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sábado, 15 de outubro de 2022

OUÇA e LEIA - Como The Beatles começaram

 


 Esta é a 38ª edição de OUÇA e LEIA, 

onde você ouve uma historinha minha 

e lê o que está ouvindo


É a 38ª, porém reflete minha 3ª participação no Submarino Angolano.

É que não tive como produzir o áudio desta semana e sugeri este áudio pois acabamos de celbrar os 60 anos de existência dos Beatles, conforme eu entendo o fenômeno.

Então, aproveito para produzitr este novo OUÇA e LEIA, com um texto velho, mas sempre muito atual!

Vamos lá.

Primeiro, o LINK, do áudio.

Agora, o texto transcritivo do áudio, que na verdade, foi a origem daquele!
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Desde que recebi a oferta de uma camiseta, lá no ano 2020, fiquei intrigado. Uma fotomontagem como se Paul McCartney estivesse comemorando os 60 anos dos Beatles ... fiquei encafifado... pois nunca comemorei o início dos Beatles em 1960. Fui pesquisar, e logo achei. Foi em agosto de 1960 que John Lennon resolveu despratear o nome da banda, e removeu o 'Silver' de The Silver Beatles, restando apenas The Beatles, da forma que a conhecemos, sim, já há 60 anos. Antes dele, tocaram um tempo como Johnny and The Moondogs, além da original The Quarrymen, que foi como tudo começou.

É isso mesmo? Pera lá, em 1960, nem Ringo estava na banda, nem George Martin, sonhava em entrar pra história, nem tinham Brian Epstein como empresário! Portanto, ainda não eram The Beatles, como conquistaram o mundo, não, não, não me convencem.

Até porque se for pra considerar Beatles sem Ringo, o próprio Paul considera que 'In Spite of All The Danger' como a primeira gravação dos Beatles, ainda na época dos Quarrymen, em julho de 1958, num estúdio caseiro de Liverpool, uma McCartney/Harrison, ou melhor, composição de Paul com guitarra de George.

Trecho de In Spite od All The Danger

 No Lado B, eles gravaram um cover de Buddy Holly, That Will Be The Day! 

Trecho de That Will Be The Day

Mas não.... não ... ainda prefiro minha interpretação.

Resultado de imagem para love me do singlePra mim, The Beatles começaram, já com a formação definitiva, em 5 de outubro de 1962, contei aqui neste link, quando lançaram o primeiro compacto com 'Love Me Do' e 'P.S. I Love You'. Somente aí, deixaram de ser aquela banda de rock de uma cidade litorânea do norte da Inglaterra, para serem conhecidos em Londres, e e chegarem ao 17° lugar das paradas inglesas, e fazerem shows na capital e depois toda a Inglaterra e depois todo o Reino Unido e depois toda a Europa e depois a América e depois o mundo! Foi naquele dia que a luz se acendeu. E, claro, eu gosto muito de celebrar aquele 5 de outubro porque naquele exato dia, mais especificamente, naquela exata noite, estreava com grande pompa e circunstância o primeiro filme de 007, Dr.No, com Sean Connery no papel de James Bond, que no Brasil saiu como 007 Contra o Satânico Dr.No ... coitado do Demo, sempre levando a culpa! Foi naquele dia que a luz se acendeu. Sim, naquele dia The Beatles vieram ao mundo. Ou, 45 dias antes, pra ser mais preciso!

Permitam-me algumas ilações! Vamos ampliar a discussão de datas, mas levando para um outro raciocínio, tipo ‘Se isto não acontecesse, os Beatles não existiriam!’. E então temos vários momentos de conjunção cósmica que levaram à formação dos Beatles. São fatos que SEM OS QUAIS NÃO ocorreria o fenômeno conforme o conhecemos. A partir daqui, uso a expressão em latim do mesmo significado, SINE QUA NON! A meu ver, foram 8 condições SINE QUA NON. para o fenômeno.

1
Trecho de áudio de 6 de julho de 1957, numa igreja

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Em primeiríssimo lugar, tem o 6 de julho de 1957, quando John conheceu Paul, no pátio de uma igreja de Liverpool, levado por um amigo comum, Ivan Vaughn, a quem nós beatlemaníacos agradecemos a passagem pela terra. John ouviu suas habilidades, percebeu que era um talento de igual magnitude que ele, e após uma noite debatendo com seu imensurável ego, decidiu por admiti-lo no Quarrymen. 



SINE QUA NON 1: 
Se John não conhecesse Paul, 
The Beatles não existiriam!
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2

Trecho de In Spite of All The Danger - primeira gravação
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Depois, um certo 6 fevereiro de 1958 (quando eu já tinha um mês neste mundo) também foi fundamental, pois foi quando Paul trouxe seu amigo de escola George para conhecer John, pasmem, no andar de cima de um ônibus, onde deu um show na guitarra. John demorou um pouco para admiti-lo na banda por ser ainda um pirralho (ainda ia completar 15 anos), mas acabou por render-se à habilidade do menino, dois dias depois, em 8 de fevereiro.


SINE QUA NON 2: 
Se Paul não trouxesse George, 
The Beatles não existiriam!
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3
Trecho de áudio caseiro já com Stuart Sutcliffe

Stuart e Astrid
Pouco tempo depois, com Pete Best na bateria e com o concurso de Stuart Sutcliffe no baixo, um ótimo artista plástico, mas que não sabia tocar baixo, estava só porque era o melhor amigo de John, os rapazes partiram para Hamburgo, onde tocavam 7 horas seguidas todas as noites, com George ainda menor de idade. Ao final da excursão,  Stuart percebeu que a praia dele era outra e resolveu ficar lá, com a  nova namorada, a artista Astrid Kircherr, fotógrafa de fotos históricas dos rapazes. Corria o mês de julho de 1961. Sua saída se constituiu num turning point, porque somente aí Paul assumiu de vez o baixo e se tornou um dos maiores baixistas de todos os tempos, fator crítico de sucesso da banda. Algum tempo depois, infelizmente, Stuart veio a falecer, devido a um aneurisma...,


SINE QUA NON 3: 
Se Stuart não fosse embora, 
The Beatles não existiriam!
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4
Trecho de My Bonnie, com Tony Sheridan and The Beat Brothers

Brian Epstein, empresário dos Beatles, morreu em
                    agosto de 1967 aos 32 anos. (Foto: Divulgação)Um próximo momento foi quando Brian Epstein resolveu sair de sua loja de discos na hora do almoço para ver ao vivo uma banda que ele ouvira em um disco acompanhando Tony Sheridan, que tinha uma certa projeção,  cantando a valsinha "My Bonnie" em ritmo de rock, gostara do som, mais da banda de apoio que do próprio astro. E chegou ao The Cavern Club e ouviu John e Paul dominarem o palco, George com ótimos solos de guitarra, e ainda Pete Best na bateria, mas principalmente, ficou impressionado com o carisma deles, principalmente dos dois frontmen. Era um 9 de novembro de 1961. Um mês e um dia depois, fez a proposta de empresariá-los em troca de 25% dos rendimentos, com ele arcando com todas as despesas, eles aceitaram e começaram a batalha por uma gravação.

SINE QUA NON 4: 
Se Brian Epstein não chegasse, 
The Beatles não existiriam!
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5

Trecho de Beasame Mucho, do teste da Decca Records

Resultado de imagem para decca tapesTalvez eu apele um pouco agora, mas um NÃO pode ter sido essencial para o sucesso deles. Foi Dick Rowe, gerente da Decca Records, que num 1º de janeiro de 1962, recebeu-os em sua gravadora para um teste, não gostou do que ouviu, dizendo que aqueles grupos de guitarra não tinham futuro... Se tivesse gostado, e assinado com eles, talvez eles tivessem mantido Pete Best. E não teriam Ringo, fator crítico de sucesso da banda, e não teriam conhecido George Martin, outro fator crítico de sucesso, pois era gerente de uma gravadora concorrente. Apelei? 

SINE QUA NON 5: 
Se Dick Rowe tivesse dito SIM, 
The Beatles não existiriam!
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6
Trecho de Searching, do teste da Decca Records 
(representando a procura de nova gravadora)

Com aquele Não, o desânimo tomou conta dos rapazes mas não de Brian, que seguiu buscando e passou nos escritórios da grande loja HMV na 363, Oxford Street, para transformar a fita num disco, entregando-a para um  certo técnico de som Jim Foy, que ouviu e gostou, sugeriu que conversasse com o chefe dele Sid Coleman, que pegou o telefone e marcou uma reunião do grupo com um certo Maestro George Martin da gravadora EMI. Era um 8 de fevereiro de 1962. 

SINE QUA NON 6: 
Sem o encontro na HMV, 
The Beatles não existiriam!

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7
Trecho de Love Me Do, da 1ª gravação na EMI


Resultado de imagem para george martin meets the beatlesE, claro, o próprio dia do encontro um certo de 6 de junho de 1962, na EMI, com George Martin, que aliás nem os ouviu ao vivo, ficou só na fita, mas enxergou longe, adorou o carisma dos rapazes (o garoto George até gozou da gravata do velho George), assinou contrato mas recomendou que trouxessem outro baterista. Martin foi fundamental para a transformação dos Beatles numa banda mais madura, e sempre estava aberto a ouvir as ideias dos rapazes e fazia o possível para concretizá-las.

SINE QUA NON 7: 
Se Martin tivesse gostado de Pete Best, 
The Beatles não existiriam!
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8

Trecho de Boys, 1º canção cantada por Ringo, no 1º LP dos Beatles

Resultado de imagem para ringo starr in hamburgE somente aí, apareceu a chance de Ringo. Já era o melhor baterista de Liverpool, era o único dos quatro que tinha um carro, astro da banda Rory Storm and The Hurricanes, era claro que John e Paul o queriam na banda. Fizeram o convite, ele se manteve nas duas bandas por um tempo, até que, num dia 22 de agosto de 1962, assumiu as baquetas da bateria Beatle para nunca mais largá-las, exceto num par de três ou quatro breves ocasiões, por saúde, férias ou briguinhas... 
The Beatles estavam completos! E, 45 dias depois, viria ao mundo seu primeiro disco

SINE QUA NON 8: 
Se Ringo fosse fiel à sua banda, 
The Beatles não existiriam!

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A partir daí, foi só botarem o talento e o carisma pra fora e correr para mudarem a história!!

O que pensam? 

Como celebração é livre, em agosto de 2022, eu, ao menos eu, comemorei os 60 anos da maior banda de todos os tempos, que ainda hoje, sexagenária, ainda encanta e influencia gerações!!!

Demais edições do OUÇA e LEIA

  1. Neste LINK - A Origem dos Beatles 
  2. Neste LINK - Homenagem a Buddy Holly
  3. Neste LINK - 1º Capítulo do Projeto Medley
  4. Neste LINK - 2º Capítulo do Projeto Medley 
  5. Neste LINK - 3º Capítulo do Projeto Medley 
  6. Neste LINK - 4º Capítulo do Projeto Medley
  7. Neste LINK - 5º Capítulo do Projeto Medley 
  8. Neste LINK - O Projeto Medley
  9. Neste LINK - O 6º Compacto. 
  10. Neste LINK - The Ballad Of John And Yoko  
  11. Neste LINK - Happiness Is A Warm Gun  
  12. Neste LINK - While My Guitar Gently Weeps  
  13. Neste LINK - You Know My Name (Look Up The Number)  
  14. Neste LINK - A 1ª Década Sem The Beatles - Going Solo 
  15. Neste LINK - A 2ª Década Sem The Beatles - Década de Luto
  16. Neste LINK - A 3ª Década Sem The Beatles - Antológica 
  17. Neste LINK - A 4ª Década Sem The Beatles - NakedLove090909 
  18. Neste LINK - A 5ª Década Sem The Beatles - Cinquentenária 
  19. Neste LINK A 6ª Década Sem The Beatles - The Get Back Decade
  20. Neste LINK Os Números nas Canções dos Beatles 
  21. Neste LINK Os Nomes de Gente nas Canções dos Beatles
  22. Neste LINK Os Nomes Próprios nas Canções dos Beatles
  23. Neste LINK Os Animais nas Canções dos Beatles
  24. Neste LINK - A Parceria Lennon / McCartney 
  25. Neste LINK - Os Beatles de Ringo Starr 
  26. Neste LINK Análise de Eight Days A Week
  27. Neste LINK Análise Temática de Being For The Benefit of Mr. Kite 
  28. Neste LINK Análise Temática de Honey Pie
  29. Neste LINK Análise Temática de Yer Blues 
  30. Neste LINK Análise de Birthday
  31. Neste LINK Análise temática de Yellow Submarine
  32. Neste LINK O George Harrison dos Beatles - As Covers
  33. Neste LINK O George Harrison dos Beatles - O George Romântico Parte 1
  34. Neste LINK O George Harrison dos Beatles - O George Romântico Parte 2
  35. Neste LINK O George Harrison dos Beatles - O George Romântico Parte 3
  36. Neste LINK O George Harrison dos Beatles - O George Romântico Parte 4
  37. Neste LINK O George Harrison Indiano - Partes 1 e 2

8 comentários:

  1. Parabéns Homero, você é a "Biblioteca dos Beatles". Creio que não haja outra tão repleta da ascensão deles. Abs. (Dinei)

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  2. Assim como na evolução biológica, as condicionantes aleatórias desenham o que vai resultar…
    Geólogos e paleontólogos são bons legistas, mas não podem ser futurólogos…
    Nesse caso, o que vale mesmo a pena é admirar e apreciar o resultado final!
    Um grande abraço,
    Lucio R Tokutake

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  3. Meu caro Homero, concordo totalmente com a sua interpretação. Como nos grandes acidentes, tem que haver um alinhamento de pequenos acontecimentos para que eles sejam deflagrados. E você os capturou muito bem. Parabéns! Abraço,
    João Claudio

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  4. Com certeza não existiria Beatles como os conhecemos sem esses acontecimentos. Sine qua non...Bem assim. E podemos ir até mais longe. Se Ivan Vaughan não tivesse mudado de escola passando a ser colega de classe de Paul, não teria havido aquele encontro no dia 6 de julho. Você listou os mais importantes momentos, sem dúvida. Resumiu muito bem a história deles. Mesmo que eu tenha uma visão diferente em dois pontos. Quais? Para mim Paul não se tornou um dos maiores baixistas de todos os tempos. Ele se tonou o maior baixista de todos os tempos. O mais importante. Ele inventou o instrumento, praticamente. rs rs rs . Também não considero John e Paul como front men da banda. Havia ali ao lado deles, e bem na frente também, um garoto chamado George Harrison, tão importante quanto John e Paul. Porém, concordo que a banda só ficou completa com a chegada de Ringo. Ele fechou.
    Grande ideia essa sua. Podemos até brincar depois buscando outros momentos sine qua non, para nossa diversão.

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  5. Quem sou eu para comentar tudo isto?? Maravilha de aula e comentários. Gerson Braune

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  6. Fantástico, Homero
    Parabéns
    Tenho a bolacha de My Bonny como banda de acompanhamento

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  7. Percebemos neste documentário em forma de proza alguns acasos sem os quais a banda não teria existido . Ou será que tais acasos na realidade já estavam escrito ?
    Não importa. O que importa é o grande legado destes camaradas, que por seu talento encontram fãs como Homerix que nos ajuda a conhecê-los e admira-los cada vez mais
    Roberto Bazolli

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  8. Essa narrativa do texto é demais! Adoro essas narrstivas!

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