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domingo, 20 de fevereiro de 2022

OUÇA e LEIA - Medley 8 9 - O Final, mas ainda tinha uma Rainha travessa

 Este é o 4º Capítulo da série O Medley de Abbey Road.

Os 3 Capítulos iniciais estão lá ao final

O novo áudio, Medley 8 9, com 34 minutos (!!), está aqui, neste LINK

Abaixo, o texto do 5º e Final Capítulo!

E por aí, explica-se o recorde de tempo de dedicação do Submarino Angolano a meu Songfacts!! É que sendo as duas últimas canções do Medley, o DJ Paulo Seixas fez questão de colocá-lo TODINHO, ou seja é quase o Lado B todo de Abbey Road!

Adendo: ele fez questão de deixar os 14 segundos de silêncio mais famosos da história da música, apesar de isso ser impensável em rádio!

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Olá, viajantes do Submarino Angolano, 


Aqui é Homero Ventura direto do Brasil!

As Canções do Medley de Abbey Road – Capítulo 5

Pois bem, nos Capítulos anteriores detalhamos as Canções 1 a 7 do Medley

Este capítulo detalhará as Canções 8 e 9 do Medley. As duas eram composições de Paul McCartney. Vamos a elas!

8. The End

Trecho inicial de The End

É a famosa Equação do Amor, que diz que, no final, o amor que você leva é igual ao amor que você faz!

Só que a ideia original da canção era pra ser apenas uma seção instrumental, com a bateria de Ringo e os solos de guitarra dos 3 Beatles, que terminaria ali, abruptamente, antes do famoso pianinho de Paul! Via-se o pouco que se esperava da seção pelo nome, que nos registros de estúdio se a identificava apenas por: "Ending"...  Felizmente, a coisa evoluiu para o que temos hoje, espetacular, com uma letra curta mas de enorme significado.

A parte instrumental foi toda gravada no dia 23 de julho, e começou pelo convencimento de Ringo a fazer a seção solo. Não era a praia dele, não queria de jeito nenhum, foi convencido pelos demais, inclusive por George Martin, que desceu da sala de controle para orientá-lo, junto com Paul, na contagem dos compassos. Geoff Emmerick fez de tudo para captar bem o som daquele que seria o único solo da carreira de Ringo, e colocou 12 microfones um para cada item do equipamento, o que proporcionou aquele sensacional som estéreo que se ouve quando se usa fones de ouvido. Para o efeito, o produtor destinou dois canais só pra ele, olha a distinção. 

Bateria isolada de The End

John e George em suas guitarras distorcidas e Paul no baixo, utilizaram um canal cada um, naquela que foi a base da canção. Antes dos 7 Takes oficiais de gravação, eles ensaiaram mais de 30 vezes. Veja como era a base ANTES de vocais, ANTES de solos de bateria, ANTES de solos de guitarra, aqui,

Base original de Ending

E era pra terminar assim!, abruptamente, sem letra!! 

Felizmente, nos 12 dias seguintes, Paul teve a inspiração! E, no dia 5, a cantou, não apenas o trecho da equação mas aquele logo antes do solo de bateria em que ele pergunta, lá no alto: 

Vocal inicical isolado de Paul em The End

"Oh, yeah, all right, are you gonna be in my dreams tonight?"

E no dia 7 aconteceu uma sessão histórica. Estavam todos na sala de controle, discutindo como fazer o preenchimento de 18 compassos da seção instrumental, e naturalmente, George sugeriu um solo de guitarra. John, animado, ofereceu-se para fazê-lo, com um sorrisinho. Ele gostava de solar, mas sabia ser menos habilidoso que George ou Paul. Ele brincava, mas não tanto, pois logo após sugeriu: Por que não todos nós?. Espanto geral, mas Paul achou legal, e disse que seria o primeiro, por ser o autor, e John disse que tinha uma ótima ideia para concluir. George resignou-se a ser sanduichado. E partiram para o chão de fábrica, os três. 

Todos adoraram! Os três reviveram a velha camaradagem, ensaiaram, e fizeram tudo em poucos takes, num canal só, sem edições. Foram nove trechos, três cada um, na ordem combinada, Paul, George, John, verdadeiramente ao vivo, um verdadeiro show! 

Duelo de guitarras 18 compassos de Paul, George, John

Ao final, sabedores de que haviam feito história mais uma vez, trocaram sorrisos, se autocumprimentando, mas claro, sem a efusão de outros tempos, sem tapinhas nas costas, muito menos abraços, o ambiente nunca mais fora o mesmo dos tempos da Beatlemania. Foi a última vez em que os três tocaram juntos, para todo o sempre. 

Ainda dois movimentos foram feitos nos dias seguintes. Paul, e somente Paul, gravou aquela sucessão de "Love you, Love you, Love you..." que vem após o solo de bateria genial de Ringo e antes do solo de guitarra dos outros três gênios. 

Love you love you, vocal de Paul em várias vozes

E eu ressaltei o "apenas" porque percebem-se várias vozes, mas são todas de Paul, uma por cima da outra, talvez até porque fosse difícil chamar os colegas ao estúdio, e ele morando ao lado, teve a ideia e apareceu para gravar. E, finalmente, teve a famosa sessão de 15 de agosto no enorme Estúdio 1, em que 5 canções de Abbey Road ganharam arranjos orquestrais, pelas geniais mãos de George Martin, inclusive as três  últimas 'de Paul, que atuou como produtor de suas faixas, durante 3 horas!

Em The End, apenas se ouvem as maravilhosas cordas (12 violinos, 4 violas, 4 violoncelos e um baixo), no épico e apoteótico final. A espetacular conclusão, Da música, Do medley, Do Lado B, Do disco, Da carreira dos Beatles, começa com o pianinho agudo de Paul, 16 notas em dois compassos, e ele canta solo "And in the end..", e George faz um breve riff na guitarra e John e George para harmoniza com Paul o lado esquerdo da equação "...the love you take..." e logo depois seu complemento "is equal to the love", em que Ringo muda o tempo da canção, de 4/4 para 6/8, e juntamente com este último "love", o staccato do piano se transforma em acordes melódicos e entra a orquestra, e vem Ringo em ótima virada, e Paul termina cantando solo a equação que criou, "you make", e voltam os três juntos harmonizando os "A-AAAAA", 

Vocais isolados de Paul, George e John

acompanhados da orquestra e de outro lindo riff de guitarra de George. 

Riff final de George em The End

Estava concluída, decifrada, resolvida, a linda Equação de Amor, resolvida pelo MateMúsico Paul McCartney. E somente no final de tudo, a canção ganhou seu nome: The End!

Só que ela não foi THE END

A travessura de um técnico de estúdio impediu que o ÚLTIMO LP gravado pelos Beatles tivesse como ÚLTIMA canção do disco uma canção chamada THE END. Seria lindo, majestoso, mas aí apareceu uma certa majestade travessa... . E surgiu no disco a


Canção 9…. Her Majesty

Trecho, ou melhor, 100% de Her Majesty

Her Majesty (com J) surgiu à mente de Paul em seu retiro de Mull of Kintire, na Escócia, apenas um único verso, que compôs ao violão. Ele a ensaiou em janeiro, para o Projeto Get Back, sozinho no dia 9, e depois com Ringo, e John numa guitarra havaiana, no dia 24. Pela falta de substância para uma canção 'inteira', deixou-a na prateleira, para ressurgir para a vida em maio, quando se decidiu montar o medley, e ela se encaixou perfeitamente no novo projeto, do jeitinho que ela estava. E foi gravada logo no segundo dia de maratona final de Abbey Road, em 2 de julho. E assim, foi muito rápido, apenas Paul estava presente, apenas Paul era necessário, ele e seu violão, apenas três takes, ao longo de uma hora, 

Três Takes de Her Majesty

O ‘com J ‘ que eu disse ali em cima foram por causa de um pobre novato operador de fita encarregado da gravação naquele dia. Estava nervoso, porque foi chamado a trabalhar com os Beatles, de repente, e corria a fama de que o ambiente não estava bom, e quando Paul lhe disse o título da canção, deu um branco e teve que perguntar como se soletrava. Com J!

Mas a história mais importante dessa canção de menos de meio minuto, 23 segundos, pra ser mais exato, é a colocação dela no LP. A ideia original era que fizesse parte do medley, posicionando-se entre Mean Mr. Mustard e Polythene Pam, duas canções de John, porque a primeira falava que a irmã de Mr. Mustard o levava para ver a Rainha, razoável motivação, mas musicalmente não se encaixou bem, e acabaria sendo descartada, inclusive levando com ela um resto de acorde de violão de Mean Mr. Mustard. Errado, mas mantido, para nossa alegria. 

Colocação original de Her Majesty no Medley

Ocorre que um certo operador de fita, chamado Kurlander, não obedeceu a ordem de descarte, e lembrou uma orientação da EMI de que nada Beatle se jogava fora! E, na calada da noite, e já após as capas dos LPs já estarem impressas, recolocou-a no final de The End, após um silêncio de 14 segundos. Então, os que compraram o LP em sua primeira tiragem, ouviram, e ficaram embasbacados com o que acabaram de ouvir, aquele medley maravilhoso, estáticos, paralisados, perceberam que o disco voltava a tocar, uma canção que não estava listada!!! E não entenderam nada! Mas gostaram, claro. E se ouviram em fones de ouvido, adoraram perceber o som da canção passeando na cabeça de um ouvido para o outro e de volta… Brilhante!

E então, finalizamos os 5 Capítulos da história do medley, que ouviremos agora, na íntegra!!!


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Demais Capitulos da série O Medley de Abbey Road.

 1º  Capítulo está neste LINK.

 2º  Capítulo está neste LINK. 

 3º  Capítulo está neste LINK. 

 4º  Capítulo está neste LINK. 

 5º  Capítulo está neste LINK. 

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