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domingo, 24 de abril de 2022

OUÇA e LEIA Inaugura novo Projeto - As Décadas sem The Beatles

Esta é a 13ª edição de OUÇA e LEIA, 

onde você ouve uma historinha minha e lê o que está ouvindo


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E siga lendo o texto abaixo!

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As Décadas sem The Beatles – Um Prefácio


Neste glorioso ano de 2022, The Beatles completam 60 anos, ou 6 Décadas de existência, de acordo com meu particular critério de que The Beatles não eram The Beatles até a chegada do último Beatle, nosso querido Ringo Starr, que ocorreu em 22 de agosto de 1962, quando os Beatles adotaram definitivamente a formação que tanto amamos! E oficialmente, mesmo, foi no dia 5 de outubro, quando veio ao mundo o primeiro single, liderado por Love Me Do, a Canção Nº 1 da carreira.

Trecho de Love Me Do

Daí, viram outras 209 canções, sendo dezenas de obras-primas, até a Canção Nº 211, For You Blue, última do último LP lançado, em 8 de maio de 1970. Daquele total, 186 foram originais, de própria autoria.

Trecho de For You Blue

Foram exíguos 7 anos e meio, uma produtividade inigualável. Vamos considerar aquela a Década Beatle, mesmo com um redutor de 25%. Eles terminaram, sim, mas nunca deixaram nenhuma década passar, desde então, sem algum grande feito, produto, ou efeméride. Sempre mantiveram acesa a chama!! Vou tentar resumir o que foi mais marcante em cada uma das décadas pós Beatles, facilitado pela ótima conta de chegar proporcionada pelo ano do fim da banda.

Desde já, uma ressalva: isto aqui não será um relato detalhado do que foram as carreiras solo de nossos heróis, apenas um passeio pelos seus maiores destaques. E vamos estabelecer um critério temporal, nada menos do que o oficial: desde o início dos tempos, décadas começam no Ano 1 e terminam no Ano 10! Lógico, né? Nem tanto! Lembro-me da celeuma da ‘virada do milênio’ no ano 2000, e do relacionado ‘Bug do Milênio’, que faria pifar as máquinas eletrônicas que não estivessem preparadas para colocar os anos com mais de dois dígitos.

Não, nem o 3º Milênio começou no 1º de janeiro de 2000, nem o tal ‘bug’ causou tanto estrago assim. Isto posto, quando eu me referir à década de 1980, por exemplo, discorrerei sobre o que aconteceu de importante entre 1º de janeiro de 1981 até 31 de dezembro de 1990. E assim por diante, com a honrosa exceção da primeira de todas elas sem os Beatles: a Década de 1970, para mim, começará em abril daquele ano, pois foi o mês em que os Beatles encerraram oficialmente a carreira, e vai, sim, até o TERRÍVEL dezembro de 1980!Finalizando a longa introdução, mais uma ressalva, para explicar o título deste ensaio. Por si só, o nome do projeto é uma inverdade. Não existem décadas SEM os Beatles! A partir daquele outubro de 62, os Beatles SEMPRE estiveram e SEMPRE estarão presentes, em nossos ouvidos, em nosso coração, em nossa alma! O SEM refere-se à existência da banda ativamente, que terminou em 1970. E mesmo assim, como boa regra, teve uma exceção!! Contarei sobre ela oportunamente!


A Década de 1970 – Going Solo



A Década de 70 foi a da construção de suas carreiras solo, a primeira para três dos Beatles, mas a Única para John Lennon, pelo pior motivo… ele foi assassinado a poucos dias de sua virada. Nos primeiros anos, já morando em New York, John tornou-se ativista pela paz, e por isso batalhou com a imigração americana. Em seu 1º álbum, que tinha o nome da banda, Plastic Ono Band, John bradou o grito lancinante do abandono (em Mother)

Trecho de Mother

e da desilusão (em God),

Trecho de God

declarando que o sonho havia acabado. Imagine, seu 2º álbum, topou a parada americana, mas o hino de quem tirou o nome, não conseguiu (o single Imagine topou no Nº3!!!). Após mais um álbum consagrando a cidade em que vivia, John afastou-se de Yoko por 18 meses, passados em Los Angeles (período que chamou de The Lost Weekend), e ali lançou dois álbuns, num deles conseguindo seu primeiro Nº1, Whatever Gets You Through the Night, em 74, com participação de Elton John ao piano e fazendo harmonia vocal. Elton, aliás, proporcionou ao mundo a 2ª e última aparição ao vivo de nosso astro, que nos brindou com duas canções da época dos Beatles. Pena que existe apenas o áudio daquele momento. John fez apenas um show ao vivo integralmente seu, que seria lançado em álbum, postumamente. Chegou ao topo também com Fame, que coescreveu com David Bowie.

Trecho de Fame,

De volta a New York, lançou mais um álbum de covers (Rock And Roll), onde fez uma versão estonteante de Stand By Me,

Trecho de Stand By Me

e saiu do circuito por cinco anos para dedicar-se a Sean, o filho que lhe deu Yoko, um presente no dia de seu 35º aniversário. Queria não ser o mesmo pai ausente que fora para Julian. Seus outros Nº1 foram póstumos, o LP Double Fantasy e seu single (Just Like) Starting Over,

Trecho de (Just Like) Starting Over

um recomeço que durou apenas 20 dias… muito duro, isso….

Trecho de My Sweet Lord

Um George Harrison represado despejou, ainda no primeiro ano da década, canções em um álbum triplo que dizia que tudo passa (All Things Must Pass), liderado por My Sweet Lord,que o levou a ser o primeiro Beatle a ter um Nº1, ambos LP e single, dos dois lados do Atlântico. George inaugurou a era de shows beneficentes com o Concerto para Bangladesh no Madison Square Garden em 71, cujo LP topou a parada em UK. Teria mais um sucesso em 73, com Living in the Material World, que teve seu single Give Me Love, em 1º lugar na América.

Trecho de Give Me Love

Os outros quatro álbuns da década tiveram desempenho mediano. Foi o primeiro Beatle a excursionar, naquele país, em 74, mas desistiu dessa prática logo depois. E na vida pessoal, separou-se de Pattie Boyd e casou-se com Olivia Arias, que lhe deu seu único filho Dahni.

Trecho de Another Day

Paul McCartney começou com dois LPs solo, um deles ainda antes do fim dos Beatles, com uma obra-prima (Maybe I’m Amazed), e três singles, um deles 1º lugar nas paradas, mas o que eu mais gosto daquele início é Another Day,marca registrada do maior storyteller dos Beatles. Depois, tentou recriar o clima de banda, montando Wings, que teve muitas configurações, chegando a ser um trio em dois períodos (Paul, Linda e Denny Laine),. Ela excursionou pelo mundo. Nos Estados Unidos, Paul teve mais 6 singles e 5 LPs no topo das paradas, mas o único Nº1 na sua terra natal veio apenas com Mull of Kintire, que paradoxalmene nem coçou o topo das paradas do outro lado do Atlântico. Amo a música, a letra e as gaitas de fole.

Trecho de Mull Of Kintire

A banda acabou ainda na mesma década, na prática, quando Paul foi preso no Japão por posse de maconha. Depois daquilo, nada lançaram de marcante até seu fim oficial, em 81, quando Paul já havia lançado seu segundo disco totalmente solo, McCartney II. No cômputo geral da década, Paul lançou 36 singles!!! Seria um recorde mundial? Na vida pessoal, levou Linda aos palcos e ela lhe deu mais dois filhos, Stela e James, sendo que o parto da menina quase a levou deste mundo.

A cereja do bolo da década viria em 73 com um Oscar, ao qual concorreu com Live And Let Die, mas ele não veio...

Trecho de Live And Let Die

 

Trecho de Photograph

Ringo Starr começou com um disco de clássicos americanos em homenagem à mãe, e lançou outros cinco LPs ao longo da década, o melhor deles, chamado apenas RINGO, quase chegando ao 1º lugar nas paradas, mas sua principal canção conseguiu chegar lá, Photograph, em 73. 

Mais Photograh

No álbum, lançou uma canção que John havia feito para ele mesmo, mas deu para Ringo lançar, I’m The Greatest, e extraiu outro Nº1, na cover You’re Sixteen (🎶🎵 You’re sixteen, you’re beautiful and you’re mine🎶🎵). Lançou 21 singles na década, contando os já assinalados, dentre eles a divertidíssima cover No No Song, que estava no álbum Good Night Vienna, de a gente se esborrachar de rir (🎶🎵 And I said: No no no no, I don't drink it no more, I'm tired of wakin' up on the floor🎶🎵).

Ringo seguiu a carreira de ator que começara ainda com os Beatles, e teve algum reconhecimento pela crítica. Na vida pessoal, começou a década tendo Lee, sua única filha, também de Maurreen Cox, de quem se separou em 75. Teve alguns relacionamentos turbulentos até encontrar a eterna Bond Girl Barbara Bach num set de filmagens, com quem se casaria no início da década seguinte, e que seria para sempre.

Trecho de Nobody Does It Better (o filme de Barbara Bach)

No âmbito da banda, em si, a década começara com um prêmio inesperado, como que celebrando uma história: The Beatles ganharam um Oscar! Sim, pela trilha sonora do filme Let It Be. Ao longo da década, a EMI capitalizou com o material gravado pelos Beatles, com o lançamento de inúmeras coletâneas, com destaque para os álbuns Vermelho e Azul (73), dividindo cronologicamente a carreira 1962-1966 vs 1967-1970, com grande sucesso comercial, e outro par de álbuns dividindo-a tematicamente, The Beatles Love Songs (77) vs Rock And Roll Music (76).

Naquele ano, a EMI rendera-se, pela primeira e única vez, a um lançamento da Capitol, sua subsidiária nos Estados Unidos, que fizera uma imperdoável bagunça no catálogo oficial durante a carreira dos Beatles: a EMI oficializou o LP Magical Mistery Tour, exatamente como os rebeldes yankees haviam feito em 67, ou seja, tendo no Lado A as canções da trilha sonora do filme e, no Lado B, as canções que haviam sido lançadas em single naquele ano, com direito a 4 obras-primas.

Trecho de Magical Mistery Tour

Em 77, também saiu o único álbum ao vivo oficial, The Beatles At Hollywood Bowl, consolidando material de três shows no anfiteatro de Los Angeles, gravados em 64 e 65, que topou a parada em UK, mas não nos Estados Unidos, em movimento distinto do que se experimentava, sendo os americanos bem mais pródigos em apoiar os Beatles do que seus conterrâneos britânicos. Em 78, teve Beatles Rarities em 78, com aquelas canções Lado B, que não foram lançadas nas outras 4 coletâneas principais da década.

A década foi também marcada por desavenças comerciais entre os Beatles, com Paul processando os demais por conta da associação deles com um empresário inescrupuloso (processo que ele ganhou!), mas não entrarei em detalhes sobre o tema. Destacarei aqui o embate artístico que essa celeuma provocou entre os dois membros da maior dupla de compositores que já se viu, uma troca de farpas musicais, mais especificamente por duas canções: Too Many People, de Paul,

Trecho de Too Many People

lançada em RAM, seu 2º LP em 71, onde Paul insinua a culpa de John pela separação dos Beatles (verdade!) mas que não precisa mais dele (mentira!), e John responde asperamente em How Do You Sleep, lançada em Imagine, também seu 2º LP, atacando o estilo de composição do antigo companheiro (absolutamente injusto!). 

Trecho de How Do You Sleep

Ao longo da década, eles se encontraram umas poucas vezes, fizeram as pazes, e John definiu bem a situação entre eles, e quem era Paul, em sua última entrevista, dada horas antes de ser assassinado:

Paul é meu irmão!

Você sabe, em família, às vezes temos rusgas

Mas ao final do dia, não existe nada que eu não faria por ele

e eu tenho certeza que é recíproco!

... pausa para uma lágrima ...


Mais Décadas sem Beatles?

Em futuras edições do Submarino Angolano!


Demais edições do OUÇA e LEIA

  1. A Origem dos Beatles neste LINK
  2. Homenagem a Buddy Holly neste LINK
  3. 1º Capítulo do Projeto Medley neste LINK.
  4. 2º Capítulo do Projeto Medley neste LINK. 
  5. 3º Capítulo do Projeto Medley neste  LINK. 
  6. 4º  Capítulo do Projeto Medley neste  LINK. 
  7. 5º  Capítulo do Projeto Medley neste  LINK. 
  8. O Projeto Medley neste LINK.
  9. O 6º Compacto, neste LINK
  10. The Ballad Of John And Yoko neste LINK 
  11. Happiness Is A Warm Gun neste LINK 
  12. While My Guitar Gently Weeps neste LINK 
  13. You Know My Name (Look Up The Number) neste LINK

 

 

 

ENJOY!!

6 comentários:

  1. Muito bem explicado. E mostrando os pontos mais relevantes. Agora já não ha mais dúvida alguma.
    De fato George criou um tipo diferente de shows beneficentes. Há quem pense que, sem George, não teria havido Live Aid.
    Eu só não penso que George estivesse represado. Ele era livre, já tinha gravado um album para a trilha sonora de um filme sem o menor problema. Solo. E poderia gravar outros. Vemos ele falando sobre isso no Get Back. John achando natural..Pois ele fazia isso também! E a Plastic Ono Band? Paul também já tinha gravado a trilha para o filme Lua de Mel ao Meio Dia.
    Eu não sei por qual motivo George gravou praticamente tudo de uma vez só. Depois ficou faltando... Não foi uma boa ideia.
    Ele não se deu bem com a tour. E ainda resolveu cantar quando não podia...estava com problemas na garganta. Nâo teve boa recepção. Resolveu estragar Something...Fâs presentes ficaram desapontados com ele. Por que fazer aquilo? Para quê? Todos teriam delirado com Something. E ele a tocou fazendo pouco caso, mudando tudo...Enfim, eram tempos bicudos.
    Também amo Another Day. John caçoou dela.. Na verdade foi Allen Klein, mas John aceitou e incluiu na música How do you Sleep como se fosse uma música menor. E é muito linda.

    Para mim Ringo se deu muito bem naquela década. Meu preferido.

    John...nem vou comentar. Ele não teve uma década seguinte. Que coisa lamentável.

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  2. Oh! My god!! How can I be here With my poor comment??? I need to study much more about The Beatles!!!

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  3. Isso é pura aula Beatles. Estou maravilhada com seu conhecimento e sua destreza ao falar sobre nossos amados meninos. Mais nada foi tão linda e triste ao mesmo instante qdo você enfatiza 08 de dezembro de 1980. Ano que terminou triste demais para nós todos. John iria recomeçar.... Enfim mais uma vez tiro o Chapéu para você, tudo que você falou assino embaixo.

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  4. Dear Homero,que bacana a turma da rádio de Angola lhe conceder meia hora para você escalar algumas músicas que nos ajudaram a suportar a triste década de 80 nesta tarde de sábado ...Sofremos um pouco até hoje...it don't come easy...Simplesmente sensacional...E seguindo os conselhos do Paul McCartney aproveito o ensejo pra falar em nome dos leitores do blog:"HOMERIX A GENTE TE AMA"...Mais uma vez parabéns por este incrível trabalho de fazer inveja a qualquer especialista em beatles do planeta...Será que alguém já escreveu mais linhas do que VOCÊ? O Hunter Davis pode ter saído na frente,mas dele e da turma da BEATLES BOOK VOCÊ já ganhou de goleada...Com a turma da terra do PELÉ não se brinca...I am still under your spell!!! Dylmar Figueiredo Gomes Filho

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  5. Aguardo, ansioso, as publicações vindouras desse seu novo projeto e apedender um pouco mais sobre esse quarteto fantástico.

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  6. Essa viagem no tempo me vez revisitar as músicas que eu amava entre parte de minha adolescência e o início da faculdade. Homerix sempre muito inspirado e sucinto nos comentários e nas inserções das históricas canções. Parabéns pela esmerada abordagem. Laury

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