tenho dúvidas que se o editor percebesse o potencial da obra, … (He could) have the rights, It could make a million for (him) overnight….;
  5. Um violão introduz o encanto de se ouvir ‘A Day In The Life’, que foi idéia de Lennon, mas que Paul complementou brilhantemente com o ...Woke up, got out the bed, dragged a comb across my hair… e com a idéia para o crescendo monumental de orquestra, e o famoso MI final, tocado em quatro pianos simultaneamente, mas fica claro tratar-se de uma homenagem a John quando emenda (all we are saying is) ‘Give Peace A Chance ;
  6. A meia-dúzia brilhante termina com a indefectível ‘Let It Be’, com Paul ao piano,  invocando a mãe Mary ...speaking words of wisdom..., e que não me venham com aquela interpretação de que a Mother Mary que ele fala refere-se a marijuana. Certamente que ele não iria brincar com o nome da própria mãe. E afinal, ninguém imagina um baseado que ...is standing right in front of (him)
A última peça da carreira solo que vem antes de ele emendar a última série beatle, é a emocionante ‘Live And Let Die’ um dos melhores temas de James Bond, que ele sempre toca em todas as excursões, há décadas, e que não ganhou o Oscar de 1973 por pura sacanagem dos velhinhos da Academia. E desta vez, ela veio com efeitos mais que especiais, em especial para quem estava ali na frente, que sentiu a onda de calor dos canhões. Estando tão próximo ao palco, não vi os fogos de artifício de grande alcance que pipocavam por trás dele, como vira no compacto que a Globo mostrara no domingo. Mas senti o impacto sonoro e visual proporcionado no palco, com fogos sincronizados com a música, sensacional.

A última série de encantos musicais Beatle teve 7 canções, sendo que a primeira termina o show, teoricamente, já que é claro que ele voltará. Nada melhor que ‘Hey Jude’ para o efeito. Para alegria nossa, ele não usa o piano oficial, de cauda, mas um menor, todo colorido, que ele usou na excursão de 1990, quando nele tocou ‘Fool On The Hill’ e que depois eu soube que era o mesmo do filme, de 1967. Todo mundo canta junto com ele as várias estrofes da letra, e quando chega a hora do quarto ...Na Na Na NaraNaNááá NaraNaNááá Hey Jude... ele abandona o piano e vai pro meio do palco comandar a enlouquecida galera, desta vez em português perfeito “Agora só os homens”, e depois, “De novo os homens”, e depois “Agora só as mulheres”, e depois um surpreendente “Continuem, mulheres!!!”, e depois, “Todo mundo junto!”. Um showman, de verdade! Aí vem o primeiro fim falso, dá as mãos para a banda, agradece, dá adeus pra todo mundo e abandona o palco; a plateia começa num criativo ...Hello, hello, I don’t know why you say goodbye, I say hello!..., poucos minutos depois ele volta, gritação geral, carregando seu famoso baixo, e nos brinda com a canção com um dos melhores riffs iniciais de guitarra de todos os tempos, rivalizando com o de ‘Satisfaction’, dos Stones... adivinhe ... ‘Day Tripper’....one way ticket yeah...; volta ao piano coloridinho e solta uma das melhores introduções de rock ao piano de todos os tempos, com ‘Lady Madonna’ ... Wonder(ing) how you manage to make ends meet...; e ‘termina’ o show novamente, de volta ao baixo, pra mandar a sweet Loretta Martin ‘Get Back’ ... to where (she) once belong…

E ele abandona novamente o palco com a banda, e a plateia apenas continua cantando ...get back, get back... nada mais natural, e alguns minutos depois ele volta, empunhando uma bandeira do Brasil que, aliás, foi muito bem recebida por nós, ao contrário dos gaúchos, que a receberam com restrições, separatistas que são, vê se pode! Depois de correr pelo palco com a bandeira, troca-a por um violão trazido pelo tecladista, que segue para sua posição de trabalho para acompanhar Paul, com um ‘quarteto de cordas’, em sua performance da música mais reproduzida da história da humanidade, com mais de três mil regravações, cuja melodia lhe veio em sonho, e que ele duvidou ser original e dele, de tão linda que lhe parecia, para a qual a primeira letra que lhe veio à mente foi ...scrambled eggs, oh my darling how I like your legs..., e que finalmente veio a se chamar ‘Yesterday’; mudando totalmente o tom, ele pega o baixo novamente para tocar ‘Helter Skelter’, que é considerada uma precursora do Heavy Metal, super gritada; mais um pouco de carisma, com um “Agora, vamos embora”,  fazendo carinha de sono, e termina o show, agora de verdade, com um medley de ‘Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band- Reprise’, que tem na letra um apropriadíssimo ...We hope you have enjoyed the show..., emendada com a mais apropriada ainda ‘The End’ que soluciona em sua letra, a equação do amor ... And, in the end, the Love you take is equal to the Love you make!... uma perfeita identidade matemática, aplicável à relação entre nós e ele:
.... ele, nos oferecendo generosamente suas músicas, categoria e simpatia,
.... nós, idolatrando-o como a nenhum outro ser vivo, na face deste planeta!!!!!

Ah, sim, no meio do último bis, Paul lembra-se que em Porto Alegre uma menina pediu que ele autografasse seu braço, para ela tatuar por cima, no que foi atendida, inclusive com um coração desenhado pelo ídolo. E ela fez a tatuagem no dia seguinte, e virou celebridade instantânea. E ele chama ao palco quatro meninas que a produção havia selecionado. E elas subiram, choraram, deram beijinhos, abraçaram, enfim, um sonho. E quem era uma delas? Aquele mesma baixinha que eu permiti que passasse à minha frente! Não a vi mais, mas certamente ela deve estar tendo bons pensamentos sobre aquele grandão que a deixou passar e possibilitou a realização daquele sonho...

Resumindo:
Ingresso...............................................................: R$ 700
Avião...................................................................: R$ 240
Traslados...............................................................: R$ 80
Comida..................................................................: R$ 30
Assistir ao show de minha vida a 10 metros
de distância de meu ídolo................................: NÃO TEM PREÇO
Faria tudo de novo, com uma pequena diferença... teria chegado 10 horas antes do show, ao invés de 8, pra ficar ali, mais na frente, ainda mais próximo!!!!!

Há um consolo para os que não puderam ir, por variados motivos, ou aos que podiam, mas tiveram preguiça. As últimas palavras de Paul McCartney no último show desta turnê no Brasil foram:

ATÉ A PRÓXIMA ..... SEE YOU NEXT TIME!!!

Portanto, há esperança!!!

Encontramo-nos lá!!!



Homero Mais Que Realizado Ventura

P.S. Faltou a logística da volta. Ao sair, junto àquelas milhares de pessoas, invadindo os entornos do Morumbi, nem pensamos em pegar táxi. Fomos andando, subindo pelas colinas do bairro, em velocidade superior à do trânsito, por uns 1,500 metros. Quando a coisa começou a clarear, e alguns carros nos ultrapassaram, conseguimos um táxi, que nos levou ao hotel. Esmigalhado, tomei um rápido banho e desabei. De manhã, café, aeroporto, viagem de volta, chegando em casa ao meio dia de terça-feira. Portanto, 27 horas dedicadas a Paul McCartney, sem o menor sinal de arrependimento...

terça-feira, 8 de agosto de 2023

A(O) Menina(o) que matou seus(meus) pais


Quando soube que meu amigo Raphael Montes iria roteirizar a história de Suzanne Von Richthofen para o cinema, temi! Corria-se o risco de acabar por glamorizar a psicopata, justificar o vil ato que comandou (ou aceitou), do extermínio de seu pai e de sua mãe, perpetrado pelos irmãos Cravinhos, enfim, mas confiei que ele saberia como produzir um roteiro plausível.

Nesse meio tempo, ele lançou Bom Dia Verônica, excelente série da NetFlix. Ele foi parceiro de Ilana Casoy. Ficou excelente, vejam meus comentários aqui, neste LINK.

Resolveram repetir a parceria de sucesso. Ilana é delegada de Polícia, mas hoje identifica-se como criminóloga e é escritora. Ela era estagiária à época do horroroso evento, em outubro de 2002, e acompanhou inclusive a reconstituição do crime. Interessante que foi a única operação deste tipo em que foi autorizada a ir pela ‘chefia’ por ser feita em região de alto nível… não a deixaram ir a nenhuma outra em lugares mais perigosos. Debruçou-se sobre o caso e escreveu um livro sobre ele "O Quinto Mandamento" (acho que sabem qual é ele, né …), e  um outro sobre o caso Nardoni, e foi colaboradora de Glória Perez na ótima série Dupla Identidade, da Globo, em que Bruno Gagliazzo dá um show.

Raphael Montes é um jovem escritor, especializado em literatura policial. Sou fã dele desde o 1º livro, 'Suicidas' (2), e ainda não li nada ruim saído de seu teclado e imaginação. 'Jantar Secreto' (1), 'Uma Mulher no Escuro' (3), 'Dias Perfeitos' (4) e 'O Vilarejo' (5) (análises disponíveis por sobre os nomes das obras) são outros livros de sua lavra (o número entre parênteses é minha ordem de preferência). Escreveu um outro livro sob pseudônimo, que não li, (quem mandou dizer que não era dele?) mas vi a série NetFlix que se baseou nele, Bom Dia Verônica, sobre a qual já falei ali em cima. Roteirizou a ótima série com o delegado Espinoza, de Garcia-Roza, que infelizmente não teve sequência, devido à trágica morte de Domingos Montagner, o protagonista. Pra meus amigos, lembro que Raphael Montes foi o cronista semanal d'O Globo que possibilitou meus 15 minutos de fama, lembre-se deles aqui, neste LINK.

Decerto o risco de glamourização estava na cabeça dos roteiristas, até que surgiu a brilhante ideia: resolveram fazer não um, mas DOIS filmes!: 'A menina que Matou os Pais' conta a versão de Suzane von Richthofen, e 'O Menino que Matou Meus Pais' conta a versão de Daniel Cravinhos. Dessa forma, a produção não defende nenhum dos lados da história e deixa ao público a interpretação dos fatos e das versões. Tudo foi desenvolvido a partir das informações que constam nos autos do processo, em especial nos depoimentos dos envolvidos.

Assistimos aos dois, de carreirinha, neste sábado. E não nos arrependemos. E o fizemos na ordem inversa da acima apresentada. E acho que foi uma boa escolha. Poucas cenas são iguais entre os dois filmes, após a primeira, em que os policiais atendem a um chamado de Suzane por uma suposta invasão da casa em que morava. A próxima cena é da chegada ao julgamento, também igual, mas já na sala do júri começam as diferenças. A gente assiste ao depoimento de Suzane, muito bem interpretada por Carla Dias, a eterna Khadija de O Clone (muito ouro, Inshallah!) e ela conta a história do seu ponto de vista, procurando jogar a culpa da decisão do extermínio para o namorado Daniel Cravinhos. No 2º filme (na ordem em que assistimos), é este quem conta sua história tentando jogar a culpa na filha do casal chacinado. No final, sabemos pelas sentenças, nenhum dos dois conseguiu convencer o júri, pois tiveram penas idênticas, de 39 anos de detenção.

Solução genial! (segue ...)



Foi muito interessante ver o 2º filme e notar as diferenças. Cenas em que ao menos um terceiro personagem estava presente, e teriam que ser iguais, eram às vezes filmadas sob ângulos diferentes de câmera. Para mim, o ponto máximo dos dois filmes são breves momentos em que se quebra a 4ª parede, ou seja, quando o personagem (Suzane no 1º e Daniel no 2º) olha para a câmera e faz uma brevíssima declaração a nós, do outro lado! Brilhante!

Valeram a pena os 160 minutos dedicados à dupla visão de um mesmo crime!

Recomendo!



Raphael Montes, escritor, roteirista, amigo

Em breve, nova entrada neste compêndio de minhas publicações sobre Raphael Montes.

Ele acaba de lançar seu 1º livro com temática juvenil, um breve iterregno em sua brilhante série de livros com temática policial.

Chama-se 'A Mágica Mortal'.

Fui ao lançamento ontem num local maneiro lá de Botafogo. Enquanto nã leio, fiquem com o restante da obra dele.

Minha primeira experiência raphaélica foi com o livro 'Suicidas', arrebatador



Continuou com 'Dias Perfeitos', mais que perfeito

Depois, uma viagem tenebrosa a 'O Vilarejo'

Serviu-nos um peculiar jantar... se bem que ...
http://blogdohomerix.blogspot.com.br/2016/11/o-jantar-esta-servido-diz-raphael-montes.html

Eletrizou com uma mulher cega.


É roteirista da Globo (novelas e séries), foi entrevistado no Jô, tem fãs internacionais (livros traduzidos em mais de 10 línguas), e há planos para TODOS os livros virarem filme!!

Mais recentemente, emplacou na NetFLix a ótima série Bom Dia, Verônica

E roteirizou um filme (aliás, dois, juntinhos) para a telona, que a pandemia mandou para a Amazon Prime, sobre o caso Von Ricthofen.


Pra terminar, era colunista semanal d'O Globo, quando, possibilitou meus 15 minutos de fama:


E segue o sucesso!!



Decoro este post com uma foto intrigante!!!




Homeradas em Série

Está no Aurélio...

Homerada (s.m.): Trapalhadas do Homero

Mas, Homerix, por que você você abre para o mundo coisas assim suas... homeradas?

Como eu já disse, minha vida é um blog aberto...

Lá se vão mais de 5 anos deste episódio...

Havíamos passado um fim-de-semana incólumes, sem nenhum acontecimento inesperado em nossa viagem de três dias a Florianópolis, em outubro, onde fui dar palestra sobre a Indústria de Petróleo no Brasil. Ainda trabalhava, já aposentado da Petrobras, estava no final do meu único ano no IBP.


Já em outra viagem, a Santos, mês seguinte, veio o troco, felizmente, quando Neusa já havia partido pra Sampa. Aliás, se ela estivesse comigo, nenhuma das homeradas teria acontecido...

Fiquei um dia a mais, uma segunda-feira, para dar mais uma palestra, na USP Petróleo, que é na minha cidade. 

Dado o recado, palestra bem sucedida, ano final da missão, elas vieram.. foram três homeradas ... em série!!!

1. Dois jovens organizadores do evento me levaram à rodoviária de Santos e, somente ao chegar, eu percebi..... esquecera minha mala no hotel! Fiquei lá com um deles para comprar a passagem e o outro voltou ao local do evento para pegar a mala..., a mala chegou e me despedi.


2. Acomodei-me em meu lugar no ônibus, janela. O ônibus saiu... Peguei meu celular no bolso da calça e, quando fui pegar os óculos no bolso da camisa, meu documento (CNH) voou e caiu no cantinho do banco. Armei minha lanterna do celular e procurei, procurei, procurei, e nada, até que encontrei um buraquinho da engrenagem de acionamento do banco reclinável. 
Não é que ele estava lá?! 
Em seu 'vôo', ao pousar, meu documento se encaixou caprichosamente numa fenda improvável. Só que, sem espaço para um dedo, quanto mais dois, fiquei desesperado, já pensando que o motorista não ia conseguir resolver no final, pois era um compartimento fechado, só com a entrada milimetricamente suficiente para receber meu documento. E pensei na viagem de avião, que exigia o tal documento. Pensei: só uma pinça das grandes poderá me ajudar, pois estava bem fundinho. Primeira e única solução que passou pela cabeça: bolsa de mulher! Saí em busca de mulheres passageiras. A quarta resolveu procurar na bolsa, e encontrou. E não era das pequenas, mas achei que não estava grande o suficiente para atingir o local de tal forma que eu pudesse fazer pressão, e pescá-lo. Felizmente, a operação salvamento foi bem-sucedida. Em compensação, acabei amassando a haste dos meus óculos, no desespero da procura. Está tortinho... bem-feito, quem mando me provocar tamanho stress? Como disse no Facebook, 
SALVE AS MULHERES E SUAS BOLSAS!!

3. Depois, já mais calmo,  eu dormi (claro), o ônibus chegou a Jabaquara, eu acordei, desci, saí da Rodoviária, chamei o UBER para o aeroporto, o carro demorou cinco minutos pra chegar, chegou, eu entrei, o carro saiu e só então percebi: A MALA, DE NOVO, NÃÃÃAÕ!!!! Dispensei o UBER e voltei correndo o caminho todo, e o ônibus felizmente ainda estava lá, mas já fechando o bagageiro para sair de volta a Santos, com minha mala no bagageiro e tudo.... mais alguns segundos, ia ser uma dor de cabeça tremenda. Ufa!!! 

Até então eu estava me vangloriando que era a Neusa que havia feito uma Neusada, afinal ela pegara uma carona no domingo à noite pra São Paulo, após uma festa, tchau e coisa e tal, aí 15 minutos depois, a campainha toca e ouço a sua voz... ela havia esquecido o celular... felizmente, ela se lembrou antes do motorista chegar na estrada!!!

Era natural eu compensar com alguma.... mas não precisava ser triplamente!!!

É,, os 60 chegando pros dois, dá nisso... se bem que do meu lado, isso sempre foi uma característica normal.... vide as que aconteceram NO DIA DE MEU CASAMENTO.