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quarta-feira, 24 de março de 2021

Rocky Racoon ao honky tonk piano

 Esta canção é a  canção do Lado B do 1° LP  do Álbum Branco

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 7 canções com Histórias Engraçadas

                                        as demais 6 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

13. Rocky Racoon (Funny Story Song by Paul McCartney)

Paul conta "Rocky invadiu o quarto dizendo: Danny Boy, agora acabou! Mas Daniel foi mais rápido, sacou primeiro e atirou, e Rocky caiu num canto.." 
É Paul McCartney em seu melhor estio: um contador de histórias da melhor qualidade, consolidando sua posição de maior storyteller dos Beates. Aqui, é uma história hilária ambientada no Velho Oeste americano presentada por Paul num magnífico sotaque de Dakota do Sul, sobre um cowboy com apelido Guaxinim, que vê um certo Daniel se engraçando com sua 'namorada' Lil McGill, mas é Nancy seu 'nome de guerra', aquilo foi como um soco no olho do rapaz, que se hospeda no Saloon, e vai ao quarto onde eles estão, e acontece o fato narrado em português, mas não se preocupem, foi só um arranhão. Acho que fiz um ótimo resumo da letra 
D-I-V-E-R-T-I-D-Í-S-S-I-M-A!!! 
E é uma monumental gravação! Note os instrumentos entrando aos poucos, Paul ao violão descreve a cena, e quando volta ao sotaque inglês, começa, primeiro a gaita (de John), depois o pandeiro (de Ringo), depois o baixo (também de John), depois a bateria e depois volta a gaita firme, e quando Rocky collapses in the corner, entra o incrível, fantástico, extraordinário George Martin replicando o vocal de dã-dã-dãs e tchu-ru-rus de Paul, com um mais-velho-oeste-impossível honky tonk piano, que dá vontade de ouvir repetidas vezes! A música não é lá muito considerada pelos críticos (ô gente exigente!), mas é uma de minhas favoritas, se perigar, está nas minhas Top Ten! Olha, eu gosto tanto daquele pianinho que disponibilizo aqui o LINK  para você ouvi-lo. Venha deliciar-se comigo! 
A estrutura é simples, ao mesmo tempo, inusitada, simples porque é apenas verso-refrão-verso-refrão, inusitada porque os versos são muito longos e porque os refrões não tem letra. Isso tudo sem contar uma introdução falada dizendo onde se passa a história (Dakota-USA), seu personagem principal (Rocky Racoon), o mottif (a suspeita de que sua namorada o estava traindo), sua decisão ("I'm gonna get that boy."), e o primeiro movimento (hospedar-se num quarto no Sallon). Só então vem o Verso 1 tem três partes de quatro linhas cada uma, que conta sua desventura, encontrando a garota no ato, saca o revólver, mas falha, e é alvejado pelo algoz mais ligeiro. No Verso 2, com duas partes de mesmo tamanho, após o refrão tocado no piano, chega o médico bêbado, vê que não é nada e nosso herói guaxinim volta com o rabo entre as pernas para seu quarto para afogar as mágoas na Bíblia.
Notável é a disciplina do autor na colocação das rimas. Analisando cada uma das 5 partes, Paul é minucioso e atento! A figura ao lado pode ajudar a entender.
Vejam: perceba que cada linha tem dois compassos de tempo (conte 1...2...3...4, enquanto canta mentalmente a letra, pra entender o que é um compasso) 

  • a Linha 1 de cada parte tem duas rimas cada, palavras oxítonas, posicionadas no meio e no final, uma em cada compasso, representadas por A.

  • A Linha 3 é o mesmo esquema, mas com a rima C.

  • As Linhas 2 e 4 rimam ao final com palavras paroxítonas, representadas por BB. 

Listando as ocorrências abaixo, em outra figura!


Paul escreveu boa parte da canção na Índia, no retiro do Maharishi, e, segundo ele, John e Donovan contribuíram aqui e ali para a letra! Ele a trouxe à casa de George em Esher no fim de maio, e gravaram uma demo, que tinha ele no violão, George tocando guitarra no estilo country nos espaços vazios, e Ringo no pandeiro. John não contribuiu. Na época, Rocky era Sassoom. A letra ainda não tinha o verso sobre o médico bêbado, nem a introdução falada de Paul. Essa introdução (e o Raccoon) somente apareceu no dia da gravação, 15 de agosto, mas o estado americano era diferente, falava em "little town in Minesotta". Já com o doutor aparecendo, eles gravaram a base, desta vez, sem George, que ficou na sala de controle. George Martin estava no chão do estúdio ao piano, Ringo na bateria, e John assumiu o baixo, pois o autor Paul estava no violão. E no vocal, claro, a partir de Take 5, com uma faixa exclusiva, a que estava sendo usada pelo piano pois decidiram que o instrumento entraria depois. 

Ele demorou a acertar a introdução, foram 9 takes. Ela era mais comprida e foi mudando a cada take, até chegar à final que ouvimos hoje. Destaque-se a bateria de Ringo, apenas no hit-hat (chimbal) nos versos, com algumas viradas, mas entrando firme no refrão. Depois, houve uma redução para duas faixas, liberando outras duas para overdubs, criando o Take 10. Entrou John tocando gaita em vários pontos do Verso 1, dando um clima fantástico de velho-oeste, e ele também tocou acordeão (ecléticos os Beatles!) no meio do Verso 2. John e Paul acrescentaram vocais de apoio e, mais importante, George Martin voltou ao chão de estúdio para dar o toque de classe à canção, o piano honky tonk. Só que, mais uma vez, como aconteceu em In My Life, Martin o tocou na metade da velocidade que ouvimos no disco, e acelerou a fita na gravação, para dar aquele efeito de Saloon. Foi genial lá em 1965, foi repetido aqui, mas igualmente genial! Como viram, George, nosso guitarrista solo, ficou a ver navios. Paul não sentiu necessidade... 

Ao vivo? Nem Beatles nem mesmo Paul! Mas Habemus The Analogues, felizmente! Vejam aqui, neste LINK. E deixo também um dos primeiros takes, com a fala de Paul bem estilo cow-boy americano, um erro na letra, o segundo verso bem diferente, e o refrão cantado apenas sem o sensacional piano. Apreciem, neste LINK. Note que John arrisca uma gaitinha na primeira parte, ainda sem o baixo, mas depois ele se concentra no instrumento, deixando a gaita pra os overdubs!

 Bônus? Sim, Beto Neves, o médico/músico ou músico/médico da Beatles Again rides again! Voz, violão, gaita! Aqui, neste LINK.

4 comentários:

  1. Uma faixa do Paul q eu ouvia muito quando comprei o álbum branco
    Sempre achei meio Bob Dylan
    Os Beatles eram incríveis mesmo
    Faziam qualquer estilo de música e sempre ficava perfeito
    Este é maís um clássico pouco reconhecido...
    Uma das minhas favoritas tbm

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  2. bem estilo country nos levando a atmosfera dos tipicos saloons do velho oeste


    s
    da

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  3. Muito lindo mesmo o piano Honk Tonk. Adorei saber os detalhes da gravação. E não sabia que Donovan tinha colaborado aqui e ali. Bacana demais.
    Curioso é que saiu o nome Nancy...Pouco depois Ringo teve uma namorada com esse nome, pouco antes da entrada de Barbara na cena. E ...como todos sabem, a atual esposa de Paul se chama Nancy.

    Isso me fez lembrar de um caso que nada tem a ver com os Beatles. Conhece a modinha Nancy de Paulo Tapajós? O grupo musical de meu pai a incluiu no repertório. Em 1977 o grupo se apresentou no Copacabana Palace e cantaram Nancy. O vocalista, ( que é a cara do tecladista de Paul) ficou muito emocionado no final porque um senhor se levantou aplaudindo de pé e disse. " A melhor interprestação de Nancy que já ouvi." No final da aprsentação ele se aproximou e se apresentou: Era Paulo Tapajós, o autor da música. Meu pai só o conhecia por correspondencia e conversas telefônicas Não sabia que aquele fâ tão entusiasmado era o próprio. Ele querfia saber como aprenderam cantar a introdução. Segundo ele nunca foi grfavada. Nunca saiu da sua sala de estar. Mas o grupo a contou incluíndo a introdução. Minha mãe tisse que a conhecia desde mocinha na Rua de Baixa", região antiga da minha cidade.
    Voltando a musica de Paul só tenho a agradecer pelo que sempre faz nos passando uma riqueza incrível de detalhes.

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  4. Eu também sempre apreciei a música por ter esse toque country americano! E também como Homero - eu sempre a colocava para ouvir na minha pickup para poder ouvir o pianinho honky tonk de (eu não sabia na época) George, o Martin! Good to know more about it!

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