O Capítulo 45 de minha saga O Universo das Canções dos Beatles fala sobre
The Beatles - o Álbum Branco, 1968
Foi o primeiro e único álbum duplo da carreira dos Beatles.
Foram 30 canções em dois LP's.
Vamos aos sub-capítulos já prontos!
45.1 Os Beatles em 1968, aqui neste LINK,
45.2 Os assuntos tratados nas canções neste LINK
45.3 As 17 canções do 1° LP neste LINK
45.4 As 13 canções do 2° LP neste LINK
45.5 Lançamento, Recepção e Legado
Atenção, canções com títulos em vermelho
são links que levam a análises sobre elas.
Bem, o quadro branco acima tem uma razão de ser.
Ele é a imagem da capa do nono álbum dos Beatles, que foi lançado em 22 de novembro de 1968 na Inglaterra e 3 dias depois nos Estados Unidos.
Ele foi simplesmente chamado
THE BEATLES
Só isso?
Não, eu diria 'Tudo isso!".
Há muitas mensagens numa imagem capa sem imagens.
Em primeiro lugar, é uma clara contraposição à capa cheia de informação do LP anterior deles, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, do ano anterior. Sim, porque Magical Mistery Tour, lançado ainda em 1967, não foi um LP, foi um EP (extended play) Duplo (duas bolachinhas), que somente em 1976 foi elevado à categoria de Álbum, com a junção das canções lançadas em compactos em 1967. Paul McCartney reuniu-se com o designer pop Richard Hamilton, contratado para o efeito de imaginar uma capa, e não se sabe de qual dos dois veio a pergunta: Por que não NADA?!
O fato é que assim ficou. Ela tem apenas o nome da banda THE BEATLES em alto relevo, o que seria o nome do disco. E tinha também um número de série, coisa que se faz quando se cria uma obra limitada a poucas cópias, a "apenas" 99.999 felizardos (eram 5 algarismos). O que claramente era uma ironia, pois ela estava destinada a vender milhões de cópias. Se isso não ocorreu no Reino Unido, aconteceu nos EUA, onde se vendeu a enormidade de 12 milhões de cópias (recebendo 40 discos de Platina), constituindo-se no 10° álbum mais vendido da história! A cópia N°1 foi dada a Ringo que, quando precisou de um dinheirinho (brincadeira... ele nunca mais ficou necessitado depois que se apoderou das baquetas dos Beatles), colocou-a a leilão e consegui a bagatela de 790 mil dólares por ela (não foi brincadeira!). Nada referente a Beatles é pequeno!
É a primeira capa a não ter imagens dos Beatles, e isso, veio a se saber posteriormente, era uma mensagem do começo da desagregação do grupo como banda. Apenas 16 das 30 canções do disco tiveram a presença dos quatro Beatles tocando juntos, sendo que 5 delas tiveram apenas um Beatle tocando (Julia, Blackbird, Wild Honey Pie, I Will e Mother Nature´s Son). Houve ocasiões em que duas canções foram trabalhadas simultaneamente, em estúdios diferentes, com Beatles diferentes, cada uma com um engenheiro diferente. O clima era tão pesado que poderia ser cortado com uma faca, chegou a dizer um membro da equipe da EMI. Muito do climão foi causado pela presença de Yoko Ono, nova namorada de John. Era raro o dia em que John esteve sem ela no estúdio. Ela acabou contribuindo em 3 canções (lead vocal em TCS of Bungalow Bill, backing vocal em Birthday, e uma percussão estranha em Revolution 1), além de ser operacional em Revolution 9. Os outros 3 não gostaram nada disso.
Três importantes baixas ocorreram, por durações de tempo diferentes. Primeira, o grande George Martin tirou férias inesperadas (para desanuviar a mente), colocando o jovem Chris Thomas como produtor (que acabou se mostrando essencial em algumas canções, especialmente Piggies e Savoy Truffle), mas retornou ao comando 20 dias depois. Segunda, o grande Geoff Emmerick, engenheiro de som ganhador de vários Grammy's por suas ideias, não aguentou uma desinteligência entre Paul e George Martin (vide Ob-la-di Ob-la-da) e pediu o boné, retornando 8 meses depois, para trabalhar em Abbey Road. Entretanto, a terceira e principal das baixas foi com um membro da banda: Ringo Starr simplesmente abandonou o barco, em 22 de agosto, sentindo-se desimportante, magoado com a intromissão de Paul em sua tocada na bateria de uma canção (Back In The USSR), largou as baquetas e sumiu, por duas semanas. John, Paul e George assumiram a bateria naquela canção, e depois insistiram e ele voltou, duas semanas depois, tempo em que outra canção foi gravada sem ele, Dear Prudence, em que Paul assumiu a bateria.
A falta de imagens na capa é muito compensada com os internos do álbum: vem um pôster com muitas fotografias em situações e poses distintas mas repare que não há uma só imagem dos 4 Beatles juntos, refletindo a desagregação estabelecida. No verso do pôster, tem as letras das 30 canções, hábito que eles criaram para o mundo em Sgt. Pepper's, e que não mais abandonaram. O mais legal, entretanto, foi o brinde de fotos de cada um dos Beatles, em alta qualidade de papel. Realmente, um presente de primeiríssima!
Foi primeiro, e único, álbum a não ter um nome específico, pode conferir, não havia um filme para ele (como HELP!, A Hard Day's Night, Magical Mistery Tour e depois Yellow Submarine), não havia um conceito com Sgt Pepper's, ou uma homenagem a ser feita, como em Abbey Road, ou um nome agregador como Rubber Soul ou Revolver, ou uma canção que merecesse o destaque de ser seu nome, como foi Please Please Me e seria Let It Be, e já havia passado o tempo de fazer expressões com o nomes da banda, como em Beatles For Sale e With The Beatles. Então, foi sem nome mesmo! Ficou só o nome da banda. Isto posto, ele ficou muito mais conhecido pelo apelido, The White Album, pela cor da capa! Ringo até fez uma brincadeira, de que ele deveria ser lançado em dois discos separados entre si, um seria The White Album, e o outro, The Wither Album. Bem, houve um tempo, breve, em que houve um nome provisório, A Doll's House, mas demoraram muito e foi lançado outro disco com o uso da expressão.
Aliás, eu, particularmente, apreciei a ideia daquele nome provisório, afinal seria bem aplicável à diversidade de ritmos, motivos, e climas envolvidos nas canções. Seria uma Casa de 30 Bonecas, cada boneca, ou boneco, com uma roupa diferente, ou mesmo profissão, ou ainda de uma espécie diferente. Haveria o caçador, o cow-boy, o guitarrista, o guru, a mãe, a atriz, a meditativa, a madre superiora, o cossaco, o feirante, o revolucionário, o pastor, o depressivo, o platônico, o ninfomaníaco, o sonhador, o rei, o dentista, o aniversariante, um sonolento, e até o doidão, ou ainda um porco, uma cadela, um macaco e um pássaro, todos presentes em alguma canção! Ah e teria até um boneco com bolhas nos dedos! E cada um podia carregar, ou estar associado a um instrumento diferente, um violão, uma guitarra, uma bateria, ou um piano, ou um cravo, uma gaita, um órgão pianola de saloon, um violino, uma rabeca, um violoncelo, uma viola, um clarinete, uma trompa, um saxofone, uma harpa, ou um sino de bombeiro, ou a uma tábua de lavar roupa, ou a um chocalho bem brasileiro, todos presentes em alguma canção. O disco é celebrado por essa diversidade. Era 'A história e a síntese da música ocidental!'. Houve um "Gob bless you, Beatles!' e um outro que fez a observação de que Lennon e McCartney eram os maiores compositores desde Schubert, um exagero que eles gostaram muito de ouvir. Houve 13 do primeiro e 12 do segundo. Mas George Harrison chegava com força, com quatro composições (e teve outras duas que não vingaram) e até mesmo Ringo Starr apareceu com sua primeira composição.
Uma coisa que não ocorreu nesta obra foi aquela profusão de novidades técnicas que veio a partir de Rubber Soul e atingiu o ápice em Revolver. A única ferramenta que foi acrescida ao cardápio do estúdio foi a gravação em 8 canais. Os Beatles gravaram quatro canções (além de Hey Jude) no Trident Studios, que tinha o equipamento, gostaram do conforto de deixar um instrumento por faixa, sem necessidade de complexas reduções e a consequente perda de individualidade, e acabaram obrigando a efetivação do gravador que a EMI já tinha mas estava aguardando testes. Eles foram lá, pegaram e usaram!
George Martin achou um exagero lançar um álbum duplo, ele achava que uma bolacha só, com 16 canções venderia mais, até porque seria mais barato o preço de compra. O sucesso do álbum provou que ele estava errado, mas sempre ficou na cabeça da gente quais seriam as canções que sobrariam. Fui desafiado a fazê-lo, e fá-lo-ei, mesmo com o risco de ferir susceptibilidades! Então, vamos lá .... e eu não vou usar a form de listar as que eu cortaria, para não ouvir subsequentes 'Mas como???' ou 'Tá doido', então vou listar as que ficam na ordem em que vieram ao mundo no álbum, não em ordem de preferência, ok? Deixo as reclamações para vocês se debruçarem em lágrimas sobre as 14 que foram cortadas.
Em meuTop 16, são 7 de John, 6 de Paul, 2 de George e 1 de Ringo. Tenho consciência de que Don't Pass Me By não é melhor que algumas dos outros compositores, mas eu não poderia deixar de prestigiar meu querido baterista em sua primeira e quase única composição! O coração me levou. Se fosse apenas a razão, eu colocaria Glass Onion, de John.
Mil perdões, Glass Onion, Wild Honey Pie, The Continuing Story of Bungalow Bill, Martha My Dear, Why Don´t We Do It in the Road?, I Will, Birthday, Mother Nature´s Son, Everybody´s Got Something to Hide Except Me and My Monkey, Sexy Sadie, Long, Long Long, Savoy Truffle, Cry Baby Cry, Revolution 9. Vocês todas moram no meu coração!
Bem, finalizo com My Precious Beatles Pictures, a camiseta branca foi proposital, a mesa e a parede já eram brancas.
em
Eu deixaria " Mother Nature's song". Só não sei no lugar de qual... Adorei o seu artigo, Homero ! Sempre.bom saber mais detalhes da história destes 4 garotos fabulosos que tanto amamos ! Abs !
ResponderExcluirParabéns , um dos melhores trabalhos que eu já li sobre o White Álbum. A voz do John em "sexy sadie" é melhor que em "Julia"
ResponderExcluirOs Beatles desistiram do álbum com o nome *Casa de Bonecas* (_A Doll’s House_), que seria uma Casa de 30 bonecas, cada uma ligada a um instrumento. Sempre muito criativos! _Hey Jude_ é dessa época.
ResponderExcluirEu não tiraria nenhuma música até pq o disco foi lançado para ser duplo e se foi lançado assim era para ter sido assim!!!
ResponderExcluirO disco é perfeito do jeito q foi feito!!
Por mim os Beatles poderiam ter lançado só discos duplos depois desse
Excelente análise
ResponderExcluirO Album Branco ficou melhor ainda, depois de sua análise.
ResponderExcluirQuanto ao album com menos músicas... Concordo que algumas não são tão brilhantes, mas ouço as canções na sequência há meio século... Não consigo imaginá-las separadas. Coisas de afeto.
Eu ouvi dizer que a opção pela capa branca sem praticamente nada a não ser The Beatles teria sido uma homenagem a Brian Epstein. Ele teria comentado que haviam pecado pelo excesso na capa de Sgt Pepper's. Claro que não foi excesso, foi uma capa primorosa embora eu não teria incluído a Besta ali de forma alguma. Mas é uma capa icônica. Brian teria pedido por 'papel de embrulho marrom para a capa do proximo disco. Querendo dizer apenas que queria algo simples. Entao veio a idéia da capa branca. Album sem nome. Os fãs começaram a chama-lo de Album Branco. Não partiu deles.
ResponderExcluirIsso também pegou. Muitos cantores, aqui no Brasil também, lançaram albuns sem títulos colocando apenas seus nomes.