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sábado, 13 de março de 2021

Back in the US, back in the US, back in the USSR

Esta canção abre  o 1° LP  do Álbum Branco

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 9 canções com histórias contando um caso

as demais 8 canções de mesmo Assunto e  Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

1. Back in the USSR (Tale Story Song by Paul McCartney)

Paul conta: "Aaaah Voei de Miami pela B.O.A.C.! Não dormi nada na última noite. No avião, o saco de enjoo estava no meu colo. Cara, eu tive um péssimo voo. Estou de volta na USSR!
Você não sabe como é sortudo, menino, de volta à URSS, yeah"
Grande rock de abertura do Álbum Branco, que foi elogiado na mesma linha de Lady Madonna, de retorno às raízes. Em tempo, B.O.A.C. é o nome antigo da Brittish Airways. A canção é uma referência a uma canção de Chuck Berry, Back in The USA, que saudava as maravilhas da Amárica, desta vez sugerindo que era sempre bom voltar pra casa, mesmo para um espião soviético 'Gee is good to back home!'. Esse apanágio às coisas de uma entidade política 'inimiga' da maior potência do mundo foi considerada quase um manifesto socialista pela direita americana. E Paul queria provocar mesmo. E também era uma homenagem a um povo aonde o universo dos Beatles era banido, mas ele sabia que eles eram doidos pelo som deles, mesmo ouvindo de forma pirata. Como muitas canções do Álbum Branco, esta foi começada na Índia, aonde estava Mike Love dos Beach Boys, que foi quem sugeriu que Paul elogiasse as garotas soviéticas, e assim, ele fez: 

Well the Ukraine girls really knock me out, They leave the west behind

And Moscow girls make me sing and shout

That Georgia's always on my my my my my my my my mi-ind!

E notem, nesta ponte (que é repetida uma vez), a duplicidade do sentido, porque Georgia, além de ser uma república soviética, é também um estado americano, saudado em canção de grande sucesso de Ray Charles, que também canta "Georgia's always on my mind". Junte-se a isso o fato de o refrão ser cantado em soluços, ma segunda vez, ele diz 'Back in the US, back in the US, back in the USSR!', deixando os ouvintes tontinhos. Note o Beatles Break, nas quatro vezes em que é o refrão cantado, quando todos os instrumentos param, ficando só a voz. Um dos momentos mais felizes da vida de Paul foi poder cantar essa canção na Praça Vermelha (2003). 

Uma pausa para um papo sobre rimas. Nesta minha saga, eu venho exaltando a qualidade das rimas encontradas pelos compositores, festejando quando elas são ricas, ou seja, rimam palavras de classes gramaticais diferentes, ou seja, verbo com substantivo, adjetivo com pronome, e assim por diante, e dando menor valor às, por assim dizer, pobres. Um leitor me alertou que talvez esse não seja um critério válido para a poesia em inglês. (aliás, perdi seu contato, amigo! Chama-me de novo!). Fiquei pensativo, pensei em fazer uma auditoria em todos os capítulos pretéritos e apagar essas considerações, mas o próprio leitor me disse pra seguir fazendo assim, porque é muito rico, e ir introduzindo aos poucos o conceito em inglês, e ele até se ofereceu pra dar consultoria. Fá-lo-ei!! Em princípio, vou, ao menos, 'apostrofar' a qualificação, para denotar a imperfeição no uso. Veja aqui, na mesma ponte acima, que parece que eles pensam com esse critério, tal a quantidade de sua ocorrência: duas oportunidades de rimar e vieram com duas rimas 'ricas', por assim dizer, "out-shout" e "behind-mind". E nos três versos, diferentes, ainda algumas outras: "BiOuEiCi-knee" no 1°"phone-home" no 2°, "farm-harm" e "south-outno 4°. Ué, não eram três versos? Sim, com letra! O 3° verso é a guitarra-solo de Geprge!!! E não fica por aí! No final de todos os quatro versos, uma repetição que eu até chamaria de refrão, tem mais uma rima 'rica', pois Paul rima a letra 'R', que se pronuncia "ar", com o tempo de verbo "are", de idêntico som. Eles são incorrigíveis!! Isso tudo sem contar o brilhante uso de termos absolutamente 'soviéticos' como o "comrade" (camarada, a saudação do regime comunista, ah como os americanos reclamaram!!) e a balalaika, instrumento estranhíssimo, um violão enorme e triangular, de 3 cordas, que só existe por aquelas plagas. 

Bem, como todo bom rock, espera-se que não haja intrusos nos instrumentos, então, veja os instrumentistas envolvidos, com apenas os membros da banda The Beatles:  
Paul  - Vocais, piano, guitarra base, baixo, bateria, palmas, percussão 
John - vocais de apoio, guitarra base, baixo de 6 cordas, palmas, bateria 
George  - vocais de apoio, guitarra solo, baixo, palmas, bateria

Ué!! Cadê Ringo? Pois é, gente, Ringo havia abandonado os Beatles, justamente nos primeiros ensaios da canção, de saco cheio com as exigências de Paul sobre como ele queria que a bateria fosse tocada! Note que os três outros Beatles tiveram que se virar na bateria, sem seu titular!! Felizmente, a triste ausência durou só 10 dias, boa parte dos quais passou no mar da Sardenha, no iate de Peter Sellers, grande amigo dos Beatles,  o suficiente pra ele ficar de fora, desta e da canção que a sucedeu no álbum, Dear Prudence, que aliás começa com o som de um jato pousando em fade-out, exatamente como fora no começo de Back In The USSR. Mas voltando à música, Back In The USSR é a primeira do disco, mas foi gravada no terço final do período de gravações, já em 23 de agosto, Ringo foi embora logo no começo, o que fez os outros três se virarem. Notaram que John tocou baixo e bateria além de sua guitarra-base, George tocou também guitarra base, baixo e bateria além de sua guitarra-solo, Paul tocou também guitarra base, e bateria além de sua guitarra-baixo. Muito trabalho no primeiro dia, até quase 5 da madrugada. No segundo, Paul introduziu piano vibrante, ao longo de toda a canção, e seu vocal principal, dobrando em alguns momentos. John aparece no vocal de apoio grave no refrão, mas mais notadamente no "Da Da Da Da" na ponte, seguido de Paul e George no "Uuuu- UUuuu-Uuuua la Beach Boys, declaradamente. Note a guitarra estilo despertador no 4° Verso. Além de palmas sensacionais! Finalmente, o já mencionado som de avião estava no banco de sons especiais da EMI. Era uma decolagem e um pouso de um jato Viscont, que foi colocado em vários pontas da canção, além da estonteante introdução e da conclusão. 

Como mostra ao vivo, escolho justamente a já mencionada aqui, 2003, Praça Vermelha, Paul McCartney faz as Moscow Girls abrirem sorrisos de orelha a orelha! Aqui, neste LINK.

 

Pronto!

 Considerem-se apresentados ao

Melhor ROCK dos Beatles,

segundo alguns!

7 comentários:

  1. Concordo, Homero, é o meu rock preferido, uma energia incrível

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  2. Queria ver a análise de from me to you

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  3. Era a música perfeita para abrir qualquer disco !!
    Começou a maratona do álbum branco 👏🏻

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  4. Excelentes comentários para uma música maravilhosa!

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  5. Eu já não posso dizer que é o meu rock favorito. Gente, juro que não há para mim a menor possibiidade de escolhar preferidas dos Beatles. Eu adoro todas. A minha música preferida é a que estou ouvindo naquele hora. Então, sempre que estou ouvindo Back in USSR é meu rock favorito...E quando entra Dear Prudence é Dear Prudence a minha favorita.
    Enfim, gostei imensamente deste seu comentário. Bem detalhado, bem verdadeiro, porque realmente foi uma ousadia cantar sobre a União Soviética em plena guerra fria embora não fale em política de forma alguma. Mas que foram ousados ...isso foram. E gostei ainda mais deles como se fosse possível. Beatles para mim é mais que música. A ousadia faz parte.

    O bacana de Paul tocar na Praça Vermelha foi ter de repetir...porque Putin chegou atrasado e queria ouvi-la. Isso não é para qualquer um. O presidente ali no show de Paul e querendo ouvir sua música.

    Um assunto nada a ver...Penso que meu pai foi russo numa vida anterior. Gostava de Tchaikowski, lia livros de autores russos, amava a dança dos cossacos e...adorava o som da balalaika! Tem mais: colocou nomes russos em dois dos seus filhos. ( Valéria e Walmor) Quando viu o filme " Os Girassois da Russia" disse ter sentido chegando em casa. É quando a Sophia Loren vai para lá...Ele sentiu que estava no seu elemento, achou tudo familiar.
    E ainda teve a oportunidade de lever seu grupo musical a Araxá com a finalidade de cantar para uma turma da União Soviética aqui no Brasil antes da Perestróika. Não sei o que estavam fazendo aqui. Mas trouxeram uma vodka danada de boa. Foi uma noite fantástica, com mmomentos emocionantes ( eu falando russo com um deles foi hilário...eu dizia um nome de uma celebridade e ele respondia "da" Aprendi que Dá é sim em russo.) E eu pedindo em silencio que um deles cantasse Noite de Moscou para nós? Pedi com a mente. Pois o embaixador se levantou e cantou a musica e cantou muito bem. Bela voz de tenor.
    Nada a ver eu contar isso aqui. Peço desculpas. Mas é que de vez em quando me dá na bistunta que Paul foi russo na vida anterior. E quando vi o video dele andando por Moscou todo encantado visitando lugares turísticos eu senti isso ainda mais forte. Como se estivesse retornando para casa.
    E ainda gravou aquele disco com nome russo exclusivamente para eles também antes da Perestroika. Com estrela vermelha na capa e tudo. Chique demais.

    Sobre Ringo largando as gravações...a história que eu conhecia é que tinha sido por desentendimento com George. Não com Paul. Mas claro que não tenho como saber. Faz sentido porque foi George quem teve a linda ideia de encher a bateria de flores no seu retorno. Valeu aquela saida...Porque foi ali que se inspirou para O Jardim do Polvo. Valeu Ringão.

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