Capítulo 46
De minha saga
O Universo das Canções dos Beatles
Todos os Capítulos têm acesso neste LINK
O cenário para Yellow Submarine, O Disco
Em pouco mais de 6 anos de carreira, lançaram 172 canções, sendo 148 autorais e 24 de outros autores, filmaram dois Longas Metragens de sucesso mundial, A Hard Day's Night e HELP!, e um de sucesso mediano, reconhecido posteriormente, fizeram 571 shows, sendo 386 no Reino Unido, 94 na Europa Continental, 67 na América, 16 na Austrália e 8 na Ásia, esse número ficou estacionado, e ganharam 4 títulos de Membros do Império Britânico, lançaram 17 compactos, um EP de inéditas, 9 LPs, Please Please Me (LINK), With The Beatles (LINK) A Hard Day's Night (LINK), Beatles For Sale (LINK), HELP! (LINK), Rubber Soul (LINK), Revolver (LINK), Sgt. Pepper's Lonely Hearts CLub Band (LINK), e The White Album (LINK) um EP Duplo - Magical Mistery Tour (LINK) - todos chegando ao primeiro lugar, com exceção do primeiro e de mais um (!!!) compactos.
- Duas Canções já existentes, de Lennon/McCartney
- Seis canções instrumentais de George Martin
- Quatro CANÇÕES NOVAS
- Only a Northern Song (George Harrison)
- All Together Now (Lennon/McCartney) efetivamente, Paul
- Hey Bulldog (Lennon/McCartney) efetivamente, John
- It´s All Too Much (George Harrison)
- Todas canções com Discursos,
- 2 falando a um Grupo
- 1 falando a uma Pessoa
- Abbey Road tem 5 Heart Songs (29%, 5 em 17)
- Let It Be tem 2 Heart Songs (20%, 2 em 10 + 1 Cover)
- Past Masters #1 tem 11 Heart Songs (100%, 11 em 11 + 4 Covers)
- Past Masters #2 tem 5 Heart Songs (38%, 5 em 13)
- Como ressaltado acima, George é o campeão, com duas canções, e Paul e John dividem o segundo e último lugar, com uma composição cada um!
- George, desta vez, é o único autor a gravar uma Heart Song
- Ela é sobre Garotas, e na Classe Amor!
- George traz uma Mind Song, num Discurso a um Grupo
- Paul traz também uma Mind Song, também num Discurso a um Grupo
- John traz outra Mind Song, esta num Discurso a uma Pessoa
Acesse a análise neste LINK.
2. Only a Northern Song (Group Speech Song by George Harrison)
George revela "Quando você escutar tarde da noite, você pode pensar que a banda não está certa, mas está, ela toca assim mesmo. E realmente não importa os acordes que eu toque, as palavras que eu diga, ou que hora do dia seja, porque é apenas de uma canção do norte"
Mágoa! Este é o sentimento que define esta canção! E ela veio com múltiplas mensagens! Era o começo de 1967, e já estavam correndo os planos para o álbum Sgt. Pepper's. Houve uma espécie de combinação, de que os Beatles fizessem canções sobre suas infâncias, seus tempos em Liverpool. John veio com Strawberry Fields Forever, Paul veio com Penny Lane, Ringo decerto não se sentiu animado em escrever sobre o tema, tendo-se submetido a duas internações em hospital que lhe tiraram 3 anos de sua vida normal, e a de George veio com mágoa! E reclama e dos companheiros compositores da Banda (O Grupo), que não importavam os acordes que tocava, as palavras que dizia, ela era apenas uma Northern Song, uma Canção do Norte, como do Norte era Liverpool, a cidade objeto, ao menos em tese, da canção. Porém, mais que isso, Northern Songs era o nome da companhia que detinha os direitos sobre as canções dos Beatles desde o começo de 1964. Paul e John, os maiorais da banda, dividiam 30% dos direitos, Ringo e George dividiam 1/10 de 1/3, ou seja, levavam 1,67% cada um, um acordo ferino, imposto por Dick James, o editor, que ficava com os demais 67%(!!!). Mágoa por ter assinado tal contrato, lá em 1964! O efeito era que John e Paul ganhavam mais com as canções que George compunha do que ele mesmo! E, repetindo, mágoa também porque George sofria quando suas canções não eram levadas muito a sério por Paul e John. E o fato aconteceu com essa própria canção, que foi considerada muito down para um álbum up. Cá entre nós, era mesmo! Até George concordou! Posteriormente, chegou a vez dela, contarei. Em tempo, as canções que John e Paul fizeram também não foram lançadas em Sgt. Pepper's, mas mereceram lançamento em compacto! George felizmente apareceu com uma outra e espetacular canção para o álbum, Within You Without You!
Por mais que Only a Northern Song tenha sido desprezada para o lançamento para o qual foi proposta, ela segue a exigente linha composicional dos Beatles, tem três versos com letras distintas, são preâmbulos para a conclusão do refrão, mais ou menos assim: "Se você ouve esta canção e acha (i) que está estranha, (ii) que a banda está ruim ou (iii) que a harmonia é pesada, você não está errado!". Boas rimas estão presentes, e aqui tem o requinte de ter letras diferentes até nos três refrões, com várias coisas que "...doesn't really matter" e introduzem o título, nas duas primeiras vezes "As (ou when) it's only a Northern song", e na terceira até nem menciona o título "And it told you there's no one there" ou "ninguém ouve minha canção"... mágoa até o fim. Uma nota sobre estas frases finais dos refrões: elas são em tempo 3/4, enquanto o resto é no tempo 4/4. Palmas para Ringo!
John não participou da base da canção, que foi definida, em 13 de fevereiro. George tocou órgão, Paul, o seu tradicional baixo e Ringo, a sua tradicional bateria, com direito a muitas viradas! Foram 9 takes, os últimos 6 infrutíferos, posto que escolheram o Take 3 como o melhor. Mas depois, o Take 6 ressuscitou! A base tinha espaço para instrumentação em dois versos inteiros e um refrão não cantados, mas que não se espere um elaborado solo de guitarra para o espaço. Para casar com a fala sobre os 'acordes estranhos', ele usou acordes estranhos e dissonantes. E também no terceiro verso cantado em que diz que a harmonia é “dark and out of key,”, nota-se o que ele quer dizer com aquilo. Reduções feitas, para liberar espaço na fita, o Take 12 foi adiante para overdubs, que viriam no dia seguinte, com George e seu vocal, ainda não definitivo. E foi só isso.
Glockenspiel
Nesse ponto, decidiu-se que a canção não iria decolar e iria para a prateleira. E ela só retornou à baila dois meses depois, quando se descobriu que seria ótima para o novo filme. Num glorioso 20 de abril, ela ganhou uma cara extremamente psicodélica com os incríveis overdubs. Primeiro, Paul regravou seu baixo, depois pegou um trompete e saiu tocando, aleatoriamente, sem planejamento nenhum, fazendo questão de pontuar com notas discordantes, especialmente no refrão instrumental final. O mesmo fez John (agora, sim) com um piano e um glockenspiel, na verdade, o nosso conhecido xilofone. Acresceram também estranhos sons disponíveis em fita, vozes estranhas e cacofonia explícita, e George gravou (e dobrou) um novo e definitivo vocal. E até harmonizou, sem querer, no Refrão 2, ao cantar o final de "... or if my hair is BROWN" em segunda voz. Ficou ótimo! A loucura se estabeleceu e o verso instrumental final, que vai caminhando para o fade-out, tem vozes de John e de George, que também toca um piano, no clima, passando os dedos sobre as teclas ao léu. Isso tudo além de pandeiros e percussões variadas, de todos os quatro Beatles, identificando-se até mesmo um tímpano de orquestra, seguro que de Ringo, lembrando de Every Little Thing de três anos antes. A coisa é tão intensa e esquisita que não tem nenhuma guitarra nesta canção do guitarrista solo dos Beatles. E, após um extensivo trabalho dos engenheiros para casar os tempos entre diferentes takes (incluindo um anterior ao escolhido no Day 1, o já falado Take 6), estava pronta a canção para ser incluída no filme!
Em que pese sua atribulada história, ela tem um bom destaque no filme, acompanhando cenas com as imagens dos 4 Beatles eles mesmos, alteradas como se fossem criadas por Andy Wahrol, e não com as caras da animação. Claro que nenhum Beatle a tocou ao vivo, e nem mesmo The Analogues... mas deixo aqui, a versão com letras diferentes, que saiu em Anthology 2, neste LINK, ainda sem os efeitos todos!!
3. All Together Now (Group Speech Song by Paul McCartney)
Paul chama "A, B, C, D, posso trazer meu amigo para o chá? E, F, G, H, I, J, Eu te amo. (Bom bom bom-pa bom) Navegue o barco (bom-pa bom) Corte a árvore (bom-pa bom) Pule a corda (bom-pa bom) Olhe para mim! Todos juntos agora"
Paul chama crianças (O Grupo) a cantarem todos juntos! Paul queria fazer uma nova canção para crianças, ao estilo de Yellow Submarine. E fez. Em 1967, mas foi lançada apenas na trilha sonora do filme Yellow Submarine lançado em 1968. Ela aparece acompanhando uma cena do filme, mas os Beatles gostaram tanto da animação que fizeram um filmezinho bem divertido, com eles mesmos atuando no final, acompanhando a canção com motivos do filme. Foi muito simpático. Veja aqui neste LINK. É uma versão reduzida da gravação oficial. A canção foi gravada num dia só como um segundo esforço para conseguir canções para o filme. No dia anterior, foi gravada Baby, You're A Rich Man, mas acabou sendo lançada como Lado B de All You Need Is Love.
O título da canção repetido quatro vezes é o refrão, que é introduzido por dois versos e uma ponte. Depois, verso e duas vezes o refrão. Depois, ponte e três vezes o refrão, bem, é melhor desenhar, para não confundir.
Verso 1 - Verso 2 - Ponte - Refrão
Verso 3 - Refrão - Refrão
Ponte - Refrão - Refrão- Refrão
Os versos são cantados por Paul e têm letras distintas com a mesma estrutura, é sempre:
4 coisas - Uma permissão "Can I..." - Mais 6 coisas - "I love you"
No Verso 1, as coisas são Números de 1 a 10, no Verso 2, são letras de A a J, e no Verso 3, são cores que, na verdade, são 9 porque entra o artigo "and" entre a cor "orange" e a "blue". A vontade das pessoas de encontrar pelo em ovo é tão grande que viram conotação sexual na permissão do Verso 3, em "Can I take my friend to bed?". Pode isso, Arnaldo?
A ponte é uma sucessão de quatro instruções para brincadeiras, sendo John o líder, uma por compasso, e tem ele, Paul e George entremeando com deliciosos "bom-pa-bom"s:
"Sail the ship", "Chop the tree", "Skip the rope", "Look at meee"
Toda essa deliciosa brincadeira foi gravada numa ensolarada manhã londrina, em 12 de maio de 1967, minto, numa única sessão noturna em Abbey Road (os Beatles eram noturnos). O clima estava igual ao do dia da gravação final de Yellow Submarine, um ano antes, e a coisa comum entre as duas sessões foi a ausência do Professor, então os alunos mais uma vez fizeram a festa. Tanto que os refrões eram cantados por todos que estivessem por ali, além dos quatro Beatles, após sucessivas chamadas de Paul, no mínimo, Mal Evans e Neil Aspinall, os eternos roadies, participaram! George Martin havia tirado duas semanas de férias no sul da França, descansando das exaustivas sessões de Sgt. Pepper's. A base foi Paul no violão, John num banjo, George num violão eletroacústico, Ringo na bateria, mas mais importante, porque incomum, foi que tanto Paul, nos versos, como John nas pontes, e John e Paul e George nos "bom-pa-bom"s, cantaram seus vocais já ali mesmo, na base, e não nos overdubs, como era usual fazer. Estavam todos ligados, e atrelados ao ritmo, sempre crescente da canção, notem, e desafio que fiquem parados. Para os overdubs, logo depois de escolhido o Take 9 como o melhor, foram a gaita de John, que também tocou ukulele (aquele cavaquinho metido a besta), e vários instrumentos de percussão, como triângulo e aqueles pratos de dedos, e variados sons e palmas, e mais importante, uma buzina, como a do Chacrinha que se ouve em vários pontos. E também, gravaram o insano coro nos refrões e fizeram harmonização vocal em "Look at meeeee!" e aquela extensão final "All tooogeeetheeer nooooooow", seguida de palmas naturais e merecidas.
Ao vivo, o Brasil teve o privilégio de ser o primeiro país a ouvir All Together Now. Paul abriu e Belo Horizonte a sua excursão Out There, de 2013, para gáudio absoluto da plateia. Neste LINK, está o que aconteceu em Goiânia!
3. Hey Bulldog (Person Speech Song by Paul McCartney)
John aconselha "Um tipo de inocência é medida em anos, você não sabe como é conseguir escutar seus medos. Você pode conversar comigo. Você pode conversar comigo. Você pode conversar comigo. Se você estiver sozinho pode conversar comigo"
VOCÊ, neste caso, pode ser qualquer um. John falou uma vez que 'Hey Bulldog é um rock que soa muito bem mas que não quer dizer nada'! E ele tem razão nas duas coisas! Será? Vamos tentar achar algo! É uma daquelas músicas que eles fizeram no estúdio, pra preencher o tempo, e que sai uma coisa genial. Um riff de guitarra sensacional, também levado pelo baixo, que segue insano toda a música, um latido de Paul que John gostou e respondeu e ficou na gravação, fazendo até que mudasse o nome original, que era Hey Bullfrog. Olha, só ouvindo, mesmo! Foi a última canção gravada para a trilha sonora do filme Yellow Submarime! Eles precisavam de uma canção para o filme, antes de viajar para a Índia, John falou o costumeiro: "Xácomigo!!", foi pra casa e trouxe a música quase pronta, com 90% da letra, e Paul ajudou no resto. Outras vezes em que John assumiu a tarefa foram justamente em encomendas para filmes HELP! e A Hard Day's Night, e foram as canções título.
Vamos lá tentar dar um pouco de significado à letra que o próprio compositor não dá valor. O tempo da canção não é de valsa, mas a fórmula é de 'valsa' estrutural, verso-verso-Refrão-verso-verso-Refrão, com uma introdução e uma conclusão instrumental espetaculares, sendo o Verso 3 também instrumental. Os três versos com letra são completamente distintos, seguindo à risca o mandamento Beatle. Cada verso tem estrutura semelhante, têm duas evocações, ou vocativos, uma filosofia e um alerta. Nas evocações, além de serem sonoramente apropriadas, e rimarem entre si, "Sheepdog-Bullfrog", "Childlike-Jack knife", "Big Man-Wigwam", John se dirige a uma pessoa, chamando-o de algumas coisas pouco lisonjeiras, "Seu cahorrão parado na chuva, mexa-se, Seu sapo-boi, idem!", passa por umas que não captei o significado e termina com um "Grandão, covarde!". Porém, nos complementos, John baixa o tom, como uma pessoa mais velha (o compositor), que está ensinando e aconselhando uma pessoa mais jovem. No Verso 1 "Somekind of happiness is measured out in miles", quer dizer que pra ser feliz, tem que caminhar muito, e alerta que um sorriso bonito não vai ser suficiente pra ele chegar lá; no Verso 2 "Somekind of innocence is measured out in years", com o passar dos anos "você, jovem, vai deixar de ser inocente!", e alerta que ele vai aprender a ouvir seus próprios medos; no Verso 4 (o terceiro com letra) "Somekind of solitude is measured out in you", na verdade, a letra dizia "in news", mas ele cantou "in you" e resolveu deixar assim, ele diz que a solidão pode ser medida observando-se o mundo, e alerta que o jovem não tem a menor pista de quem ele, o autor, é, na verdade. Nos refrões, o experiente se põe à disposição do jovem, pra convesar, sempre que este se sentir sozinho! Bonito! Consegui? Não? Ao menos, tentei!
E a gravação? O que foi aquilo?
Vocês sabem estávamos na década equa de 1960, portanto, nada do que temos hoje havia, nada de uma câmera de cinema em cada mão. Mas naquele glorioso 11 de fevereiro de 1968, havia uma equipe de filmagem em Abbey Road, preparada para filmar um vídeo promocional para Lady Madonna. E John pediu para filmarem tudo! Genial decisão! Bem, vamos a começo, a famosa base!! Nos primeiros takes, era John ao piano e cantando um guia vocal, Paul no baixo, George na guitarra e Ringo na bateria, mais depois de alguns takes, Paul decidiu deixar o baixo para os overdubs e pegou dois pandeiros. No Take 10, era isso que se ouvia! A ideia era terminar tudo no mesmo dia, enão logo se fez a redução da fita e vieram os overdubs, e ...que overdubs foram aqueles??!! Primeiro, Paul ligou seu baixo numa Fuzz Box (remember Think For Yourself) e fez a mais espetacular linha de baixo desde Sgt. Pepper's, no ano anterior, notem as firulas perfeitas e numerosas, George fez um solo em sua guitarra, como não fazia há mais de ano, e ela está também distorcida, Ringo acrescentou espetaculares batidas nos refrões e, mais importante, John e Paul DIVIDIRAM UM MICROFONE, como não faziam 'há décadas', lindo, lindo, lindo, e mais lindo ainda porque tudo foi capturado pelas câmeras, e a gente pôde ver, pela primeira vez, imagens do que acontecia em estúdio! Magnífico, inesquecível e está tudo aqui, neste LINK, para vocês se deliciarem! Note desde o começo, uma introdução matadora, primeiro só o piano de John, depois a guitarra de George nas mesmas notas do piano, junto com a bateria de Ringo, e depois entra o baixo fuzzado de Paul, nas mesmas notas de piano e guitarra. E note no começo do Verso 1, Paul harmonizando com John num mesmo microfone, em "Sheepdog" e "Bullfrog" e repetindo a dose nos dois outros versos, e também nos citados filosofias e alertas. Maravilhoso. Passe pela voz solo magnífica de John nos refrões "You can talk to me... If you're lonely you can talk to me", e se divirta com a longa conclusão, migrando para latidos, uivos, e risadas dementes. Eu já disse que era espetacular?!! Então, repito!!! Ah, e como eu disse lá em cima, o nome da canção nem estava na letra, aliás, ela se chamaria You Can Talk To Me, mas como Paul começou a latir, e John adorou e correspondeu, John terminou criando o vocativo "Hey Bulldog" repetido no final, e que até virou até o nome da mesma!
5. It´s All Too Much (Love Girl Song by George Harrison)
George se desmancha "Quando eu olho nos seus olhos, seu amor está la para mim, e quanto mais eu entro, há mais para ver. É demais para eu aguentar o amor que brilha ao seu redor. Todo lugar é o que você faz. É demais para nós aguentarmos!"Aqui, existem algumas interpetações possíveis para o objeto da declaração. George andava místico, então poderia ser mais uma conversa com Deus, mas a primeira frase fala "When I look into your eyes, your love is there for me", então eu não vejo Deus como aquele ancião de longas barbas, hoje eu sei que é um ser incorpóreo, sem forma, portanto sem olhos, então, descarto essa interpretação. Depois, as imagens que entrega na letra, como no refrão "It's all too much for me to see The love that's shining all around here The more I am, the less I know And what I do is all too much" levam a crer em uma viagem alucinógena, tendo LSD como indutor, e George até falou nisso em entrevista posterior. E lá no final, ele diz: "With your long blonde hair and your eyes are blue", então, pronto, ele está pensando mesmo em Pattie Boyd, sua esposa, ah, o amor!A letra combina com a gravação, com muitos contornos psicodélicos, lembrem-se, apesar de o álbum ser lançado em janeiro de 1969, era trilha sonora de um filme lançado em julho de 1968, e a canção foi composta no começo de 1967, o ano mais psicodélico dos Beatles. Ela tem três versos com letra e o refrão mencionado tocado quatro vezes. Havia um outro verso e mais um refrão que foram cortados, porque a canção estava em 8 minutos de duração, ainda um tempo considerado excessivo para uma canção. Em outras palavras, “Too Much”, que era o nome inicial da canção. Como curiosidade, eis o refrão cortado: “It's all too much for me to take / it's waiting there for everybody / the more you give the more you get / the more it is and it's too much”, portanto, diferente do refrão repetido 4 vezes na canção, acho que se George desconfiasse que seria cortado, teria adotado a letra alternativa em uma das vezes, mas como a decisão de cortar veio nos 'finalmentes' do processo, um trecho intermediário inteiro foi cortado, incluindo este outro verso, também interessante: "Nice to have the time to take this opportunity. Time for me to look at you and you to look at me!", com ótima rima, com palavra rara e longa . Infelizmente, a mensagem foi abortada! Felizmente, no filme, está na íntegra!A gravação ocorreu fora da EMI, no De Lane Lea Music Recording Studios, novidade absoluta para eles. Na primeira sessão, em 25 de maio, eles ensaiaram muito (era a primeira vez que os seus companheiros ouviram a canção de George) e gravaram 4 takes, com George em um órgão, John numa guitarra extremamente distorcida, Paul no baixo e Ringo na bateria! Tinha uma enorme introdução de 22 compassos, com George repetindo os acordes do refrão no órgão cinco vezes, cantando nas duas últimas o título da canção, e com destaque para a bateria de Ringo, ainda precedida por um grito ininteligível de John e acorde longo de sua guitarra estendido em distorção máxima, e com o feedback permitido no registro, que só terminava com a entrada de um acorde no órgão que zumbiria ao logo de toda a canção (drone) como que abrindo as cortinas para um espetáculo psicodélico, além de um Grand Finale, ou eu deveria chamar de Long Finale, instrumental e gritos variados. As palmas que se ouve ao longo dos refrões, com os 4 Beatles esquentando as mãos, bem como as harmonizações de John, Paul e George nos refrões, e "Too Much-a" e variações finais, vieram na segunda sessão, 5 dias depois, bem como extensiva percussão adicional, com Ringo no chimbal, Paul no cowbell, John no bloco sonoro (woodblock). Na terceira e última sessão, no dia seguinte, vieram os metais, com uma clarinetista e 4 trompetistas, um deles, em certo David Mason, que fizera história em Penny Lane além de mais acréscimo de sons e tons múltiplos no extenso final! Se você se admirou dos 22 compassos de duração da introdução, preste atenção e conte 1-2-3-4 e vá contando quantas vezes você conta 1-2-3-4. Contou? Eu contei: 79 vezes!! Um recorde até então, que não seria batido nem por Hey Jude, com seus 72 compassos!Deixo aqui pra vocês a versão completa, de 8 minutos! Neste LINK!
6. All You Need Is Love (World Group Song by John Lennon)
Acesse a análise neste LINK.
No Lado B, são canções instrrumentais, compostas e conduzidas por George Martin, gravadas por 41 músicos nos dias 22 e 23 de outubro de 1968. Aqui, neste LINK, um bom resumo, com a Pepperland Suite.
São estas as 7 canções, cada uma retratando uma sessão do filme
7. Pepperland
8. Sea of Time
9. Sea of Holes
10. Sea of Monsters
11. March of the Meanies
12. Pepperland Laid Waste
13. Yellow Submarine in Pepperland.
Além das canções novas, escolheram a canção título para abrir e All You Need Is Love para fechar o Lado A do LP. Outras 7 canções dos Beatles são ouvidas no filme, mas ficaram de fora do disco. No Labo B, ficaram 7 canções compostas e conduzidas por George Martin. O álbum foi lançado em 13 de janeiro de 1969 nos Estados Unidos e quatro dias depois na Inglaterra, com uma única diferença de apresentar o subtítulo "Nothing Is Real" na capa que reproduz o Pôster que acompanhava o trailer do filme, criado por Heinz Edelman.
Quem já viu há muito tempo, como eu, recomendo ver de novo. Quem não viu, é claro que tem que ver! É verdadeiramente, uma obra-prima, e também, uma gracinha! Claro que é uma fábula, mas com mensagens importantes, num tempo que vivemos em que se deprecia a cultura. Numa terra submarina, em que todos vivem felizes, coloridos e envoltos em música, ocorre uma invasão de Malvados Tristes (Blue Meanies), que acaba com a música, e paraliza a todos, tirando-lhes a cor. O único sobrevivente é o capitão de um Submarino Amarelo, que parte em busca de ajuda, e os Beatles retornam junto com ele, em um mar cheio de perigos, monstros e... buracos! Você ouvira piadas ótimas: Ringo se declarando "I''m a born lever pooler!" (Captou? Não? Vá em *, ao final da pausa), e George falando o tempo todo que "It's all in your mind!", e John sempre filosofando, e Paul sempre garboso e charmoso. Você se espantará com situações psicodélicas ao extremo, mas não se espantará em ver Ringo, mais uma vez (como nos filmes HELP! e A Hard Day's Night), envolto em enrascadas. Você se assustará com os lançadores de maçãs, mas principalmente com a GLOVE, e se encantará com o rimador mecânico de motores Jeremy Hillary Boob, mais conhecido como Nowhere Man, aliás, você adorará ver esta e outras canções preferidas em coloridíssimos e perfeitos clipes adaptados ao roteiro do filme, veja se não são preferidas: Eleanor Rigby, When I'm Sixty-Four, Lucy In The Sky With Diamonds, Sgt. Pepper's LHCB, With A Little Help From My Friends, Love You Too e Think For Yourself, além das duas já mencionadas. Os Beatles são bem sucedidos em sua missão, trazendo a música de volta a Pepperland. A mensagem é a mesma de sempre, só o Amor é necessário, inclusive para seus inimigos que, mesmo malvados e azuis, são bem-vindos na comunidade feliz no final. A mesma lição que Jesus nos ensinou, "Há 2.000 Anos" (que, aliás, é o livro que estou lendo, no momento).
(*) Ringo vê uma alavanca à disposição e diz "Sou um puxador de alavancas nato!", e Lever Pooler também significa que vem de Liverpool, afinal a palavra 'Lever' se pronuncia 'Liver' sendo que o mundo todo sabe que ele e seus três amigos nasceram em Liverpool!
Até hoje não consigo entender direito q músicas foram gravadas ou lançados.. músicas feitas em 1967 e lançadas em 1969 ...
ResponderExcluirDepois q Brian Epstein morreu a banda se perdeu..triste