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quinta-feira, 8 de abril de 2021

Cry Baby Cry - Sátira real

 Esta canção é a  canção do Lado B do 2° LP  do Álbum Branco

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 9 canções com Contos Diversos

                                        as demais 8 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

28. Cry Baby Cry (Tale Story Song by John Lennon)

John conta: 'O rei de Marigold estava na cozinha cozinhando o café da manhã para a rainha. A rainha estava na sala de estar tocando piano para o filho do rei. Chore Baby Chore, faça sua mãe suspirar pois ela é velha o bastante para entender'  
É um conto de fadas. O título, John pegou de um anúncio, que incentivava "Cry baby cry, make your mother buy" que ele trocou para um mais poético 'make your mother sigh'. Nesse quesito, ela se iguala a Good Morning Good Morning, quando ouviu um comercial de Kellogs na TV. E John seguiu, inspirado em canções que ouvia de Donovan, seu companheiro de missão à Índia, e imaginou ser um novo Lewis Carrol, seu autor preferido, que já o havia inspirado em Lucy In The Sky With Diamonds. É uma sátira da realeza! Os reinos de Marigold e Kircaldy saíram de lembranças de sua infância. Musicalmente, além dos instrumentos usuais, é notável o harmonium, que parece um acordeão, tocado pelo Maestro George Martin, sempre presente para incrementar as canções! Ao final da canção, no disco, aparece a voz de Paul cantando 'Can you take me back?',  que ele havia gravado na sessão de outra canção (I Will), mas que coube bem ali, com o pedido para levar de volta, a um passado, da época dos contos de fada! 
Cry Baby Cry foi mostrada aos demais em Esher, em 28 de maio, e a primeira gravação foi uma demo solo, com John ao violão, e apenas um outro Beatle não determinado no pandeiro. As letras finais já estavam todas lá. E elas compunham quatro versos, um com letras diferentes dos outros, todos entremeados pelo refrão "Cry baby cry, make your mother sigh. She's old enough to know better, so cry baby cry". O Reino de Marigold está nos Versos 1 e 2, com o Rei fazendo café para a Rainha e pega flores no jardim, enquanto ela pinta retratos e toca piano para o filho, que é só do Rei. No dois dois versos finais, o foco é no Ducado de Kircaldy, onde acontecem sessões espíritas ("seance"), mas os ruídos são produzidos pelas crianças brincalhonas ("children for a lark"), mas antes houve uma sessão de chá em que a Duquesa chegou atrasada, sorrindo sem jeito, e aonde o Duque nem foi pois estava preocupado com as fofocas no bar local ("Bird and Bee")! Dava um filme, né?
O primeiro dia de gravação oficial de Cry Baby Cry, 15 de julho, foi (quase) totalmente inútil. Eles ficaram 6 (seis) horas buscando uma base para a canção, e desistiram às 3 da manhã, sem estabelecer nenhuma das tentativas como um take oficial. E os inúmeros carretéis de fita produzidos foram posteriormente reutilizados, portanto (quase) apagando o conteúdo toda daquela demorada sessão, afinal, apesar de eles serem OS BEATLES, a EMI não iria ficar acumulando estoque de fitas caríssimas, sem uso. O "quase" que usei duas vezes, foi porque, 50 anos depois, para fazer a celebração de meio século do Álbum Branco, um ser inteligente foi buscar no arquivo, pelo número da fita, e encontrou no final de uma delas um resquício (18 minutos) da sessão, uma verdadeira garimpagem, chego a chamar de esforço arqueológico. Então, pôde-se perceber que algumas tentativas foram feitas com John num órgão e no vocal, George na guitarra, Paul no baixo e Ringo na bateria, e que John declarou desistir de tocar órgão pois estava muito pesado. Quem tiver a curiosidade de ouvir, deixo aqui o LINK, pra você notar uma versão mais lenta, com órgão, guitarra, e realmente, inferior ao que veio depois!
O dia seguinte foi marcante, porque antes de a sessão começar, atrasada porque os Beatles não chegavam, Geoff Emmerick declarou a George Martin que iria 'puxar o barco'! Ninguém entendeu! Quando John chegou, tentou convencer, não houve jeito. Emmerick estava abalado com os eventos da gravação de Ob-la-di Ob-la-da, também no dia anterior (ver lá em minha análise o que ocorreu) e se foi. Para somente somente voltar seis meses depois! Ufa! Então Cry Baby Cry foi produzida por Ken Scott. Com John no vilão e George no órgão, os outros em seus instrumentos oficiais, fizeram 10 takes oficiais, sendo o último destinado às reduções e aos overdubs, que foram ainda no mesmo dia, com John no piano, George Martin no harmônio, sendo que a melodia linda no refrão inicial fora cantada por Paul e substituída por Martin. No final da sessão,
Pattie, George, Ringo, Maurreen, Yoko, John, Paul, Jane
 os outros três Beatles gravaram os sons de seção de chá que se ouvem no Verso 3. No dia seguinte, estavam todos na estreia mundial de Yellow Submarine, o filme!! Mais um dia e vieram as dobras de John no vocal dos refrões, e vieram os excelentes vocais agudos de Paul em "old enough to know better, so cry baby cry", em falsete perfeito, e variando de refrão a refrão a partir do terceiro, e finalmente chegou à canção a ótima guitarra de George! Somente dois meses depois, resolveram coloca aquele trecho adicional de Paul "Can you take me back where I came from", que fora gravado nas sessões de I Will. E com a chegada do gravador de 8 canais, acrescentaram otras cosita mais, como o piano baixo de Paul, com eco, e um pandeiro de Ringo!
Ao vivo, com The Analogues, aqui, neste LINKE eles fazem até o adicional de Paul ao final!!

2 comentários:

  1. Linda música,linda história!
    Mais uma obra prima desse álbum maravilhoso 👏✨

    Obs.: Não sabia a história do trecho final cantado por Paul

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  2. Puxa vida, não sabia nada disso. Obrigada, Homero. Se já gostava, pois agora gosto ainda mais.
    E tem aquela coisa especial para mim...rs rs rs. É que tenho essa coisa com fadas. Quando menina eu queria ser fada quando crescesse. "O que você quer ser quando crescer?" Fada! Mas juro que eu não respondia, apenas pensava. Já sabia ser algo impossível. Pelo menos pude interpretar uma fada, a Fada Azul, numa peça de teatro. Guardei aquele vestido com a varinha de condão por muito tempo e o usei em outra peças de teatro do clube Sputinik. É um clube que ajudei a funda aqui. Peças de teatro caseiras no fundo do quintal. Muito comuns naquele tempo sem TV.
    Enfim, há relativamente pouco tempo tive um sonho no Reino das fadas. Eu o visitei, achei mninha casa lá, e encontrei mnha filha fadinha. Eu nem queria voltar!
    Uma vez perguntaram a Paul o que ele queria ser quando crescesse. Linda respondeu para ele. "Fada!". Conhece este vídeo? Eu vi no youtube. Ele ri, pensa um pouco e disse que seria marinheiro. O que me fez minha alma sorrir também porque no terceiro ano primário eu escrevi uma redação dizendo que queria ser marinheiro quando crescesse. Eu teria de virar homem antes. E nem tinha lido ainda Orlando da xará Virgínia Woolf.
    Euim, eu fico vendo, e muitas vezes forçando a barra, coisas que me ligam aos Beatles. E aqui está esta ligacão das fadas...Juro que não sabia que essa parte do can you take me back se referia a isso.

    Finalmente: na semana passada uma amiga inventou oficilizar um grupo de mulheres fadas que ela conhece. E me convidou para fazer parte. rs rs rs.
    Ante ontem eu vi uma entrevista de Paul muito gostosa onde ele disse que estava em Los Angeles mas iria par a Inglaterra agora no fim de abril para ver o florescer das flores Blue Bells. So mesmo uma alma linda como a de Paul para cruzar o oceano a fim de ver o florescer das flores.
    Pois fui investigar sobre essas flores. Ontem! E achei que são consideradas as flores das fadas!
    Muitas coincidências, não?
    Mas o mais importante e ficar sabendo de tantos detalhes essenciais que você nos brinda o tempo todo. Maravilha. Abençoado Homero.

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