Esta canção é a fecha o Lado A do 2° LP do Álbum Branco
a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK
É uma de 6 canções com conversas íntimas dos autores
as demais 5 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK
Atenção, canções com títulos em vermelho
são links que levam a análises sobre elas.
24. Long Long Long (Dream Self Song by George Harrison)
George conversa: "Já faz muito, muito, muito tempo. Como eu poderia ter perdido você quando eu te amei. Levou muito, muito, muito tempo. Agora eu estou tão feliz que te encontrei. Como eu te amo!!"
Quem lê ou ouve a letra pela pela primeira vez, acha que ele está lamentando a perda de uma garota que amava. Eu pensava assim... por isso a classifiquei pela primeira vez como uma canção de saudade. Só recentemente eu soube que George declarou que o YOU que ele queria encontrar de novo era DEUS. Tudo se encaixou melhor, com o período de vida de George, cada vez mais imerso em seu interior, a canção foi escrita na Índia e tal. Musicalmente, quer dizer, como vou confessar isso, eu acho ela chatinha, chatinha, arrastada, e sempre declarei isso em conversas com beatlemaníacos. Entretanto, não é assim que os críticos a consideram. Em uma enquete sobre quais músicas do Álbum Branco sobreviveriam se ele tivesse apenas 12 faixas, essa de George estaria lá, e outras duas dele, que eu considero muuuito melhores, Piggies e Savoy Truffle, não estariam!! Recentemente, eu a tenho ouvido mais e tenho-a sentido um pouco melhor! Beatles na canção? Apenas George, Paul e Ringo! John optou por não participar! Aliás, não foi a primeira nem seria a última vez.... John tinha esse hábito de não contribuir em canções de George.
Bem... um pouco mais sobre a letra e sua estrutura. George estava num clima de auto-revelação, e quando percebeu ter encontrado seu 'eu', começou a lançar mensagens ao mundo, como Love You To, mas mais forte em Within You Without You, pregando o amor em seu maior significado! Em Long Long Long, ele revelou que encontrou seu Deus, mas não quis revelar explicitamente, e deixou apenas no pronome 'Você'. Foi caso pensado, ele achou que se fosse mais explícito, não seria bem recebido, nem por seus companheiros, nem por boa parte do público em geral. Quando foi à carreira solo, desembestou, a começar pelo seu grande sucesso My Sweet Lord. Em sabendo do real significado, a gente tem que entender o sentido amplo, por exemplo, no Verso 1, quando ele diz "How could I ever have lost You, when I loved You?", tem que se pensar que ele sabe que veio de outra vida, em que certamente ele terminou já com a parceria de Deus, mas ao reencarnar na nova vida, sem memórias da outra, e teve que passar décadas até encontrá-lo novamente nesta nova vida, lamentando-se por ter demorado tanto. e no Verso 2, ele diz que "Now, I'm so happy I found You". Na Ponte, curtinha também, ele lamenta quantas lágrimas desperdiçou até encontrar Deus. E no Verso 3, com alguns compassos a mais que os versos iniciais, ele declara seu amor, não entendendo como ele colocou tantas coisas no lugar de Deus e declara: "How I want You, oh, I love You, you know that I need You".
Long Long Long também foi Long Long Long na gravação. Ao contrário de seus companheiros compositores maiorais, George não usou seu tempo de retiro na Índia para compor. E também demorou para trazer esta canção para gravação. Pesou a demora sua preferência por outras três canções que apresentou e não chegaram a bom termo, Sour Milk Sea, Circles e Not Guilty (todas ótimas!), especialmente esta última, em que levaram mais de 100 takes, antes de desistir. Foi traumático para George. Paul e Ringo estavam lá e foram apresentados a ela (ver foto), e se dedicaram desde o começo a entregar uma boa gravação. Já John, bem, ele nem foi ao estúdio, sem qualquer motivo aparente. Os primeiros takes começaram com George no violão, Paul no baixo e Ringo na bateria, e ele estreava novo equipamento com duplo-baixo, mais apropriado a trabalhos em estúdio, que era só o que eles faziam. Até então, ele usava baterias destinadas a shows. E dá para perceber a diferença. Bem, após 15 tentativas, Paul resolveu deixar seu baixo para os overdubs, e dedicar-se ao órgão, pois percebeu que aquele seria o instrumento primordial da canção. E a gente percebe que é mesmo. George ficou contente com a decisão. Mesmo assim demorou muito até acertarem. A introdução chegou a um ponto bom no Take 29, mas o resto ainda demoraria muito. No Take 48, George começou a desanimar, no 53, chegou a desistir, mas Paul o animava. E três tentativas depois, decidiram que Ringo deveria entrar antes, já durante os versos, o que se mostrou ótimo, e George chegou a se animar de novo. Quase no final (Take 65), um barulho apareceu na gravação, que fez o produtor Chris Thomas (lembre-se do cravo em Piggies) descer ao chão do estúdio e identificá-lo: era uma garrafa com um resto de vinho que estava em cima do Leslie Speaker (lembre-se de Tomorrow Never Knows) que estava conectado ao órgão de Paul. Todos adoraram e o repetiram e captaram seu som, que aparece na gravação final, juntamente com acordes dissonantes de órgão e guitarra, e Ringo com batidas de suspense na caixa, e George se esmerando num longo lamento, que mais pareceu uma alma penada, dando um efeito bem temático, para uma conversa com um ser superior! E isso já era 7 da manhã do dia seguinte, e mais à noitinha, eles voltaram e George acrescentou seu vocal, Paul sua linha de baixo, inaugurando um instrumento recentemente comprado, ele e George acrescentaram backing vocals. No dia seguinte, ainda houve mais um acréscimo importante, o piano tocado na ponte por Chris Thomas, aquele mesmo, o cravista que captou a garrafa!
George nunca tocou Long Long Long ao vivo, então mais uma vez usamos os Análogos! Aqui, neste LINK tem a visão de um espectador que está próximo ao alto falante da bateria então ela está fooooorte! Mas é bom, ela foi importante para a canção!
Essa canção me emociona desde a primeira vez que a ouvi. Suave, quase um mantra. Voz suave do George, o órgão incrível.
ResponderExcluirGostei de saber da garrafa de vinho! Aquele som final está explicado! Thanks, Homerix!
Eu sou suspeito em falar mas adoro essa música ! Não tô nem ai se muitos fãs preferem outras.Foi essa q foi para o disco então essa música se tornou parte do legado do álbum branco e jamais poderia estar fora do álbum. A música é ótima e faz aquele contraponto com a barulheira de helter skelter ...daí escuta essa faixa suave, leve e agradável e tudo fica bem de novo 🙂
ResponderExcluirO instrumento que Paul inaugura nessa faixa é o Fender Jazz Bass correto?
ResponderExcluirEu também amei a música desde a primeira vez que a ouvi. Ela me relaxa, me acalma...acho linda demais.
ResponderExcluirPois é, se falam You não tem de ser uma garota de forma alguma. E no caso dos Beatles, nem quando falam She tem de ser uma garota. She Said...she said...Era Peter Fonda!
Olha, eu vi declarações de George que nem Something era para Pattie. Something for escrita também para Deus. A fonte de inspiração foi Deus. Acabou ficando para Pattie porque quiseram assim...Mas a letra..."atracts me like no other lover" não parece ser para Deus. Eu penso que o conveceram a dedicar a música para a esposa e então ele fez alterações na letra. Só pode ser.