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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

De Deus e Dos Homens

.... mas, antes de tudo, a Cidade é de Meirelles, Douglas e Darlan!
Pelo DVD, revi o grande sucesso do cinema brasileiro, Xuxa Gêmeas, quer dizer, brincadeirinha, Cidade de Deus, uma verdadeira obra-prima. A começar pela cena inicial (e final) com um show de câmera e movimento e som, com o maior desempenho galináceo da história, passando pela edição primorosa, um roteiro magnificamente conduzido com flash-back's nos pontos corretos, e um desempenho fantástico de atores, amadores em sua grandíssima maioria. Além, é claro da frase mais lapidar do cinema falado em língua portuguesa: "Dadinho, o caralho! Meu nome agora é Zé Pequeno, porra!" (sic). Ainda no DVD, um dos melhores 'making-of' que já vi, com a Oficina de Atores: uma psicóloga descreve o incansável e brilhante trabalho de transformar membros da comunidade em atores convincentes. Apesar de o trabalho ser bastante facilitado pelo fato de o filme passar no habitat natural da galera, é notável a técnica utilizada. Por exemplo, o método para se obter ódio na interpretação do ator que faz o Zé Pequeno, ou ainda, a emoção, o medo, o choro do menino que leva o tiro no pé, numa das cenas mais marcantes do filme. Todos os atores passaram por ela antes de serem 'entregues' a Fernando Meirelles, o diretor do clássico, hoje reverenciado mundialmente. Dentre os atores, Douglas Silva e Darlan Cunha, meninos ainda, com seus 10, 11 anos davam seus primeiros passos na carreira, antes de formarem a dupla dinâmica do novo século: Acerola e Laranjinha.
No cinema, vi Cidade dos Homens, estrelado pelos dois atores. Da época de Cidade de Deus para cá, os dois amigos, já com suas identidades secretas, foram crescendo na televisão em 4 bem sucedidas temporadas de Cidade dos Homens, na telinha, sob o olhar atento de Meirelles. Agora, eles chegam à tela grande, derradeiro capítulo da história dos dois personagens que chegam aos 18 anos. A produção é de Meirelles, que certamente atua como eminência parda do diretor, já que estão lá muitos dos elementos de sua grande obra. E a química entre os protagonistas segue afinadíssima.  O roteiro, simples e direto, envolvendo paternidade precoce, paternidade desconhecia, disputas do tráfico, vida no morro. Tudo muito cru, ao mesmo tempo tocante, com a vida dura da comunidade. As cenas de ação são tensas e transmitem realidade, longe daquela artificialidade do cinema tradicional americano carregado de efeitos. Os matados morrem de imediato, sem aqueles últimos segundos de agonia: leva o tiro e morre, pum!   E, tudo é muito assustador, pois é aqui, do lado da gente, perto de casa. Alguns comic relief  ajudam a aliviar a tensão, entre eles, o linguajar da galera que é imperdível.    
Enfim, vale a dica, pra quem tem um pouquinho de estômago!!!

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