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quinta-feira, 23 de março de 2023

A água vai virar commodity?

Semana da Água!
Dia 22 é o Dia Mundial da Água.
Aqui minha contribuição ... em capítulos
 
Hoje, vou vestir a camisa de, como direi, chato ambiental, pra não usar aquele outro termo, trissílabo, mais chulo, começando com 'pen' e terminando com 'telho'.  Não pretendo fazer um tratado sobre o assunto, posto que não sou especialista, apenas observo o que vai pelo mundo, estou razoavelmente antenado com o que andam dizendo por aí, o suficiente para traçar umas poucas linhas, como um humilde alerta! Não vou citar números, que não os sei, posso pesquisá-los depois, na internet.


Há gurus da energia que vêm dizendo que o petróleo vai acabar em 25 anos. Só que eu ouço esta previsão desde bem antes de eu entrar neste mundo do petróleo, bem mais que 25 anos. Ocorre que os especialistas se esquecem da evolução das técnicas de extração do ouro negro, que vem sendo encontrado em águas quase abissais, em áreas cada vez mais inóspitas, em rochas cada vez mais próximas do manto. Esqueceram-se de que o petróleo é uma commoddity (esqueci qual o termo em português para isto), negociado em bolsa de mercadorias, com preço regulado pela oferta e procura e que, enquanto os americanos o estiverem procurando, e gastando, e desperdiçando, e continuarem ameaçando guerras, o preço continuará nas alturas, justificando a roda-viva e os custos de se buscá-lo, não importa onde esteja, quietinho, esperando para ver a luz do sol. Tudo com medo de se ver rarear este bem que move o mundo. Este temor vem incentivando a procura por energia alternativa, antes considerada inviável: o preço alto para aquisição do bem vem também fazendo valer a pena o investimento. Está-se começando agora a plantar energia, a plantar petróleo, a tirar energia da terra. As empresas de petróleo vêm cada vez mais ampliando seu foco e se orgulham em dizer que, agora, são empresas de energia. Em médio prazo, o álcool e o bio-diesel podem vir a se tornar também commodities. Vai ter alguém precisando, indo ao mercado e pagando o preço que estiver valendo. O fato é que as previsões não vêm dando certo.
O alvo de outros gurus agora é outro. Inesperado, mas sério! Um outro bem da natureza está a abrir os olhos dos especialistas para o seu futuro: a límpida água, cristalina companheira nossa do dia-a-dia. De uns tempos para cá, o pessoal começou a fazer contas, medições, projeções, previsões e, um belo dia, alguém gritou: vai faltar água! E não era o cara da CEDAE, ou um administrador de condomínio, que de vez em quando avisa, um evento puntual, uma escassez momentânea, provocada por algum acidente ou mau funcionamento nas imediações de uma estação de tratamento, com hora certa para começar e terminar, causando um certo transtorno, o enchimento de baldes e panelas, a corrida para o banho, a antecipação de algumas tarefas, enfim, uma certa mobilização para o breve período de seca, para que a falta do bem aquoso não nos incomode muito.
O que esses novos gurus andam alertando é de uma amplitude bem mais preocupante, o buraco é mais embaixo! O crescimento da população mundial está maior que o crescimento da disponibilidade de água tratada, para lavar, dar de beber, cozinhar para esta gente toda que está chegando e que vai necessitar dela. É uma questão de cunho pornográfico, ou seja, é só pôr no gráfico que se vê que, um dia, as duas curvas de crescimento vão ‘estar se cruzando’, como dizem os adeptos do gerundismo explícito. 
Um pouco antes desse cruzamento, dizem os catastrofistas de plantão, a água terá virado commodity, seu controle estará nas mãos de uns poucos industriais, suas cotações serão conferidas na Bloomberg, enfim, o começo do fim. Hoje, a água custa algo, é verdade, mas é para remunerar os custos de quem a está tratando e disponibilizando em nossas casas. Neste futuro possível, as pessoas estarão fazendo contas diariamente para verificar se poderão ‘comprar’ aquilo que hoje está disponível, de graça, ou quase, e assim seguir vivendo: não há possibilidade de se viver sem este antigamente chamado elemento essencial, juntamente com seus pares, o ar, a terra e o fogo. Hoje sabemos não ser mais elemento, mas continua sendo essencial. E acho que nós, humildes mortais, podemos fazer alguma coisa para que também esta preocupante previsão não se confirme.
Colocando em termos matemáticos bem simples, a equação pode ser resumida assim: a água tratada que se produz é igual à soma da água tratada que se consome com a água que se desperdiça. Não vou entrar no mérito sobre a parte antes do sinal de igual: o que se produz é determinado por muitos fatores macro, que nossa atuação como cidadãos comuns pouco pode contribuir para melhorar. Passa por poluição dos rios, tratamento de esgotos, aquecimento global, e outros da estirpe, portanto longe de nosso alcance. Cientistas seguem pesquisando uma forma econômica de dessalinizar a água dos mares, o que poderá vir a ser a solução em algum tempo futuro. Governos, organizações não-governamentais, instituições oficiais ou não, estão a tratar do assunto, ao menos deveriam estar a tratar. Já do lado direito da equação, aí sim, temos muito a contribuir.
Nesse sentido, tenho dois posts:

5 comentários:

  1. Não precisa ser nada grandioso, podemos fazer muitas pequenas coisas, coisas do tamanho de uma gota!!

    Desperdiçamos muita água infelizmente. E infelizmente, falta água pra muitas pessoas. Não vou muuuito longe, aquelas bem próximas de nós, mas que estão em final de ramal.

    Sobre a palavra, eu sempre falo em commodities tbm... pode ser "mercadorias, produtos de base".

    Tem um site www.linguee.com que, além de dar a tradução, pega trechos de textos com a palavra ou expressão e traduz. Daí vc vê qual a opção da tradução fica melhor de acordo com o contexto.

    abs

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  2. Aprendemos no passado que a água era um bem quase "infinito"! Triste ilusão! A água para consumo humano, hoje já é muito mais cara que muitos alimentos, basta ver quanto custauma garrafinha de água e um litro de leite! E infelizmente o futuro não é nada animador! Algo precisa ser feito para ajudar no ciclo natural da água. "Produzir" água no campo e diminuir o consumo exagerado das áreas urbanas. Ou então teremos que "fazer" água através do ar (conforme mostrou outro dia matéria da televisão, hoje com preços ainda proibidos) ou ainda conviver com guerras, misérias... por falta de água para todos!

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  3. belo texto.do liquido mais precioso do planeta!

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  4. Parabéns Homerix, voce escreve muito bem.
    Porém descordo de que pouca coisa podemos fazer.
    Existem pequenas atitudes que podem gerar grande impacto nas pessoas ao nosso redor.

    A urbanização, as grandes megalopoles, essa concentração só traz maleficios. Os recursos vão sendo trazidos de longe, consumidos, desperdiçados tudo em volta é poluido..
    Queremos ter tudo..mas até quando?

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    1. De acordo, Rafilsk, obrigado pelo comentário, e por se tornar seguidor!

      O 'pouca coisa', a que me referi, é porque os grandes desperdícios estão nas mãos das instituições. E, em termos estatísticos, o consumo rural é muito amior que o urbano, aonde podemos contribuir.

      As pequenas atitudes que você menciona, eu abordo nos dois próximos posts.

      Grande abraço

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