Esta é a 21ª edição de OUÇA e LEIA,
onde você ouve uma historinha minha e lê o que está ouvindo
Clique neste LINK para ouvir
E siga lendo o texto abaixo!
Ele inicia uma nova série, com estatísticas colhidas das letras das canções!
______________________________
Os Nomes de Gente nas Canções dos Beatles
Na semana passada, sem querer ,comecei uma nova série….veio do relato da obsessão de John pelo Número 9 e acabou na listagem das ocorrências de todos os números nas cancões dos Beatles. Foi a inspiração para começar uma nova série: As estatísticas das letras dos Beatles. Sigo agora com os nomes de gente!!
Vou começar pelo resultado de minha pesquisa. Nas 185 canções com letras compostas pelos Beatles, há a ocorrência de 60 nomes de homens e mulheres … e crianças. John e Paul dividem a primazia, com 29 e 28 nomes respectivamente, e George tem os outros 3.
Na média, quase uma a cada 3 canções dos Beatles tem um nome de gente! Mas elas são apenas 35, devido às múltiplas ocorrências em algumas canções!
Trecho de Maxwell’s Silver Hammer
A canção no catálogo Beatle com mais personagens nomeados é Maxwell’s Silver Hammer. Foram 4: o do psicopata do martelo, e a pobre Joan, sua primeira vítima, e Rose and Vallery screaming from the gallery, torcendo pelo danado. E Paul ainda fala em três outros personagens que ficaram sem nome: a professora e o juiz, as outras vítimas e também o PC 31, o policial que prendeu o garoto.
Trecho de Rocky Raccoon
Uma outra de Paul poderia requerer a primazia, pois lista 5 nomes, o próprio Rocky Raccoon do título, Gideon, o da Bíblia e Mcgyll, but she call herself Lyll but everyone knew her as Nancy, só que os últimos três nomes referem-se à girl of his fancy, uma mesma personagem, a garota dos sonhos, responsável pelo pesadelo de nosso herói!
Mais Rocky Raccoon
Trecho de Ballad Of John And Yoko
John também poderia requerer o troféu pois o relato de sua Lua de Mel com Yoko tem, além dos próprios nomes, o do agente Peter Brown, e ouvem-se os nomes de George e Ringo, numa brincadeira da gravação, o que levaria a 5 ocorrências, mas estes dois últimos não estavam em sua intenção ao compor. Alguém poderia argumentar por que não contar Cristo you know it ain’t easy como nome de homem, afinal John o menciona várias vezes no refrão, só que não! Cristo não é nome ... muito menos sobrenome! Uma certidão de nascimento não apresentaria lá Jesus Cristo, filho de José Cristo e Maria Cristo. Não! O correto é Jesus, O Cristo! O Espírito Crístico que veio para nos ensinar o AMOR!
Trecho de Being For The Benefit of Mr. Kite
John poderia mais uma vez clamar lugar no trono, por sua Being For The Benefit of Mr. Kite, pois além do dono do circo, há Mr. Henderson e Pablo Fanques e of course Henry The Horse dance the waaaaltz, portanto também 4 nomes, mas Henry era nome de um cavalo … assim como Martha My Dear era o nome da cadela de Paul. Eles contam na estatística de nomes de gente, mesmo não sendo … gente!
Uma outra canção a dar destaque por suas múltiplas ocorrências de nomes seria também de Paul, em que entram os três netinhos Vera, Chuck and Dave, quando o personagem chegasse aos 64, de When I’m Sixty Four. Uma outra, Dig It, de John, também teve três nomes, mas entra numa outra categoria, a dos personagens da vida real, que abordarei mais adiante!
Outras quatro canções apresentam ocorrência dupla, temos George espezinhando dois ministros de verdade, e vem Paul firme, contando o romance de Desmond and Molly Jones, e cantando a solidão de Father Mckenzie e Eleanor Rigby, e apresentando Billy Shears da banda do Sargento Pimenta, e mandando Jojo e Loretta get back to where you once belong.
Finalmente, um nome merece destaque por aparecer em duas canções! É Pam, a garota que vestia plástico de Polythene Pam, que já nos fora apresentada como irmã de Mean Mr. Mustard, que aliás, era pra ser his sister Shirley, estrategicamente renomeada para fazer duplinha com a canção seguinte no medley de Abbey Road, duas das raras histórias contadas por John.
Trecho de Michelle
A única canção dos Beatles a ganhar o Grammy de Canção do Ano, tinha nome de mulher. Foi em 66 para a canção de 65, Michelle, Ma Belle. Ela não se referia a ninguém em específico, entrou aí apenas pela sonoridade. Aliás, analisando as letras, notem que há pouquíssimos nomes de possíveis casos de amor. Eles faziam isso de caso pensado, pois não queriam dar destaque como relacionamento amoroso a nenhum nome, pra não gerar cobranças, disputas, ciumeiras, não ferir susceptibilidades, eles eram mestres do marketing. Preferiam ser genéricos, usar 'love', 'bird', 'dear', 'girl', 'honey', mas majoritariamente referiam-se a elas pelos pronomes 'you', 'your', 'she' ou 'her'.
Então, na época da Beatlemania (de 63 a 65), mesmo com a maioria das canções falando de Amor, a ocorrência de nomes passa totalmente em branco. Eles viriam a partir do começo da revolução em Rubber Soul, com Michelle, e seguiu em Revolver e nos anos de estúdio.
Algumas mulheres da vida real são citadas, mas tinham nada a ver com casos de amor. Lucy era amiguinha de Julian, aos 4 anos, cujo desenho dela inspirou seu pai John a compor Lucy the sky with diamonds. Julia e Mother Mary foram as mães de John e Paul, que não viram o sucesso dos filhos. Dear Prudence era uma colega do retiro indiano dos Beatles, que John instava a brincar. Lady Madonna era uma foto de uma mãe real carregando seus filhos, e a lovely Rita, meter maid, sim, talvez fosse a única exceção, mas nada aconteceu entre ela e Paul.
E nomes apareceram também, muito em função da disposição de John em mencionar gente da vida real! E aqui reside motivo para um pequeno tratado sobre a injustiça humana. Paul bate John por 15 a 6 em Nomes de Mulheres, mas John dá o troco em nomes de Homens, por 23 a 13, e isso não tem nada a ver com preferência de gênero, mas justamente porque John falava de gente da vida real, e na vida real há, ou melhor, havia, na época, muito mais famosOs do que famosAs.
Trecho de Dig It, versão estendida
É um reflexo do papel secundário que as mulheres sempre tiveram na história da humanidade, uma vergonha que é difícil reverter, mesmo com o recente e crescente mas ainda insuficiente 'empoderamento', palavra vinda do inglês 'empowerment', muito usada hoje em dia.
Na época dos Beatles, década de 1960, as figuras femininas de destaque eram ainda muito raras:
havia a Rainha, sim, mas quem apareceu foi o Rei Albert, que deu nome ao Albert Hall dos 4.000 buracos;
havia pouquíssimas mulheres Chefes de Estado, a contrapor-se a um Chairman Mao (talvez Indira Gandhi fosse a única), e até hoje contam-se nos dedos);
não havia ministrAs no Reino Unido, acho que a primeira foi Margaret Thatcher, uma década depois;
tampouco havia guitarristAs famosas, como eram famosOs BBKing e Elmore James;
até no mundo fantástico, há uma imensa maioria de heróis masculinos, só mais recentemente deu-se destaque a uma Mulher Maravilha ou a uma Capitã Marvel;
poetisas e escritoras, sim, certamente havia, mas não celebradas como um Sir Walter Raleigh ou Edgar Allan Poe, e ainda que de grande qualidade, publicavam com dificuldade, eram contidas, reprimidas, silenciadas. Às vezes lançavam seus próprios livros sob pseudônimos masculinos;
Doris Day foi a ÚNICA famosA a aparecer em letras dos Beatles… e foi John também o responsável;
E John foi buscar no fundo de seu baú britânico nomes como Matt Busby, Charles Hawtrey, além, claro de Dr. Robert; e Dennis O’Dell este ligeiramente alterado,
E não deixou de se lembrar de seu ídolo por meio de seu personagem, feel so suicidal, just like Dylan’s Mr Jones;
E ele disfarçou o Maharishi chamando-o de Sexy Sadie;
E John ainda tornou um desconhecido famoso, chamando-o Hey Bungallow Bill, escrachando com ele por ter assassinado um tigre naquele retiro na Índia.
Os três de George foram famosos, os dois ministros Mr. Wilson e Mr. Heath e o guitarrista Elmore James
O único nome famoso que Paul usou foi a man named Lear, que poderia ser o famoso personagem real de Shakespeare, mas era apenas um personagem de um livro de sua Paperback Writer.
Mais um pouco de Dig It
Termino este breve ensaio com o nome mais repetido de toda a carreira dos Beatles, quiçá da história da música!
Trecho de Hey Jude, primeiros versos e ponte
Era uma canção de 68 dedicada ao pequeno Julian, então com 5 anos, triste pelo abandono do pai, John. Jules era como Paul o chamava e depois virou Jude, Hey Jude, que é repetido 7 vezes nos versos e pontes e outras 19 no longo final, e se contar quantas vezes Paul McCartney a cantou em shows nos últimos 32 anos, e quantas pessoas a cantaram nas multidões presentes em flash-mobs, em praças, em ginásios, em estádios, em Super Bowl, em Jubileu da Rainha, em abertura de Olimpíadas, a contagem vai seguramente a muitos milhões.
Trecho de Hey Jude o minuto final já com o fade out
Mais curiosidades sobre as canções dos Beatles, nas próximas edições do Sumarino Angolano!
_______________________________________
Demais edições do OUÇA e LEIA
- Neste LINK - A Origem dos Beatles
- Neste LINK - Homenagem a Buddy Holly
- Neste LINK - 1º Capítulo do Projeto Medley
- Neste LINK - 2º Capítulo do Projeto Medley
- Neste LINK - 3º Capítulo do Projeto Medley
- Neste LINK - 4º Capítulo do Projeto Medley
- Neste LINK - 5º Capítulo do Projeto Medley
- Neste LINK - O Projeto Medley
- Neste LINK - O 6º Compacto.
- Neste LINK - The Ballad Of John And Yoko
- Neste LINK - Happiness Is A Warm Gun
- Neste LINK - While My Guitar Gently Weeps
- Neste LINK - You Know My Name (Look Up The Number)
- Neste LINK - A 1ª Década Sem The Beatles - Going Solo
- Neste LINK - A 2ª Década Sem The Beatles - Década de Luto
- Neste LINK - A 3ª Década Sem The Beatles - Antológica
- Neste LINK - A 4ª Década Sem The Beatles - NakedLove090909
- Neste LINK - A 5ª Década Sem The Beatles - Cinquentenária
- Neste LINK - A 6ª Década Sem The Beatles - The Get Back Decade
- Neste LINK - Os Números nas Canções dos Beatles
Ai, como achar o nome que está faltando? Anna...mas essa não é de Lennon/McCartney. Vale nomes que eles apenas cantaram?
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirAdorei!
ResponderExcluir